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Evicção O caso da Kombi campeã! Evicção - Apelação nº 0061260-02.2005.8.26.0100, Des. Silvia Rocha Consta dos autos que, no dia 21.02.2003, o autor comprou uma Kombi usada da Car Mac Younglife (fls. 29/32), da qual Marco Antônio Souza Carneiro era sócio, por meio de financiamento bancário garantido por alienação fiduciária, concedido pelo Banco Itaú (fls. 33/34). No entanto, a vendedora não entregou o documento de transferência ao autor e, três meses depois, ele descobriu que pendia gravame sobre o bem, decorrente de financiamento bancário concedido pelo Banco Excel à antiga proprietária, Gohara Levi (fls. 35/37), que impedia a sua regularização. Sem poder utilizar o veículo no transporte escolar de passageiros (fls. 27/28), o autor deixou de pagar as parcelas do financiamento bancário e, por isso, o seu nome foi negativado. Em seguida, perdeu a posse do automóvel para Gohara Levi, que, no curso de ação de busca e apreensãoajuizada pelo Banco Itaú (fls. 46/51), opôs embargos de terceiro, narrando fraude praticada pela Car Mac Younglife. Gohara Levi disse ter firmado contrato estimatório com a Car Mac Younglife, não compra e venda, e esclareceu que não entregou o documento de transferência do veículo à loja porque não recebeu, após a venda, o preço combinado, mas apenas cheques sem provisão de fundos, emitidos por ela e pelo autor. O pedido dos embargos, ao final, foi julgado procedente (fls. 52/65 e 548/550). Neste feito, o autor pediu a rescisão dos contratos de compra e venda e de financiamento bancário, bem como indenização por danos materiais, incluindo lucros cessantes, e morais. É evidente que a Car Mac Younglife não poderia ter vendido o veículo de Gohara Levi ao autor, sem antes providenciar a baixa do antigo gravame, efetivada pouco tempo depois, (fls. 519), e a necessária regularização documental, que dependia da assinatura do documento de transferência, pela proprietária anterior, mediante o pagamento do preço combinado. É certo, igualmente, que o Banco Itaú não podia ter aprovado o financiamento sem prova da regularidade documental do veículo e da compra e venda. A propósito, é bom lembrar que a garantia contra a evicção deflui natural e implicitamente dos contratos onerosos em que haja obrigação de transferir o domínio, a posse ou o uso de determinada coisa, ausente cláusula contrária e independentemente da boa-fé do alienante. Nesse cenário, inequívoca a responsabilidade da Car Mac Younglife e do Banco Itaú pela apreensão do veículo comprado pelo autor, é de se determinar a rescisão do contrato de compra e venda e, também, a do contrato coligado de financiamento bancário O caso do Vectra campeão Novo acórdão: Apelação nº 0010723-34.2007.8.26.0196, Rel. Des. Edgar Rosa Verte da petição inicial que o autor/apelado, no dia 25 de maio de 2005, adquiriu da ré/apelante, o veículo marca GM Vectra ano 1994, cor vermelha, placas DZJ 1717, pelo qual desembolsou R$ 11.500,00, representados pela entrega, como parte de pagamento, de um veículo VW-Gol, ano 1996, mais R$ 5.337,73, por meio de financiamento obtido junto ao Banco Finasa S.A, para pagamento em 36 parcelas de R$ 148,27. Sucede, porém, que o veículo inicialmente apresentou problema mecânico, demandando a substituição do motor ao custo de R$ 2.757,00. Posteriormente, diversos outros problemas foram surgindo, desde a constatação de gravame decorrente de ação de execução movida contra a antiga proprietária, até culminar com o mais grave de todos, que foi a constatação de que a assinatura aposta no DUT (documento único de transferência) imputada à antiga proprietária, Andréa, com firma reconhecida, era falsa, tornando impossível a transferência da titularidade do bem, que foi apreendido pela autoridade policial, fato que justificou o ajuizamento da ação para reaver todos os valores desembolsados. Entendeu o Magistrado, e com razão, que a apreensão policial do veículo em decorrência da falsificação da assinatura, com posterior apreensão do bem, implicava evicção pela perda da posse e livre disponibilidade e utilização do bem, pelo adquirente. Dispõe o artigo 447 do CC/2002: “Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.” No caso de apreensão administrativa, hipótese dos autos, Silvio Venosa afirma que: “Nada mais cristalino se mostra à evicção do que nas situações processuais e apreensão pela autoridade policial ou administrativa em geral de veículos furtados, em que se apresentam sucessivas transmissões da coisa.” (Obra citada, pág. 469). O veículo foi objeto de apreensão por falsificação da assinatura da proprietária do bem, o que inviabilizou a possibilidade de o autor/apelado transferir o registro no cadastro administrativo. A falsidade da assinatura constante do DUT do veículo vendido pela ré foi constatada por laudo grafológico (fls. 235/236). Sendo assim, o veículo não pode ter a sua documentação regularizada, ou seja, o autor não poderá transferir a titularidade do bem, de modo que, configurada, no caso, a evicção total, o autor/apelado faz jus ao reembolso dos valores despendidos, exatamente na proporção determinada na sentença, o mesmo ocorrendo em relação à lide secundária. Evicção Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo. (Vide Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência) Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos. Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Evicção: perda da coisa para terceiro, em decorrência de decisão judicial ou administrativa, por motivo preexistente à aquisição. Lei anterior falava em contratos onerosos que transmitem domínio, posse ou uso. A evicção pode ser total ou parcial. A palavra tem origem em “evincere”, ser vencido. O adquirente da coisa é vencido em ação promovida por terceiro, fundada em causa anterior à aquisição, e o adquirente perde a coisa (foi vencido) para o terceiro. Quem aliena onerosamente garante, em regra, que a coisa alienada é juridicamente boa, sem defeitos que possam fazer com que a coisa se perca no futuro em virtude de reclamação de terceiro, motivada em causa anterior à alienação. O ambiente desta garantia legal é o dos contratos onerosos. A garantia legal pode ser aumentada, eliminada ou diminuída por cláusula acordada entre os contratantes. Não esquecer que “Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.” A aquisição por hasta pública não isenta o alienante de responder pela evicção. A doutrina considera a doação modal ou com encargo um contrato não gratuito e, pois, daqueles que sujeita o alienante ao regime da evicção. Nomenclatura das partes na evicção: 1) Evicto – a vítima. Pagou pela coisa, recebeu-a e a perdeu para o terceiro, sem ter originado o motivo da perda; 2) Evictor – o que causa a evicção, o terceiro que entra com a ação para recuperar a coisa e leva o evicto à derrota; 3) Alienante – aquele que tem o dever de indenizar o evicto no caso de a evicção acontecer. Eviction: no Direito Norte-Americano, o despejo do inquilino. Direitos do evicto Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. Evicção parcial Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. Diminuição da garantia por cláusula contratual: A cláusula que exonera a responsabilidade do alienante por evicção é chamada “cláusula de non praestanda evictione”. Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. A exoneração total da responsabilidade do alienante somente acontece se: a) houver cláusula neste sentido; b) a cláusula informar um específico risco de evicção; c) a evicção decorrer do risco informado. Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Ao ser demandado sobre a coisa adquirida, o adquirente deve denunciar da lide o alienante, em tese sob pena de perder o direito de regresso. Porém: STJ REsp 1332112 / GO RECURSO ESPECIAL 7. O exercício do direito oriundo da evicção independe da denunciação da lide ao alienante na ação em que terceiro reivindica a coisa, sendo certo que tal omissão apenas acarretará para o réu a perda da pretensão regressiva, privando-lhe da imediata obtenção do título executivo contra o obrigado regressivamente, restando-lhe, ainda, o ajuizamento de demanda autônoma. Ademais, no caso, o adquirente não integrou a relação jurídico-processual que culminou na decisão de ineficácia da alienação, haja vista se tratar de executivo fiscal, razão pela qual não houve o descumprimento da cláusula contratual que previu o chamamento da recorrente ao processo. http://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/disciplinas/direito-direito-civil/dos-contratos-em-geral/vicios-redibitorios-e-eviccao Juiz Substituto Goiás Renato adquiriu imóvel e assinou contrato no âmbito do qual foi excluída, por cláusula expressa, a responsabilidade pela evicção. A cláusula é a válida, mas, se Renato restar evicto, terá direito de receber o preço que pagou pelo imóvel, ainda que soubesse do risco da evicção. b válida, excluindo, em qualquer caso, o direito de Renato receber quaisquer valores em caso de evicção. c nula, porque fere preceito de ordem pública. d válida, mas, se Renato restar evicto, terá direito de receber o preço que pagou pelo imóvel, se não soube do risco da evicção ou se, dele informado, não o assumiu. e válida, mas, se Renato restar evicto, terá direito de receber o preço que pagou pelo imóvel mais indenização pelos prejuízos decorrentes da evicção, tais como despesas de contrato e custas judiciais, se não soube do risco da evicção ou se, dele informado, não o assumiu. https://www.questoesdeconcursos.com.br/pesquisar?ss=16118&di=8 Prova: VUNESP - 2014 - SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Juridíco Disciplina: Direito Civil | Assuntos: Dos Contratos em Geral; Vícios Redibitórios e Evicção; Sobre o instituto da evicção, é correto afirmar que: a) a aquisição em hasta pública inibe que o evicto pleiteie restituição do preço. b) constatada a evicção, o alienante deve restituir em dobro o valor pago, a título de sanção civil, legalmente prevista. c) se no momento da aquisição o adquirente sabia que a coisa era litigiosa, não poderá demandar pela evicção. d) por tratar-se de questão de ordem pública, é nula de pleno direito a cláusula que excluir a responsabilidade pela evicção. e) em caso de evicção parcial, ainda que considerável, o adquirente não pode exigir a rescisão do contrato, ressalvado seu direito à restituição de valor proporcional ao prejuízo suportado. Prova: VUNESP - 2014 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Remoção Disciplina: Direito Civil | Assuntos: Dos Contratos em Geral; Vícios Redibitórios e Evicção; Em relação à evicção, assinale a alternativa correta. a) Não obstante à cláusula, que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto de receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. b) Não podem as partes, nem por cláusula expressa, reforçar ou diminuir a responsabilidade pela evicção. c) A caracterização da evicção só se dará pela perda definitiva da propriedade por sentença judicial. d) Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção, mas esta garantia não subsiste se a aquisição se tenha realizada em hasta pública Prova: IADES - 2014 - UFBA - Advogado Disciplina: Direito Civil | Assuntos: Dos Contratos em Geral; Vícios Redibitórios e Evicção; A respeito de evicção e vícios redibitórios, assinale a alternativa correta. a) É vedado às partes reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção, pois decorre de lei. b) O alienante responde pela evicção, mesmo se a aquisição tiver se realizado em hasta pública. c) A garantia dos vícios redibitórios aplica-se aos contratos comutativos, aleatórios, gratuitos ou onerosos e às doações com encargo, devendo os defeitos existir ao tempo do contrato, tornar a coisa imprópria ao uso ou diversa da pretendida pelo adquirente ou, ainda, diminuir-lhe o valor. d) desconhecimento do alienante é indiferente e deverá restituir o que recebeu com perdas e danos, tal como o que sabia do vício ou defeito da coisa ao tempo do negócio. e) As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, não serão pagas pelo alienante. Prova: CESPE - 2014 - TJ-CE - Analista Judiciário - Execução de Mandados Disciplina: Direito Civil | Assuntos: Dos Contratos em Geral; Vícios Redibitórios e Evicção; Ricardo comprou uma motocicleta de Manoel, firmando contrato em que não constava nenhuma cláusula expressa sobre a evicção. Após um mês de uso, a motocicleta foi apreendida por um oficial de justiça, que foi à casa de Ricardo cumprir mandado judicial de busca e apreensão fruto de ação judicial. Instado por Ricardo, Manoel declarou desconhecer a ação judicial que originou o referido mandado, alegando que adquiriu a motocicleta de terceiro. Considerando essa situação hipotética e o disposto no Código Civil, assinale a opção correta. a) Ricardo deverá demandar judicialmente Manoel, que responderá pela evicção. b) Manoel não responderá pelo dano experimentado por Ricardo, porque não tinha conhecimento da ação judicial e do mandado. c) Manoel responderá pelo dano somente se for comprovada a sua má-fé. d) Ricardo não terá direito à indenização pela perda do veículo, em razão da liberdade de contratar. e) Manoel não responderá pelo dano experimentado por Ricardo, haja vista que inexiste medida judicial aplicável a essa situação. P rova: FCC - 2014 - TJ-AP - Juiz Disciplina: Direito Civil | Assuntos: Dos Contratos em Geral; Vícios Redibitórios e Evicção; Ocorrendo a evicção, a) embora existente cláusula que exclua a garantia contra ela, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. b) somente as benfeitorias necessárias serão pagas, pelo alienante ao evicto, excluindo-se sempre as voluptuárias e úteis. c) o evicto terá direito a receber sempre o dobro do valor pago pelo bem que perdeu. d) considerar-se-á nula a cláusula que reforçou a garantia em prejuízo do alienante. e) o evicto não terá direito á restituição integral do preço, pois dele sempre terá de ser abatida uma parcela proporcional ao tempo em que esteve na posse do bem.
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