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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DA BAHIA DISCIPLINA DIREITO PENAL 1 ALUNO: RUDOLF MATEUS DE JESUS SPECHT CASO CONCRETO 6 No dia 10 de janeiro do corrente ano, por volta das 03h20min, na Avenida Nossa Senhora Aparecida, n. 10, Vila Aparecida, em Alvorada/RS, o denunciado portava arma de fogo de uso permitido, consistente em uma pistola, marca Taurus, calibre 380, numeração suprimida, municiada com 11 (onze) munições de mesmo calibre, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Na ocasião, o acusado dispensou no chão arma de fogo, após perceber a presença de viatura da Brigada Militar, os quais efetuavam patrulhamento de rotina na região. Posteriormente, foi localizada a arma de fogo acima referida sendo apreendida e submetida à perícia preliminar de exame de eficácia, a qual constatou estar a mesma em condições normais de uso e funcionamento. Dos fatos, o agente restou denunciado pela conduta prevista no art. 16, parágrafo único, inciso IV, da Lei nº 10.826/03 – Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (Estatuto do Desarmamento). Com base nos estudos realizados sobre a classificação dos delitos, indaga-se: a) Qual a distinção entre crimes de dano e perigo? Responda de forma objetiva e fundamentada. O jurista Rogério Greco distingue os crimes de dano e de perigo da seguinte forma: Crimes de dano: “[...] são aqueles que, para a sua consumação, deve haver a efetiva lesão do bem juridicamente protegido pelo tipo. A conduta do agente, portanto, é dirigida finalisticamente a produzir o resultado, acarretando dano ou lesão para o bem protegido pelo tipo penal, a exemplo do que ocorre com os crimes de homicídio e lesão corporal.”. (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral, p. 252). Crimes de perigo: Crime de perigo abstrato: “[...] quando o tipo penal incriminador entente como suficiente, para fins de caracterização do perigo, a prática do comportamento – comissivo ou omissivo – por ele previsto.”. Greco ainda diz que tais crimes de perigo abstrato têm sido combatidos pela doutrina, uma vez que não se verifica, no caso concreto, a potencialidade de dano existente no comportamento do agente, o que seria ofensivo ao princípio da lesividade. A visão, para a conclusão da situação de perigo criada pela prática do comportamento típico, é realizada ex ante, independentemente da comprovação, no caso concreto, de quê a conduta do agente tenha produzido, efetivamente ou não, a situação de perigo que o tipo procura evitar. (Grifo nosso). (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral, p. 252). Crime de perigo concreto: “Já os chamados crimes de perigo concreto são aqueles cuja situação de perigo supostamente criada pela conduta do agente precisa ser demonstrada no caso concreto. A sua visão, ao contrário daquela realizada nos crimes de perigo abstrato é sempre ex post, ou seja, analisa-se o comportamento praticado pelo agente, depois da sua realização, a fim de se concluir se, no caso concreto, trouxe ou não perigo ao bem juridicamente protegido pelo tipo.” (Grifo nosso). (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral, p. 252). b) No caso concreto, qual a correta classificação do delito previsto no art. 16, da Lei nº 10.826/2003? Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o delito previsto no artigo 16 da Lei nº 10.826/2003 consiste em crime de perigo abstrato. Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ART. 16, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO IV, DA LEI N.º 10.826/2003. ATIPICIDADE. ARTEFATOS DESMUNICIADOS. NÃO CONFIGURAÇÃO. DELITO DE PERIGO ABSTRATO. PRESCINDIBILIDADE DO EXAME PERICIAL. PERÍCIA EFETIVADA QUE DEMONSTROU A EFICÁCIA DA ARMA. ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESSA PARTE, DENEGADA. 2. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça é no sentido de que o crime de posse ilegal de arma de fogo de uso restrito é de perigo abstrato. É prescindível a realização de perícia a fim de atestar a potencialidade lesiva da arma de fogo apreendida, pois é suficiente a posse do armamento, ainda que desmuniciado, para a configuração do delito. (GRIFO NOSSO) (STJ – HC 475643/SP, Relatora Ministra Laurita Vaz, Data de Julgamento: 06/12/2018, 6ª Turma, Data de Publicação: 19/12/2018). Questão objetiva: Segundo a qualificação doutrinária dos crimes, assinale a alternativa incorreta: a) Ocorre delito putativo por erro de proibição quando o agente supõe estar infringindo uma norma penal que na realidade não existe. Já no delito putativo por erro de tipo o agente se equivoca quanto a existência das elementares do tipo. Um exemplo do primeiro poderia ser o da mulher que supondo estar grávida (quando não está na verdade) ingere substância abortiva; b) Crime próprio é o que somente pode ser cometido por determinada categoria de pessoas, pois pressupõe no agente uma particular condição ou qualidade. Um exemplo pode ser o crime de aborto provocado pela gestante. Já o crime de mão própria é aquele que somente pode ser cometido pelo sujeito em pessoa, como o falso testemunho; c) Para o crime habitual é necessária reiteração da mesma conduta reprovável, de forma a constituir um estilo ou hábito de vida, como o crime de curandeirismo. O crime continuado difere do habitual, porque naquele cada ação praticada constitui-se isoladamente em crime; já no crime habitual, cada conduta tomada isoladamente não se constitui em delito; d) Crime instantâneo é o que se perfaz num só momento, como o homicídio. O crime permanente é aquele cujo momento consumativo se protrai no tempo, como o sequestro. Já no crime instantâneo de efeitos permanentes, o crime se consuma em um dado momento, mas os efeitos da conduta perduram no tempo, como o homicídio; e) Crime de ação múltipla é aquele que contempla no tipo várias modalidades de ação para sua prática, como o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. Já no crime de forma livre, a descrição típica não encerra qualquer forma de ação específica para sua prática, como o homicídio.
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