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Contratos - SLIDE 06 - Teoria da Imprevisão

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Teoria da imprevisão
Teoria da imprevisão
Contrato Prestação de serviços de informática. Partes que, em 17.12.2009, celebraram o “Contrato de Licença de Uso, Implantação e Treinamento”, bem como o “Contrato de Prestação e Manutenção de Serviços”. Primeiro contrato que tem por objeto a autorização de uso por parte da autora do “software” denominado “Sistemas Integrados JAD”, com previsão de instalação do sistema, além de treinamento dos funcionários da autora. Segundo contrato que tem por objeto a prestação de serviços de manutenção do sistema “JAD”. Hipótese em que, em 28.2.2010, o estabelecimento da autora foi alvo de roubo, ocasião em que todos os seus computadores foram subtraídos.
Tese da autora da ação: não preciso cumprir o contrato porque fato futuro e imprevisível o impactou: meus computadores foram roubados.
Consta do acórdão
A imprevisão que pode autorizar uma intervenção judicial na vontade contratual é somente a que refoge totalmente às possibilidades de previsibilidade.
Vemos, portanto, que é fenômeno dos contratos que se protraem no tempo em seu cumprimento, e é inapropriadapara os contratos de execução imediata.
Desse modo, questões meramente subjetivas do contratante não podem nunca servir de pano de fundo para pretender uma revisão nos contratos. A imprevisão deve ser um fenômeno global, que atinja a sociedade em geral, ou um segmento palpável de toda essa sociedade. É a guerra, a revolução, o golpe de Estado, totalmente imprevistos” (Silvio Venosa, “Direito civil:teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos”, 7ª ed., São Paulo: Atlas, 2007, v. 2, nº 22.2, p. 430).
No caso em tela, o roubo acontecido nas dependências da autora, relatado no boletim de ocorrência emitido em 28.2.2010 (fls. 53/54), não pode ser reputado como fato extraordinário e imprevisível a justificar a aplicação da cláusula “rebus sic stantibus” (fls. 5, 341).
Consoante constou da sentença hostilizada: “(...) embora se trate de contratos de execução diferida e continuada, não se aplica à hipótese o disposto no art. 478 do Código Civil:
'Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação'.
E isso porque o roubo dos computadores da sede da empresa autora, com consequente perda de seu banco de dados, pela frequência com que ocorrem tais crimes nesta comarca, porque se trata de bens que podem ser substituídos
Apelação nº
0208026-48.2010.8.26.0100
rapidamente e porque os dados poderiam estar armazenados em 'back up' externo, não pode ser considerado um fato extraordinário e imprevisível que autorize a resolução do contrato por parte da autora.
Resolução por onerosidade excessiva
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
A resolução por onerosidade excessiva decorre do princípio da justiça contratual.
É uma mitigação do pacta sunt servanda.
Cláusula rebus sic stantibus
Requisitos para a aplicação da teoria da imprevisão:
A) contrato de execução continuada ou diferida ou de trato sucessivo; não se aplica aos contratos aleatórios ou aos contratos de execução instantânea.
B) Ocorrência de circunstância imprevisível e extraordinário (fora do comum, excepcional)
C) que o fato excepcional impacte gravemente o equilíbrio econômico-financeiro do contrato;
D) que resulte em onerosidade excessiva para uma das partes.
Atenção:
Teoria da Imprevisão não é solução para maus negócios, negócios realizados descuidada ou imperitamente!
No Código de Defesa do Consumidor não há necessidade de imprevisibilidade, bastando a onerosidade excessiva… Ver art. 6o. , inciso V, do CDC.
REsp 1321614 / SP
RECURSO ESPECIAL
2012/0088876-4
Médico compra equipamento importado, com atualização conforme a variação do dólar, confiando na estabilidade do câmbio vivida pelo Brasil na época. 
Governo decreta uma maxi-desvalorização do câmbio. Médico quer rever a cláusula de correção conforme a variação do dólar, fazendo valer a correção da moeda nacional.
Qual a legislação aplicável: CDC ou Ccivil?
Há diferença (ou pode haver) no desfecho?
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE COMPRA E
VENDA. DÓLAR AMERICANO. MAXIDESVALORIZAÇÃO DO REAL. AQUISIÇÃO DE
EQUIPAMENTO PARA ATIVIDADE PROFISSIONAL. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO DE
CONSUMO. TEORIAS DA IMPREVISÃO. TEORIA DA ONEROSIDADE EXCESSIVA.
TEORIA DA BASE OBJETIVA. INAPLICABILIDADE.
1. Ação proposta com a finalidade de, após a maxidesvalorização do
real em face do dólar americano, ocorrida a partir de janeiro de
1999, modificar cláusula de contrato de compra e venda, com reserva
de domínio, de equipamento médico (ultrassom), utilizado pelo autor
no exercício da sua atividade profissional de médico, para que,
afastada a indexação prevista, fosse observada a moeda nacional.
2. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza, como destinatário final, produto ou serviço oriundo de um fornecedor. Por sua vez, destinatário final, segundo a teoria subjetiva ou finalista, adotada pela Segunda Seção desta Corte Superior, é aquele que ultima a atividade econômica, ou seja, que retira de circulação do mercado o bem ou o serviço para consumi-lo, suprindo uma necessidade ou satisfação própria, não havendo, portanto, a reutilização ou o reingresso dele no processo produtivo.
Logo, a relação de consumo (consumidor final) não pode ser confundida com relação de insumo (consumidor intermediário).
Inaplicabilidade das regras protetivas do Código de Defesa do Consumidor.
3. A intervenção do Poder Judiciário nos contratos, à luz da teoria da imprevisão ou da teoria da onerosidade excessiva, exige a demonstração de mudanças supervenientes das circunstâncias iniciais vigentes à época da realização do negócio, oriundas de evento imprevisível (teoria da imprevisão) e de evento imprevisível e extraordinário (teoria da onerosidade excessiva), que comprometa o valor da prestação, demandando tutela jurisdicional específica.
Variação da taxa de câmbio é fato imprevisível?
4. O histórico inflacionário e as sucessivas modificações no padrão monetário experimentados pelo país desde longa data até julho de 1994, quando sobreveio o Plano Real, seguido de período de relativa estabilidade até a maxidesvalorização do real em face do dólar americano, ocorrida a partir de janeiro de 1999, não autorizam concluir pela imprevisibilidade desse fato nos contratos firmados com base na cotação da moeda norte-americana, em se tratando de relação contratual paritária.
 CAPÍTULO I
Da Compra e Venda
 Seção I
Disposições Gerais
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação.
Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor.
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo médio.
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço.

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