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CP-TGE-2013 - Resumo 13 (Tipos de governo - introdução)

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FACULDADE DE DIREITO DE SOROCABA – FADI 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado – 2013 
Professor Jorge Marum 
Resumo 13 – Tipos de Governo – Introdução 
“Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes” (Isaac Newton).
Introdução. A partir deste capítulo estudaremos os modos de exercício do poder, isto é, o funcionamento do Estado, que ocorre por meio do governo. Embora na linguagem comum se confunda o governo com o Poder Executivo, na realidade esse conceito abrange todas as formas de exercício de poder político no Estado (legislação, administração, jurisdição etc.). 
Teorias clássicas. Ao longo da história, muitos filósofos e teóricos da política (os “gigantes” referidos por Newton na epígrafe deste capítulo) elaboraram análises e classificações dos tipos de governo. Destacaremos a seguir algumas classificações mais importantes, que por isso se tornaram clássicas. 
Platão 
Platão (428-347 a.C.). Em suas obras, especialmente em A República, Platão descreveu dois tipos ideais e quatro tipos reais de governo. Os ideais seriam a monarquia (governo de um) e a aristocracia (governo de poucos), cujos governantes deveriam ser educados conforme os conselhos do filósofo. Para Platão, seria indiferente que o governo fosse exercido por uma pessoa ou por um grupo de pessoas, desde que fossem sábios. 
“A forma da virtude é uma só, mas o vício tem uma variedade infinita” (Platão).
Os tipos reais, ou seja, os que existem no mundo real, são todos corrompidos na opinião do filósofo, sendo cada um baseado num princípio que o caracteriza. Esses tipos se sucedem em ordem crescente de corrupção: timocracia (caracterizado pela honra), oligarquia (baseado na riqueza), democracia (caracterizado pela liberdade excessiva, licenciosidade) e tirania (fundado na violência).
“Quanto mais se inclinam a acumular dinheiro, e quanto mais os tratam com honraria, mais se reduz o respeito que têm pela virtude” (Platão, sobre os governantes oligárquicos). 
A melhor das formas reais seria a timocracia (timé = honra em grego), cujo modelo da época era Esparta. Ela só não era boa, na opinião de Platão, porque honrava os guerreiros mais do que os sábios�. 
Aristóteles
Aristóteles (384-322 a.C.). Baseado na observação dos Estados de sua época, Aristóteles classificou os governos segundo o número de governantes (quem governa?) e o modo de exercício do poder (como governa?). Para ele, as formas de governo podem ser boas ou más de acordo com o modo pelo qual o poder é exercido. Nas formas boas, o poder é exercido em benefício do bem comum; nas formas más ou degeneradas, o poder é exercido para favorecer apenas os que governam. 
Segundo Aristóteles, as formas de governo em que apenas uma pessoa exerce o poder são a monarquia e a tirania. Na monarquia (forma boa), o rei ou monarca exerce o poder em favor do bem comum. Na tirania (forma má ou degenerada), um monarca (tirano) exerce o poder em seu próprio interesse.
As formas de governo em que poucos exercem o poder são a aristocracia e a oligarquia. A aristocracia (forma boa) é o governo dos virtuosos (aristói, ou seja, aqueles que têm aretê, ou virtude), que são sempre a minoria, mas exercem o poder em prol do bem comum. Já na oligarquia (forma má), uma minoria (olígos) governa em seu próprio interesse. 
Finalmente, o governo de muitos, ou dos pobres, que eram sempre a maioria, era representado, segundo Aristóteles, pela politeia e pela democracia. A politeia (“constituição” em grego) era o governo de muitos, porém exercido no sentido do bem comum (forma boa). Já a democracia seria o governo de muitos dominado pelos demagogos e exercido no interesse dos pobres contra os ricos (forma degenerada).
“A constituição é a estrutura que dá ordem à cidade, determinando o funcionamento de todos os cargos públicos e sobretudo da autoridade soberana” (Aristóteles) 
	
É importante observar que tanto para Platão como para Aristóteles a democracia era uma forma degenerada de governo. Isso porque eles se baseavam no que ocorria em Atenas na sua época, quando a democracia clássica já estava corrompida. Basta lembrar que Sócrates, mentor de Platão, foi injustamente condenado à morte nessa época. Já a partir de Políbio� (203-120 a.C.), esse sentido pejorativo mudou, e com o tempo a democracia passou a ser considerada o melhor regime de governo, denominando-se demagogia ou oclocracia a sua forma degenerada. 
Cícero
Cícero (106-46 a.C.). Filósofo, senador e advogado romano, Marco Túlio Cícero utilizou a classificação de Aristóteles, porém, influenciado por Políbio, pregava um governo misto, como era, na sua opinião, a República romana na sua época, antes da tomada do poder por Júlio César. Em Roma, segundo Cícero, combinavam-se monarquia (Consulado), aristocracia (Senado) e democracia (Assembléia Popular), equilibrando e moderando o poder. A teoria do governo misto teve influência na Constituição dos EUA, que combinou elementos democráticos (Congresso) com traços monárquicos (Presidência) e aristocráticos (Suprema Corte). 
“Pelo que diz respeito ao melhor governo, creio ter respondido a Lélio satisfatoriamente. Com efeito, defini, em primeiro lugar, três formas políticas possíveis; depois, outras três, perniciosas, a elas contrárias; afirmei que, nenhuma delas é perfeita, mas sim aquela que resultasse de uma combinação das três” (Cícero, Da República). 
Políbio
Políbio e Maquiavel. Políbio e Maquiavel (1469-1527), cada um em seu tempo, adotaram a teoria dos ciclos. Essa teoria utiliza a classificação de Aristóteles, mas considera que os tipos de governo se apresentam de forma sucessiva, um substituindo ao outro. Segundo essa teoria, quando um Estado se constitui, seu primeiro governo é sempre uma monarquia. Esta, porém, sempre se degenera em tirania. Para combater a tirania, um grupo de homens bons toma o poder e implanta uma aristocracia. Contudo, esse governo de poucos acaba degenerando em oligarquia. Isso leva o povo a revoltar-se e vem, então, a democracia. Todavia, cedo ou tarde o governo democrático se transforma em oclocracia, que é um governo desorganizado da multidão. 
“Deve-se considerar a constituição de um povo como a causa primordial do êxito ou do insucesso de todas as ações” (Políbio).
Os dois autores divergem apenas sobre o que ocorre partir da oclocracia. Para Políbio, retorna-se à monarquia e reinicia-se novo ciclo (o que, à época, se chamava “revolução”). Conforme Políbio, a única forma de evitar a repetição dos ciclos seria adotar um governo misto, combinando as formas boas. Segundo Maquiavel, o Estado se dissolve e é dominando por outro. 
“Aquele que estudar cuidadosamente o passado pode prever os acontecimentos que se produzirão em cada Estado e utilizar os mesmos meios que os empregados pelos antigos. Ou, então, se não há mais os remédios que já foram empregados, imaginar outros novos, segundo a semelhança dos acontecimentos” (Maquiavel).
Maquiavel
“Onde existe igualdade, não se pode criar um principado (monarquia); e onde ela não existe, não se pode criar uma república” (Maquiavel).
Montesquieu
Montesquieu (1869-1755). Em sua obra fundamental O espírito das leis, Montesquieu identificou três formas de governo, cada uma com sua natureza (modo de ser) e seu princípio (o que a faz funcionar), sendo cada uma delas adequada às características de um país. Essas formas seriam a república, a monarquia e o despotismo.
A república tem por natureza ser o governo do povo, podendo ser o governo de muitos (democracia) ou o governo de poucos (aristocracia). O princípio da república é a virtude política (patriotismo), sem o qual ela não funciona. A república deve ser igualitária, não admitindo privilégios. Deve também, valorizar a austeridade, evitar a ostentação de riquezas e frear as ambições. Segundo Montesquieu, a república é apropriada para Estados pequenos, como eram a Suíça e as cidades-Estado italianas da sua época (Florença, Venezaetc.). 
“Os políticos gregos, que viviam em governo popular, não conheciam outra força de sustentação senão a do patriotismo. Os de hoje não nos falam senão de manufaturas, de comércio, de finanças, de riquezas e de luxo mesmo. Quando o patriotismo acaba, a ambição penetra nos corações que a podem receber, e a avareza entra em todos. Os desejos mudam de objeto: o que se amava não se ama mais; era-se livre com as leis, e se quer ser livre contra elas; cada cidadão é como um escravo fugido da casa do senhor; o que era máxima chama-se rigor; o que era regra chama-se estorvo; o que ali era atenção chama-se temor. A frugalidade é que é, aí, avareza, e não o desejo de ter. Antes, o bem dos particulares constituía o tesouro público; agora, porém, o tesouro público torna-se patrimônio dos particulares. A República é um despojo; e a sua força não é mais que o poder de alguns cidadãos e a licença de todos” (Montesquieu). 
A natureza da monarquia é ser o governo de uma só pessoa (rei ou monarca). Esse governo, porém, deve ser baseado em leis fixas e estabelecidas e não na vontade arbitrária do rei. Seu princípio é a honra, devendo o rei conceder privilégios aos nobres para fazer um bom governo. Ela é própria de Estados médios, como eram a França e a Inglaterra da época em que viveu o filósofo.
“A ambição é perniciosa numa República. Ela dá bom resultado na Monarquia; dá vida a este governo; e tem-se a vantagem de não ser ela perigosa aí, porque aí pode-se reprimi-la sem cessar” (Montesquieu). 
 
Por fim, o despotismo caracteriza-se por ser o governo de um só, mas segundo a vontade arbitrária de um déspota. Este governa com base no medo, que é o princípio do despotismo. Para Montesquieu o despotismo é próprio de Estados grandes, especialmente os orientais, como eram a Rússia e a Turquia do seu tempo.
“Num governo despótico, quando o príncipe deixa de levantar o braço um momento; quando não pode aniquilar incontinenti os que ocupam os primeiros postos, tudo está perdido” (Montesquieu).
Classificação atual. Como se vê, desde a antiguidade há muita divergência entre os autores quando tratam de regimes, formas e sistemas de governo. A própria denominação é confusa: o que uns chamam de tipos de governo outros tratam como formas etc. É importante conhecer as tipologias clássicas, porém utilizaremos neste curso a seguinte classificação, que é a mais atual e está de acordo com a Constituição brasileira vigente:
 
regimes de governo: democracia e autocracia 
formas de governo: monarquia e república 
sistemas de governo: parlamentarismo e presidencialismo 
Para pensar: Você concorda com a teoria de Montesquieu, de que cada tipo de governo é adequando para um tamanho de país? Nesse caso, China, Rússia e Brasil só funcionariam pelo despotismo?
Bibliografia
Leitura essencial: 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado, Capítulo IV, itens 75 e 76.
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política, cap. 14. 
Leitura complementar: 
BOBBIO, Norberto. A teoria das formas de governo.
� Cf. Norberto Bobbio, A teoria das formas de governo, cap. II.
� Filósofo grego, que viveu em Roma (203-120 a.C.).

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