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Apostila de Metodologia e Introdução à Prática de Pesquisa - Vasconcelos Zuqui

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MIPP 
 
PROFESSOR: VASCONCELOS ZUQUI 
 
NASCIMENTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
 
 Pré-história – confronto como saber; 
 Os Saberes Espontâneos (o novo saber =fogo); 
 Pesquisa do Saber = conhecer o funcionamento das coisas, para, melhor 
controlá-las, e fazer previsões melhores a partir daí; 
 Experiência Pessoal; 
 Intuição=experiências espontâneas = “senso comum” ou de “simples bom-
senso”; 
 Senso comum- não deixa de produzir saberes que, como os demais, servem 
para a compreensão do nosso mundo e da sociedade, e para nela viver como 
auxílio de explicações simples e cômodas; 
 Tradição – Principio de transmissão do saber; 
 Autoridade – Sem provas metodicamente elaboradas se encarregam da 
transmissão da tradição. Ex? E a escola assemelha-se? Confiança ao 
quadro de transmissão? 
 Saber Racional; 
 Nasceu o saber racional que se estabelece no Ocidente, há apenas um 
século como forma dita científica. 
 Reino dos filósofos – Na Grécia Antiga surge de modo generalizado, a 
desconfiança em relação às explicações do universo baseadas nos deuses, 
na magia e na superstição. Acredita-se que a mente é capaz, apenas com o 
seu exercício, de produzir o saber apropriado; 
 Platão e Aristóteles - a lógica – tipo o sujeito que procura conhecer e o objeto 
a ser conhecido, bem como a relação entre ambos. 
 
 
Todo homem é imortal – Ex.: Pedro é homem, logo, Pedro é imortal. 
 
INDUÇÃO E DEDUÇÃO 
 
 Raciocínio dedutivo parte de um enunciado geral e tenta aplicá-lo a fatos 
particulares, poder-se-ia pluralizando o vocábulo particular. 
 
 Exemplo: 
 Todo homem é mortal ....................... (premissa maior) 
 Pedro é homem ............................... (premissa menor) 
 Logo, Pedro é mortal ..........................(conclusão) 
 
 No raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de casos da 
realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de 
generalizações 
 (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). Veja um clássico exemplo de 
raciocínio indutivo: 
 
 
 Exemplo: 
 Antônio é mortal. João é mortal. Paulo é mortal... Carlos é mortal. 
 Ora, Antônio, João, Paulo... e Carlos são homens. Logo, (todos) os homens 
são mortais; 
 Os filósofos gregos, enfim interessa-se por este importante instrumento da 
lógica que são as ciências matemáticas e começam a servir-se dela para 
abordar os problemas do real ou interpretá-los. 
 
 
NASCIMENTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
 
 Romanos – negligenciam a teoria pela prática; 
 Idade Média – a teologia supera a filosofia. (religião) 
 Renascimento – renovação das artes e nas letras, não conhece equivalente 
ao domínio do saber científico. Superstições, magias e bruxaria concorrem 
para explicar o real: a alquimia; 
 Século XVII- surge a preocupação em se precederá observação empírica do 
real antes de interpretá-lo pela mente, depois, eventualmente, de submetê-lo 
à experimentação, recorrendo às ciências matemáticas para assistir suas 
observações e suas explicações; 
 Como escreveria o filósofo Francis Bacon, em 1620: “Nossa maior fonte, da 
qual devemos tudo esperar, é a estreita aliança dessas duas faculdades: a 
experimental e a racional, união que ainda não foi formada”; 
 Século XVII- à conjunção da razão e da experiência, a ciência experimental 
começa a se definir. Um saber racional pensa-se cada vez mais, constrói-se a 
partir da observação da realidade (empirismo) e coloca essa explicação à 
prova (experimentação); 
 O raciocínio indutivo conjuga-se então com o raciocínio dedutivo, unidos por 
essa articulação que é a hipótese: é o raciocínio hipotético-dedutivo, 
associado a ciências matemáticas; 
 Raciocínio hipotético-dedutivo consiste na adoção da seguinte linha de 
raciocínio: “quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto 
são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para 
tentar explicar a dificuldades expressas no problema, são formuladas 
conjecturas ou hipóteses; 
 Das hipóteses formuladas, deduzem-se conseqüências que deverão ser 
testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as conseqüências 
deduzidas das hipóteses. Enquanto no pensamento dedutivo se procura a 
todo custo confirmar a hipótese, no método hipótetico-dedutivo, ao contrário, 
procuram-se evidências empíricas para derrubá-la”. (GIL, 1999, p.30); 
 A partir daí o saber não repousa mais somente na especulação, ou seja, no 
simples exercício do pensamento. Baseia-se igualmente na observação, 
experimentação e mensuração, fundamentos do método cientifico em sua 
forma experimental. Assim, poder-se-ia dizer que o método cientifico nasce do 
encontro da especulação com o empirismo (conhecimentos pelos 
sentidos,pela experiência sensível); 
 Século XVIII – chamado de o “século das luzes”, e os “filósofos da luzes” 
acreditam apenas na racionalidade, na força da razão para construí-los. 
Consideram eles que os saberes construídos pela razão deveriam nos libertar 
daqueles transmitidos pelas religiões; 
 Século XIX – a ciência triunfa. No domínio das ciências da natureza, o ritmo e 
o número das descobertas abundam. Mas, saem dos laboratórios para terem 
aplicações práticas: ciência e tecnologia encontram-se. A pesquisa 
fundamental, cujo objetivo é conhecer pelo próprio conhecimento, é 
acompanhada pela pesquisa aplicada, a qual visa a resolver problemas 
concretos. 
 
 
 
Ciências Humanas e o positivismo – segunda metade do século XIX- segundo uma 
concepção do saber científico, nomeada positivismo, cujas principais características 
serão apresentadas a seguir: 
 
1. Empirismo – o conhecimento positivo parte da realidade como os sentidos a 
perceberem e ajusta-se à realidade. Qualquer conhecimento, tendo uma 
origem diferente da experiência da realidade – crenças, valores, por exemplo, 
parece suspeito, assim como qualquer explicação que resulte de idéias 
inatas. (idéias inerentes à mente humana, anteriores a qualquer experiência). 
 
NASCIMENTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO – POSITIVISMO 
 
2. Objetividade – o conhecimento positivo deve respeitar integralmente o objeto do 
qual trata o estudo; cada um deve reconhecê-lo tal como é. 
 
O sujeito conhecedor (pesquisador) não deve influenciar esse objeto de modo 
algum; deve intervir o menos possível e dotar-se de procedimentos que eliminem ou 
reduzam, ao mínimo, os efeitos não controlados dessas intervenções. 
 
3. Experimentação - o conhecimento positivo repousa na experimentação. A 
observação de um fenômeno leva o pesquisador a supor tal ou tal causa ou 
conseqüência: é a hipótese. Somente o teste dos fatos, a experimentação, pode 
demonstrar a sua precisão. 
 
4. Validade – a experimentação é rigorosamente controlada para afastar os 
elementos que poderiam perturbá-la, e seus resultados, graças às ciências 
matemáticas, são mensurados com precisão. A ciência positiva é, portanto, 
quantificativa, permite chegar às mesmas medidas reproduzindo-se a experiência 
nas mesmas condições, concluir a validade dos resultados e generalizá-los. 
 
 Leis e Previsões – sobre o modelo do saber constituído no domínio físico, 
supõe-se que se podem igualmente estabelecer, no domínio do ser humano, 
as leis que o determinam. Essas leis, estima-se, estão inscritas na natureza; 
portanto, os seres humanos estão, inevitavelmente, submetidos. Nesse 
sentido, o conhecimento positivo é determinista. 
 
 O conhecimento dessas leis permitiria prever os comportamentos sociais e 
geri-los cientificamente. É, pois, apoiando o modelo da ciência positiva – o 
positivismo- que se desenvolvem as ciências humanas, na segunda metade 
do século XIX. Esse modelo perdurará, e pode-se encontrá-lo até os nossos 
dias. 
 
A PESQUISA CIENTÍFICA HOJE 
 
Precede que foi com o modelo das ciências naturais e com o espíritodo positivismo 
que as ciências humanas se desenvolvem na última parte do século XIX e nas 
primeiras décadas do século XX. 
 
 Fatos humanos são como os da natureza? 
 
 Esse modelo possui ambigüidade? 
 
 Tem inadequações com o objeto de estudo (Ser humano)? 
 
CIÊNCIAS NATURAIS E CIÊNCIAS HUMANAS 
 
Tratam de objetos que não se parecem nem de longe. Com efeito, seus objetos são 
muito diferentes por seu grau de complexidade e por sua facilidade de serem 
identificados e observados com precisão. 
 
COMPLEXIDADE DO SER HUMANO 
 
 Como compreender o fenômeno da evasão escolar no ensino fundamental? 
 Como Compreender o início de trabalho de parto? 
 Uma crise econômica? 
 A presença da desigualdade social no Brasil? 
 Os princípios do comportamento amoroso? 
 A obediência ou não das leis? 
 
O PESQUISADOR É UM ATOR 
 
Se, em ciências humanas, os fatos dificilmente podem ser considerados como 
coisas, uma vez que os objetos de estudo pensam, agem e reagem que são atores 
podendo orientar a situação de diversas maneiras, é igualmente o caso do 
pesquisador: ele também é um ator agindo e exercendo sua influência. 
 
MEDIDA DO VERDADEIRO 
 
O fato de o pesquisador em ciências humanas ser um ator que influencia seu objeto 
de pesquisa, e do objeto de pesquisa, por sua vez, ser capaz de um comportamento 
voluntário e consciente, conduz a construção do de saber cuja medida do verdadeiro 
difere da obtida em ciências naturais. 
 
 A idéia de lei da natureza e de determinismo, cara ao positivismo, aplica-se 
mal em ciências humanas. Co efeito no máximo pode-se definir tendências: 
 Ex anterior: Concluir, por exemplo, que em tal ou tal circunstância a taxa de 
evasão escolar deveria decrescer; 
 O positivismo mostrou-se, portanto, rapidamente enfraquecido quando 
desejou-se aplicá-lo ao domínio humano. Consideraram-se então outras 
perspectivas, que respeitassem mais a realidade dos objetos de estudo em 
ciências humanas; Levaram-se em conta outros métodos, menos 
intervenientes e capazes de construir o saber esperado. 
 
POSITIVISMO 
 
Principais características: 
 Empirismo – parte-se da percepção da realidade, conforme se ajusta aos 
sentidos; 
 Objetividade – respeito ao objeto de estudo, o que implica uma descrição 
independe da influência do observador e uma experimentação, que reduz a 
intervenção do pesquisador; 
 Explicabilidade – não se concebe efeito sem causa; 
 Mensurabilidade – a matemática é a forma ideal para explicar a realidade; 
 Experimentação – somente pelo teste, mede-se a precisão de uma hipótese e 
seu poder de explicar os eventos; 
 Validade – somente pelo controle rígido dos fatores intervenientes é que se 
pode chegar à precisão da ciência; 
 Previsibilidade – o conhecimento é passível de ser explicado por leis que o 
determinam. 
 
ESTRUTURALISMO 
 
Considera-se um trabalho estruturalista, toda vez que se aceita que, por detrás dos 
fenômenos, sempre é possível construir um modelo estrutural, que consiste num 
conjunto de elementos com leis próprias. Este conjunto forma um sistema de 
relações, de tal ordem imbricado, que a alteração de um desses elementos implica a 
alteração de todos os demais. 
No estruturalismo há dois princípios fundantes: 
 a) a concepção de uma infra-estrutura de base para os fenômenos que 
podem ser alvo de pesquisa. 
 b) a relação entre os termos eu organizam a infra-estrutura deve ser estudada 
e não a consideração desses termos por si mesmo. 
Concebem-se dois tipos de estudos: 
– Sincrônico – dá conta das relações simultâneas que ocorrem num 
mesmo período. 
– Diacrônico – dá conta das alterações provocadas pelo tempo, isto é 
observam as mudanças ocorridas nos fenômenos. 
 
SISTEMISMO 
 
 Também conhecida como funcionalismo, divide características em comum 
com o método estruturalista, com a diferença na concepção de que o sistema 
é superior às partes que o compõe. 
 O todo sistêmico, além de ser a soma das partes que o organizam, é também 
o efeito dessa organização. O estudo funcionalista procura identificar 
aspectos desta síntese. 
 
MÉTODO DEDUTIVO 
 
 Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz que 
pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O 
raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por 
intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do 
geral para o particular, chega a uma conclusão. Usa o silogismo, construção 
lógica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente 
decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão (GIL, 1999; 
LAKATOS; MARCONI, 1993). Veja um clássico exemplo de raciocínio 
dedutivo: 
 Exemplo: 
 Todo homem é mortal ....................... (premissa maior) 
 Pedro é homem ............................... (premissa menor) 
 Logo, Pedro é mortal ................................ (conclusão) 
 
 Dedução é um processo mental, por meio do qual, parte-se de um argumento 
geral ou universal, que funciona como premissa maior, e de um argumento 
particular que funciona como uma premissa menor, para chegar-se a uma 
conclusão em nível particular, cujo conteúdo já estava incluso, ao menos 
implicitamente, nas premissas. 
 
 Verdade universal Fatos particulares 
 
Todo homem é mortal – Ex.: Pedro é homem, logo, Pedro é mortal. 
 
 
 
MÉTODO INDUTIVO 
 
 Método proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Considera 
que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta 
princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva de 
observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares 
levam à elaboração de generalizações (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 
1993). Veja um clássico exemplo de raciocínio indutivo: 
Exemplo: 
 Antônio é mortal. João é mortal. Paulo é mortal... Carlos é mortal. 
 Ora, Antônio, João, Paulo... e Carlos são homens. Logo, (todos) os homens 
são mortais. 
 A finalidade a atividade científica é a obtenção da verdade, através da 
comprovação de hipóteses, que, por sua vez, são pontes entre a observação 
da realidade e a teoria científica que explica a realidade. (LAKATOS e 
MARCONI, 1988, p. 41-2) 
 A indução pode ser classificada: 
 Indução estatística – consiste na observação de uma característica e na 
generalização estatística deste estudo à populações semelhantes; 
 Indução naturalística – consiste no estudo de casos sem a intenção de 
generalização. Esta ocorre naturalisticamente pelos leitores. 
 Indução estatística 
A forma básica da indução estatística segue os seguintes passos: 
Verificam-se casos particulares X1, X2, X3.... Xn são “Y”. Conclui-se por uma 
afirmação geral: Todos são “Y”. 
 
Exemplo: 
A barra de ferro 1, dilata com o calor. 
A barra de ferro 2, dilata com o calor. 
A barra de ferro 3, dilata com o calor. 
A barra de ferro n, dilata com o calor. 
Logo, todas as barras de ferro dilatam com o calor. 
 
INDUÇÃO NATURALÍSTICA 
 
 A indução naturalística está na base da grande maioria das pesquisas 
qualitativas. O pesquisador, numa pesquisa qualitativa, não está interessado 
em generalizar os dados obtidos, mas sim em aprofundar as nuanças, 
aprofundando a constituição daquilo que esta pesquisando. Dessa forma, a 
generalização não pode ser estabelecida pelo pesquisador, mas por atores 
externos à pesquisa. 
 
MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO 
 
 Proposto por Popper consiste na adoção da seguinte linha de raciocínio: 
“quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são 
insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para 
tentar explicar a dificuldades expressas no problema, são formuladas 
conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se 
conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas.Falsear significa 
tornar falsas as conseqüências deduzidas das hipóteses. Enquanto no 
método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método 
hipótetico-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para 
derrubá-la” (GIL, 1999, p.30). 
 
MÉTODO DIALÉTICO 
 
Dialética, etimologicamente, seria "arte da discussão", "arte de esclarecer", "arte de 
enganar", "arte de esclarecer através das idéias". No curso da história da Filosofia, o 
conceito de dialética já passou por altos e baixo. Platão, os escolásticos e Hegel a 
exaltaram. Aristóteles, os renascentistas e Kant a desdenharam. De meados do 
Século XIX ao XX, seu sentido foi um pouco deturpado com o fito de atender os 
interesses de correntes ideológicas. 
 
No início do século XIX, Friedrich Hegel (1770-1831) apresenta a dialética como um 
movimento histórico do espírito em direção à autoconsciência. É um processo 
movido pela contradição: toda afirmação traz dentro de si sua negação, o que 
evidentemente resulta na negação da primeira afirmação, o que já se torna uma 
segunda afirmação, contendo dentro de si sua própria negação. Essa cosmovisão 
conduz necessariamente a um indeterminismo, pois nada pode ser definitivo, 
eliminando a possibilidade de uma determinação finalista dada por um Deus 
providente. 
 
Karl Marx (1818-1883) e Friederich Engels (1820-1895) reformam o conceito 
hegeliano de dialética: utilizam a mesma forma, mas introduzem um novo conteúdo. 
Chamam essa nova dialética de materialista, porque o movimento histórico, para 
eles, pode ser explicado sem o auxílio da Providência Divina. 
 
A dialética materialista analisa a História do ponto de vista dos processos 
econômicos e sociais e a divide em quatro momentos: Antiguidade, feudalismo, 
capitalismo e socialismo. Cada um dos três primeiros é superado por uma 
contradição interna, que eles chamam de "germe da destruição". A contradição da 
Antiguidade é a escravidão. Do feudalismo, os servos. Do capitalismo, o 
proletariado. E o socialismo seria a síntese final, em que a História cumpre seu 
desenvolvimento dialético. 
 
 O conceito de dialética usado hoje pelos intelectuais é um misto da forma 
idealista de Hegel e da materialista de Marx. 
 Didaticamente essa teoria é apresentada como consistindo de tese [posição] 
que produz sua antítese [oposição]. A união dessas duas produz a síntese 
[composição] que é uma nova tese que produzirá sua antítese. 
 
Tese X Antítese = Síntese 
 
Dialética 
 
 O raciocínio dialético consiste em três elementos: 
– Tese – é apresentada com a intenção primeira de ser questionada e, 
se possível impugnada. 
– Antítese – procura questionar os pontos fracos da tese, provocando, 
neste confronto, uma crise. 
– Síntese – é uma proposição superior que, em princípio, consiste na 
fusão dos pontos positivos da tese e da antítese. 
 
 A Dialética lida essencialmente com o conflito, com as contradições da 
realidade. Os contrários são o verso e anverso de uma mesma realidade. 
 
LEIS DA DIALÉTICA 
 
A dialética se assenta sob quatro leis; 
– Tudo se relaciona – o mundo é um conjunto de coisas sempre 
inacabadas, sempre prontas às mudanças. O fim de um processo é 
sempre o começo de outro; 
– Tudo se transforma – a negação é o motor da dialética. Algo é e se 
transforma em seu contrário e assim sucessivamente; 
 Mudança quantitativas e qualitativas – para a dialética a mudança quantitativa 
é contínua, lenta e não perceptível, enquanto que a mudança qualitativa é 
descontínua, ocorrendo através de saltos; 
 Contradições ou luta dos contrários – os fenômenos pressupõem 
contradições internas. Eles possuem lados opostos, em conflito permanente. 
Toda realidade é movimento e se não há movimento que não seja fruto de 
contradições. Não se concebe o bem, sem opô-lo ao mal; 
 A realidade sob o ponto de vista dialético concebe uma série de oposições. 
Individual/geral causa e efeito, conteúdo e forma, possibilidade/realidade. 
 
MÉTODO FENOMENOLÓGICO 
 
 Husserl foi criador do método fenomenológico, que não foi concebido para 
ser dedutivo, nem empírico, consistindo na descrição do fenômeno, tal como 
ele se apresenta, sem reduzi-lo a algo que não aparece. Considera como 
fundamental a relação. 
 Epistemologicamente, opõe-se à visão de sujeito e objeto isolados, passando 
a considerá-los como correlacionados, já que a consciência é sempre 
intencional. 
 
O método fenomenológico consiste em mostrar o que é dado e em esclarecer este 
dado. Não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera 
imediatamente o que está perante a consciência, o objeto. Conseqüentemente, tem 
uma tendência orientada totalmente para o objetivo. Interessa-lhe imediatamente 
não o conceito subjetivo, nem uma atividade do sujeito (se bem que esta atividade 
possa igualmente tornar-se objeto da investigação), mas aquilo que é sabido, posto 
em dúvida, amado, odiado, etc. 
 
 Deve-se avançar para as próprias coisas. Esta é a regra primeira e 
fundamental do método fenomenológico. Por "coisas" entenda-se 
simplesmente o dado, aquilo que vemos ante nossa consciência. Este dado 
chama-se fenômeno, no sentido de que phainetai, de que aparece diante da 
consciência. A palavra não significa que algo desconhecido se encontre 
detrás do fenômeno. A fenomenologia não se ocupa disso, só visa o dado, 
sem querer decidir se este dado é uma realidade ou uma aparência: haja o 
que houver, a coisa está aí, é dada. 
 
FENOMENOLOGIA 
 
 O método fenomenológico baseia-se na crença de que é possível chegar-se à 
essência do que se pesquisa, quando o fenômeno é observado e examinado 
sob vários pontos de vista. 
 São necessários a descrição do que se passa e a busca da essência. 
Descrição visa ao exame pormenorizado e a busca da essência visa 
apreender o fenômeno no que ele é. 
 Fenômeno é aquilo que aparece à consciência. O fenômeno é aquilo que se 
mostra a si e em si mesmo tal com é 
 A fenomenologia não é uma ciência de fatos, mas de essências (eidética) e 
de percepção da essência dos atos (apoché). 
 Para haver análise fenomenólógica, faz-se uma “redução fenomenológica”. O 
pesquisador tem de reduzir três aspectos: o subjetivo, o teórico e o da 
tradição. 
 Redução subjetiva – o dado deve ser observado objetivamente, ou 
seja, o fenômeno pelo fenômeno; 
 Redução da teoria – todo saber prévio deve ser colocado entre 
parênteses. É um olhar a partir do nada; 
 Redução da tradição – observar o fenômeno no que eles são e não 
no que eles tem agregados acessórios (autoridade humana, autoridade 
do conhecimento científico) 
 
FATOS E FENÔMENOS 
 
 Não se pode considerar realidade aquilo que surge da ilusão, da imaginação, 
da idealização pura e simples. A realidade é um termo que serve para indicar 
tudo que existe. Empírico ou empirismo são termos que traduzem todo o 
conhecimento que é adquirido pelos sentidos e pela consciência. Assim, 
chama-se de realidade empírica tudo que existe e pode ser conhecido através 
da experiência; 
 A realidade empírica se revela por meio de fatos. Fatos indicam qualquer 
coisa que existe na realidade. Um livro, as palavras escritas são fatos. Mas as 
idéias ali contidas não; 
 Um fato não é verdadeiro nem falso. Todavia, podemos ter interpretações 
falsas dos fatos; 
 Fatos, de maneira geral são divididos em humanos, produzidos socialmente, 
e naturais, sem a intervenção do homem; 
 A ciência tem como meta não só descrever fenômenos (epistemologia) mas 
também de prever fenômenos empíricos; 
 Fenômeno é um fato tal como é percebido por alguém. Para que um fato se 
torne fenômeno é necessária a presença de uma consciência. Fatos ocorrem 
independentemente da percepção de alguém. As percepções podem ser 
diferentes sobre um mesmo fato.

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