Buscar

CP-TGE-2013 - Resumo 05 (Evolução histórica do Estado)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

FACULDADE DE DIREITO DE SOROCABA – FADI 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado – 2013 
Professor Jorge Marum 
Resumo 5 – Evolução histórica do Estado (tipos históricos de Estado)
“O que pedimos à história não é um romance das origens, é a explicação do presente” (Burdeau)
Introdução. Como visto no resumo anterior, a teoria mais aceita sobre a época do surgimento do Estado como forma de organização política é a de que o Estado é produto da evolução natural das sociedades humanas, tendo sido precedido por outros tipos de sociedades, como tribos, clãs etc. O Estado teria surgido em diferentes épocas e lugares, conforme o grau de evolução de cada sociedade. A maioria dos teóricos também entende que o Estado não surgiu na Idade Moderna, tendo assumido outras formas em épocas anteriores. O principal representante dessa teoria é Georg Jellinek (1851-1911). 
���
Georg Jellinek é considerado o pai da Teoria Geral do Estado. Ele foi juiz, filósofo e professor da Universidade de Heidelberg, na Alemanha. Em sua obra fundamental, denominada Allgemeine Staatslehre (Teoria Geral do Estado), Jellinek ensina que, embora ao longo da história exista uma enorme variedade de organizações políticas, é possível encontrar algumas características permanentes que fazem de um Estado ou um grupo de Estados um tipo especial. 
Tipos históricos de Estado. Jellinek divide os tipos históricos de Estado conforme a organização política e o papel nela desempenhado pelo indivíduo e a relação deste com o poder político. No estudo que faz sobre os tipos históricos de Estado, o autor destaca as características que considera essenciais para o conhecimento do Estado Moderno. Jellinek classifica os tipos históricos de Estado em: Estado Antigo, Estado Grego, Estado Romano, Estado Medieval e Estado Moderno.
Estado Antigo. O Estado de tipo Antigo, também chamado de Oriental ou Teocrático, caracterizou os grandes impérios da antiguidade, como Egito, Pérsia, Assíria, Babilônia etc. Suas principais características são: 
natureza unitária (família, religião, economia e política englobados num todo, sem divisões claras e sem consideração do indivíduo) 
religiosidade (teocracia: o poder deriva da divindade, sendo o governante considerado um deus ou representante deste – neste caso, crescia em importância a classe sacerdotal, que chegava a representar alguns limites ao poder) 
despotismo (poder monárquico exercido de forma autoritária, quase sem limites) 
Exceções. Embora esse tipo de Estado predominasse na Antiguidade, os autores apontam algumas exceções. Segundo Aderson de Menezes, em Israel, por exemplo, que não chegou a formar um império, a religião influenciava, mas era independente do poder político�. 
��
Guerreiro espartano no filme 300 
Estado Grego. A Grécia antiga não formava um único Estado, sendo, na verdade, um conjunto de cidades com características sociais e políticas semelhantes, mas independentes entre si. O Estado Grego, que durou aproximadamente entre 776 e 323 a.C, é caracterizado pela cidade-Estado (polis). Para os gregos antigos, a polis era o conjunto dos cidadãos ligados a uma cidade, sem preocupação territorial. Os exemplos mais conhecidos são Atenas, Esparta, Corinto, etc. Embora com algumas variações, suas características básicas eram as seguintes: 
autarquia (governo e leis próprios)
auto-suficiência (independência política e econômica) 
liberdade política (participação direta do povo nas decisões políticas e no exercício dos cargos públicos)
ausência da noção de direitos individuais (não se admitia uma esfera de direitos limitando a interferência do Estado na liberdade individual, porque o cidadão só existia como parte do Estado)
restrições à liberdade individual (imposição de uma religião de Estado, regras para o vestuário etc.)
conceito restrito de cidadania (o “povo” era composto somente dos homens livres, maiores de idade, e nascidos na cidade ou descendentes destes, o que representava cerca de 10% a 15% da população) 
��
Benjamin Constant
Liberdade dos antigos x liberdade dos modernos. No famoso ensaio “Sobre a Liberdade dos Antigos Comparada com a dos Modernos", de 1819, autor francês Benjamin Constant (1767-1830) teorizou sobre a liberdade dos antigos, caracterizada pela ampla participação política, porém sem a noção de direitos individuais, contraposta à liberdade dos modernos, caracterizada pelo respeito aos direitos individuais, mas com baixo grau de participação política.
Estado Romano. O Estado de tipo romano relaciona-se com a evolução política de Roma. A cidade de Roma nasceu por volta de 750 a.C. da união de várias gens (grandes famílias, chefiadas pelos patriarcas, ou patres). Foi primeiro reino (monarquia), depois república (509 a.C.) e finalmente império (a partir do século I a. C.�). O poder romano expandiu-se por quase toda a Europa e parte do Oriente Médio e norte da África, mas Roma manteve as características de cidade-Estado (civitas) semelhantes às da Grécia, pois todas as decisões políticas eram tomadas na sede do império e a participação na vida política era atributo exclusivo dos cidadãos romanos. 
Por volta de por volta de 509 a. C., após a derrubada de uma monarquia que concentrava os poderes nas mãos de um rei, foi instituída a República romana, na qual o poder político era dividido e limitado. Os cargos mais importantes (magistraturas) eram eletivos e exercidos, a princípio, apenas pelos patrícios (descendentes dos fundadores). O Senado, composto basicamente de patrícios, era o órgão político mais importante. Dois senadores exerciam uma espécie de poder executivo por tempo limitado (consulado). Os cidadãos romanos (populus – povo) conquistaram direitos políticos e passaram a ser consultados pelo Senado, votando em praça pública sobre as leis e outros assuntos importantes. Havia limites ao poder do Estado, pois o poder do pater familias era absoluto sobre a família. O Estado passa a ser visto como um ente distinto dos indivíduos e seu poder considerado como derivado do povo. Nasce nesse período a distinção entre Direito Público e Direito Privado.
Com um golpe de Estado, o senador e general Julio César tomou o poder apoiando-se no povo e fazendo-se nomear ditador, mas foi assassinado 44 a.C. por senadores que temiam o retorno da monarquia. Depois de uma guerra civil, seu sobrinho, Otávio, transformou-se em imperador, centralizando o poder. Na prática, Roma voltou a ser uma monarquia e, por dominar vários povos e territórios, passou a ser denominada de Império. A partir daí, o Senado foi deixando de ter importância e a cidadania romana foi perdendo o seu valor original à medida em que era concedida a outros habitantes do império e o povo não era mais consultado. 
O grande crescimento territorial, que demandava gastos cada vez maiores com o exército, o cristianismo e as invasões bárbaras provocaram a crise e, finalmente, a queda do Império Romano em 476 d.C.
Estado Medieval. No vácuo decorrente da queda do Império Romano, o mundo ocidental sofreu uma dispersão do poder político. As cidades foram abandonadas e grande parte do povo foi viver no campo sob a proteção de um grande latifundiário. Estabeleceu-se o sistema feudal, pelo qual se criavam laços de fidelidade rígidos e hierarquizados entre as pessoas, desde o servo da gleba e o senhor até os reis, o imperador e o papa. Um senhor podia ser vassalo de outro senhor ou de um rei, que por sua vez podia ser vassalo do imperador ou do papa. 
As invasões bárbaras criaram pequenos reinos que tinham pouco poder, pois os senhores feudais eram absolutos em seus domínios e havia interferências do imperador e do papa. 
Numa tentativa de recriar o Império Romano, no ano 800 o papa Leão III coroou Carlos Magno, rei dos francos, como imperador do Império da Cristandade, futuro Sacro Império Romano-Germânico. Este, porém, tinha uma supremacia apenas formal e nunca conseguiu impor seu poder de fato sobre toda a Europa.Além disso, passou a haver disputa entre o imperador e o papa acerca da supremacia sobre a cristandade. 
Havia ainda as cidades livres e, dentro delas, as corporações de ofício, com grande autonomia. 
Não havia separação entre o público e o privado: os governantes (reis, senhores feudais, etc.) encaravam seus domínios como propriedade privada.
Segundo muitos autores, não havia, portanto, propriamente um Estado Medieval, mas uma pluralidade e uma sobreposição de centros de poder e ordens jurídicas, que traziam insegurança e levavam a uma aspiração à ordem e à unidade, que foi o germe do Estado Moderno. 
Filme ambientado na Idade Média
Estado Moderno. Na baixa Idade Média (século XI em diante), há um movimento de fuga da opressão feudal e de retorno das pessoas às cidades em busca de liberdade. Com o crescimento das cidades surge a burguesia, uma nova classe social de comerciantes que dá apoio à unificação do poder, o que significava paz e segurança para os negócios. Com a Reforma Religiosa, o Catolicismo perde parte do poder e da influência. 
Por diversos meios, mas especialmente pela guerra, os reis ampliam seus domínios, unificam as respectivas nações e afirmam o seu poder exclusivo sobre determinado território (soberania), prevalecendo sobre a Igreja, o Império, os senhores feudais e as cidades livres. O Direito é unificado e são criados órgãos de administração (burocracia) e um exército profissional. Os reis se afirmam como “imperadores em seu próprio reino”.
Forma-se, assim, o Estado Moderno, com suas características de soberania e territorialidade. Essa configuração dos Estados foi oficializada na Paz de Westfália, em 1648, considerada o marco da criação do Estado Moderno, porque os Estados reconheceram mutuamente a soberania de cada um sobre o respectivo território. Os primeiros Estados modernos a se formarem eram monarquias absolutistas, como Inglaterra, Portugal, Espanha, França etc. 
Embora haja semelhanças entre o Estado Moderno e o Antigo, a diferença principal entre ambos é que este último não conheceu a idéia e a prática da soberania. Além disso, segundo Jellinek, o Estado Moderno é caracterizado pelas dualidades Estado x indivíduo e Estado x religião, o que não ocorria no Estado Antigo.
Elementos do Estado Moderno. Consolidado o Estado Moderno, podem ser identificados seus elementos característicos, que, com algumas variações entre os autores, são: soberania, território, povo e finalidade. 
Dois episódios ilustrativos. Dois episódios, citados por Dallari, ilustram bem a alteração no equilíbrio de poder na passagem da era medieval para a modernidade. Em 1077, Henrique IV, imperador da Alemanha, entrou em conflito com o papa Gregório VII, a respeito da investidura dos bispos (Querela das Investiduras�). O papa o excomungou e ordenou que nenhum Estado cristão o reconhecesse. Para não perder o poder, o Imperador, humilhado, viu-se obrigado a fazer uma peregrinação à cidade de Canossa para pedir perdão ao pontífice. 
Henrique se humilha perante o papa em Canossa
Já em 1301, Filipe, o Belo, rei da França, entrou em conflito com o papa Bonifácio VIII. Desta vez o soberano venceu a batalha e, em 1303, mandou prender o pontífice. Por influência dele, o papado foi transferido de Roma para Avignon, na França. 
��
Filipe, o Belo
Para pensar. Em seu livro O futuro do Estado, Dallari identifica quatro possíveis formas que o Estado pode assumir no futuro: a) Estado mundial; b) desaparecimento do Estado; c) pequeno número de super-Estados; d) universalização do Estado do bem-estar social. Em sua opinião, qual será o futuro do Estado? Já vivemos no Estado “pós-moderno”?
Bibliografia 
Leitura essencial: 
DALLARI, Dalmo. Elementos de Teoria Geral do Estado, Capítulo II, itens 28 a 30.
Leituras complementares: 
CREVELD, Martin Van. Ascensão e declínio do Estado, Caps. 1 e 2. 
DALLARI, Dalmo. O futuro do Estado, ed. Saraiva.
JELLINEK, Georg. Teoría General del Estado, Livro II, Cap. 10. 
MENEZES, Aderson de. Teoria Geral do Estado, ed. Forense, cap. IV.
Filmes recomendados: 300; Roma (série); O incrível exército de Brancaleone; A outra. philippe_iv_le_bel.jpg 
� Teoria Geral do Estado, cap. IV. 
� Não há consenso entre os historiadores sobre a data da transição da República para o Império. Para alguns, isso ocorreu quando �HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_C%C3%A9sar" \o "Júlio César"�Júlio César� foi nomeado como �HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Ditador_romano" \o "Ditador romano"�ditador� perpétuo (�HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/44_a.C." \o "44 a.C."�44 a.C.�). Para outros, o marco foi a vitória de seu herdeiro �HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto" \o "Augusto"�Otávio� na �HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_%C3%81ccio" \o "Batalha de Áccio"�Batalha de Áccio� (�HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/31_a.C." \o "31 a.C."�31 a.C.�). Já para outros, foi a data em que o senado romano outorgou a Otávio o título honorífico �HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_(t%C3%ADtulo)" \o "Augusto (título)"�Augusto� (�HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/27_a.C." \o "27 a.C."�27 a.C.�). 
� Henrique pretendia exercer o direito de nomear bispos. Essa interferência do poder político sobre a religião cristã é denominada de “Cesaropapismo”.

Outros materiais

Outros materiais