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CP-TGE-2013 - Resumo 22 (Formas de Estado)

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FACULDADE DE DIREITO DE SOROCABA – FADI 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado – 2013 
Professor Jorge Marum 
Resumo 22 – Formas de Estado 
“Tal como os seres vivos, o Estado nasce, floresce e morre” (Montaigne – 1533-1592) 
Introdução. Após tratarmos dos regimes, das formas e dos sistemas de governo, veremos agora as formas de Estado. Cuida-se, como registra Aderson de Menezes, de classificar os Estados pelas formas jurídicas� que ele pode assumir, o que, por sua vez, interfere no modo como o poder é distribuído e exercido. 
Formas. Tradicionalmente, consideram-se como formas básicas de Estado o Estado simples e o Estado composto. O Estado simples é apenas o unitário, que se caracteriza por ser um único Estado, sem união ou subdivisões com autonomia política e administrativa. O Estado composto, por sua vez, é formado por uma união de Estados, comportando vários subtipos como a união real e a federação. 
Estado unitário. O Estado unitário é o único tipo simples de Estado, sendo caracterizado pela centralização política e administrativa, de modo que todas as unidades de poder que ele comportar (municípios, províncias etc.) estão subordinadas ao poder central. Exemplos de Estados unitários são França, Uruguai, China, Cuba etc.
Uniões de Estados. Para que se entenda o Estado composto, é necessário estudar antes a união de Estados. Ao longo da história sempre houve uniões de Estados, o que normalmente ocorre para fins de defesa, comércio ou mesmo dominação e exploração. Exemplos dessas uniões são a Liga do Peloponeso (união bélica de cidades gregas entre os séculos VI e V a.C.), a Liga Hanseática (união de cidades mercantis do norte da Europa entre os séculos XIII e XVII), a União Européia etc. Conforme o tipo de união, ela pode ou não formar um novo Estado.
A Liga do Peloponeso, na Grécia antiga.
Espécies de uniões. Conforme Sahid Maluf, as uniões de Estados podem ser classificadas em dois tipos: uniões iguais e uniões desiguais. As uniões iguais ocorrem quando os Estados se unem livremente e em igualdade de condições. As uniões desiguais os Estados não são necessariamente formadas de forma livre e se caracterizam pela prevalência de um Estado sobre outro ou outros. 
Uniões Iguais. São uniões iguais a confederação, a união pessoal, a união real e a federação. 
 
Confederação: união de dois ou mais Estados, através de um tratado, que é uma espécie de contrato entre Estados, para fins de comércio, defesa etc. Por ser baseada num pacto voluntário, a confederação possibilita a saída de qualquer dos membros livremente, bem como a sua própria dissolução. A união de Estados em confederação pressupõe a instituição de um órgão de direção composto por representantes dos Estados confederados, cujas decisões, para serem obrigatórias no âmbito interno de cada Estado, devem ser ratificadas por estes. Cumprido esse requisito, a confederação pode ter normas jurídicas próprias que vigoram diretamente nos Estados membros. A confederação não dá origem a um novo Estado, uma vez que seus componentes não perdem a soberania. Exemplos: Confederação Helvética (Suíça, até 1848), União Européia etc. 
União Pessoal: tipo de união própria de monarquias, que ocorre quando dois ou mais Estados, teoricamente mantendo as respectivas soberanias, são governados por um mesmo rei. Como os Estados não perdem a soberania, esse tipo de união não dá origem a um novo Estado. Exemplo: Reino Unido de Portugal e Espanha, entre 1616 e 1640. 
União Real: também própria de monarquias, ocorre quando dois ou mais Estados são reunidos num único Estado soberano e sob um único monarca, conservando apenas os nomes e as autonomias administrativas regionais, mas abrindo mão da soberania. Exemplo: “Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte”, composto de Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. 
Federação: união de dois ou mais Estados que, abrindo mão das soberanias individuais e mantendo apenas autonomia político-administrativa, se ligam de forma permanente por meio de uma Constituição, formando um novo Estado soberano. Exemplos: EUA, Brasil, Canadá, México, Argentina, Suíça (depois de 1848) etc. Será vista com mais detalhes a seguir.
 
O Reino Unido
Uniões Desiguais. São uniões desiguais o protetorado, a vassalagem e o império.
Protetorado: um Estado passa a proteger outro, que mantém soberania limitada. Exemplos: os protetorados que vigoraram no século XX, como o da Inglaterra sobre o Egito e dos EUA sobre as Filipinas. 
Vassalagem: um Estado domina outro e passa a explorá-lo, permitindo uma autonomia mais ou menos limitada. Exemplo: a França invadida pela Alemanha em 1940-44.
Império: um Estado predomina sobre vários outros, que mantém autonomia limitada. Exemplo: Império Romano. 
Commonwealth Britânica. A Commonwealth ou Comunidade Britânica é uma união sui generis, misto de uniões reais, pessoais e confederação. 
A Commonwealth Britânica
Federação. Dentre as uniões de Estados, a mais importante e que merece um estudo mais aprofundado é a federação. O Estado de tipo federal é caracterizado pela soberania da união federal e pela autonomia política e administrativa dos entes federativos, chamados de estados federados, também chamados de províncias ou cantões. São exemplos de Estados federais os EUA, o Brasil, a Argentina, a Alemanha etc.
Etimologicamente, federação vem do latim foedus, foedoris, que significa pacto, união, aliança. A federação pode ser definida como uma forma de Estado pactuada através de uma Constituição e caracterizada pela união indissolúvel de Estados, que abrem mão de sua soberania, mantendo apenas a autonomia política e administrativa, com repartição de competências e rendas. 
Histórico. A forma federativa de Estado foi criada no contexto da fundação dos Estados Unidos da América, para substituir a Confederação anteriormente existente. Inicialmente, as 13 colônias que se tornaram independentes em 1776 eram 13 Estados soberanos e com Constituições próprias, unidos por um tratado denominado “Artigos da Confederação”. 
Em 1787, as ex-colônias reuniram-se na Convenção da Filadélfia e, visando o fortalecimento da união e uma melhor organização do governo, abriram mão da sua soberania para se unirem sob uma Constituição num único Estado soberano, denominado Estados Unidos da América. Este, por sua vez, passou a ser composto por estados federados, que mantiveram apenas a autonomia política e administrativa. Esses componentes da federação, embora mantendo o título, deixaram de ser verdadeiros Estados, na medida em que perderam uma característica essencial do ente estatal que é a soberania. 
A União foi então dotada de um Poder Executivo, a ser exercido por um presidente da República, e de um órgão de cúpula do Poder Judiciário, a Suprema Corte. O Legislativo federal (Congresso Nacional), por sua vez, foi subdividido em uma Câmara de Representantes, formada por deputados em número proporcional à população de cada estado-membro, e de um Senado Federal, formado por um número igual de senadores por estado. Inspirado no Senado romano, o Senado norte-americano foi criado para garantir a igualdade entre os entes federativos. 
Posteriormente, a vitória da União contra os Confederados na Guerra da Secessão (1861-1865) estabeleceu o princípio da indissolubilidade do pacto federativo.
EUA durante a Guerra da Secessão
“O Federalista”. O Estado de tipo federal foi teorizado por James Madison, Alexander Hamilton e John Jay, que divulgaram suas idéias em artigos jornalísticos publicados sob o pseudônimo comum de Publius, depois reunidos na obra O Federalista (“The federalist papers”), que se tornou clássica. A intenção era convencer o povo dos Estados norte-americanos a ratificar a Constituição aprovada na Convenção da Filadélfia, especialmente da vantagem de abrir mão das soberanias locais em favor da União. Posteriormente, James Madison (1751-1836) se tornaria presidente dos EUA, Alexander Hamilton (1757-1804)seria secretário (equivalente a ministro) do Tesouro e morreria precocemente num duelo, e John Jay (1745-1829) se tornaria o primeiro presidente da Suprema Corte dos EUA. 
“Devo confessar que neste, como em outros casos, há um meio-termo, aquém e além do qual se situam os inconvenientes. Aumentando em demasia o número de eleitores, o representante ficará muito pouco familiarizado com as condições locais e com os interesses menos importantes; reduzindo-se demais aquele número, tais condições e interesses passarão a exercer descabida influência sobre o representante, impedindo-o de avaliar e defender os grandes objetivos nacionais. A Constituição Federal apresenta a esse respeito uma feliz combinação: os interesses maiores e de conjunto são tratados pelo legislativo nacional; os locais e particulares, pelos estaduais” (Publius, aliás, James Madison). 
Características do Estado Federal. Atualmente, a doutrina considera as seguintes características como essenciais do Estado de tipo federal: 
 
Nascimento de um novo Estado a partir da união de outros Estados, que perdem essa característica 
Base jurídica numa Constituição de tipo rígida
Proibição de dissolução e secessão
Soberania do Estado Federal (União) e autonomia (leis e governo próprios) dos estados-membros (também chamados de províncias, cantões etc.) 
Distribuição de competências e rendas
Compartilhamento do poder político (não há hierarquia entre os entes federativos)
Legislativo bicameral, com um Senado representando os estados-membros 
Interessante notar que no Brasil os municípios também possuem autonomia político-administrativa
Modos de formação. Embora em sua origem a federação seja uma forma de união de Estados, posteriormente à formação dos EUA outros Estados se transformaram em federações buscando as vantagens da divisão espacial do poder, isto é, a distribuição geográfica do poder no território do Estado, que por sua vez traz uma moderação do poder. Assim, a federação também pode ser formada pela descentralização de um Estado unitário. Temos, então, estes dois modos de criação de uma federação:
 
Federação centrípeta: Estados que se unem em busca das vantagens da centralização (EUA)
Federação centrífuga: busca da descentralização e da moderação do poder (Brasil)
 
O Brasil unitário (1888)
 
O Brasil federal (2012)
A crise do federalismo. Atualmente, tem havido nas federações uma tendência ao declínio da autonomia dos entes federados e à centralização do poder nas mãos do governo na União, o que prejudica o caráter descentralizador e de moderação do poder que se espera numa federação. Esse fenômeno ocorre especialmente no Brasil, na Argentina e em outras federações com tendências hiperpresidencialistas. A respeito do assunto, já escrevia na década de 1950 o professor Ataliba Nogueira:
“Estamos a cada passo reduzindo o país a Estado unitário (...). A União é aqui o Estado-Providência. Acham-no capaz de resolver, milagrosamente, todos os problemas, e entregam-lhe, de mãos atadas, a federação” (Ataliba Nogueira, 1901-1983)
Estado regional. Além das formas tradicionais de Estados, uma nova forma vem surgindo atualmente: o Estado Regional, em que algumas regiões ganham autonomia político-administrativa, mas não por direito próprio, e sim por concessão do poder central. São exemplos de Estados de tipo regional: Portugal, Espanha, Itália etc. Não são todos os autores que admitem o Estado de tipo regional como uma nova forma de Estado, preferindo alguns autores continuar a classificá-los como Estados de tipo unitário. 
A União Européia. Para alguns teóricos, a União Européia, embora ainda seja uma confederação, seria uma federação em construção. Já há até uma Constituição Européia sendo discutia. A federação, porém, somente se consolidará se os Estados europeus abrirem mão da sua soberania, o que dificilmente ocorrerá, principalmente agora, com a crise econômica dos países da chamada Zona do Euro. 
Para Pensar. Você concorda com a centralização do poder que vem ocorrendo no Brasil, ou acha que seria melhor uma descentralização, com o fortalecimento das unidades federadas?
Bibliografia
Leitura essencial: 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado, Capítulo IV, itens 139 a 145.
Leituras complementares: 
DALLARI, Dalmo de Abreu. O Estado Federal, Ed. Ática. 
MADISON, James; HAMILTON, Alexander & JAY, John. Os artigos federalistas, Ed. Nova Fronteira.
MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado, Caps. XXXI e XXXII. 
MENEZES, Aderson de. Teoria Geral do Estado, cap. VIII.
WEFFORT, Francisco (org.). Os clássicos da política, vol. 1, capítulo sobre O Federalista.
� Teoria Geral do Estado, p. 182.

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