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Responsabilidade Civil - AULA 06 - Responsabilidade Civil do Estado e CDC

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Responsabilidade civil do Estado
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Responsabilidade 
Civil do Estado
Também chamada responsabilidade da Administração Pública.
A responsabilização do Estado surgiu com o passar da História. No início vingava a tese de ser o Estado irresponsável (“The king can do no wrong”);
Os primeiros países a admitir a responsabilização do Estado foram os EUA e a Inglaterra, nos anos 40 do século passado.
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Responsabilidade Civil do Estado
Teorias que justificam a responsabilização do Estado: 
Teoria do órgão: Estado e seus agentes não são órgãos separados, mas uma unidade. Logo, os danos causados pelos agentes devem ser suportados pelo Estado.
Teoria da culpa anônima: Culpa na anônima ou falta do serviço público não se liga, necessariamente, a um específico agente.
Teoria do risco administrativo.
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Responsabilidade Civil do Estado
Não há necessidade de culpa do funcionário. Basta o dano e relação de causalidade com o agente do serviço público.
A responsabilidade civil do estado é objetiva?
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Responsabilidade Civil do Estado
Constituição Federal, art. 37, § 6º:
“§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
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Responsabilidade Civil do Estado
Código Civil:
“Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.”
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Responsabilidade Civil do Estado
Para a doutrina, a Constituição Federal adotou a responsabilidade objetiva do Poder Público, do tipo “risco administrativo”, isto é, atenua-se a responsabilidade no caso de culpa da vítima ou mesmo exclui-se a responsabilidade, se a culpa for exclusiva da vítima.
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Responsabilidade Civil do Estado
Abrange não apenas os atos praticados pelo Estado, mas por outras pessoas jurídicas de direito público e pessoas de direito privado “prestadoras de serviço público”.
Portanto, tal responsabilidade alcança: concessionárias de serviço público, permissionárias etc. 
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Responsabilidade Civil do Estado
“Agente” implica em ação no exercício ou em razão do exercício da atividade pública.
Cavalieri: “Haverá responsabilidade do Estado sempre que se possa identificar um laço de implicação recíproca entre a atuação administrativa (ato do seu agente), ainda que fora do estrito exercício da função e o dano causado a terceiro. 
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Responsabilidade Civil do Estado
Para a maioria da doutrina e da jurisprudência, a responsabilidade objetiva do Estado só ocorre por atos comissivos.
Nos casos de danos por omissão é majoritário o entendimento (embora controvertido) de haver necessidade de prova da culpa ou dolo da entidade estatal ou de seu agente, voltando-se para o regime da responsabilidade subjetiva.
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Responsabilidade Civil do Estado
Para Cavalieri, adotando posição de Guilherme Couto de Castro, a omissão estatal genérica implica em responsabilidade subjetiva. A omissão estatal específica, na objetiva.
Exemplo: motorista embrigado atropela pedestre: omissão genérica do Estado de não impedir que embriagados dirijam. Dificilmente o Estado seria responsabilizado. Mas se o motorista foi parado pela polícia momentos antes do atropelamento, já embriagado, e o deixaram prosseguir, houve omissão específica, com responsabilidade objetiva do Estado.
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Responsabilidade Civil do Estado
Responsabilidade pela integridade física de pessoa presa:
“A jurisprudência do STF inclina-se ao reconhecimento do dever de guarda do Estado nas hipóteses em que a pessoa está sob a tutela estatal, como no caso de detento que está no estabelecimento prisional, o adolescente que está em instituição para aplicação de medida sócio educativa, eis que nessas hipóteses a pessoa tem a sua margem de liberdade reduzida e encontra-se sob a tutela do Estado, in verbis:
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Responsabilidade Civil do Estado
3. O estado responde objetivamente por danos sofridos por detentos, no caso, menores sob sua guarda. Teoria do risco administrativo. Configuração do nexo de causalidade em função do dever constitucional de guarda (art. 5º, XLX). (RE n. 481.110-AgR). In Apelação nº 0006313-66.2010.8.26.0053, TJSP.
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Responsabilidade Civil do Estado
O requerente propôs ação indenizatória por danos que teriam sido causados por disparo intencional de arma de fogo, desferido durante tiroteio havido entre soldados da Polícia Militar que estavam dentro de uma viatura em perseguição e três meliantes que, tendo assaltado um supermercado, fugiam de motocicleta. Em decorrência do ferimento sofrido, o requerente submeteu-se a cirurgia e tratamento, tendo sido constatado, pelo exame pericial, dano psicológico de pequena monta. (na Apelação nº 0022816-12.2003.8.26.0053, segue no próximo slide).
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Responsabilidade Civil do Estado
O artigo 37, § 6º da Constituição Federal dispõe que “as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurando o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
Impõe observar que as excludentes de legítima defesa ou estrito cumprimento do dever legal são institutos que se aplicam no âmbito do Direito Penal e servem para excluir ou minorar as responsabilidades do agente público, porém, jamais são capazes de afastar a responsabilidade objetiva do Estado em caso como o dos autos e no qual se pretende a responsabilização civil do Estado.
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Responsabilidade Civil do Estado - Apelação nº 0024264-82.2011.8.26.0071
Motocicleta que cai em buraco na rua: “O conjunto probatório indica que a pista estava em mau estado de conservação e que não havia sinalização quanto à existência de buracos no local. Sabe-se que é responsabilidade do poder público zelar pela conservação das ruas e avenidas, visando à segurança das pessoas que por elas circulem.
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Segundo o escólio de CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, “em face dos princípios publicísticos não é necessária a identificação de uma culpa individual para deflagrar-se a responsabilidade do Estado. Esta noção civilista é ultrapassada pela idéia denominada de faute du service. Ocorre a culpa do serviço ou 'falta de serviço' quando este não funciona, devendo funcionar, funciona mal ou funciona atrasado. Esta é a tríplice modalidade pela qual se apresenta e nela se traduz um elo entre a responsabilidade tradicional do Direito Civil e a responsabilidade objetiva”. E conclui: “a ausência do serviço devido ao seu defeituoso funcionamento, inclusive por demora, basta para configurar a responsabilidade do estado pelos danos daí decorrentes em agravo dos administrados (...)” (Curso de Direito Administrativo, Malheiros, 22ª edição, 2006, pág. 966)
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Responsabilidade Civil do Estado
INDENIZAÇÃO Descarga elétrica Morte do pai e companheiro dos autores, atingido por descarga elétrica, ao esvaziar tambor de água que estava sobre a laje de cobertura de construção clandestina Com uma vasilha jogava na rua a água do tambor, que ao atingir a rede de alta tensão formou um arco elétrico e o eletrocutou. A rede elétrica era anterior à construção, clandestina, cujo beiral avançava sobre o leito da via pública Imprudência da vítima - Ação improcedente - Recurso desprovido.
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Apelação nº 9263637-
12.2005.8.26.0000
Sabe-se, que no direito brasileiro, é objetiva a responsabilidade civil do Estado e das pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviços públicos. Mas, a teoria do risco administrativo, ao contrário do risco integral, admite abrandamentos.
No caso em apreço, os danos sofridos pelo Sr. Sérgio que ocasionaram a sua morte, decorreram exclusivamente
de sua própria conduta, sem que possam ser atribuídos a qualquer agente estatal. Tinha idade e condições de avaliar o que estava fazendo e agiu, assim, por mera liberalidade, de modo que não se pode responsabilizar a ré pelo evento danoso.
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APELAÇÃO COM REVISÃO N° 992.06.054644-0
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ENERGIA ELÉTRICA - DANO MATERIAL DECORRENTE DE INTERRUPÇÃO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA (APAGÃO) - MORTE DE FRANGOS POR FALTA DE VENTILAÇÃO E DE VARIAÇÃO DE TEMPERATURA - SERVIÇO ESSENCIAL QUE DEVE SER ESSENCIAL E CONTÍNUO - INCIDÊNCIA DO CDC - APLICABILIDADE DA TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO - INCIDÊNCIA DO ART. 37, § 6º , DA CF - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - APLICABILIDADE - DANO E NEXO CAUSAL COMPROVADOS - DEVER DE INDENIZAR CARACTERIZADO - SENTENÇA REFORMADA. 
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Prescrição contra o Estado
Afasta-se a preliminar de prescrição. As ações pessoais contra a Fazenda Pública prescrevem em cinco anos, nos termos no Decreto nº 20.910/32, e não com base no Código Civil.
A prescrição trienal não se aplica à Fazenda Pública e suas autarquias, conforme julgado do Superior Tribunal de Justiça:
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"ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ARTIGO 543-C DO CPC). RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL (ART. 1º DO DECRETO 20.910/32) X PRAZO TRIENAL (ART. 206, § 3º, V, DO CC). PREVALÊNCIA DA LEI ESPECIAL. ORIENTAÇÃO PACIFICADA NO ÂMBITO DO STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.
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Apelação nº 0028631-73.2007.8.26.0562
4. O principal fundamento que autoriza tal afirmação decorre da natureza especial do Decreto 20.910/32, que regula a prescrição, seja qual for a sua natureza, das pretensões formuladas contra a Fazenda Pública, ao contrário da disposição prevista no Código Civil, norma geral que regula o tema de maneira genérica, a qual não altera o caráter especial da legislação, muito menos é capaz de determinar a sua revogação. Sobre o tema: Rui Stoco ("Tratado de Responsabilidade Civil". Editora Revista dos Tribunais, 7ª Ed. São Paulo, 2007; págs. 207/208) e Lucas Rocha Furtado ("Curso de Direito Administrativo". Editora Fórum, 2ª Ed. Belo Horizonte, 2010; pág. 1042).
Posição diferente é a do doutrinador Carlos Roberto Gonçalves.
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Responsabilidade civil do Estado
O art. 5º, LXXV, da Constituição Federal manda o Estado indenizar o condenado por erro judiciário, bem como aquele que ficar preso além do tempo da sentença.
E os demais casos de erro judiciário, há responsabilidade do Estado?
E dos juízes e promotores?
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“as mais modernas tendências apontam no sentido da admissão da responsabilidade civil do Estado pelos danos experimentados por particulares, decorrentes do exercício da atividade judiciária” (Carlos Roberto Gonçalves).
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CPC, art. 133. Responderá por perdas e danos o juiz, quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.
Parágrafo único. Reputar-se-ão verificadas as hipóteses previstas no no II só depois que a parte, por intermédio do escrivão, requerer ao juiz que determine a providência e este não Ihe atender o pedido dentro de 10 (dez) dias.
Para o Ministério Público há regra semelhante, quando o Promotor agir com dolo ou fraude, no art. 85 do CPC.
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AGRAVO DE INSTRUMENTO n° 576.505-4/6-00
Legitimidade passiva ad causam. Responsabilidade civil. Danos morais. Atos ofensivos praticados por Juiz do Trabalho durante o exercício da função jurisdicional. Comportamento pessoal do magistrado que extrapolou o dever-função do julgador. Art. 35, inciso IV, da LOMAN. Possibilidade da responsabilização pessoal e direta. Inexistência de ofensa ao art. 37, §69 da CF. Precedentes. Legitimidade passiva caracterizada. Competência da Justiça Estadual. Recurso desprovido. 
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Relação de Consumo e Responsabilidade Civil
 Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
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 Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
 
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§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
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Entretanto, tais conceitos, ainda hoje, mais de 20 anos após a edição da Lei nº 8.078/1990, provocam divergências e dúvidas quanto ao seu alcance, justificando a atuação dos tribunais na busca do estabelecimento de critérios jurisprudenciais capazes de solucionar as mais diversas questões envolvendo a definição de uma relação de consumo.
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Nessas mais de duas décadas, paralelamente, duas correntes doutrinárias se formaram: a maximalista, que amplia o conceito de consumidor ao adquirente de bem ou serviço como destinatário final fático, e a finalista, que entende que o consumidor é aquele que adquire bem ou serviço como destinatário final econômico.
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Na prática, os finalistas excluem do conceito o adquirente profissional, ou seja, aquele que adquire produto ou serviço como implemento de sua própria atividade econômica, e foi esta a teoria adotada pela jurisprudência deste Tribunal Superior.
In RECURSO ESPECIAL Nº 509.304 - PR STJ
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"O conceito de consumidor deve ser subjetivo, e entendido como tal aquele que ocupa um nicho específico da estrutura de mercado - o de ultimar a atividade econômica com a retirada de circulação (econômica) do bem ou serviço, a fim de consumi-lo, de forma a suprir uma necessidade ou satisfação eminentemente pessoal. 
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Para se caracterizar o consumidor, portanto, não basta ser, o adquirente ou utente, destinatário final fático do bem ou serviço: deve ser também o seu destinatário final econômico , isto é, a utilização deve romper a atividade econômica para o atendimento de necessidade privada, pessoal, não podendo ser reutilizado, o bem ou serviço, no processo produtivo, ainda que de forma indireta.
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(...) a relação jurídica qualificada por ser 'de consumo' não se caracteriza pela presença de pessoa física ou jurídica em seus pólos, mas pela presença de uma parte vulnerável de um lado (consumidor), e de um fornecedor, de outro. Porque é essência do Código o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado , princípio-motor da política nacional das relações de consumo (art. 4º, I).
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Em relação a esse componente informador do subsistema das relações de consumo, inclusive, não se pode olvidar que a vulnerabilidade não se define tão-somente pela capacidade econômica, nível de informação/cultura ou valor do contrato em exame. Todos esses elementos podem estar presentes e o comprador ainda ser vulnerável pela dependência do produto;
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pela natureza adesiva do contrato imposto; pelo monopólio da produção do bem ou sua qualidade insuperável; pela extremada necessidade do bem ou serviço; pelas exigências da modernidade atinentes à atividade, dentre outros fatores.” (Ministra Nancy Andrighi, REsp nº 476.428/SC).
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