Buscar

perícias_criminais04

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Atenção:
este Prog
mesmo. O
descritos
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PE
 O material 
grama de Ed
Os créditos 
na bibliograf
 
C
ERÍC
deste módu
ducação Con
do conteúd
fia consultad
 
 
Curs
CIAS 
MÓD
lo está dispo
ntinuada, é 
do aqui con
da
 
 
so de
CRIM
 
DULO
onível apena
proibida qua
tido são da
e 
MINA
O IV
as como parâ
alquer forma
ados aos se
AIS 
âmetro de e
 de comerci
eus respectiv
studos para 
ialização do 
vos autores 
 
 
 
 
 
169 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
MÓDULO IV 
 
 
NOÇÕES DE ODONTOLOGIA LEGAL 
 
A identificação humana é o assunto mais conhecido quando as pessoas são 
questionadas acerca da medicina legal, e consequentemente da odontologia legal. 
No entanto, será observado ao longo do curso que a área de atuação do cirurgião-
dentista na odontologia legal é vasta, abrangendo inclusive a deontologia 
odontológica e a orientação profissional. 
Outro ramo de grande atuação do perito-odontólogo é a realização de 
perícias para identificação de lesões presentes no sistema estomatognático 
decorrentes de traumas diversos, que serão estudados no tópico de traumatologia e 
marcas de mordida. Lesões no sistema estomatognático também são estudadas 
para a avaliação de danos resultantes de erro profissional sejam eles decorrentes de 
imperícia, imprudência ou negligência. 
 
Regulamentação da odontologia legal no Brasil 
 
A odontologia legal faz parte do elenco de especialidades odontológicas 
dispostas na Resolução CFO – 63/2005 – Consolidação das normas para 
procedimentos nos Conselhos de Odontologia (no passado: Resolução CFO 185/93 
de 26 de abril de 1993), sendo que na seção VIII, artigos 63° e 64° é disposta a sua 
definição e as áreas de competência do especialista: 
 
Art. 63. Odontologia Legal é a especialidade que tem como objetivo a 
pesquisa de fenômenos psíquicos, físicos, químicos e biológicos que podem atingir 
ou ter atingido o homem, vivo, morto ou ossada, e mesmo fragmentos ou vestígios, 
resultando lesões parciais ou totais, reversíveis ou irreversíveis. 
 
 
 
 
 
170 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Parágrafo único. A atuação da Odontologia Legal restringe-se a análise, 
perícia e avaliação de eventos relacionados com a área de competência do 
cirurgião-dentista podendo, se as circunstâncias o exigirem, estender-se a outras 
áreas, se disso depender a busca da verdade, no estrito interesse da justiça e da 
administração. 
 
Art. 64. As áreas de competência para atuação do especialista em 
Odontologia Legal incluem: 
a) identificação humana; 
 b) perícia em foro civil, criminal e trabalhista; 
 c) perícia em área administrativa; 
 d) perícia, avaliação e planejamento em infortunística; 
 e) tanatologia forense; 
 f) elaboração de: 
 1) autos, laudos e pareceres; 
 2) relatórios e atestados; 
 g) traumatologia odontolegal; 
 h) balística forense: 
 i) perícia logística no vivo, no morto, íntegro ou em suas partes 
em fragmentos; 
 j) perícia em vestígios correlatos, inclusive de manchas ou 
líquidos oriundos da cavidade bucal ou nela presentes; 
 l) exames por imagem para fins periciais; 
 m) deontologia odontológica; 
 n) orientação odontolegal para o exercício profissional; e, 
 o) exames por imagens para fins odontolegais. 
 
O exercício da odontologia no Brasil é regulamentado pela Lei 5.081 de 24 
de agosto de 1966. De maneira geral, todos os procedimentos odontológicos que o 
cirurgião-dentista pode realizar estão dispostos nessa lei. As perícias odontolegais 
estão elencadas nos procedimentos que o cirurgião-dentista devidamente habilitado 
 
 
 
 
 
171 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
pode realizar. No entanto, é necessário adquirir esse conhecimento prévio, seja no 
próprio curso de graduação (regular) ou em cursos de pós-graduação. Isso 
demonstra a importância da disciplina de Odontologia Legal e Deontologia no 
currículo das faculdades de Odontologia. 
 
ART.6 - Compete ao cirurgião-dentista: 
I - praticar todos os atos pertinentes à Odontologia, decorrentes de 
conhecimentos adquiridos em curso regular ou em cursos de pós-graduação; 
(...) 
IV - proceder à perícia odontolegal em foro civil, criminal, trabalhista e em 
sede administrativa; 
(...) 
IX - utilizar, no exercício da função de perito-odontólogo, em casos de 
necropsia, as vias de acesso do pescoço e da cabeça. 
 
A odontologia legal teve sua primeira publicação oficial em 1898, sendo 
oficialmente reconhecida como uma ciência que auxilia a medicina legal. No entanto, 
o termo utilizado na época foi “L´art dentaire em Médicine Legal” – “A arte dentária 
da medicina legal”, e foi publicado por Oscar Amöedo, que era um dentista cubano 
de nascimento, mas radicado em Paris. Em sua obra, relatou detalhes da 
identificação dos corpos pela comparação dos tratamentos odontológicos ante e 
post-mortem (antes e depois da morte) de indivíduos carbonizados em um grande 
acidente. 
Em 1897, aconteceu um incêndio de grandes proporções em Paris em um 
local denominado Bazar da Caridade, que era frequentado pela alta sociedade 
parisiense, resultando na morte de mais de 100 pessoas, sendo que todas se 
encontravam carbonizadas. Na época, o cônsul do Paraguai na França sugeriu que 
as arcadas dentárias presentes nos corpos fossem comparadas com os tratamentos 
dentários documentados pelos cirurgiões-dentistas da época, resultando em cerca 
de 90% de corpos identificados (Rosenthal, 2001; Vanrell, 2002). 
 
 
 
 
 
172 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Dentro da área criminal, o cirurgião-dentista atuará como perito criminal 
oficial, em Estados que não existe o cargo de odontolegista. O perito criminal e o 
odontolegista é um funcionário público concursado, sendo que o odontolegista deve 
ser obrigatoriamente graduado em odontologia e ter seu diploma validado pelos 
respectivos conselhos regionais e federais. 
 
Perícia em odontologia: 
 
Perícia na área civil 
 
Segundo Silva (2003), as perícias na área civil em odontologia ocorrem 
principalmente em ressarcimentos de danos, como nos casos de responsabilidade 
profissional ou erro profissional odontológico, em casos de acidentes como o de 
trabalho, de trânsito e em casos de agressão com comprometimento de órgãos 
dentários. O arbitramento judicial de honorários profissionais, a exclusão de 
paternidade, a estimativa da idade, principalmente em casos de adoção e a 
avaliação de equipamentos odontológicos para fins contratuais e avaliação de 
seguradoras também podem ser realizados no âmbito civil. 
 
“TÍTULO IX 
Da Responsabilidade Civil 
CAPÍTULO I 
Da Obrigação de Indenizar 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de 
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida 
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
(...) 
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo 
questionar maissobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas 
questões se acharem decididas no juízo criminal. 
 
 
 
 
 
173 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmite-se com a 
herança. 
CAPÍTULO II 
Da Indenização 
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o 
dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. 
(...) 
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplicam-se ainda no caso de 
indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, 
imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, 
ou inabilitá-lo para o trabalho.” 
 
 
Perícia na área criminal 
 
A perícia na área criminal é aquela realizada quando há a suspeita de um 
crime, ou para a identificação médico ou odontolegal. Para um melhor entendimento, 
é necessária a definição de crime. Segundo o Código Penal (Decreto-Lei n°2.848, de 
7 de dezembro de 1940), o crime só existirá se uma lei anterior o definir: 
 
“PARTE GERAL 
TÍTULO I 
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Anterioridade da Lei 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia 
cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)” 
 
 
 
 
 
174 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
Existem diversos tipos de crimes e consequentemente punições, no entanto 
em odontologia, as perícias na área criminal podem ser realizadas para a 
identificação humana, lesões corporais, determinação de idade para indivíduos sem 
identificação e outros. Baseado na divisão elaborada por Silva (2003), as perícias de 
identificação podem ser realizadas no vivo, no cadáver e nos esqueletos, e divididas 
didaticamente em: 
 
1) Identificação no vivo: 
a) Presença de marcas de mordida na vítima ou no agressor; 
b) Presença de marcas de mordida em alimentos e objetos; 
c) Estimativa da idade pelos dentes de indivíduos com idade não 
comprovada. 
 
2) Identificação no cadáver: 
a) Indivíduos em adiantado estado de putrefação, afogados ou 
carbonizados, nos quais a identificação dactiloscópica é impossível devido à 
degradação ou ausências das polpas digitais; 
b) Casos de acidentes em massa como catástrofes naturais, acidentes de 
aviso, entre outros, nos quais inúmeras pessoas perdem a vida ao mesmo tempo 
dificultando o reconhecimento; 
c) Casos de dilaceração de corpos. 
 
3) Identificação no esqueleto: 
a) Identificação da espécie animal; 
b) Estimativa do sexo; 
c) Estimativa da idade; 
d) Estimativa da estatura; 
e) Estimativa do biótipo. 
 
 
 
 
 
 
 
175 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
4) Lesões corporais – traumatologia forense: 
a) Análise do comprometimento da face e dos dentes em crimes e 
acidentes; 
b) Análise da lesão em casos de erro profissional odontológico. 
 
5) Determinação da idade: 
a) De criminosos sem idade comprovada; 
b) De vítimas sem idade comprovada. 
 
6) Perícias de vestígios biológicos e manchas encontradas na cena do 
crime ou no corpo da vítima 
a) Diagnósticos diferenciais de manchas de saliva, esperma, mucosidade 
vaginal, sangue, etc. 
b) Extração e análise do DNA de saliva do agressor encontradas no corpo 
da vítima, ou em objetos deixados na cena do crime 
c) Extração e análise do DNA de dentes ou seus fragmentos encontrados 
na cena do crime 
 
Perícias na área trabalhista 
 
As perícias trabalhistas são normalmente realizadas quando a face e a boca 
são atingidas por algum tipo de acidente do trabalho e quando ocorrem doenças 
profissionais com manifestações bucais que serão melhores estudadas no capítulo 
de manifestações bucais de doenças profissionais. 
 
Perícias administrativas 
 
As perícias administrativas podem ocorrer em duas vertentes, segundo Silva 
(1998): 
1) Processos éticos realizados nos Conselhos Regionais de Odontologia: 
o cirurgião-dentista é avaliado sobre seus comportamentos éticos durante o 
 
 
 
 
 
176 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
exercício da odontologia, após uma denúncia de comportamento antiético. A perícia 
é realizada pela comissão de perícias e avaliações de tratamentos odontológicos e 
pela comissão de ética do Conselho Regional e/ou Federal. 
2) Auditorias realizadas em convênios: São realizadas auditorias 
constantes que convencionalmente são denominadas de “perícias”. O cirurgião-
dentista que trabalha com convênios declara expressamente que está ciente da 
realização dessa “perícia” no paciente em qualquer momento do tratamento 
odontológico, tanto no começo, como no final do tratamento. Algumas empresas 
realizam, obrigatoriamente, as “perícias” antes e depois do tratamento sendo que 
outras só a realizam aleatoriamente. 
Como o curso é voltado às perícias criminais, a seguir será detalhado 
algumas técnicas utilizadas para a identificação humana em odontologia legal. 
 
Estimativa do sexo por meio do estudo do crânio 
 
A estimativa do sexo pelos elementos do crânio tem sua importância pericial, 
principalmente quando em casos que o mesmo é encontrado separado do corpo, ou 
existem dúvidas em relação à análise da pélvis (Silva, 1997). As características 
femininas e masculinas de um crânio podem ser resumidamente apresentadas no 
quadro 10. 
 
Estimativa da estatura por meio do estudo do crânio e dos dentes 
 
A estimativa da altura por meio do estudo das dimensões dos dentes é 
realizada pelo método descrito por Correa em 1920 e estudado para a população 
brasileira por Silva, em 1971 (apud Silva, 1997). A estatura real dos indivíduos 
brasileiros foi de 70% entre o valor máximo e mínimo calculado por esse método, 
demonstrando não ser uma técnica confiável para essa estimativa. No entanto, Silva 
(1997) recomenda que todos os achados antropológicos podem ser significativos 
para chegar à conclusão final da perícia. 
 
 
 
 
 
 
177 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Quadro 10: Resumo das características da estrutura do crânio quanto ao 
sexo. Adaptado de Silva, (1997) e Vanrell (2003). 
Estrutura do crânio Sexo Masculino Sexo Feminino 
Fronte Mais inclinada Mais vertical 
Glabela Mais pronunciada Menos pronunciada 
Arcos superciliares Mais salientes Menos salientes 
Articulação frontonasal Angulosa Curva 
Apófise mastoide Rugosas e proeminentes Pouco proeminentes 
Apófise estiloide Mais longa e mais grossa Mais curva e mais fina 
Côndilos occipitais Mais longos e estreitos Mais curtos e mais largos 
Côndilos mandibulares Mais robustos Mais delicados 
Peso médio da 
mandíbula 
80g 63g 
Capacidade do crânio 1400cm3 ou mais 1300 cm3 
 
A fórmula desenvolvida após diversas pesquisas realizadas por Carrea para 
a estimativa da altura de um indivíduo é a seguinte: 
 
 
 
 
Estatura máxima = a x 6 x 10 x 3,1416 
 2 
sendo a = mensuração do arco em milímetros 
 
Estatura mínima = a’ x 6 x 10 x 3,14162 
sendo a’ = mensuração da corda em milímetros 
 
 
 
 
 
 
178 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
 
 
Medidas realizadas: 
? Corda: Mensurou-se o incisivo central e lateral e os caninos inferiores 
com o auxílio de um paquímetro, medindo-se a: 
? Arco: mesial do incisivo central até a distal do canino utilizando-se uma 
fita métrica. 
Contraindicações: 
? Dentes apinhados; 
? Dentes ausentes; 
? Essa metodologia deve ser mais pesquisada atualmente para 
checagem de variações que possam ocorrer de indivíduo para indivíduo. No entanto, 
quando não se tem nenhuma informação sobre a altura dessa pessoa, utiliza-se de 
todas as ferramentas, inclusive essa metodologia para a sua estimativa. 
 
 
 
 
 
179 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Exemplo:
 
 
 
ESTIMATIVA DA IDADE POR MEIO DO ESTUDO DO CRÂNIO E DOS 
DENTES 
 
A estimativa da idade normalmente é realizada observando-se a estatura, o 
peso, a presença de rugas, caracteres sexuais secundários e pela análise do 
desenvolvimento ósseo e dental. 
Uma das metodologias a ser utilizada para a estimativa da idade pelo crânio 
é o fechamento de suturas cranianas. Dorandeu et al (2008). Recentemente 
publicou um artigo para a estimativa de idade pelas suturas cranianas (Figura 28) 
com desvio padrão de 1 a 18,4 anos, como demonstra a tabela 2. 
 
 
Estatura máxima = 19 x 6 x 10 x 3,1416 = 1790,712 mm ou 1,79m 
 2 
sendo a = mensuração do arco em milímetros 
 
Estatura mínima = 19,5 x 6 x 10 x 3,1416 = 1837,836 mm ou 1,83m 
 2 
sendo a’ = mensuração da corda em milímetros 
 
 
 
 
 
 
180 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Figura 45: Avaliação anatômica e visual do estágio da sutura craniana, segundo os estágios 
dispostos na tabela abaixo. 
Tabela 3: Avaliação do estágio da sutura craniana demonstrada na figura__ 
com a estimativa da idade e a idade real do indivíduo, com o valor do desvio padrão. 
 
 
Estudos demonstram que os dentes são as estruturas orgânicas que 
fornecem os melhores subsídios para a estimativa da idade, sofrem menos 
interferências de fatores sistêmicos e de desnutrição, principalmente da vida fetal até 
os 21 anos aproximadamente, que termina o desenvolvimento dentário. Dessa 
maneira, quanto mais jovem, mais próximo da idade cronológica será a estimativa da 
idade. Para isso, maiores números de informações são necessárias, tais como a 
mineralização e sequência de erupção dentária, presença de patologias 
odontológicas (cáries, exodontias e periodontopatias) e sinais de envelhecimento 
(desgastes fisiológicos) (Silva, 1997). 
A técnica mais utilizada e recomendada para a estimativa da idade pelo 
exame dos dentes aqui no Brasil, em indivíduos até aproximadamente 21 anos, é a 
descrita por Nicodemo, Moraes e Médici (1974): os autores relacionam os estágios 
de mineralização dos elementos dentários (Quadro 11): 
Quadro 11: Cronologia da mineralização dos dentes permanentes entre 
brasileiros, por Nicodemo, Moraes e Médici Filho 
 
 
 
 
 
181 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
Estimativa do fenótipo e cor da pele por meio do estudo do crânio e 
dos dentes 
 
O crânio fornece maiores possibilidades para a pesquisa da cor da pele do 
que outras estruturas ósseas (Birkby, 1966), pois se preserva com maior facilidade 
após a morte e pode ser classificado de diversas maneiras. 
No Brasil, existe uma grande miscigenação ao comparar com outros países 
(Arbenz, 1988; Melani, 1995). Para a realização desses estudos, é necessária a 
análise e mensuração entre distâncias de pontos de reparos anatômicos específicos. 
Segundo Krogman (1955, apud Silva, 1997), alguns caracteres morfológicos 
craniofaciais qualitativos são observados em diferentes tipos de grupos 
populacionais (Quadro 12), fornecendo uma ferramenta a mais para o estudo 
antropológico. 
Quadro 12: Resumo das características craniofaciais qualitativas em 
diferentes grupos populacionais. 
 
 
 
 
 
182 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
 
 
 
Identificação humana pelos dentes 
 
Em muitos casos, os dentes constituem elementos preciosos na 
identificação, principalmente em carbonizados ou esqueletizados (Silva, 1997; 
França, 2001; Vanrell, 2003; Pretty e Sweet, 2001; INTERPOL, 2008). Os dados 
anatômicos dos dentes são analisados e utilizados pelos peritos: 
? Dente decíduo ou permanente; 
? Grupo de dente que pertence (incisivos, molares e pré-molares); 
? Dente central ou lateral, primeiro ou segundo; 
? Dente presente na arcada superior ou inferior; 
? Dente presente no lado direito ou esquerdo; 
? Alterações dentárias de interesse pericial. 
Diversas características particulares podem estar presentes na arcada 
dentária, incluindo as anomalias e alterações dentárias (Figura 46). Para que esses 
 
 
 
 
 
183 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
dados sejam devidamente documentados, é necessário que, o cirurgião-dentista 
realize tais anotações em uma ficha odontológica adequada, segundo orientações 
de grande profissionais da área da odontologia legal, caso contrário, a identificação 
pode não ser realizada por falta ou por má preservação da documentação 
odontológica. 
 
Figura 46: Exemplo de identificação pelos dentes (vide detalhes ao lado da figura). 
 
A INTERPOL (2008), visando estabelecer uma padronização da documentação 
odontológica para a identificação de vítimas de desastres, elaborou um formulário 
completo, que engloba não só dados pessoais, como todos os exames realizados 
para a identificação humana. O formulário consta duas páginas: uma ficha 
odontológica para descrição dos dentes e outra para o exame intra e extrabucal. 
 
 
 
 
 
184 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Dois formulários idênticos são realizados para a realização do banco de dados 
(Figura 47 e 48): Figura 47: Página de exame clínico intra e extrabucal post-mortem do formulário 
de identificação de vítimas da INTERPOL. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Registros ante-mortem 
o Com registros obtidos da própria família 
o Com registros obtidos de médicos da vítima 
? Com registros obtidos de dentistas da vítima 
? Registro post-mortem obtidos do cadáver ou esqueleto encontrado. 
 
 
 
 
 
185 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 48: Ficha odontológica post-mortem do formulário de identificação de vítimas da INTERPOL. 
 
 
 
 
 
 
 
 
186 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seusrespectivos autores
 
Estudo do mecanismo de ação das marcas de mordidas e o processo 
de identificação das impressões dentárias 
 
Mordidas são lesões complexas produzidas pela pressão do apertamento 
dos dentes podendo ou não romper os tecidos moles. A mordida é complementada 
pela pressão dos tecidos moles da pele pelos lábios e pela língua (Whittaker, 1990; 
Melani, 1997). A marca de mordida pode ser encontrada na pele ou em objetos 
inanimados, podendo ser produzida pelo homem ou por algum animal (Clarck, 
1992). Em uma mordida, os dentes podem produzir vários tipos de lesões, incluindo 
eritema, contusão, abrasão, laceração, ou avulsão tecidual (Sweet & Shutler, 1999). 
As marcas produzidas pelos dentes na pele podem auxiliar na identificação 
do agressor em razão às particularidades morfológicas de cada dente. A análise da 
marca de mordida não se limita exclusivamente ao estudo dos dentes do agressor. 
Devem-se levar em consideração além dos dentes do mordedor, a ação da língua, 
dos lábios e das bochechas, devido à ação da musculatura, e a parte do corpo que 
foi afetada (Figura 49) (Levine, 1977; Melani, 1997). 
 
 
 
 
 
187 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
Figura 49: Diversos tipos de marcas de mordida enumeradas de acordo com a escala de Pretty 
(2008) descrita na figura 89. 
 
 
 
 
 
188 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Para assegurar a qualidade, integridade e eficácia da análise, registro e 
estudo das marcas de mordida, o Conselho Americano de Odontologia Forense 
(American Board of Forensic Odontology) elaborou normas de procedimentos 
visando padronizar as metodologias de análise. O primeiro modelo de procedimento 
foi estabelecido em 1983 em um seminário de marcas de mordida. Em 1994, o 
Conselho atualizou o primeiro conjunto de normas estabelecendo metodologias para 
a preservação da evidência de marca de mordida (ABFO, 2002). 
Informações como localização, formato, tamanho, cor e tipo de injúria devem 
ser observados e registrados por fotografias com a utilização da escala ABFO, no 2 
(Hyser & Krauss, 1988) e impressão com material de moldagem. O exame extra e 
intrabucal do suspeito, juntamente com o registro fotográfico, moldagens dos arcos 
dentais e registro da mordida em cera possibilitam o estudo comparativo por 
diversas metodologias, principalmente por sobreposição de imagens (ABFO, 2002). 
Segundo Sweet et al. (1996), a saliva depositada na pele durante o ato da 
mordida pode ser coletada para a extração do DNA e subsequente amplificação por 
reação em cadeia pela polimerase independente do tempo de deposição ou da 
concentração da saliva. Ao depositarem saliva na pele de cadáveres, realizaram a 
sua coleta após 5 minutos, 24 e 48 horas. Constataram que a concentração de DNA 
extraído da saliva até 24 horas após a sua deposição diminui, no entanto, fica 
estável a partir desse tempo até 48 horas. 
Relacionando-se a saliva com as marcas de mordida, Sweet et al. (1997) 
preconizaram uma metodologia de coleta de saliva depositada sobre a pele Double 
Swab Technique (técnica do duplo esfregaço com algodão). A técnica consiste em 
utilizar duas hastes com algodão (swab) estéreis para a remoção da saliva 
impregnada na pele, sendo uma umedecida com água estéril e a outra seca, que 
são usados um em seguida do outro. Segundo os autores, a técnica permite coletar 
uma maior quantidade de material biológico para a extração de DNA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
189 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
NOÇÕES DE DNA FORENSE 
 
A identificação humana pelo estudo do perfil genético é amplamente 
utilizada em casos de caracterização de vínculo genético familiar seja em processos 
cíveis – exemplo: exclusão ou não da paternidade – como também em processos 
criminais – exemplo: cadáveres e materiais biológicos encontrados na cena do 
crime. 
Atualmente, a mídia tem contribuído de forma significativa para a divulgação 
e popularização dessa tecnologia, que vem evoluindo de forma significativa nas 
últimas duas décadas. 
No entanto, algumas considerações sobre essa tecnologia não passam de 
mito, pois não se pode concluir que “o DNA resolve tudo”, mas que a análise do 
perfil genético pode auxiliar na identificação humana fazendo parte das provas 
periciais de um determinado caso criminal ou civil. 
Segundo Butler (2005) Os testes de DNA para identificação humana podem 
ser utilizados para: 
 Casos forenses: análise do DNA do suspeito com aquele obtido da 
evidência biológica encontrada na cena do crime ou nas vítimas; 
 Teste de paternidade ou caracterização de vínculo genético familiar: 
exclusão ou não de supostos pais, filhos, mães e outros membros da família; 
 Desastres em massa: identificação dos fragmentos humanos e dos 
corpos encontrados em um desastre com inúmeras vítimas; 
 Investigações históricas; 
 Investigações de pessoas desaparecidas; 
 Identificação de militares; 
 
 
 
 
 
190 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 Banco de DNA de criminosos ou 
de evidências biológicas. 
 
Fundamentos básicos de biologia 
molecular para entendimento do DNA 
forense 
 
O DNA (ácido desoxirribonucleico) 
armazena toda a informação genética, sendo 
encontrados nos cromossomos do núcleo e 
nas mitocôndrias, com a maior parte 
localizada no primeiro (Figuras 50). 
 
 
 
 
 
 
 
191 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
Figura 50: DNA a molécula da vida: do cromossomo a cadeia dupla de DNA. 
 
 
 
Este materia
saliv
outro
com
entre
uma
molé
& Cr
A) 
Wats
o car
por d
duas
(ade
com
al deve ser utiliza
O DNA
va, de osso
os materia
As mo
postos de
e as posiçõ
a dupla hé
éculas são
rick, 1953)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5
son & Crick, 
rbono 3’ com
uas. 
 
A base
s ou três 
enina - A, t
 o açúca
ado apenas como
A pode ser
o, de dent
ais biológico
oléculas de
 unidades 
ões 3’ e 5’ 
élice de c
o mantidas
. 
 
51: A) Repre
1953; B) Est
m o carbono 5
e adenina 
ligações d
timina - T,
r, constitu
 parâmetro de es
r extraído 
e, de tecid
os (Brettel
e DNA cara
básicas d
de carbon
cadeias co
 juntas po
 B) 
esentação e
trutura quími
5’. As bases 
liga-se co
de hidrogê
 citosina -
uem o nu
 
 
 
192
tudo deste Progr
 
de amostr
dos e órgã
l et al, 200
acterizam-
de nucleot
nos por liga
omplemen
r fracas po
esquemática 
ica da moléc
C e G são l
om timina 
ênio respe
C e guan
cleosídeo;
 
rama. Os créditos
ras de san
ãos, de fios
05). 
se por pol
ídeos, con
ações fosfo
tares opo
ontes de h
da dupla hé
cula de DNA
igadas por tr
e citosina
ectivament
ina – G ou
; sendo q
s deste conteúdo s
gue, de es
s de cabel
ímeros de 
ntendo 2-d
odiéster. A
stas, na 
hidrogênio 
élice da mol
, com sua na
rês pontes d
a com a g
e. Essas 
u g) (Figur
que o últim
são dados aosseu
sfregaços 
os, de sêm
alto peso 
desoxirribos
A estrutura 
qual as s
(Figura 51
lécula de DN
atureza antip
de hidrogênio
uanina po
bases nitr
ra 52) ao s
mo ligado
us respectivos au
bucais, de
men, entre
molecular
se ligados
do DNA é
suas duas
) (Watson
NA segundo
paralela com
o e as A e T,
or meio de
rogenadas
se ligarem
o com um
utores
e 
e 
r 
s 
é 
s 
n 
o 
m 
, 
e 
s 
m 
m 
 
 
 
 
 
193 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
grupamento fosfato, constitui o nucleotídeo, que é a unidade básica de repetição na 
fita de DNA (Watson & Crick, 1953). 
 
Figura 52: Representação esquemática da molécula de DNA. 
 
Determinados fragmentos de DNA especificam a síntese de RNA em um 
processo denominado transcrição. O ácido ribonucleico (RNA) é um polímero linear 
 
 
 
 
 
194 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
composto de cadeia de unidades de ribose ligadas pelas posições 3’ e 5’ por 
intermédio de grupamentos fosfodiéster, tendo como função a síntese proteica e 
também pode constituir o genoma de alguns vírus. O gene é uma unidade de 
transcrição que consiste de um segmento de DNA específico que se estende do 
início do sítio de transcrição ao sítio de término de transcrição. O RNA especifica a 
síntese de polinucleotídeos que formarão as proteínas, sendo tal processo 
denominado tradução, ocorrendo nos ribossomos, nas mitocôndrias e cloroplastos 
(Figura 53) (Beard & Armentrout, 1967; Srinivasan & Yathindra, 1977). 
 
Figura 53: Fluxograma da transcrição e translação. 
 
 
 
 
 
195 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
As regiões de um gene que codificam proteínas são denominadas éxons e 
aquelas que não a realizam, íntrons. Cada éxon codifica uma porção específica da 
proteína completa (Figura 54). Em algumas espécies, incluindo a humana, os éxons 
são separados por longas regiões de DNA denominadas íntrons ou DNA “lixo”, que 
aparentemente não estão associadas à codificação de DNA (National Human 
Genome Research Institute, 2008). 
Os alelos constituem as variantes de um gene em uma particular região, ou 
lócus, em um cromossomo. Diferentes alelos produzem variações nas 
características individuais como, por exemplo, cor do cabelo ou tipo sanguíneo 
(National Human Genome Research Institute, 2008) (Figura 55). 
A transferência das informações genéticas de uma geração a outra ocorre 
através da replicação do DNA, catalisada por enzimas denominadas DNA 
polimerases. Essas enzimas mediam a síntese da nova fita de DNA in vivo, 
utilizando como molde ("template") a fita complementar da molécula existente. 
Inicialmente, a molécula de DNA tem as suas fitas separadas pelo rompimento das 
ligações de hidrogênio que mantêm a dupla hélice, em um processo denominado 
desnaturação, que ocorre in vivo em pH alcalino. Além da fita molde, é necessária a 
presença de um oligonucleotídeo iniciador ou "primer", ou seja, um pequeno 
fragmento de DNA simples, complementar a fita molde, desoxinucleotídeos 
trifosfatados (dATP, dCTP, dGTC, dTTP) que serão incorporados à fita duplicada. A 
replicação do DNA ocorre em regiões específicas denominadas origem de replicação 
(Marmur & Doty, 1959). 
Sucintamente, a replicação ocorre com a adição de um nucleotídeo à fita de 
DNA pela ligação de seu grupo fosfórico, presente no carbono 5' da desoxirribose, 
com a hidroxila do carbono 3' da desoxirribose do último nucleotídeo presente na 
cadeia replicada. Por esse motivo que se descreve que a síntese de DNA ocorre no 
sentido 5´-> 3´ (Marmur & Doty, 1959;). Todo o processo descrito acima será à base 
do princípio da amplificação do DNA in vitro denominada reação em cadeia pela 
polimerase (Polymerase Chain Reaction – PCR) que serão estudados nos tópicos 
adiante. 
 
 
 
 
 
196 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
 
Figura 54: Diferenças entre os Éxons e Introns. Observe a remoção da parte em amarela 
correspondente ao íntron. 
 
 
 
 
 
 
197 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
Figura 55: Alelos correspondentes a cor de olhos ligados ao cromossomo X. 
 
 
O conjunto completo de sequências no material genético de um organismo é 
denominado genoma incluindo todos os cromossomos mais qualquer DNA presente 
nas organelas. O genoma nuclear humano possui cerca de 3300 Mb, distribuídos em 
22 cromossomos autossômicos e 2 sexuais, compostos de 30 a 35 mil genes, 
caracterizando por 1,5% a 2% de DNA codificante de proteínas, sendo que 46% do 
total constitui-se de sequências de DNA repetitivas (Szymasky, 2005). 
O genoma mitocondrial possui particularidades que o diferenciam do 
genoma cromossômico, sendo sua herança materna. Sua estrutura circular de 
16,5Kb lhe fornece maior resistência à digestão enzimática e em uma única célula, 
há a presença de milhares de mitocôndrias, cada qual com uma cópia de DNA 
mitocondrial, sendo que 93% do seu genoma é codificante, não possuindo íntrons e 
com poucas regiões repetitivas (Anderson et al, 1981). Dentro de uma única célula, 
há inúmeras cópias do genoma mitocondrial, ao contrário do genoma nuclear que 
possui uma cópia por célula (Budowle et al, 2003) (Figura 56). 
 
 
 
 
 
198 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
Figura 56: Representação esquemática do DNA genômico ou nuclear e do DNA 
mitocondrial (mtDNA). 
 
 
Marcadores de Variação Genética 
 
A variabilidade do DNA humano confere a diferença entre cada ser vivo, 
sendo que pode ser denominada por polimorfismo se a variação genética possuir 
frequência acima de 1% em determinada população e mutação se abaixo desse 
valor (Beiguelman, 2006). 
Os Single Sequence Length Polymorphism (SSLP) ou polimorfismo de 
comprimento de sequência única, englobam os VNTR (Variable Number of Tandem 
Repeats) ou repetições consecutivas de número variável ou minissatélites, e 
 
 
 
 
 
199 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
também os STR (Short Tandem Repeats) ou repetições consecutivas curtas ou 
microssatélites (Figura 57 e 58). A diferença entre eles é o tamanho da sequência 
que se repete, sendo que nos microssatélites essa estrutura é menor, pois possuem 
repetições constituídas de 2 a 9 pares de bases, e o minissatélite, de 10 a 64 pares 
de bases. Esse DNA satélite na maioria das vezes não é transcrito, 
consequentemente não estão associados com a expressão da informação genética 
(Edwards et al, 1991; Hamond et al, 1994). 
 
 
Figura 57: Representação esquemática comparando as VNTRs das STRs, segundo sua unidade de 
repetição. 
 
 
 
 
 
 
200 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
Figura 58: Representação esquemática das repetições consecutivas do STR TPOX e seus 
respectivosalelos. 
 
 
Os Single Nucleotide Polymorphism (SNP) ou polimorfismo de nucleotídeo 
único é uma variação na sequência de DNA que ocorre quando um nucleotídeo é 
alterado por outro em sequências de DNA que podem ou não codificar genes 
(Delahunty, 1996) (Figura 59). 
 
 
 
Figura 59: Representação esquemática se sequências de DNA de três indivíduos distintos com a 
presença de um SNP e um STR mostrando suas diferenças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
201 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Quadro 13: Comparação entre os STRs e SNPs (adaptado de Butler, 2005) 
STR SNP 
Variam de 2 a 9 nucleotídeos 
que se repetem consecutivamente 
Troca de bases A/T, A/G, A/C, 
C/T, C/G, T/G. 
Apresentam-se em diversos 
alelos, normalmente mais de 5 
Normalmente 2 
Detectado por separação 
eletroforética em gel ou capilar 
Análise por sequenciamento ou 
hibridização em microchip. 
O FBI preconiza 13 STRs Estima-se que mais de 50 SNPs 
seriam necessários para a análise (Gill et 
al, 2004) 
Vantagens: 
• Banco de dados 
populacionais realizados no mundo todo 
• A presença de vários alelos 
facilita a identificação de mutações e 
misturas de DNA. 
Vantagens: 
• Os produtos de PCR 
podem ser menores, resultado em maior 
chance de amplificação, principalmente 
em amostras biológicas degradadas. 
• Após devidamente 
otimizados e estudados, pode-se 
analisar mais de 1000 SNPs em um 
mesmo microchip, mas essa tecnologia 
ainda não é amplamente empregada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
202 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Estudo da metodologia aplicada à identificação humana 
 
A análise do DNA em caracterização do vínculo genético engloba desde o 
domínio da metodologia de coleta do material biológico até a interpretação dos 
resultados obtidos (Butler, 2005) (Figura 60). Cada qual possui sua particularidade e 
cuidados inerentes à técnica que podem possuir vantagens e desvantagens de 
acordo com o objetivo almejado. 
 
 
Figura 60: Esquema de todos os procedimentos envolvidos em caracterização do 
vínculo genético 
 
 
Coleta do material biológico: 
 
Anteriormente à extração e análise dos ácidos nucleicos, um importante 
passo a ser discutido relaciona-se aos cuidados relacionados à coleta e preservação 
do material biológico. Os cuidados incluem utilização de luvas descartáveis, 
 
 
 
 
 
203 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
instrumentos de coleta, armazenamento e análise devem ser estéreis e apropriados 
para cada tipo de material, a documentação completa do vestígio eleito para a 
coleta, incluindo-se fotografias da região, tipo de armazenamento entre outros, o 
armazenamento do material biológico úmido em sacos plásticos deve ser de no 
máximo 2 horas, ou quando possível, permitir que seque antes do acondicionamento 
final. Cada tipo de amostra de material biológico (sangue, saliva, osso, dente, etc.) 
deve ter sua coleta e acondicionamento individualmente descrito (Secretaria de 
Segurança Pública de São Paulo – SSP-SP, 1999; INTERPOL, 2001). Cada tipo de 
material biológico terá quantidades diferentes de DNA para ser extraído (Quadro 14). 
 
Quadro 14: Quantidade de DNA extraído de diversos tipos de material 
biológico (Butler, 2005). 
Tipo de amostra Quantidade de DNA 
Sangue total 20000 ~ 40000 ng/mL 
Mancha de sangue 250 ~500 ng/cm3 
Líquido seminal 150000 ~ 300000 ng/mL 
Esfregaço de material vaginal 
pós-coito 
10 ~3000 ng/esfregaço 
Fio de cabelo com bulbo 1 ~750 ng/fio 
Pelo com bulbo 1 ~10 ng/pêlo 
Saliva total 1000 ~10000 ng/mL 
Esfregaço bucal 100 ~1500 ng/esfregaço 
Urina 1 ~20 ng/mL 
Osso 3 ~10 ng/mg 
Tecido 50 ~500 ng/mg 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
204 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Extração e quantificação de ácidos nucleicos: 
 
A quantidade, a pureza e a integridade do DNA dependem de vários fatores, 
podendo ser influenciados pelas metodologias aplicadas para a sua extração. A 
técnica mais amplamente empregada envolve em sua primeira fase, a lise celular, 
seguida de desnaturação ou inativação de proteínas. Com solventes orgânicos o 
DNA é posteriormente separado de macromoléculas como as proteínas através de 
solubilização em água, e em seguida precipitado com etanol. Outras metodologias 
com o mesmo princípio, inclusive kits comerciais, podem ser utilizadas para cada 
tipo de amostra biológica. Há diferentes metodologias para a extração de DNA de 
sangue total, de esfregaços vaginais e de amostras de sêmen, de saliva total e de 
materiais contendo saliva (Walsh D et al., 1992; Anzai et al., 2001, Anzai-Kanto, 
2005); de dente humano (Oliveira et al, 2002), de osso (Hagelberg et al., 1991); de 
material parafinado (Mesquita et al., 2001), entre outros. 
A escolha do uso de diferentes métodos de extração de DNA está 
relacionada ao tipo de material envolvido e influencia diretamente ao sucesso da 
análise dos STRs. Tal fator também se aplica ao DNA extraído de materiais 
biológicos obtidos post-mortem (Hoff-Olsen et al., 2001). 
A quantificação do DNA após a sua extração é importante para o 
aperfeiçoamento da qualidade do produto de DNA resultante da PCR (Internacional 
Society for Forensic Haemogenetics, 1992). Essa quantificação pode ser realizada 
espectrofotometria devido à capacidade do DNA em absorver luz ultravioleta de 
260nm de onda (Walker & Rapley, 1999), incluindo equipamentos mais modernos 
que quantificam com 1 µL de amostra, como o espectrofotômetro Nanodrop®. 
 
Análise do perfil genético: 
 
Jeffreys et al. (1985) foi um dos primeiros a analisar as regiões de 
minissatélites do DNA humano, possibilitando a investigação de paternidade e a 
identificação em casos criminais. 
 
 
 
 
 
205 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Uma tecnologia que revolucionou o campo da biologia molecular foi a PCR 
tendo como seu inventor Kary Mullis, recebendo o Prêmio Nobel por essa 
descoberta (INTERPOL, 2001). A PCR consiste na amplificação seletiva de uma 
sequência-alvo de DNA específica a partir de uma coleção heterogênea de DNA, 
empregando-se um par de oligonucleotídeos iniciadores que são complementares a 
certa extensão em ambas as fitas do DNA a ser amplificado (Saiki et al, 1985). 
A PCR envolve três etapas: desnaturação, hibridização e extensão. A 
desnaturação ocorre quando a molécula de DNA é aquecida acima da temperatura 
de 90°C na qual as pontes de hidrogênio da dupla hélice se rompem, ocorrendo a 
separação das cadeias complementares. Os iniciadores se ligam especificamente às 
sequências de DNA complementares no processo de hibridização, mediante a uma 
temperatura que pode variar de 45 a 72°C e deve ser previamente otimizada 
estando relacionada à temperatura de melting, que é medida por meio de uma 
fórmula específica que envolve a quantidade de C e G em sua sequência. A 
prevalência de ligação dos iniciadores ocorre pela sua alta concentração no meio da 
reação. A enzima termoestável denominada DNA polimerase direciona o 
posicionamento dos precursores do DNA –dNTP- iniciando a síntese de novas fitas 
de DNA. Com um novo aumento de temperatura,a enzima DNA polimerase catalisa 
a reação, incorporando o nucleotídeo na posição terminal do iniciador, 
complementando as bases do DNA molde, promovendo a extensão da fita (Saiki, 
1985) (Figura 61). 
As vantagens da utilização da PCR na ciência forense são a sua 
sensibilidade, pois é capaz de amplificar sequências a partir de quantidades ínfimas 
da sequência-alvo de DNA e até mesmo do DNA de uma única célula; e sua 
robustez, permitindo a amplificação de sequências específicas a partir de material 
biológico degradado (ISFH, 1992, INTERPOL, 2001; Sambrook, 2001). No entanto, 
tal eficiência e sensibilidade implicam também na atenção aos cuidados para evitar-
se a contaminação de DNA externo, que pode ocorrer durante todo o processo de 
análise do DNA (Internacional Society For Forensic Haemogenetics – ISFH, 1992). 
A eletroforese é uma metodologia amplamente empregada para a 
separação, isolamento, análise e manipulação dos ácidos nucleicos. Os ácidos 
 
 
 
 
 
206 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
nucleicos possuem uma carga geral total negativa, em razão aos seus grupamentos 
fosfato do arcabouço, consequentemente, quando aplicados em um gel de agarose 
ou poliacrilamida, eles migrarão em direção ao ânodo em um campo elétrico (Aaji e 
Borst, 1972). Em condições apropriadas de tampão, voltagem e miliamperagem, os 
fragmentos pequenos migrarão mais facilmente do que os maiores (Figura 62). 
 
 
Figura 61: Representação esquemática da amplificação em cadeia pela polimerase (PCR). 
 
 
 
 
 
 
207 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
 
 
Figura 62: Esquema da corrida de eletroforese com visualização dos fragmentos de 
DNA e das partículas de gel e dos poros, seguida de imagem dos fragmentos de DNA 
corados com brometo de etídeo exposto a luz ultravioleta. 
 
 
A variação do tipo e concentração do gel propicia diferentes características 
de separação, permitindo diferentes resoluções e análises. Em caracterização de 
vínculo genético utiliza-se eletroforese em gel de poliacrilamida ou eletroforese 
capilar para a análise das imagens. Em inclusão ou exclusão de paternidade, 
comparam-se os alelos presentes no filho com o do suposto pai, sendo que um seria 
o alelo obrigatório materno e o outro paterno (Figura 63). 
O mesmo acontece em inclusão de suspeitos de um crime, no qual se 
compara o DNA encontrado na vítima, como ocorre com marcas de mordida ou 
presença de sêmen na vítima, ou na cena de um crime. Pode ocorrer uma mistura 
 
 
 
 
 
208 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
de amostras biológicas que poderá conter DNA da vítima e do agressor. Dessa 
maneira, compara-se o DNA da vítima com o dos suspeitos confrontando-os com o 
DNA das amostras presentes na cena do crime (Figura 64). Tais análises são 
realizadas em pelo menos 13 STRs distintos (Budowle & Moretti, 1999; INTERPOL, 
2001; Secretaria Nacional de Segurança Pública - SENASP, 2006). 
 
 
Figura 63: Esquema representativo da análise de uma eletroforese em gel de poliacrilamida 
corado com prata contendo DNA de amostras biológicas da mãe, do filho e do suposto pai, de um 
STR amplificado pela PCR analisados juntamente com marcadores alélicos. 
 
 
 
 
 
 
209 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
Figura 64: Esquema representativo da análise de uma eletroforese em gel de poliacrilamida 
corado com prata, contendo DNA de amostras biológicas da vítima, do material biológico coletado de 
uma marca de mordida, e de três suspeitos distintos de um STR amplificado pela PCR, analisados 
juntamente com marcadores alélicos. 
 
 
Os fragmentos de DNA amplificados por PCR são identificados após a 
eletroforese em gel de poliacrilamida, seguida da coloração com prata, ou pela 
detecção de sinal fluorescente, na qual os iniciadores utilizados no PCR são 
marcados com fluorocromos, possibilitando a análise por sequenciador automático 
(Gill et al, 1995). 
Como foi dito anteriormente, as amostras forenses normalmente 
apresentam-se degradadas e em quantidades escassas. A amplificação por kits 
multiplex pode auxiliar principalmente nesses casos. Pouca quantidade de DNA – 
nanogramas – é suficiente para que se amplifique pela PCR vários loci. Os kits 
multiplex são desenvolvidos para comercialização (Krenke et al. 2002) ou pelos 
laboratórios de análises clínicas para o seu próprio uso. 
A importância da evidência de DNA é dada através da probabilidade de que 
a casualidade tenha ocorrido. Para isso, tem-se antecipadamente a frequência dos 
perfis genéticos em uma dada população. Caso o perfil genético seja extremamente 
 
 
 
 
 
210 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
raro em uma dada população, pode-se dizer que a evidência é extremamente forte, 
caso contrário, pode consistir em uma mera casualidade. A frequência de um perfil 
genético em uma dada população é calculada a partir da multiplicação das 
frequências do genótipo de cada lócus (Evett & Weir, 1998). 
Nos EUA, o FBI implantou o CODIS - Combined DNA Index System- que se 
tornou operacional em 1998, e combina a ciência forense com a tecnologia 
eletrônica, formando um banco de dados de perfis genéticos de DNA extraído de 
evidências biológicas coletadas na cena do crime e DNA de criminosos condenados 
por agressão sexual e outros tipos de violência física. Todos os Estados americanos 
podem ter acesso a esse banco de DNA e dessa maneira, há a possibilidade de 
comparar os perfis genéticos de um suspeito em um crime com os perfis contidos no 
CODIS, averiguando se o mesmo cometeu anteriormente outra infração (FBI, 2001). 
O CODIS selecionou 13 STRs para a análise do perfil genético: CSF1PO, 
FGA, TH01, TPOX, vWA, D3S1358, D5S818, D7S820, D8S1179, D13S317, 
D16S539, D18S51, e D21S11 (Budowle & Moretti, 1999) (Figura 65). Esse conjunto 
de loci se transformou em referência para outros países do mundo, no que se refere 
à ciência forense (Sun et al, 2003) 
 
Figura 65: STRs recomendados pelo Banco de DNA vinculado ao FBI (CODIS), segundo a sua 
distribuição nos cromossomos humanos. Fonte: http://www.cstl.nist.gov/div831/strbase/fbicore.htm. 
 
 
 
 
 
 
211 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Essa normatização possibilita maior facilidade em comparar tanto as 
frequências alélicas populacionais como os resultados dos perfis genéticos, mesmo 
que seja realizada em outros países. Visando futuramente implantar um banco de 
perfis genéticos de criminosos como o CODIS, o governo federal brasileiro já adotou 
os STRs sugeridos pelo CODIS como referência em perícias criminais em seu 
Manual de Padronização de Exames de DNA em Perícias Criminais (Secretaria 
Nacional de Segurança Pública - SENASP, 2006), que está sendo utilizado como 
referência para os laboratórios que trabalham com identificação humana. 
O sequenciamento de regiões específicas de DNA é realizado para a análise 
precisa da sua sequência de nucleotídeos (Figura 66). O DNA mitocondrial é 
analisado principalmente por meio de seu sequenciamento, postoque haja 
alterações de bases únicas. Diferentemente dos STRs, que é analisado pelo 
tamanho da sequência, o DNA mitocondrial é analisado comparando a sequência de 
cada nucleotídeo com a sequência preestabelecida por Anderson et al (1981) como 
referência. 
 
Figura 66: Eletroferograma obtido do sequenciamento de um fragmento de DNA. 
 
 
A análise dos STRs, da amelogenina e do DNA mitocondrial descritos ao 
longo do capítulo são amplamente utilizados e continuarão nos próximos anos, 
principalmente porque já são referência no mundo todo e seus dados arquivados 
(Gill et al, 2004). Entretanto, os Single Nucleotide Polymorphisms (SNPs) ou 
polimorfismos de base única como descritos anteriormente, não podem ser 
excluídos de uma discussão relacionada a perspectivas futuras quanto à utilização 
em identificação humana, existindo vantagens na sua utilização (Butler, 2005) 
(Quadro 10). 
 
 
 
 
 
 
212 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Quadro 15: Comparação entre os STRs e SNPs (adaptado de Butler, 2005) 
STR SNP 
Variam de 2 a 9 nucleotídeos que se 
repetem consecutivamente 
Troca de bases A/T, A/G, A/C, C/T, C/G, 
T/G. 
Apresentam-se em diversos alelos, 
normalmente mais de 5 
Normalmente 2 
Detectado por separação eletroforética 
em gel ou capilar 
Análise por sequenciamento ou 
hibridização em microchip. 
O FBI preconiza 13 STRs. Estima-se que mais de 50 SNPs seriam 
necessários para a análise (Gill et al, 
2004) 
Vantagens: 
• Banco de dados populacionais 
realizados no mundo todo 
• A presença de vários alelos facilita 
a identificação de mutações e misturas 
de DNA. 
Vantagens: 
• Os produtos de PCR podem ser 
menores, resultado em maior chance de 
amplificação, principalmente em 
amostras biológicas degradadas. 
• Após devidamente otimizados e 
estudados, pode-se analisar mais de 
1000 SNPs em um mesmo microchip. 
 
 
 
 
 
 
----------- FIM DO MÓDULO IV ------------

Outros materiais