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Responsabilidade Civil - AULA 05 - Responsabilidade Civil Objetiva

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Responsabilidade objetiva
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Responsabilidade objetiva
Trata-se da responsabilidade criada para certa pessoa independentemente dela ter agido – ou não – com culpa. É a responsabilidade sem culpa.
A responsabilidade objetiva deveria ser excepcional e só ter lugar quando a lei expressamente o determinasse.
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Casos de responsabilidade objetiva
Justificativa: a teoria do risco. Quem exerce atividade que cria risco para terceiro tem obrigação de indenizar os prejuízos que tal atividade causar.
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Casos de responsabilidade objetiva
1) Abuso de direito – CCivil - Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
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Casos de responsabilidade objetiva
O objetivo da proibição do abuso do direito é impedir que “o titular (do direito) utilize seu poder com finalidade distinta daquela a que se destina”. (Cavalieri, pg. 143).
O que caracteriza o abuso de direito? Teoria subjetivista: a intenção de prejudicar alguém, embora praticando ato permitido em lei. Teoria objetiva: basta o uso anormal ou antifuncional do direito. CC adotou a teoria objetiva.
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Casos de responsabilidade objetiva
Exemplo clássico de abuso de direito: uso de pessoa jurídica para proteger seus integrantes do dever de pagar dívidas.
Elementos do art. 187 do Código Civil:
A) Fim econômico: “proveito material ou vantagem que o exercício trará para seu titular ou perda que suportará pelo seu não exercício”.
B) Fim social: leva em conta a intenção da norma jurídica.
C) Boa fé objetiva: regra de conduta cooperativa entre as partes.
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Casos de responsabilidade objetiva
Exemplos de abuso de direito: 
“ANDERSON LOPES DA SILVA ajuizou “ação de indenização por danos morais” contra MARINA ONOFRE DOS SANTOS alegando, em breve síntese, que a ré, genitora da sua filha, inseriu sua foto na página do site de relacionamentos “Orkut”, sob o título “Procurado- Recompensa $5.000.000” (sic., fl. 04) e, ainda, expôs a cópia da sentença que decretou a prisão civil, decorrente de dívida de prestação alimentícia, causando constrangimento e situação vexatória.
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Não obstante o direito da ré em exigir o pagamento da obrigação alimentícia fixado judicialmente, a via própria conferida pelo ordenamento jurídico é a ação de execução, na qual a lei prevê certos atos coercitivos para compelir o devedor ao cumprimento da prestação jurídica, e não a manifestação do inconformismo em site de relacionamentos “Orkut”, com a exposição da imagem do autor, dentro de um contexto pejorativo e, ainda, com a cópia do decreto de prisão. Assim, tem-se que a ré extrapolou os limites do seu direito, eis que não encontra respaldo no ordenamento jurídico a exposição depreciativa da imagem do devedor nas redes sociais, com a vontade de macular a honra e submeter o autor à situação vexatória. (in APELAÇÃO nº 0003203-88.2010.8.26.0011).
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Casos de responsabilidade objetiva
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS – Corte abusivo realizado em árvores limítrofes – Espécies vegetais localizadas em bosque de propriedade da autora, sem interferência na propriedade vizinha – Prova testemunhal que corrobora alegações da autora no tocante a prática do ato ilícito – Inteligência do art.187 c.c. art. 1283 do CC - Dano material e dano moral não configurados – Sentença de improcedência mantida por outro fundamento – Recurso não provido.
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APELAÇÃO nº 0005161-89.2009.8.26.0223
Aduz a apelante em sua peça inicial que os apelados cortaram árvores que estavam localizadas em bosque de sua propriedade, em área limítrofe à propriedade da requerida e, por fazerem sombra em sua piscina, esta determinou ao outro requerido que realizasse o corte das arvores, causando supostos danos materiais e morais a requerente.
Com efeito, apesar de o referido artigo conferir ao proprietário direito potestativo à poda das árvores que invadam sua faixa de domínio, mostra-se necessário que o fato legal descrito esteja caracterizado, sem o que a prática certamente caracterizará abuso de direito a teor do que prevê o art.187 do CC.
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Ap. com revisão n. 9049561-25.2009.8.26.0000
Ação de nunciação de obra nova. Possibilidade de conversão em ação demolitória. Existência de pedido subsidiário nesse sentido. Obra realizada pelo réu que causou prejuízos ao comércio das autoras. Dificuldade de visualização da vitrine da loja. Abuso de direito configurado. Artigo 1.299 do Código Civil. Ausência de licença de construção. Situação que configura infração administrativa e torna a obra clandestina. Recurso improvido.
No caso, conforme se verifica dos documentos de fs. 13/25, a obra realizada pelo apelante prejudica diretamente o estabelecimento comercial das apeladas, uma vez que as colunas de sustentação da cobertura por ele construída dificulta a visualização da vitrine da loja.
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APELAÇÃO Nº 0006033-73.2008.8.26.0568
Trata-se de ação de indenização por danos materiais c.c. obrigação de fazer com pedido liminar de antecipação de tutela, julgada improcedente. Alega o apelante, em linhas gerais, que há mais de seis anos paga aluguel para manter instaladas suas placas de outdoor em um terreno da Av. Dr. Oscar Pirajá Martins, na cidade de São João da Boa Vista, e que por conta da mudança de posição das placas publicitárias do apelado, que foram colocadas à frente do terreno, obstruiu a visibilidade das suas.
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Veja-se que no presente caso o resultado do deslocamento foi a limitação do direito do vizinho, não se exigindo a intenção de prejudicar. Tem- se em vista a função social da propriedade. De outra parte, não se comprova que efetivamente era necessário para a satisfação do interesse do réu provocar a lesão ao autor, quando poderia ajustar-se no espaço de modo a não obstar a visibilidade da publicidade do vizinho. A finalidade social do direito não permite que a atuação represente sacrifício desproporcional do interesse do vizinho.
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Recusa em assinar cessão de quotas sociais formalizando transferência decidida em acordo em ação de divórcio
Regular a cessão de quotas realizada entre Márcia Martins de Paes de Melo e seu ex-cônjuge Sérgio Paes de Melo por ocasião do divórcio consensual do casal levado a efeito em data de 26 de setembro de 2007 (fls. 18 e seguintes). Ficou, então, estabelecido entre os ex-cônjuges que as quotas sociais da sócia Márcia no âmbito da sociedade autora caberiam ao varão (fls. 20).
É precisamente o caso dos autos, em que a sociedade, dispondo da autonomia da vontade que lhe outorga o referido artigo 1.057 do Código Civil, prevê, em seu contrato social em vigor (16ª alteração e consolidação do contrato social), em sua cláusula 10ª, ipsis litteris (fls. 114): "O ingresso de terceiros na Sociedade depende do consentimento expresso dos sócios detentores da maioria, no mínimo, do capital social".
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3. A toda evidência, os réus se negam a assinar a alteração do contrato social, no que tange à cessão de quotas entre Márcia e Sérgio, por puro capricho, em flagrante abuso de direito.
Há o que a melhor doutrina insere como uma das facetas do princípio da boa-fé objetiva e denomina de exercício desequilibrado de direitos (inciviliter agere), em que há manifesta desproporção entre a vantagem auferida pelo titular de um direito e o sacrifício imposto à contra parte, ainda que não haja o propósito de molestar. São casos em que o titular de um direito age sem consideração pela contraparte (Fernando Noronha, O Direito dos Contratos e seus Princípios Fundamentais, Saraiva, 1.994, p. 179).
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Apelação nº 0006775- 14.2011.8.26.0562, Relator Francisco Loureiro
A negativa dos réus apelantes em assinar a alteração contratual no que concerne à cessão de quotas entre a sócia Márcia e seu ex-cônjuge Sérgio transcende qualquer fim econômico ou social do alegado direito de preferência, assim como viola o dever geral de boa-fé. Não se vislumbra
qualquer prejuízo que possa decorrer para seus direitos, enquanto herdeiros do sócio Flávio, pela simples assinatura em face de alteração contratual com a qual, ademais, já anuíram, enquanto o patrimônio que lhes foi transferido por sucessão causa mortis era administrado pela inventariante.
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Demora para liberar gravame sobre veículo automotor
Não fosse isso o suficiente, fato é que a efetiva quitação das obrigações do apelado em relação à apelante encontra farta comprovação documental nos autos (fls. 90/91 e 103/108), não questionada especificamente como seria de se exigir, expressão inexorável do descabimento da tese sustentada ao imputar inadimplemento obrigacional ao primeiro, cujo conhecimento não se concebe pelas razões supra.
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Feita essa necessária observação, quitada a obrigação do apelado em relação à apelante, cumpria a esta última, por corolário do dever de
colaboração que da boa-fé objetiva deflui, promover a pronta baixa do gravame
fiduciário do veículo adquirido via sistema consorcial, do que não cuidou, a despeito
das reiteradas solicitações formuladas por escrito pelo primeiro.
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Apelação nº
0020455-26.2013.8.26.0003, da Comarca de São Paulo, em que é apelante
BRADESCO ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS LTDA, é apelado LUCAS
DE ALMEIDA CORREA, Relator Des. Airton Pinheiro de Castro
O inaceitável descaso da apelante para com a condição do apelado encerra abuso de direito manifesto, tipificado como ato ilícito pelo art. 187 do CC, tendo por consequência, de um lado, a indevida criação de óbice prolongado à livre disposição do bem, e, por outro, a necessidade de invocação da tutela jurisdicional, submetendo o segundo à via crucis do processo para a consecução do escopo prático legitimamente almejado.
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Cobrança vexatória por empresa terceirizada do Banco do Brasil
O mesmo não se pode afirmar, no entanto, em relação às inoportunas cobranças por meio de ligações telefônicas, diversas vezes ao dia, inclusive em hora já avançada da noite, de forma ríspida, e direcionada até mesmo aos familiares da autora, que devem ser presumidas verdadeiras, seja porque não impugnadas especificadamente, seja porque, no caso concreto, a presunção de veracidade caminha de braços dados com a verossimilhança da alegação da autora.
Apelação nº 0010964-53.2009.8.26.0126, da Comarca de Caraguatatuba, em que é apelante ROBERTA TATIANA PINTO (JUSTIÇA GRATUITA), são apelados BANCO DO BRASIL S/A e GRUPO BNS (REVEL)
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Casos de responsabilidade objetiva
Atividade de risco:
Art. 927, parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
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Casos de responsabilidade objetiva
Também conhecida como “teoria do risco criado”.
Para ser aplicada é preciso que o agente realize atividade. Atividade é “conduta reiterada, habitualmente exercida, organizada de forma profissional ou empresarial para realizar fins econômicos”.
Natureza que importe em risco para os direitos de outrem
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Casos de responsabilidade objetiva
Empresa de telecomunicações aceitou dados de falsário, cadastrou como se fosse a vítima e, ao não receber pagamento, negativou o nome da vítima junto ao Serasa. Ação procedente de danos morais.
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APELAÇÃO nº 0069528-67.2008.8.26.0576
Ou seja, com base em contrato inexistente, procederam à inclusão do nome do autor no cadastro de maus pagadores, o que, sem dúvida, enseja a reparação pleiteada, ainda que se admita ter havido fraude por parte de terceiro. Irrelevante, para caracterização da obrigação de indenizar, a inexistência de culpa, tendo em vista a teoria do risco criado que, como ensina Caio Mário, é o conceito que melhor se adapta às condições da vida social pois "se fixa no fato de que, se alguém põe em funcionamento uma qualquer atividade, responde pelos eventos danosos que esta atividade gera para os indivíduos, independentemente de determinar se em cada caso, isoladamente, o dano é devido à imprudência, à negligência, a um erro de conduta..." 
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Segundo, porque a atividade prestação de serviços de telecomunicações, com maciço manuseio de dados de potenciais interessados, gera permanente risco de danos a direitos da personalidade, o que, na forma do artigo 927, parágrafo único do Código Civil, é fonte de responsabilidade civil independentemente de culpa. É o sistema altamente rentável e existe concorrência frenética entre as prestadoras de serviço, para a conquista de novas assinaturas, e daí a iniciativa de se implantar o sistema de telemarketing para facilitar e agilizar a habilitação de linhas telefônicas. (DESEMBARGADOR FRANCISCO LOUREIRO, no julgamento da Apelação nº 0001151-30.2011.8.26.0094)
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Casos de responsabilidade objetiva – Negativação de cliente por contratação de cartão de crédito com falsário. Não aceitação de caso fortuito como excludente
Segundo, porque a atividade bancária e seu maciço manuseio de dados de correntistas e de terceiros geram permanente risco de danos a direitos da personalidade, o que, na forma do artigo 927, parágrafo único do Código Civil, é fonte de responsabilidade civil independentemente de culpa. É o sistema altamente rentável e existe concorrência frenética entre as instituições financeiras, para a abertura de novas contas correntes e concessão de crédito, sem o dever de cuidado de prévia verificação de dados. Em contrapartida, esse sistema temerário e remunerado gera amplo risco de ofensa a bens integrantes da personalidade, porque pessoas podem ter seus nomes ou dados pessoais indevidamente inseridos em contratos, ou negativados. Se o risco se consuma, convertendo-se em dano, natural que aquele que criou o risco e dele aufere vantagem, responda pelo prejuízo causado. É a teoria do risco criado, ou do risco atividade, positivada no artigo 927, parágrafo único, do atual Código Civil.
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Apelação Cível no.
 0115501-13.2011.8.26.0100
Insustentável a tese da quebra do nexo causal, em razão da exoneratória do caso fortuito. Na verdade, ocorreu fortuito interno, próprio da atividade negocial dos Bancos que, ao abrir milhares de contas correntes ou conceder crédito sem prévia e detida investigação da correção dos dados pessoais, cria e corre o risco de lesionar direitos alheios. Na lição clássica de Agostinho Alvim, é o fortuito interno ligado à própria atividade geradora do dano, ou à pessoa do devedor e, por isso, leva à responsabilidade do causador do evento. Somente o fortuito externo, ou força maior, é que exoneraria o devedor, mas exigiria fato externo, que não se liga à pessoa ou empresa por nenhum laço de conexidade (Da Inexecução das Obrigações e suas Conseqüências, Saraiva, 1.949, p. 291).
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Fortuito interno
“Fortuito interno ligado à pessoa, ou à coisa, ou à empresa do agente”. Somente o fortuito externo, isto é, a casua ligada à natureza, estranha à pessoa do agente e à máquina, excluiria a responsabilidade, principalmente se esta se fundar no risco. O fortuito interno, não.” (Carlos Roberto Gonçalves, Curso,pg. 480).
Para essa corrente, o “fortuito externo” se equipara à força maior ou “Act of God”.
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Casos de responsabilidade objetiva
Responsabilidade por fato de terceiro: Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: (...)
Responsabilidade pelo fato da coisa: artigos 936 a 938 do Código Civil.
Responsabilidade do órgão de previdência privada pelos acidentes de trabalho (INSS – Art. 7º, inciso XXVIII da Constituição Federal
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Casos de responsabilidade objetiva
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
Atenção: a responsabilidade do INSS é objetiva. A do patrão (empregador) é subjetiva!
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Casos de responsabilidade objetiva
DPVAT – “Em razão de suas características, pode-se, ainda, afirmar que não há contrato nesse seguro, mas sim uma obrigação legal; um seguro imposto por lei, de responsabilidade social, para cobrir os riscos da circulação dos veículos em geral. Tanto é assim que a indenização é devida, nos limites legais, mesmo que o acidente tenha sido provocado por veículo desconhecido ou não identificado e ainda que tenha havido culpa exclusiva da vítima” (Cavalieri, pg. 135).
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Casos de responsabilidade objetiva
Responsabilidade civil do Estado (a ser estudada separadamente); Art. 37, § 6º da Constituição: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
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Casos de responsabilidade objetiva
Ressarcimento de danos causados ao meio ambiente, art. 14, § 1º, Lei nº 6.938/91: Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: (...) § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
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Casos de responsabilidade objetiva
Responsabilidade por danos nucleares: Art. 21. Compete à União: (...) XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: (...) d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; 
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Casos de responsabilidade objetiva
Responsabilidade dos fabricantes e fornecedores de produtos e dos prestadores de serviços em relação aos consumidores em geral (objeto de aula própria).
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Defesas contra responsabilização objetiva
1) Pode-se negar o nexo de causalidade.
Exemplo:
– Os Autores foram submetidos a transfusões de sangue e contaminados em época que sequer havia conhecimento detalhado sobre a AIDS, o vírus HIV, suas formas de contaminação e métodos de prevenção e detecção. 
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Defesas contra responsabilização objetiva
– Não se poderia exigir da União e tampouco do Estado do Rio de Janeiro a devida fiscalização do sangue, de forma a se detectar a existência do vírus HIV, se ao tempo da contaminação não havia uma previsibilidade de contágio da AIDS por transfusão de sangue. Com efeito, não se pode responsabilizar os Réus pela demora da ciência no desenvolvimento do teste de detecção do vírus HIV. Não se pode imputar aos Réus o descumprimento de um dever inexistente. – Excluído o nexo causal, não há como imputar à União Federal e ao Estado do Rio de Janeiro qualquer responsabilidade civil pelo ocorrido. (STJ in RECURSO ESPECIAL Nº 1.202.159 – RJ)
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Defesas contra responsabilização objetiva
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ASSALTO PRATICADO CONTRA MOTORISTA PARADO EM SINAL DE TRÂNSITO. OMISSÃO DO ESTADO EM PROVER SEGURANÇA PÚBLICA NO LOCAL NEXO DE CAUSALIDADE. REQUISITO INDISPENSÁVEL. AUSÊNCIA.
2. Nesse domínio jurídico, o sistema brasileiro, resultante do disposto no artigo 1.060 do Código Civil/16 e no art. 403 do CC/2002, consagra a teoria segundo a qual só existe o nexo de causalidade quando o dano é efeito necessário de uma causa. 3. No caso, não há como afirmar que a deficiência do serviço do Estado, que não destacou agentes para prestar segurança em sinais de trânsito sujeitos a assaltos, tenha sido a causa necessária, direta e imediata do ato ilícito praticado pelo assaltante de veículo. Ausente o nexo causal, fica afastada a responsabilidade do Estado. Precedentes do STF e do STJ
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Defesas contra responsabilização objetiva
2) Culpa exclusiva da vítima: A culpa exclusiva da vítima quebra o nexo de causalidade entre a ação e o resultado. Somente nos casos em que a lei determinar que a responsabilidade decorra do “risco integral” é que a culpa da vítima não exonera a responsabilidade.
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Defesas contra responsabilização objetiva
RESPONSABILIDADE CIVIL Morte do pai da autora por afogamento Acidente ocorrido quando o genitor da demandante se encontrava em barco pertencente e conduzido pelo réu Argumentação da recorrente de que o requerido deve responder pelo acidente como transportador, nos termos do art. 734 do Código Civil, não merece prosperar .
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Defesas contra responsabilização objetiva
Inexistência de contrato típico de transporte quando este é feito por amizade ou cortesia, nos termos do art. 736 do diploma Inviável cogitar-se até mesmo de contrato atípico de transporte gratuito, dada a inexistência de vontade negocial na simples concessão de carona Prevalecimento de tal tese poderia gerar até mesmo distorções com base no art. 392 do Código Civil Devida a aplicação dos princípios e regras da responsabilidade civil aquiliana do art. 927 do Código Civil. 
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Defesas contra responsabilização objetiva
 Inexistência de dever do réu de indenizar a autora Prova testemunhal demonstrou que a própria vítima deu causa ao seu afogamento, atirando-se à represa sem saber nadar, quando o barco se encontrava parado Acidente ocorrido por culpa exclusiva da vítima, o que quebra o nexo de causalidade e constitui excludente de responsabilidade Ação improcedente Recurso improvido. (in Apelação Cível no.
 0001025-92.2009.8.26.0047, relator Des. Francisco Loureiro)
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Defesas contra responsabilização objetiva
Força maior/fortuito externo – Também agem quebrando o nexo de causalidade.
“EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL Transporte de coisa Roubo de carga durante o trajeto Inaplicabilidade do CDC - Inevitabilidade do fato dentro das condições normais de cautela Ausência de prova de agravamento da situação de risco pela transportadora - Força maior caracterizada Dever de indenizar inexistente Improcedência da ação e prejudicada a litisdenunciação - Recurso improvido.” (in APEL. Nº: 9217559-18.2009.8.26.0000).

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