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D. PENAL (TEORIA DO CRIME)- Apostila II

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APOSTILA DE DIREITO PENAL I
(UNIDADE II – TEORIA GERAL DO CRIME)
Prof. Lúcio Mendes Cavalcante
DIREITO PENAL I (Aula 1)– ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO CRIME – Fato típico - conduta. 
1.Considerações preliminares – Analiticamente, o crime é definido pela maioria dos penalistas como um fato típico, antijurídico e culpável (conceito tripartido). Saliente-se que alguns autores, a exemplo de Damásio, Mirabete e Capez sustentam que crime é apenas fato típico e antijurídico (conceito bipartido), enquanto alguns poucos defendem que se trata de fato típico, antijurídico, culpável e punível (conceito tripartido). Analisemos todos estes elementos, a partir do fato típico.
2.Estrutura do crime – O crime, estruturado em um tipo penal, possui a seguinte estrutura.
a) Sujeito ativo – Quem realiza direta (autor e co-autor) ou indiretamente (partícipe) a infração. Só o ser humano pode ser sujeito ativo em regra, podendo, excepcionalmente, a pessoa jurídica ser responsabilizada (ver arts. 173, §5° da CF e 223, §3° da CF c/c art. 3° da lei 9605/98). Ressalte-se que isso não exclui a responsabilidade da pessoa física (sistema paralelo de imputação ou teoria da dupla imputação).
b)Sujeito Passivo – Titular do bem jurídico ofendido (vítima). A) Mediato ou indireto – É o Estado, titular do Direito de punir. B) Imediato ou direto – Titular do bem especificamente tutelado. Ex: Proprietário do carro no furto. O sujeito passivo pode ser pessoa física, o Estado (Ex: crimes contra a administração da justiça), pessoas jurídicas privadas, o nascituro (aborto). Pode ainda haver um sujeito passivo indeterminado (crimes vagos).
Os mortos e animais não podem figurar como tal. Obs: não confundir sujeito passivo com o prejudicado. Ex: Homicídio, o sujeito passivo é quem perdeu o direito à vida. O prejuízo material da esposa não a torna sujeito passivo.
c) Objeto do crime – bem contra o qual o delito se dirige. Pode ser jurídico (valor protegido pela lei penal) ou material (pessoa ou coisa que suporta a conduta delituosa). Pode haver crime apenas sem objeto material (crimes de mera conduta, como o. ato obsceno).
3.Elementos constitutivos do crime – Do fato típico – É a conduta humana que se enquadra na descrição feita pela norma penal. Contrapõe-se ao fato atípico (Ex: pai que mantém relação com filha maior é imoral, mas atípico). O fato típico é composto por conduta, resultado naturalístico, relação de causalidade (nexo causal) e tipicidade.
Obs: Se o crime for tentado, não há resultado nem nexo de causalidade. Se o crime for formal ou de mera conduta, só precisa haver conduta e tipicidade.
3.1Conduta – Primeiro elemento do fato típico. várias teorias buscam defini-la e descrever sua estrutura. São elas:
Teoria Clássica ou causal (Liszt, Beling, Radbruch, Noronha) – Conduta é comportamento humano voluntário que produz modificações no mundo exterior (Sec. XIX). O Direito Penal, assim como as ciências naturais, reger-se-ia pela lei da causalidade: A vontade causa a conduta e a conduta causa o resultado. A vontade não visa o resultado mas a conduta. O crime, portanto, independe de dolo ou culpa. Ex: se alguém dirigisse seu carro dentro do limite de velocidade e uma criança se soltasse da mãe, atravessando e sendo atropelada, esse alguém praticaria conduta penalmente relevante., contudo, na análise da culpabilidade (intenção) ver-se-ia que o fato é típico e antijurídico, mas não culpável (Obs: os partidários dessa corrente adotam obrigatoriamente o conceito tripartido).
Separou a conduta da vontade, de modo que não há conduta dolosa ou culposa. Esse afastamento artificial e a dificuldade de analisar crimes sem resultado (tentado, mera conduta e formal) fez com que hoje tenha poucos seguidores.
Teoria finalista (Welzel, Damásio, Mirabete) – Conduta é um comportamento humano consciente e voluntário dirigido a um fim . Dolo e a culpa foram deslocados para a conduta e, portanto, para o fato típico (Década de 30). Foi criticada por criar uma culpabilidade vazia (Obs: os adeptos dessa teoria adotam um critério bipartido ou tripartido). No exemplo antes dado o fato seria atípico, por ausência de dolo ou culpa. O art. 20 de nosso CP dá a noção de que ele adotou a teoria finalista, vinculando o dolo ao fato típico.
Essa teoria foi criticada no tocante ao crime culposo (o resultado foi involuntário, não houve finalidade). Refuta-se dizendo que há um fim, que pode ou não ser relevante penalmente, a depender dos meios empregados (Ex: imprudência do agente que guia seu carro de forma apressada, visando chegar a um compromisso).
“Teoria cibernética (Welzel)” – Na verdade não é uma teoria, apenas Welzel utilizou posteriormente a expressão cibernética ao invés de finalidade para designar o controle da vontade, ou seja, a ação orientada pela vontade.
 Teoria social (Wessels e Jeschek) - Apenas é penalmente relevante a conduta capaz de afetar o meio social (elemento sociológico). Se um fato é penalmente descrito na lei, mas é tolerado pela sociedade não deve ser crime. Adiciona um elemento implícito (resultado socialmente relevante).
Critica-se essa teoria pela imprecisão desse elemento.
3.1.1Formas de conduta – ação (movimento corporal externo) e omissão (comportamento estático).
No tocante à omissão, os omissivos próprios impõem um dever de agir no próprio tipo, o qual sendo violado constitui crime (ex: art. 135 do CP). Nos impróprios (comissivos por omissão), o tipo descreve uma ação, mas a omissão do agente, por força da norma de extensão, tipifica sua conduta, haja vista o dever jurídico de impedir o resultado (art. 13, §2º do CP).
 
3.1.2 Notas sobre a conduta - A conduta, como elemento do fato típico, só pode ser praticada pelo ser humano (excepcionalmente pela pessoa jurídica). Somente a conduta voluntária interessa ao Direito Penal. Conduta, portanto, é um ato de vontade, dirigido a um fim, é a manifestação de vontade no mundo exterior, por meio de ação ou omissão dominada ou dominável pela vontade.
3.1.3Exclusão da conduta – Nos casos a seguir expostos, temos situações de ausência de fato típico devido à ausência de conduta: a) Caso fortuito ou força maior – acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis. Ex: greve de ônibus; tsunami. b) atos reflexos – reação motora destituída de vontade. Ex: médico que bate martelo no paciente e este bate a perna no médico: não há lesão. c) Coação física irresistível (vis absoluta)- Coagido não tem liberdade alguma para agir. Ex: homem forte que obriga pessoa franzina a apertar o gatilho, pressionando-lhe o dedo. Obs: a coação moral irresistível não exclui a conduta, pois há escolha, embora viciada, o que acaba por excluir a culpabilidade. d) sonambulismo e hipnose – Falta de vontade por força da inconsciência.
DIREITO PENAL I (Aula 2)– RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
1.Conceito – Relação de causalidade ou nexo de causalidade é o vínculo entre a conduta e o resultado. Só há tal requisito nos crimes materiais (que exigem a produção de resultado para a sua consumação).
2.Teorias – Diversas teorias buscam fixar a responsabilidade penal dos indivíduos a partir da definição do que é “causa” de um resultado, ou seja, do que pode efetivamente constituir relação de causalidade. 
 a) Equivalencia dos antecedentes causais – Para essa teoria, causa é todo ato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido quando e como ocorreu.
b) Teoria da causalidade adequada – Causa é não só o antecedente necessário, mas também adequado, ou seja, idôneo, apto a produzir o resultado. Tal adequação é verificada por dados estatísticos e norteado pelo senso comum das pessoas.
c) Imputação objetiva – Teoria do início do século XX, que foi aperfeiçoada por Roxin na década de 70. Destina-se a limitar a responsabilidade penal dos agentes, criando novos elementos para que haja nexo causal entre a conduta do agente e o resultado. Um desses requisitos é o risco proibido, ou seja, para que o agente possa ser responsabilizado seria necessárionão apenas uma ligação entre sua conduta e o resultado, mas que sua conduta tenha provocado um risco não aceitável, já que há riscos aceitáveis em uma sociedade complexa como a contemporânea. Ex: se alguém pretende matar outrem e lhe dá uma passagem de avião com este objetivo, vindo a aeronave a cair com a vítima, a responsabilidade penal deve ser excluída, já que o risco da viagem é permitido, aceitável. Tal teoria foi bem acolhida pela doutrina brasileira, mas não foi adotada pelo CP.
Obs: O Código Penal adotou como regra a teoria dos antecedentes causais (art. 13, caput). Para se identificar uma causa, usa-se o processo hipotético de eliminação, suprimindo mentalmente a causa. Ex:: A mata B. Imagine-se os seguintes fatos anteriores: a) Produção do revolver; b) aquisição deste pelo comerciante; c) compra pelo agente; d) refeição tomada antes do crime; e)emboscada; f) Tiro. De todos estes, só não constitui causa a refeição.
Essa teoria sofre críticas, pois regressão ao infinito pode gerar a responsabilização de ascendentes do agente. Para corrigir a distorção, adotou-se o conceito de causalidade psíquica, ou seja, verificação de dolo e culpa. No exemplo dado acima, nem o fabricante nem o comerciante que vendeu a arma podem ser responsabilizados, se não sabiam.
Excepcionalmente, o CP adota causalidade adequada (ver §1° do art. 13 do CP).
3. Causas (ou concausas) independentes – São eventos que ocorrem paralelamente à conduta do agente e contribuem para o resultado.
3.1 Causas (ou concausas) absolutamente independentes – Não se originam da conduta do agente e produzem por si só o resultado, rompendo o nexo causal. Podem ser:
Preexistentes – Ex: A atira em B, atingindo-o em região vital. Mas a perícia conclui que a morte foi provocada por envenamento provocado por C. O envenenamento (concausa), portanto, preexiste à conduta do agente.
Concomitante – Ex: A atira em B no momento em que o teto cai na cabeça deste, produzindo sua morte. O desabamento (concausa) ocorre ao mesmo tempo em que a conduta do agente é praticada.
Superveniente – A dá veneno a B, mas antes do efeito, C atira nele.
Efeitos – O resultado ocorre independente da conduta do agente em todas as situações acima indicadas, devendo-se imputar-lhe apenas os atos praticados e não o resultado (art. 13, caput parte final), respondendo, nos casos dados, por tentativa de homicídio.
3.2 Causas (ou concausas) relativamente independentes – O resultado é provocado pela interação entre a conduta do agente e a causa independente.
Preexistente – Ex: A atira em B e acerta de raspão. Em virtude de diabete (causa anterior) o ferimento acaba por produzir morte.A conduta e a concausa interagiram para produzir o resultado.
Concomitante – Ex: A aponta arma para B que assustado, corre para via pública sendo atingido por disparo no instante em que é atropelado e morre.
Obs: Em tais casos o agente responde pelo resultado, pois sem a conduta tal resultado não teria ocorrido como e quando ocorreu (art. 13 do CP)
Superveniente –Aqui aplica a regra do §1° do art. 13, na segunda hipótese apontada. Tais causas podem ser divididas em: 1) supervenientes que por si só não produzem o resultado (adota o art. 13 e o agente responde pelo resultado. Ex: A atira em B para matar e acerta na perna. Conduzido para hospital e por imperícia médica ou infecção hospitalar, a vítima morre; Aqui o agente responde pelo homicídio consumado, pois sua conduta contribuiu para um resultado previsível, dados os riscos hospitalares) 2) que por si só produzem o resultado ( aqui se aplica ao art. 13,§1°, teoria da causalidade adequada, só sendo causa aquilo que é idôneo a provocar o resultado. Ex: atingido por tiro, vítima é levada para hospital e lá há um incêndio ou ela morre na capotagem do carro. Em ambos os casos, a expressão por si só se refere a causas que estão fora da linha de desdobramento causal, ou sejam, que romperam o nexo e causalidade e produziram o resultado. Nestes casos, o agente só responde pelos atos praticados (tentativa de homicídio).
DIREITO PENAL I (Aula 3)– TIPICIDADE
1.Conceito – É o juízo de subsunção entre a conduta praticada pelo agente no mundo real e o modelo descrito pelo tipo penal. Tipicidade, portanto, é a adequação do fato à norma, não se confundindo com tipo penal, que é o modelo de conduta descrito na norma penal.
Obs: O conceito tradicional de tipicidade, acima exposto, vem sendo ampliando pela doutrina e jurisprudência, que têm entendido que a verificação da tipicidade não pode se limitar ao aspecto formal, devendo-se verificar ainda a tipicidade material, que afere a importância da violação ao bem jurídico no caso concreto, evitando a punição de delitos de bagatela pela aplicação do princípio da insignificância.
2. Adequação típica– É o enquadramento da conduta individual na descrição genérica da norma. Pode ser de subordinação direta ou imediata (direta sem interposição de outra norma, a não ser a norma incriminadora. Ex: Subtrair uma bolsa mediante violência se enquadra diretamente no tipo do art. 157) e por subordinação indireta ou mediata ( Conduta não se enquadra prontamente na norma incriminadora , necessitando de norma de interposição, a exemplo dos arts. 14, II, 13, §2° e 29 do CP.
3. Elementos do tipo – O tipo penal é composto por três espécies de elementos: objetivos (aferíveis objetivamente, a exemplo de indicação de tempo, lugar e modo de execução), subjetivos (que indicam uma intencionalidade do agente, a exemplo da finalidade de obter resgate no crime de sequestro) e normativos (que exigem interpretação de ordem jurídica ou cultural, a exemplo das expressões decoro, ato obsceno, etc).
No que se refere à estrutura, o tipo penal possui sujeito ativo (quem pratica a conduta), sujeito passivo (aquele sobre o qual incide a conduta), núcleo (verbo da conduta), objeto jurídico (bem juridicamente protegido) e objeto material .
4. Tipo doloso - Dolo é vontade livre e consciente de realizar conduta descrita no tipo ou de aceitar a produção do resultado(elemento intelectual e elemento volitivo). 
4.1 - Espécies de dolo – O dolo pode ser direto, quando o agente quer efetivamente praticar a conduta a fim de obter o resultado. Na sua forma indireta, o dolo se divide em eventual, quando o agente assume o risco de produzir o resultado, não o desejando diretamente, mas sendo-lhe indiferente e alternativo, quando o agente deseja um ou outro resultado (Ex: o agente deseja golpear a vítima, tencionando lesioná-la ou matá-la). 
Obs: quando o tipo penal não se refere a dolo ou culpa de maneira expressa, já se sabe que o crime admite a modalidade dolosa. A modalidade culposa, ao contrário, não se pode presumir. Só há responsabilização por culpa nos crimes que expressamente prevejam a modalidade culposa. A título de exemplo, não existe furto culposo, dada a não previsão de tal modalidade.
5. Tipo culposo – É aquele em que o agente atua com negligência (desleixo, descuido), imprudência (açodamento, temeridade) ou imperícia (falha profissional). Na culpa, o resultado é previsível pelo homem médio (pessoa comum, dotada de bom senso mediano), não sendo necessariamente previsto pelo agente.
5.1 Elementos do tipo culposo – São eles:
a) Inobservância de um dever objetivo de cuidado – Tal inobservância pode decorrer da violação a uma regra de experiência (cuidados cotidianos, ditados pelo bom senso), a uma regra jurídica (a exemplo das regras de trânsito, como o uso da sinaleira) ou a uma regra profissional (técnica inerente a certas atividades). 
b) Previsibilidade – Para a maioria da doutrina, tal previsibilidade é objetiva, ou seja, deve-se verificar se uma pessoa comum seria capaz de prever o resultado.
c) Resultado naturalístico involuntário – Alteração do mundo exterior provocada pela conduta, mas não desejada pelo agente.
d) Nexo causal – Relação entre a conduta culposa e o resultado.
e) Tipicidade – Previsão expressa da modalidade culposa no tipo penal.
5.2 Espécies de culpa – A doutrina faz a seguinteclassificação em relação à culpa:
a) Culpa inconsciente – Forma mais comum de culpa. Dá-se quando o agente pratica a conduta negligente, imperita ou imprudente por não conseguir prever o resultado, que no entanto é previsível objetivamente.
b) Culpa consciente – Neste caso, o resultado é previsível objetivamente e foi previsto pelo agente, entretanto este, confiante que poderá evitá-lo, pratica a conduta culposa. Ex: jovem, atrasado para importante entrevista de emprego, conduz seu carro em velocidade acima do permitido, vindo a bater em outro veículo, lesionando seu condutor. O jovem confiava em sua habilidade para não produzir o acidente e para chegar a tempo ao trabalho.
Obs: A diferença entre culpa consciente e dolo eventual é que nesta modalidade o agente, embora não queira diretamente o resultado, assume o risco de produzi-lo, aceitando que ele ocorra, posto que o resultado é indiferente para o agente. Na culpa consciente o agente prevê o resultado, mas não o aceita, achando que pode evitá-lo.
c)Culpa própria – é a culpa comum, ou seja, a culpa inconsciente. A doutrina trata desta modalidade apenas para contrapô-la à culpa imprópria, a seguir explicada.
Culpa imprópria - Ocorre quando o agente valora mal uma situação ou os meios a utilizar, incorrendo em erro, culposamente, pela falta de cautela nessa avaliação (erro indesculpável). Está prevista no art. 20, §1°, última parte do CP. Exemplo do pai que, de maneira imprudente e sem maiores cautelas, atira no filho durante a noite, achando tratar-se de um ladrão.
Obs: Em regra não pode haver tentativa de crime culposo, exceto neste caso de culpa imprópria.
6. Tipo Preterdoloso – Modalidade de crime qualificado pelo resultado em que o agente atua com dolo no antecedente, ou seja, na conduta, e culpa no consequente, ou seja, no resultado. Ex: art. 129, §3° do CP.
DIREITO PENAL I (Aula 4)– TIPICIDADE II – Da tentativa e da consumação
1.Do iter criminis (caminho do crime) – Todo crime percorre um caminho, que começa na cogitação (fase interna, psicológica). Em seguida, tem-se os atos preparatórios (exteriorização de atos que articulam a empreitada criminosa, a exemplo da observação da rotina da vítima no crime de sequestro), atos executórios (quando se começa a executar o núcleo do tipo), consumação (quando todos os elementos do tipo se verificam efetivamente. Ex: a vítima morre – art. 121 do CP) e exaurimento (atos posteriores à consumação e que são indiferentes penais).
Obs: Em regra, os atos preparatórios e a cogitação são impuníveis, mas há exceções, a exemplo do crime do art. 288 do CP. De todo modo, em geral, o agente só pode ser punido a partir da prática dos atos executórios.
2. Da tentativa e da consumação – O crime tentado é punido com a mesma pena do crime consumado, reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 14, II do CP). O crime é tentado quando, embora iniciados os atos executórios, estes não chegam à consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. O critério que o juiz utiliza para saber o quanto reduz da pena na tentativa é o da verificação da proximidade da consumação.
2.1 Espécies de tentativas – Segundo a doutrina, a tentativa pode ser:
a) Perfeita – Foram esgotados todos os meios executórios postos à disposição do agente, mas o crime não se consumou. Ex: o agente descarrega toda a munição da arma, mas a vitima sobrevive.
b) Imperfeita – Antes de utilizar todos os meios executórios, o agente é impedido de continuar na ação por circunstâncias alheias à sua vontade.
c) Branca – O bem juridicamente protegido não chega a ser atingido. Ex: o agente erra todos os tiros.
d) Cruenta – O bem é atingido, mas o crime não se consuma. Ex: vítima recebe disparo no tórax, mas sobrevive.
2.2 Crimes que não admitem a tentativa - Crimes culposos (exceto na culpa imprópria), preterdolosos, omissivos próprios, habituais, unissubsistentes, crimes em que a tentativa é equiparada à consumação (Ex: art. 352 do CP)
3. Arrependimento eficaz, desistência volutnária e arrpendimento posterior – Ao iniciar a fase de execução, o agente poderá conseguir chegar à fase seguinte, consumando o crime, ou poderá não consumá-lo por circunstâncias alheias à sua vontade (crime tentado). Contudo, poderá ocorrer ainda ainda que ele, por vontade própria volte atrás, evitando a consumação do crime (art. 15 do CP) ou que, após consumá-lo, possa, em algumas circunstâncias, reparar o dano causado (art. 16 do CP).
3.1. Desistência voluntária
O agente interrompe voluntariamente a execução do crime, impedindo, desse modo, a sua consumação. Ocorre antes de o agente esgotar os atos de execução, sendo, neste ponto, semelhante à tentativa imperfeita (art. 15, primeira parte) .
3.2 Arrependimento eficaz
O agente executa o crime até o último ato, esgotando-os, e logo após se arrepende, impedindo o resultado. Assemelha-se à tentativa perfeita (art. 15, segunda parte) . 
A desistência ou o arrependimento não precisa ser espontâneo, mas deve ser voluntário. Mesmo se a desistência for sugerida por terceiros subsistirão seus efeitos. A tentativa abandonada, em suas duas modalidades, exclui a aplicação da pena por tentativa, ou seja, o agente responderá somente pelos atos até então praticados.
3.3 Arrependimento posterior
Nos termos do artigo 16 do Código Penal, “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.” 
4. Crime impossível
Ocorre quando a consumação é impossível pela ineficácia absoluta do meio ou impropriedade absoluta do objeto, resultando na atipicidade do fato. 
4.1. Ineficácia Absoluta do Meio
O meio empregado jamais poderia levar à consumação do crime. A ineficácia do meio deve ser absoluta (exemplo: um palito para matar um adulto, uma arma de brinquedo). Deve-se lembrar, entretanto, que um determinado meio pode ser ineficaz para um crime, mas eficaz para outro (exemplo: num crime de roubo, uma arma totalmente inapta a produzir disparos pode ser utilizada para intimidar a vítima).
4.2. Impropriedade Absoluta do Objeto
A pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta jamais poderia ser alvo do crime (exemplo: atirar em alguém que já está morto).
4.3 Delito putativo por erro de tipo 
O crime impossível pela absoluta impropriedade do objeto é também chamado delito putativo por erro de tipo, pois se trata de um crime imaginário; o agente quer cometer um crime, mas devido ao desconhecimento da situação de fato, comete um irrelevante penal (exemplo: mulher pensa que está grávida e ingere substância abortiva). Não se confunde com o erro de tipo, pois neste o agente não sabe, devido a um erro de apreciação da realidade, que está cometendo um crime (exemplo: compra cocaína pensando ser talco). 
5. ERRO DE TIPO
5.1. Conceito
É o desconhecimento ou falsa ideação de uma situação de fato, um dado da realidade ou uma relação jurídica, descritos no tipo legal, como seus elementos, suas circunstâncias ou como dados irrelevantes. Assim, o nome correto não seria erro de tipo, mas erro sobre situação descrita no tipo.
O Código Penal conceitua erro de tipo no artigo 20, caput: “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.”
5.2. Formas
O erro de tipo pode ser:
essencial: incide sobre elementares ou circunstâncias, impedindo o agente de saber que está cometendo um crime ou de conhecer a circunstância de um crime;
acidental: incide sobre um dado secundário, irrelevante, não impedindo o agente de saber que pratica um crime.
5.2.1. Erro de tipo essencial
Segundo a teoria finalista da ação, o dolo integra a conduta. Assim, a vontade do agente deve abranger todos os elementos constitutivos do tipo. Por isso, o erro é essencial quando incide sobre situação de tal importância para o tipo que, se o erro não existisse, o agente não teria cometido o crime, ou, pelo menos, naquelas circunstâncias.Se o erro for inevitável (invencível ou escusável), também exclui a culpa, tornando o fato atípico. Caso o erro seja evitável (vencível ou inescusável), o agente responderá pela modalidade culposa, se houver previsão legal desta. 
Exemplo de erro escusável (invencível): um sujeito pega uma caneta, idêntica à sua, porém, era de outra pessoa. Há um equívoco sobre a realidade impedindo que o sujeito tenha consciência de que está praticando um crime (furto). Nesse caso exclui-se o dolo e a culpa. Como sem dolo e sem culpa não há conduta (teoria finalista), e sem conduta não há fato típico, o erro de tipo essencial inevitável, recaindo sobre uma elementar, leva à atipicidade do fato.
Exemplo de erro inescusável (vencível): um caçador mata um homem pensando tratar-se de um animal bravio. Como o erro recaiu sobre uma elementar, exclui o dolo. Se o erro poderia ter sido evitado com um mínimo de cuidado, ou seja, com emprego de prudência mediana, o agente responde por homicídio culposo (não se exclui a culpa). 
Há que se mencionar ainda o caso das descriminantes putativas. Descriminante é a causa que descrimina, que exclui a ilicitude do fato típico. É putativa, pois é imaginária. Ocorre quando o agente, levado a erro pelas circunstâncias do caso concreto, pensa que está agindo em face de uma causa excludente da ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito),, quando na realidade está incidindo em erro de avaliação dos fatos. 
Exemplo: “A” percebe que “B”, seu inimigo, está mexendo no bolso e pensa que ele vai sacar uma arma; “A” mata “B”, que somente procurava um lenço (erro de apreciação dos fatos da realidade). As conseqüências estão expostas no artigo 20, § 1.º, do Código Penal. Se o erro for inevitável exclui o dolo e a culpa; se evitável o agente responde pelo crime culposo, se previsto em lei. 
5.2.2. Erro de tipo acidental
É aquele que incide sobre dados irrelevantes da figura típica, portanto não traz nenhuma conseqüência para o fato típico. São modalidades de erro de tipo acidental:
a) Erro sobre o objeto (error in objecto)
 	O sujeito supõe que sua conduta recai sobre determinada coisa, mas, na realidade, recai sobre outra. Exemplo: o agente quer furtar um saco de feijão e, por engano, furta um saco de arroz. O crime continua sendo de furto; desconsidera-se o engano sobre a res furtiva.
b) Erro sobre a pessoa (error in persona)
Tome-se como exemplo, o sujeito que deseja matar “A” e, por uma confusão mental, acaba matando “B” (olhou “B” e pensou que fosse “A”). O crime continua sendo de homicídio. O sujeito responderá como se a vítima efetiva “B” fosse a vítima virtual “A”, ou seja, responderá pelo crime como se tivesse matado “A”.
O artigo 20, § 3.º, segunda parte, dispõe o seguinte: “não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime”. Se, por exemplo, um sujeito quer matar um inimigo e, pressentido a aproximação de um vulto, atira e vem a matar o próprio pai, não incidirá a agravante genérica prevista no artigo 61, inciso II, alínea “e”, primeira figura. Se, entretanto, o sujeito quer matar o próprio pai e acaba matando um terceiro desconhecido, incidirá a agravante mencionada.
e) Erro sobre o nexo causal (aberratio causae)
Ocorre quando o agente, na suposição de já ter consumado o crime, pratica o que imagina ser mero exaurimento e nesse instante atinge a consumação . Ex: A esfaqueia B e imaginando que a vítima está morta, atira o “corpo” num rio. Posteriormente se descobre que a vítima morrera por afogamento. OBS: Tal circunstância é indiferente e o agente responde por homicídio.
BONS ESTUDOS !!

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