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Responsabilidade Civil - AULA 07 - Responsabilidade Civil e CDC

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Responsabilidade civil e Código de Defesa do Consumidor
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CDC
O e. Superior Tribunal de Justiça, sobre o tema, vem decidindo que “o art. 2º do Código de Defesa do Consumidor abarca expressamente a possibilidade de as pessoas jurídicas figurarem como consumidores, sendo relevante saber se a pessoa - física ou jurídica é "destinatária final" do produto ou serviço. Nesse passo, somente se desnatura a relação consumerista se o bem ou serviço passa a integrar a cadeia produtiva do adquirente, ou seja, torna-se objeto de revenda ou de transformação por meio de beneficiamento ou montagem, ou, ainda, quando demonstrada sua vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica frente à outra parte.” in TJSP Ap. nº 0000506-39.2011.8.26.0309
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CDC
Portanto, para serem aplicadas as regras especiais de responsabilidade civil do CDC:
A) Ser destinatário final do produto ou serviço (o produto ou serviço não integra a cadeia produtiva do adquirente, por meio de revenda ou transformação por meio de beneficiamento ou montagem);
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CDC
B) Alternativamente, se demonstrada a vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica frente à outra parte.
C) Na outra ponta da relação jurídica a parte deve ser fornecedora ou prestadora de serviço profissional, com habitualidade e objetivo de ganho financeiro.
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CDC
Exemplo: Consta da petição inicial, distribuída em 07.01.11, que a autora a adquiriu, em 04.05.09, um freezer vertical da empresa acionada, pelo valor de R$-8.407,50, sendo de aço inoxidável, motor de 1HP, com capacidade para trabalhar entre temperaturas de -18ºC e -23ºC. Ocorre que referido equipamento nunca chegou a atingir as temperaturas prometidas, sendo verificado que o motor tinha potência inferior (0,75HP) ao adquirido, havendo necessidade de substituição, no início de junho de 2009. Nada obstante, afirma que a temperatura média alcançada é de apenas -9ºC, insuficiente às suas necessidades. Quem tem que provar o defeito?
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CDC
 Inicialmente deve ser ponderado que a empresa demandante utiliza o freezer vertical para insumo de suas atividades, razão pela qual, via de regra, não seria caso de se cogitar de proteção por parte da legislação consumerista. Nada obstante, em razão da vulnerabilidade que decorre de sua manifesta hipossuficiência técnica, admite-se a extensão da proteção legal, seja por interpretação sistemática do art. 2º, seja mediante aplicação da regra de equiparação estampada no art. 29, ambos do Código de Defesa do Consumidor.1
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CDC
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO É DIVERSA DA RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO OU SERVIÇO.
“Nos vícios, a responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços é mais restrita: substituição do produto, reexecução do serviço, rescisão do contrato, abatimento no preço, perdas e danos. Nos defeitos (fato), a responsabilidade é mais extensa, devendo ser reparada a totalidade dos danos patrimoniais e extrapatrimoniais sofridos pelo consumidor” (Paulo de Tarso Vieira Sanseverino, Reponsabilidade Civil no Código do Consumidor e a Defesa do Fornecedor, 3ª ed., Saraiva, 2010, p. 168).
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No defeito, há danos causados ao consumidor, com gravidade;
No vício, tem-se o funcionamento inadequado, sem a gravidade do defeito.
“Há vício sem defeito, mas não há defeito sem vício;” (Rizzato Nunes)
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CDC – Responsabilidade pelo fato do produto e do serviço
RESPONSABILIDADE OBJETIVA
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
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§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
 I - sua apresentação;
 II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
 III - a época em que foi colocado em circulação.
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 § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.
 § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: (inversão do ônus da prova)
 I - que não colocou o produto no mercado;
 II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
 III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
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 Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: (responsabilidade subsidiária)
 I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
 II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
 III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
 Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
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Vício do produto é diferente de fato do produto.
No “fato do produto” o defeito é tão grave que provoca um acidente que atende o consumidor, causando-lhe danos (Cavalieri).
No “vício do produto” o problema (defeito) se circunscreve ao produto ou serviço em si.
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Criança de 3 anos que perde o dedo em escada rolante de Shopping Center
Como bem consignado na sentença é preciso levar em consideração a existência de um vão nas laterais da escada, espaço suficiente para o autor, então com três anos, sem discernimento do perigo e com a imprevisibilidade própria da idade, colocar a mão para recuperar seu brinquedo caído. Esse vão entre os degraus e o rodapé, cujo tamanho varia entre cinco e sete milímetros estava em desconformidade com as normas brasileiras que recomendam distância de quatro milímetros, sendo certo também que as escadas rolantes mais modernas guardam intervalo de três milímetros (laudo pericial – fls. 102)
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No mais, o acidente em questão ocorreu pela falta de segurança que se espera do produto colocado à disposição dos clientes, com a providência efetiva suficiente para impedir ações deste tipo que, segundo o magistrado, "atualmente, como é público e notório (e, portanto, independe de prova), as escadas rolantes dos shopping (inclusive, o réu) passaram a ter uma proteção lateral" (fls. 765). Sem contar a confiança depositada pelos consumidores em um estabelecimento do porte do réu ou de Shopping de maneira geral.
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A relação jurídica sub examine é nitidamente de consumo e sua análise se impõe dentro das normas consumeristas e, nesse contexto, a responsabilidade do réu, enquanto fornecedor de serviços, é objetiva. Responde independentemente de ter agido com culpa, frente ao autor/consumidor, mesmo por equiparação. TJSP Apelação nº 0014302- 0.2007.8.26.0554
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Explosão de refrigerante 
TJSP Apelação nº 0039446-42.2008.8.26.0224
Consumidor Responsabilidade pelo fato do produto Acidente de consumo Tampa de garrafa que se desprendeu de refrigerante, atingindo o olho da consumidora Responsabilidade objetiva Configuração Demonstração de que o fato ocorreu por conta da utilização de produto colocado no mercado pelo fabricante Ausência de demonstração, por parte da fornecedora, de culpa (conduta) exclusiva da vítima (CDC, 12, § 3º, III), a afastar-lhe a imputação do evento, considerada a inversão do ônus da prova (CDC, 6º, VIII) Dano moral Caracterização Ofensa moderada à integridade física – Compensação fixada na origem em R$ 5.000,00 Adequação e pertinência
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Acidente com bicicleta
“Bem móvel. Compra e venda de bicicleta. Relação de consumo. Responsabilidade pelo fato do produto. Torção do garfo da bicicleta. Responsabilidade subsidiária do comerciante.
Não configuração das hipóteses do art. 13 do CDC. Ilegitimidade passiva do comerciante configurada. Transporte de criança de 10 anos sobre a barra horizontal da bicicleta. Julgador não está adstrito à conclusão da perícia (CPC, art. 436). Perícia que desconsiderou a idade da criança à época do acidente.
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TJSP Ap. com revisão n. 0047768-94.2009.8.26.0554
Desconhecimento do peso limite suportado pela bicicleta. Réus que não juntaram manual de instruções aos autos. Ausência de prova de que o manual de instruções foi disponibilizado ao consumidor. Violação do dever de informação (CDC, art. 6º, III). Transporte de pessoas sobre o quadro da bicicleta. Fato notório. Uso que razoavelmente se espera da bicicleta em locais em que o seu uso é habitual. Falta de informação sobre a impossibilidade dessa forma de transporte ao consumidor. Segurança que legitimamente se confia do produto. 
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Fato do serviço
 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
 § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
 I - o modo de seu fornecimento;
 II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
 III - a época em que foi fornecido.
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Fato do Serviço
 § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
 § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
 I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
 II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
 § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. NÃO HÁ RESPONSABILIDADE OBJETIVA
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Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
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Ementa Consumidor Plano de Saúde e Instituição Financeira Responsabilidade pelo fato do serviço Segurada que teve exame negado em razão de suspensão de seu plano de saúde, por conta de erro por parte da instituição financeira no procedimento de pagamento de boleto bancário Defeito de ambos os fornecedores.
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Fato do serviço
Operadora que continuou mandando os boletos das mensalidades subsequentes, levando a Autora a crer que adimplira todas as prestações anteriores Violação à boa-fé- objetiva Negativa vexatória de autorização para procedimento Teoria do risco profissional Risco inerente às atividade de exploração econômica e lucrativa exercidas Ocorrência de fortuito interno, que não afasta a imputação Dano moral Caracterização – Compensação de R$ 6.220,00 fixada na origem Suficiência Sentença mantida Recursos improvidos.
Apelação nº 0030666-98.2011.8.26.0001
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Vício do produto ou do serviço
Vícios podem ser aparentes ou ocultos;
Abre-se 30 dias de prazo para correção do vício; se não for assim, terá a alternativa de substituir o produto ou receber em devolução o valor pago,além de outros prejuízos a serem ressarcidos.
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Vício do produto ou do serviço
Responsabilidade, aqui, é solidária, de todos os fornecedores, inclusive o comerciante;
Vício de qualidade: produto impróprio para o consumo ou com diminuição de valor;
Vício de quantidade;
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Vício do produto ou do serviço
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
 
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Vício do produto ou do serviço
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
 I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
 II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
 III - o abatimento proporcional do preço.
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Vício do produto ou do serviço
Art. 18, § 6° São impróprios ao uso e consumo:
 I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
 II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
 III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
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 Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
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 Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
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Casas Bahia - Televisor
A r. sentença de fls. 135/139, cujo relatório é ora adotado, julgou procedente a ação de obrigação de fazer c.c. indenizatória de danos morais, daí o apelo da corré Casas Bahia, a fls. 146/149, buscando a reforma e sustentando a ausência de responsabilidade de sua parte, tendo em vista que não agiu ou se omitiu culposamente de forma a gerar qualquer espécie de dano à apelada;
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TJSP APELAÇÃO
Nº 0010768-83.2009.8.26.0223
A hipótese ventilada nos autos trata de responsabilidade por vício do produto, que compromete a prestabilidade do bem à finalidade a que se destina.Nesse contexto, não há falar em ausência de responsabilidade da revendedora pois, tratando-se de vício do produto, aquela é solidária à dos demais fornecedores, sejam eles fabricante, produtor, importador ou comerciante, nos moldes do artigo 18, "caput", da legislação consumerista, cabendo ao consumidor ajuizar a demanda contra quem melhor lhe aprouver.
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Com efeito, embora as diversas visitas à assistência técnica não tenham sido frutíferas, entre a primeira reclamação (fls. 19) e o ajuizamento passaram-se cerca de três meses, não se entrevendo, aí, que a autora tenha sido submetida a sofrimento ou humilhação atroz, não passando os relatos da inicial dos dissabores presentes no dia-a-dia, os quais, conquanto desagradáveis, não alcançam o patamar de dano moral.
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Copa do Mundo
Conforme já decidido em casos semelhantes, a desorganização do evento que gera a falta de ingressos para os jogos não caracteriza caso fortuito ou força maior. Nesse sentido:"2. Agência de turismo que vende 'pacote' para copa mundial de futebol, compreendendo ingressos para os jogos, e deixa de entregá-los, descumpre o contrato e prejudica o consumidor contratante. Responde, assim, pelos danos causados, até porque a desorganização dos organizadores do evento nem de longe configura fortuito ou força maior."
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Prescrição e Decadência
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
 I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
 II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
 § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da
execução dos serviços.
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Prescrição e Decadência
§ 2° Obstam a decadência:
 I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
 (...)III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
 § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.
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Prescrição e Decadência
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

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