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CP-TGE-2013 - Resumo 16 (Sufrágio)

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FACULDADE DE DIREITO DE SOROCABA – FADI 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado – 2013 
Professor Jorge Marum 
Resumo 16 – Sufrágio 
“O voto não é, como pretendem muitos, um direito político; é mais do que isso, é uma fração da soberania nacional; é o cidadão" (José de Alencar - 1829-1877).
Introdução. A democracia, como já foi visto, é um regime de governo que pressupõe a prevalência da vontade popular. Normalmente, a vontade popular é expressa pelo voto, seja para a escolha de governantes, seja para o exercício da democracia semidireta (plebiscito, referendo, etc.). A democracia também tem como requisito o direito dos cidadãos de concorrerem aos cargos eletivos, para assim tomarem parte no exercício do poder. O direito de votar e de ser votado é denominado sufrágio. 
Definição. Sufrágio (do latim suffragium: escolher) é o direito público subjetivo de participar das decisões políticas, mediante voto ou candidatura. Faz parte dos direitos políticos do cidadão. É um direito público subjetivo, porque é um direito do cidadão exercido na esfera pública e para fins públicos. O direito de sufrágio envolve o sufrágio ativo (voto) e o sufrágio passivo (candidatura�). É utilizado também para expressão da vontade popular na democracia semidireta (plebiscito, referendo etc.).
Um “candidato” romano
Natureza. Discute-se se o sufrágio é apenas um direito ou é também uma obrigação. Na democracia, o sufrágio é fundamentalmente um direito. Há, porém, opiniões no sentido de que, na sua forma ativa (voto), o sufrágio seria também uma obrigação, daí o voto obrigatório adotado em alguns sistemas democráticos. 
Voto obrigatório ou facultativo? A obrigatoriedade do voto deriva do entendimento de que, na democracia, existe a necessidade de se escolher representantes e de saber qual é a vontade do povo, o que é feito através do voto. Por isso, o voto, além de ser um direito, seria também uma função do cidadão na democracia, justificando-se a sua imposição um dever, da mesma forma que o serviço militar e o tribunal do júri. 
Há uma grande polêmica em torno da obrigatoriedade do voto. Brasil, Argentina e Chile, por exemplo, adotam a obrigatoriedade, enquanto nos EUA, na Alemanha e na Inglaterra o voto é facultativo. Nos países onde o voto é facultativo, a média de comparecimento dos eleitores às urnas é de apenas 50%, o que, em democracias frágeis como a brasileira, pode levar questionamentos quanto à legitimidade popular do pleito. 
Em favor do voto facultativo, argumenta-se que apenas os eleitores conscientes compareceriam à votação. Todavia, em sentido contrário pode-se argumentar que eleitores “encabrestados” por políticos inescrupulosos, pelo assistencialismo (Bolsa Família, por exemplo) pelos novos currais eleitorais em que se transformaram certas igrejas, comparecerão de qualquer jeito, enquanto muitos eleitores conscientes preferirão ficar em casa, seja porque não acreditam no sistema, seja por simples comodidade. 
Sufrágio universal. A democracia moderna se caracteriza pelo sufrágio universal, ou seja, pela extensão do direito ao sufrágio a todos os membros do povo que tiverem um mínimo de capacidade para fazer escolhas políticas, sem restrições discriminatórias ou injustificáveis. No passado, mesmo em democracias avançadas, havia restrições hoje consideradas injustificáveis, como o voto censitário e a proibição do sufrágio feminino. Esta proibição somente começou a ser abandonada no início do século XX, a partir de protestos das chamadas “sufragistas”. No Brasil, a primeira eleição que admitiu a presença de mulheres ocorreu em 1932. Ainda hoje há países que não admitem o sufrágio feminino, como a Arábia Saudita. 
Sufragettes no início do século XX
São consideradas justificáveis e, portanto, compatíveis com o sufrágio universal, desde que razoáveis, as seguintes restrições: 
nacionalidade 
idade 
condição mental 
condenação judicial (“ficha suja”) 
engajamento militar 
Sufrágio restrito. São consideradas incompatíveis com o sufrágio universal e, portanto, antidemocráticas, as seguintes restrições: 
raciais (judeus na Alemanha nazista, negros no sul dos EUA até a década de 60) 
sexo 
condição econômica (sufrágio censitário)
condição intelectual (sufrágio capacitário) 
Americanos protestam contra restrições aos direitos dos negros
Modo de exercício. O sufrágio ativo (voto) pode ser: 
aberto ou secreto, conforme deva ser exercido com publicidade ou em segredo (na democracia antiga, o voto era aberto, mas na democracia moderna o voto secreto é considerado uma garantia da liberdade do eleitor)
múltiplo ou igual, conforme tenha ou não valor igual para todos (“one man, one vote”)
direto ou indireto, conforme tenha por destinatário o próprio candidato ao mandato ou um colégio eleitoral que vai escolher o mandatário 
Voto direto e indireto. Nos EUA, o voto para presidente da República é indireto. Os eleitores de cada estado da federação elegem um número de delegados proporcional à população. Esses delegados partidários, por sua vez, vão compor um colégio eleitoral encarregado de escolher o presidente. Normalmente, o candidato que tem a preferência na votação popular vence no colégio eleitoral, porém isso nem sempre acontece. Isso porque, como o partido que obtém a maioria dos votos populares em cada estado tem direito a todos os delegados desse estado, desprezando-se os votos de quem votou contra o candidato vencedor, matematicamente pode acontecer de um presidente ter a maioria no colégio eleitoral mesmo tendo a minoria dos votos populares, fato que já aconteceu algumas vezes na história norte-americana. Mesmo assim, não há grande polêmica quanto ao caráter democrático das eleições norte-americanas. 
No Brasil, a ditadura militar imitou esse sistema para dar um verniz democrático às eleições, porém a composição do colégio eleitoral era manipulada para dar sempre a vitória ao partido governista (“casuísmos”), o que levou, em 1983, à campanha das “Diretas já” pelo voto direto, que acabou sendo restaurado pela Constituição de 1988. 
Campanha das Diretas-já
Voto em branco e voto nulo. Há sistemas, como é o caso do Brasil, em que os eleitores têm a opção de votar em branco ou anular o voto. Teoricamente, o voto em branco significa que o eleitor aceita a legitimidade do pleito, porém não encontrou um candidato digno do seu voto. Já o voto nulo significa um protesto contra o sistema político. 
É importante saber que, ao contrário do que é propalado, no Brasil o voto nulo, mesmo em grande proporção, não anula a eleição. A nulidade mencionada no artigo 224 do Código Eleitoral como geradora da anulação da eleição quando atinge mais da metade dos votos refere-se a fraudes ou a votos dados a candidatos inelegíveis, e não à manifestação política do eleitor. 
O sufrágio no Brasil. Na fase do Império, vigorava o sufrágio censitário, pelo qual o direito de votar e ser votado dependia da condição econômica do cidadão. Somente os mais ricos podiam se candidatar aos altos cargos. Na República Velha, o critério econômico foi abandonado em prol do sufrágio capacitário, impedindo-se o voto dos analfabetos, que eram a maioria da população. Além disso, predominavam o coronelismo, o clientelismo, o “voto de cabresto”, os “currais eleitorais”, as fraudes (eleição a “bico de pena”) etc. 
Voto de cabresto
A Revolução de 1930 trouxe como uma de suas bandeiras a moralização do processo eleitoral, instituindo o título de eleitor, a cédula oficial, o voto secreto e organizando a Justiça Eleitoral (antes, eram os próprios políticos que organizava as eleições). 
Atualmente, vigora no Brasil o sufrágio universal, secreto, com valor igual, direto e com reduzidas possibilidades de fraude devido à urna eletrônica. Segundo a Constituição vigente, os direitos políticos começam a ser adquiridos aos 16 anos, quando o cidadão pode apenas votar. A aquisição dos direitos políticos se completa aos 35 anos, idade em que o brasileironato pode ser candidato a presidente da República. 
As fraudes na Flórida. No livro Stupid white men, o cineasta e escritor norte-americano Michael Moore relata as fraudes ocorridas na eleição presidencial de 2000 nos EUA. No estado da Flórida, governado por Jeb Bush, irmão de George W. Bush, foram impostas restrições arbitrárias ao sufrágio e criadas dificuldades para o voto que impediram milhares de eleitores pobres, negros e latinos de votar. Além disso, o sistema de votação era complexo e confuso, prejudicando ainda mais os eleitores mais humildes. Tais fraudes foram decisivas para a eleição de Bush, que mesmo assim teve menos votos populares que Al Gore. 
Ainda hoje há casos de estados norte-americanos que impõem dificuldades ao sufrágio, prejudicando principalmente as camadas menos favorecidas do povo. 
Para pensar. Você é favor ou contra o voto obrigatório?
Bibliografia
Leitura essencial: 
DALLARI, Dalmo. Elementos de Teoria Geral do Estado, Capítulo IV, itens 97 a 100.
Leituras complementares: 
NICOLAU, Jairo. História do voto no Brasil. 
MOORE, Michael. Stupid white men, Cap. 1. 
Filme: Mississipi em Chamas (Mississipi Burning, dir. Alan Parker, 1988)
 
� A palavra “candidato” tem sua origem na Roma antiga, quando os postulantes a cargos eletivos se apresentavam aos eleitores com uma toga branca (cândida), simbolizando a limpeza da sua vida pregressa e a pureza das suas intenções.

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