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naturalístico. 209. Errado. O Código Penal possui causas genéricas de exclusão de ilicitude, que são aquelas previstas em seu art. 23 e se aplicam a qualquer espécie de infração penal, e causas específicas, previstas na Parte Especial com aplicação restrita a determinados crimes, como por exemplo, no art. 128 (aborto). Há, ainda, causas supralegais de exclusão de ilicitude, ou seja, causas não previstas em lei. É o caso do consentimento do ofendido. 210. Errado. O Código Penal adotou a teoria da equivalência dos antecedentes, também conhecida como teoria da conditio sine qua non. É o que se depreende da parte final do art. 13 do CP, no qual se considera causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Ressalte-se que, excepcionalmente, o Código Penal adota a teoria da causalidade adequada, no art. 13, §1°, ao tratar da causa superveniente relativamente independente. 211. Errado. Os crimes omissivos próprios são aqueles que impõem uma conduta sob a ameaça de uma sanção penal. Eles não admitem tentativa. São crimes de mera conduta e se consumam com a simples inércia do agente. Exemplo de crime omissivo próprio é o art. 269 do CP: deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória. Ou o médico obedece ao mandamento legal ou será responsabilizado criminalmente. 212. Correto. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar-se de perigo atual. Perigo é a probabilidade de dano a um bem juridicamente protegido. Pode originar-se de uma atividade humana, de um fato da natureza, como uma inundação ou furacão, ou de seres irracionais, como no exemplo da questão. 1001 Questões Comentadas – Direito Penal – CESPE Eduardo Neves e Pedro Ivo 75 213. Errado. A parte final da questão contraria o dispositivo legal, já que a legítima defesa pode sim proteger bem jurídico de terceiro, conforme art. 24 do CP. A legítima defesa de terceiro tem como pressuposto a solidariedade humana. 214. Correto. A tipicidade conglobante é formada pela antinormatividade da conduta, ou seja, não é fomentada por nenhum outro ramo do direito, e pela tipicidade material, onde se coteja a importância do bem no caso concreto, excluindo-se aqueles fatos reconhecidos como de bagatela. Em conclusão, a tipicidade penal é formada pela tipicidade formal (subsunção perfeita da conduta praticada pelo agente ao preceito legal) + tipicidade conglobante, acima descrita. 215. Correto. Crime bipróprio é aquele que exige um atributo particular, seja de fato ou jurídico, tanto do agente quanto da vítima do delito penal. Por exemplo, o crime de infanticídio, art. 123 do CP, somente pode ser praticado pela mãe contra o próprio filho nascente ou recém-nascido. 216. Errado. Crime omissivo próprio é um crime de mera conduta e se consuma com a simples inação, inércia do agente. É um crime de natureza preceptiva, ou seja, o tipo penal impõe uma determinada conduta que, se desobedecida, torna-se um crime. A produção ou não do resultado naturalístico é irrelevante. Como exemplo aponta-se o crime de omissão de socorro, art. 135 do Código Penal. Aquele que, podendo prestar socorro sem risco pessoal e se omite, responderá pelo delito. 217. Errado. A diferença de crime e contravenção é estabelecida pelo art. 1° da Lei de Introdução ao Código Penal. A distinção é quantitativa e encontra-se na gravidade da sanção penal. Quando o preceito secundário cominar pena de reclusão ou detenção, tem-se um crime. As penas mais graves são destinadas aos crimes, pois estes expõem os bens jurídicos tutelados a um maior grau de lesividade. 218. Errado. A questão trata do instituto do exercício regular de direito, segundo o qual não haverá crime se, da prática de esportes, desde que respeitadas as regras regulamentares, resultarem lesões ou até mesmo morte. É o caso de esportes que podem comprometer a integridade física, como o boxe ou futebol. 219. Errado. Em se tratando de contravenção penal, a tentativa não é punível, segundo o art. 4° da Lei de Contravenções Penais. 220. Errado. O tipo possui importantes caracteres ou funções, a saber: caráter indiciário de ilicitude, sendo este uma presunção relativa, caráter seletivo, pois seleciona os comportamentos que deverão ser proibidos ou 1001 Questões Comentadas – Direito Penal – CESPE Eduardo Neves e Pedro Ivo 76 ordenados, caráter diferenciador do erro, caráter garantista, funcionando como garantia do indivíduo e caráter fundamentador, fundamentando o direito de punir do estado. 221. Correto. Segundo orientação do STF, a imunidade parlamentar desde que motivada pelo desempenho do mandato ou externada em razão deste, exclui a responsabilidade do membro do Poder Legislativo, ainda que fora do recinto da própria Casa Legislativa. Importante salientar que o STF tem considerado a manifestação parlamentar, nas hipóteses previstas pela imunidade material, como fato atípico. 222. Errado. Podem, sim, coexistir, a legítima defesa com o estado de necessidade num mesmo fato. Como exemplo, a hipótese de um agente subtrair uma arma de outrem (estado de necessidade) para defender-se de uma agressão (legítima defesa). 223. Errado. O Código Penal, a respeito das espécies de dolo, adotou duas teorias. Na primeira parte do artigo 18, I, adota a teoria da vontade, quando afirma que o crime é doloso quando o agente quis o resultado, ou seja, dolo direto. E na segunda parte do artigo 18, I, adota a teoria do assentimento, quando aponta que também é crime doloso quando o agente assumiu o risco de produzi-lo, tratando-se de dolo eventual. 224. Errado. A ocorrência do resultado naturalístico nos crimes formais não é causa de aumento de pena. Exemplo típico de crime formal é o art. 159 do CP, extorsão mediante sequestro. A consumação acontece com a privação de liberdade da pessoa, ou seja, a prática do núcleo do tipo penal. O resultado naturalístico esperado pelo agente, que é a obtenção de vantagem, não é causa de aumento de pena. 225. Errado. De modo excepcional, o legislador optou por incriminar de forma autônoma alguns atos preparatórios. Ou seja, o legislador achou por bem elevar certos atos preparatórios à figura típica específica, por achá-los relevantes para a proteção do bem jurídico. É o que acontece no crime de quadrilha ou bando, art. 288, petrechos para falsificação de moeda, art. 291 ou incitação ao crime, art. 286, todos do Código Penal. 226. Correto. Este é o sistema bipartido ou dicotômico acolhido pelo Direito Penal brasileiro. A distinção de crime e contravenção é feita através da gravidade da sanção penal, estabelecida pelo art. 1° da Lei de Introdução ao Código Penal. Quando o preceito secundário cominar pena de reclusão ou detenção, tem-se um crime. Quando o preceito secundário não apresentar as palavras “reclusão” ou “detenção”, trata-se de contravenção penal. 1001 Questões Comentadas – Direito Penal – CESPE Eduardo Neves e Pedro Ivo 77 227. Correto. A imputabilidade, a potencial consciência de ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa são os elementos constitutivos da culpabilidade, que é o juízo de censura feito sobre um fato típico e ilícito. 228. Correto. O crime impossível, também chamado de tentativa inidônea ou inadequada, pode dar-se pela ineficácia absoluta do meio ou impropriedade absoluta do objeto. No exemplo da questão, a falsificação grosseira, perceptível a olho nu, configura meio absolutamente ineficaz, inidôneo para obtenção do resultado pretendido. Logo, sendo impossível a consumação do crime, estaremos diante de crime impossível, conforme art. 17 do CP. 229. Correto. O instituto da desistência voluntária, disposto no art. 15 do CP, prevê que o sujeito ativo, embora tenha iniciado a execução da figura delitiva,