Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Anatomia e Fisiologia do trato digestivo de ruminantes ZOO 613 Professor Jalison Lopes Zootecnista-DSc 1 Aparelho digestivo dos ruminantes Composto por: Boca Faringe Esôfago Estômago Intestino Delgado Intestino Grosso Ânus Glândulas acessórias (glândulas salivares, fígado e pâncreas) Principal diferença anatômica em relação a monogástricos é a divisão do estômago em 4 compartimentos: Rúmen Retículo Omaso Abomaso Pré-estômagos (aglandular) Estômago verdadeiro ( glandular) 2 “Visão geral do trato digestivo de um ruminante” 3 Sistema digestivo de mamíferos Carnívoro (cão) Onívoro (suíno) 4 Herbívoro Não ruminante (cavalo) Herbívoro Ruminante Sistema digestivo de mamíferos 5 Tylopoda (Pseudo-ruminantes) Apresentam apenas 2 pré-estômagos (rúmen e retículo) O omaso é fundido ao abomaso Apresentam capacidade de ruminar Pesquisas sobre a capacidade digestiva destes animais ainda são escassas. Incluem os dromedários, camelos, alpacas, ilhamas, guanacos e as vicunhas 6 Camelo Alpaca Dromedário Ilhama Tylopoda (Pseudo-ruminantes) 7 Capacidade do trato digestivo de mamíferos em litros e porcentagem do trato digestivo total Adaptado de Swenson, 1990 e Swenson & Reece, 1993 Estômago Intestino Delgado Ceco Cólon+reto Total L % L % L % L % L Bovinos 252 71 66 18 10 3 28 8 356 Equinos 18 9 64 30 33 16 95 45 210 Suínos 8 29 9 33 1,5 6 9 32 27,5 Ovinos e caprinos 39,6 66,9 9 20,4 1 2,3 4,6 10,6 54,2 8 Classificação dos ruminantes quanto a preferência alimentar Selecionadores de concentrado Consumidores de forragem ou pastejadores Intermediários 9 Selecionadores de concentrado Rúmen pequeno e omaso pouco desenvolvido e trato pós-gástrico relativamente mais desenvolvido. Fígado bem desenvolvido (detoxificação). Evoluíram para digestão de fibra de qualidade, rica em conteúdo celular . Não toleram grandes quantidades de fibra e fibra de qualidade. Alternam freqüentes períodos de alimentação com curtos períodos de ruminação. Pertencem a este grupo a girafa, veado e outros ruminantes selvagens. 10 Consumidores de forragem Apresenta o rúmen desenvolvido, com alta capacidade de digestão dos compostos fibrosos. capacidade de ingestão e de seleção do alimento. Alternam longos períodos de pastejo com longos períodos de ruminação. Adaptados para uma velocidade de passagem mais lenta (melhor utilização dos compostos fibrosos das forragens). Pertencem a este grupo bovinos, búfalos, bisões, etc... 11 Intermediários Modificam o consumo alimentar de acordo com a disponibilidade de forragem. São muito mais versáteis do que os selecionadores de concentrado ou os consumidores de forragem. São adaptados tanto ao ramoneio quanto ao pastejo. Utilização limitada de componentes fibrosos (algumas espécies). velocidade de passagem dos alimentos (algumas espécies). Pertencem a este grupo caprinos, ovinos, alces, etc... 12 Características anatomo-fisiológicas e de forrageamento de diferentes espécies de ruminantes. Fonte: adaptado de GORDON & IASON (1989), citados por CANDIDO, (2009). 13 Fatores responsáveis pela digestão Mecânicos: mastigação, deglutição, regurgitação, motilidade gástrica e intestinal e defecação. Secretórios: atividades das glândulas digestivas (glândulas do trato gastrointestinal e glândulas acessórias). Químicos: enzimas, produzidas pelas glândulas e plantas (- importante) e as substâncias químicas (ex: HCl), produzida pela mucosa gástrica. Microbianos: atividades secretoras dos microorganismos (bactérias, protozoários, fungos e leveduras) presentes no estômago e intestino dos animais ruminantes e no intestino dos herbívoros monogástricos. 14 Ingestão de alimentos pelos ruminantes Etapas da ingestão: Apreensão. Mastigação. Deglutição 15 Apreensão O processo de digestão se inicia com a introdução dos alimentos na cavidade oral (boca). Varia de acordo com a espécie de animal. Bovinos: Alimentos são apanhados através de movimentos da língua Cortados na boca pela compressão dos dentes incisivos inferiores contra o palato duro superior. Lábios não são utilizados na apreensão. O processo é auxiliado por movimento da cabeça, na direção posterior. 16 Apreensão 17 A aspereza da superfície da língua, com suas papilas, impedem o retrocesso do alimento. 18 Ovinos e caprinos: Utilizam, principalmente, os dentes incisivos inferiores e a língua para apreensão (menos que bovinos). Apanham pequenas partículas de alimentos graças a movimentos do lábio superior. 19 Mastigação Mecanismo voluntário de trituração dos alimentos. Partículas indesejáveis podem ser retiradas da cavidade oral. Finalidade é partículas e misturá-las com a saliva (facilitar a deglutição). Alimento finamente dividido, apresenta maior superfície de ação dos sucos digestivos, facilitando a digestão. Redução de fibras longas de forragens libera nutrientes solúveis para a fermentação (expõe estruturas internas das forragens para “invasão” dos microorganismos no retículo/rúmen). 20 Mastigação Os ruminantes utilizam os dentes e o palato duro no processo da mastigação. Apresentam movimentos de mastigação verticais e laterais (movimentos cruzados) Ruminantes apresentam a 1ª fase rápida e a 2ª (ruminação) mais lenta. Alimentos ricos em água o tempo de mastigação é menor. Bovinos tem menor freqüência de mastigação e são menos efetivos na redução das partículas que os ovinos. 21 Regulação da ingestão de alimentos Ingestão garante nutrientes para crescimento saúde e produção. Controle da ingestão envolve a interação de vários estímulos. 22 Regulação da ingestão de alimentos Duas regiões do hipotálamo controlam o comportamento ingestivo dos ruminantes: Hipotálamo lateral, onde se localiza o centro da fome; Hipotálamo ventromedial, onde se localiza o centro da saciedade. Possuem ações complementares (quando o animal demonstra apetite o centro da fome é ativado e o centro da saciedade é inibido e vice-versa) Informações referentes a fome/saciedade chegam ao hipotálamo através de sinais quimiostáticos ou de sinais de distensão do trato digestivo (físicos). 23 Regulação quimiostática Refere-se a informações químicas ou hormonais enviadas ao hipotálamo, relacionadas aos diferentes nutrientes absorvidos pelo trato digestivo durante as refeições. O ruminante ingere alimentos prioritariamente para atender suas necessidades energéticas. Outros nutrientes também interferem nas respostas quimiostáticas (em menor grau). Esta regulação é predominante para dietas concentradas, com elevado teor de nutrientes digestíveis onde a necessidade energética regula a ingestão (conhecida como regulação metabólica ). 24 Regulação física Pressupõe que ruminantes consomem até encherem seu rúmen, e só voltam a consumir após ocorrer o esvaziamento parcial, seja por passagem ou absorção. Esta distensão causada por volume e peso da digesta é detectada por receptores de tensão localizados na parede do rúmen-retículo. Este mecanismo predomina em dietas baseadas em pastagens ou com elevada participação de volumosos (condições típicas brasileiras).25 Regulação quimiostática x regulação física “Dietas com valor nutritivo ( FDN) inibem o consumo antes que a demanda de energia seja atendida por causa do enchimento do rúmen”. Teor de FDN da dieta integra as teorias quimiostática e física: Dieta com densidade energética ( FDN) Regulação física da ingestão Dieta com densidade energética (FDN) Regulação quimiostática da ingestão. 26 Regulação Pisicogênica Envolve respostas no comportamento do animal a fatores inibidores ou estimuladores relacionados ao alimento ou ao ambiente que não são relacionados à energia ou enchimento da dieta. Fatores como sabor, odor, textura, aparência visual de um alimento, status emocional do animal, interações sociais e o aprendizado podem modificar a intensidade do consumo de um alimento. (Mertens, 1994) 27 Fatores ambientais que afetam a ingestão Temperatura T> Zona de conforto ingestão (para calor de fermentação) T < Zona de conforto térmico ingestão Fotoperíodo Tamanho do dia ingestão Fatores sociais Formação de grupos homogêneos ingestão Densidade populacional adequada ingestão 28 Acesso a água disponibilidade de água ingestão Água é fundamental para mastigar e engolir o alimento , digestão dos alimentos, absorção de nutrientes, eliminação das frações não digeridas e produtos residuais, eliminação de calor, produção de saliva, etc... Consumo de água: 4,5 kg de água/ kg de MS ingerida Distância máxima da fonte de água ≤ 500m Fatores ambientais que afetam a ingestão 29 Fatores da dieta que afetam a ingestão Tamanho de partículas Tamanho de partículas (moagem) Tx passagem ingestão Teor e digestibilidade da FDN da dieta Digestibilidade FDN ingestão Teor de FDN ingestão Teor de gordura na dieta Teor de gordura na dieta digestão da fibra ingestão 30 Equilíbrio nutritivo da dieta Deficiência/excesso de nutrientes ingestão Disponibilidade do alimento O alimento deve ser fornecido à vontade, sem restrição: Pastagens degradadas ( disponibilidade de forragem), impedem a seleção de folhas ingestão. Presença de alimento sempre fresco e à vontade nos cochos pode impedir flutuações diárias na ingestão. Dieta fornecida no cocho deve permitir um mínimo de 10% de sobras. Fatores da dieta que afetam a ingestão 31 Estado fisiológico do animal e ingestão Animais em crescimento apresentam maior consumo que animais adultos (em termos relativos) Fêmeas em gestação apresentam maior consumo que fêmeas vazias (exceto último mês de gestação onde o consumo declina) Fêmeas em lactação apresentam maior consumo que fêmeas secas (exceto no início da lactação) Fêmeas multíparas apresentam maior consumo que primíparas. Animal com Condição corporal acima do ideal (gordo) apresenta menor consumo. 32 Sexo, genótipos e ingestão Sexo Fêmeas normalmente têm consumo inferior ao dos machos. Genótipos Taurinos tem maior capacidade de consumo e eficiência de uso do alimentos quando se utilizam alimentos de boa qualidade, porém se igualam aos zebuínos quando este alimento é de média qualidade. 33 Outros fatores que interferem na ingestão Instalações para fornecimento da alimentação Condições higiênico-sanitárias Doenças Stress 34 Regulação da ingestão a pasto Mecanismos quimiostáticos e físicos de regulação de consumo só são válidos quando o alimento se encontra no trato digestório (fatores nutricionais). Em um ambiente onde o animal precisa colher o alimento (pastagem), fatores não nutricionais (comportamento ingestivo) interferem na ingestão. Esses fatores por sua vez são influenciados pela estrutura da planta forrageira entre outros. 35 Características Estruturais: • Altura • Disponibilidade de massa (kg MS/ha) • Disponibilidade de massa verde (kg MS/ha) • Densidade volumétrica • IAF • Relação Lâmina/Colmo • Relação vivo/morto • Perfilhamento (vegetativo/reprodutivo) •Etc... Comportamento ingestivo: • Seleção da dieta • Tempo de pastejo (TP) • Massa do bocado (MB) • Taxa de bocado (TB) Ingestão ( TPxMBxTB) Regulação da ingestão a pasto 36 “Fistula esofágica” para determinação de consumo a pasto 37 Características da Saliva de ruminantes Incolor, inodora e insípida Umidade: 99-99,5% Matéria seca (0,5-1,0%) constituída de compostos orgânicos (proteínas, mucina, uréia, leucócitos, microrganismos, etc...) e inorgânicos (cloretos, fosfatos e bicarbonatos de potássio, sódio e cálcio). pH alcalino (8,2-8,4) Em bovinos chegam ao rúmen diariamente 250 g de (Na2HPO4) e 1 a 2 Kg de (NaHCO3) Apresenta lipase (hidrólise de triglicerídeos da dieta) Não apresenta amilase 38 Espécie animal e quantidade de saliva produzida ESPÉCIE QUANTIDADE Vaca 98 - 190 litros Ovelha 6 - 16 litros Cavalo 40 litros Suíno 15 litros Homem 1,5 litros Galinha 25 gramas Teixeira, 1998 39 Fatores que estimulam a secreção de saliva Atividades de apreensão, mastigação e ruminação Alimentos fibrosos e secos Distensão da parede esofágica e ruminal Olfato 40 Produção de saliva em bovinos consumindo alimentos diferentes Alimento g/g de alimento ingerido Ração peletizada 0,68 Gramínea fresca 0,94 Silagem 1,13 Gramínea seca 3,25 Feno 3,63 Adaptado de BAILEY, 1959, citado por Teixeira, 1998 41 Facilitar a mastigação e a deglutição Lipase salivar atua na hidrólise de molécula dos triglicerídeos. Possui uma pequena atividade antibacteriana, que em parte evitaria a cárie. Neutralização da acidez ruminal (Função tamponante) Fornece micronutrientes aos microorganismos do rúmen. Propriedade antiespumante (ajuda previnir timpanismo) Possui função excretora, eliminando substâncias ingeridas em excesso, como o mercúrio e o potássio. Funções da saliva 42 Funções da saliva “Os tampões da saliva (bicarbonatos e fosfatos) neutralizam os ácidos produzidos pela fermentação microbiana e mantém o pH ruminal levemente ácido o que favorece a digestão das fibras e o crescimento microbiano no rúmen” 43 Estômago dos ruminantes 44 Estômago dos ruminantes 45 46 Estômago dos ruminantes Características dos pré-estômagos (rúmen, retículo, omaso): Derivam embrionariamente do estômago simples. Revestidos internamente por epitélio escamoso, estratificado, queratinizado (grande capacidade mecânica, protetora e absortiva). Grande presença de microrganismos. Aglandular (não há secreções). 47 Estômago dos ruminantes Funções gerais dos pré-estômagos (rúmen, retículo, omaso): Armazenar o alimento, Digestão microbiana (fermentação anaeróbica) Absorção de determinados produtos (água, mineiras e AGV’s). 48 Rúmen Também conhecido como câmara de fermentação Maior dos compartimentos (Bovino: 200 litros, ovinos e caprinos: 20-30 litros) Ocupa todo o lado esquerdo da cavidade abdominal e dependendo do grau de enchimento, também se estende ventralmente ao lado direito. 49 Rúmen Musculatura tem papel relevante na mobilidade do rúmen. Desenvolvimento da camada muscular está associada ao tipo de alimento: Alimento fibroso Necessidade de motilidade Desenvolvimento dacamada muscular 50 Rúmen Apresenta sulcos externos no sentido horizontal que o dividem em 2 sacos ruminais: dorsal e ventral que por sua vez são subdivididos por sulcos verticais. Estes sulcos projetam-se para o interior do rúmen formando os pilares (cristas musculares potentes) Os pilares ajudam na contração dos sacos e na passagem do alimento para os outros compartimentos . 51 52 Diagrama do rúmen Rúmen ocupa a maior parte da cavidade posterior do corpo do animal 53 Animais Fistulados no rúmen 54 Coleta de material ruminal 55 Papilas A superfície interna dos pré-estômagos de ruminantes funcionais é caracterizada macroscopicamente pela presença de numerosas papilas. Apresentam várias formas e tamanhos podendo atingir até 1,5 cm . Função é a superfície de absorção das paredes dos pré-estômagos (principalmente do rúmen). São mais longas e numerosas nos bovinos que nos pequenos ruminantes Não apresentam distribuição uniforme: Concentração na parede ventral do saco dorsal e fundo do saco ventral do rúmen (regiões de absorção de AGV’s). 56 “Configuração e tamanho da papila difere conforme localização” Região ventral do rúmen Região da entrada do rúmen Saco dorsal do rúmen Furlan et al. (2006) Papilas 57 Papilas A dieta fornecida define o número e o tamanho das papilas Dietas ricas em alimentos concentrados número e tamanho das papilas ( absorção de AGV´s produzidos pela fermentação). Dietas ricas em alimentos fibrosos número e tamanho das papilas. Processo adaptativo do rúmen (tipo, número, tamanho e distribuição das papilas) em consequência da nutrição requer um período de 3 semanas. 58 Papilas Superfície interna do rúmen 59 “Papilas ruminais bem desenvolvidas” 60 Retículo É o menor dos 4 compartimentos (em bovinos), com a maior parte a esquerda da cavidade abdominal. A abertura do esôfago no cárdia é comum ao retículo e ao rúmen. Possui livre intercâmbio com o rúmen, operando como uma unidade funcional conjugada (Rúmen-retículo). Parede interna pregueada semelhante a favos de mel, com fundo revestido por papilas queratinizadas. 61 “Corpos estranhos ingeridos pelo ruminante (arames, pregos e outros) ficam retidos nestas pregas e impedidos de passar para os demais compartimentos (pode ocorrer perfurações)” Superfície interna do retículo 62 Retículo Também contém uma densa população de microorganismos Apresenta o orifício retículo-omasal responsável pela seleção de partículas do alimento. Somente as partículas de menor tamanho (<2 mm para ovinos e < 4 mm para bovinos ) e maior densidade (> 1,2 g/ml) vão para o omaso. Apresenta o sulco esofágico ou reticular (goteira esofágica), que é um canal formado por pregas musculares que se inicia no orifício de entrada do rúmen (cárdia) e termina no orifício retículo-omasal. 63 Retículo Quando a goteira se fecha o líquido passa diretamente para o omaso e abomaso sem passar pelo rúmen. A formação da goteira esofágica é controlada por estimulação neural de sucção (mamada) e pelas proteínas do leite. Isso significa que o colostro, leite e sucedâneos do leite não passam pelo rúmen enquanto a água passa pelo rúmen. O local de digestão do leite é o abomaso (fermentação do leite no rúmen causa diarréia e desnutrição). 64 Retículo Leite fornecido pela mamadeira ou balde também estimula a formação da goteira esofágica. Com o aumento da idade os reflexos de fechamento da goteira se tornam mais fracos (mecanismo é eficiente até as 12 semanas de vida). Para formação eficiente da goteira esofágica, é necessário que o leite fornecido de forma artificial esteja entre 37ºC e 39°C e que, ao fornecer o leite em baldes respeite-se uma altura mínima de 30 cm do solo. 65 Goteira esofágica 66 Goteira esofágica 67 Goteira esofágica 68 Funções do rúmen-retículo Retenção de partículas longas da forragem para sofrerem ruminação. Fornecer ambiente favorável para sobrevivência das populações de microrganismos Absorção de AGV’s através da parede ruminal. Produção e expulsão de gases (principalmente CH4 e CO2). Reciclagem de N via saliva (Importante em dietas pobres em N). 69 Distribuição das partículas no rúmen-retículo Partículas fibrosas permanecem no rúmen de 20 a 48 horas 70 Motilidade ruminorreticular Importância dos movimentos do rúmen-retículo: Misturar conteúdo ruminal Fazer com que os produtos da fermentação (AGV e amônia) entrem em contato com o epitélio para absorção Saída do alimento pelo orifício retículo-omasal Regurgitação do alimento para ruminação e eructação dos gases da fermentação 71 Motilidade ruminorreticular 2 tipos de receptores sensoriais localizados na parede do rúmen atuam regulando a motilidade do órgão: Receptores de tensão Quimiorreceptores 72 Motilidade ruminorreticular Receptores de tensão: Localizados principalmente nos pilares monitoram o volume do rúmen ou sua distensão. Distensão moderada Motilidade e ruminação tamanho de partículas e Velocidade de passagem . Alimentos grosseiros (fibrosos) Distensão Motilidade Plantas suculentas, grãos ou forragem finamente cortada Distensão Motilidade 73 Motilidade ruminorreticular Quimiorreceptores: Monitoram o pH, a [ ] de AGV’s e a osmolalidade. [ ] de AGV’s pH Motilidade fermentação Quando pH é < 5,0 a motilidade é intensamente deprimida. Motilidade permite que a absorção de AGV’s supere a produção (mecanismo de proteção contra acidose) [ ] de AGV’s, eletrólitos da dieta e saliva osmolalidade Motilidade (menos importante que efeito no pH) 74 Omaso Localiza-se do lado direito do retículo-rúmen, apresentado um formato esférico (menor compartimento em ovinos e caprinos). Contêm em seu interior, muitas lâminas musculares, que se dispõe como folhas de um livro, contendo papilas, mais curtas e menos numerosa que as do rúmen. O material semi-líquido do retículo entra no omaso pelo orifício retículo-omasal. Contrações omasais freqüentes e fortes comprimem e trituram a digesta e de 60 a 70% da água é absorvida. O material de consistência mais sólida passa para o abomaso. 75 Funções: Absorção de água, de minerais, e AGV’s. tamanho de partículas alimentares. Omaso 76 Abomaso Corresponde ao estômago verdadeiro ou glandular (semelhante a monogástricos). Tem forma de um saco alongado localizando-se abaixo do omaso, do lado direito do rúmen. Possui uma mucosa mais úmida do que os outros pré- estômagos, com pregas longas e altas. 77 Abomaso 78 Abomaso Principais produtos secretados pelas glândulas do abomaso são: Enzimas (pepsinogênio, pepsina) Muco (proteção do epitélio e lubrificação do bolo alimentar) Hormônios (gastrina) Ácido clorídrico (pH varia de 1,5 a 3,0) Fator intrínseco (auxilia absorção de vit B12 no intestino) Quimosina (renina) Enzima específica para digestão do leite produzida em ruminantes jovens que coagula o colostro/leite, formando um coágulo de caseína e liberando o soro. Secreção total de suco gástrico: ovinos - 4 a 6 litros/dia e bovinos - 30 a 35 litros/dia. 79 Abomaso Funções : Secreção de enzimas digestivase ácidos fortes. Digestão de proteínas que escapam da fermentação ruminal Digestão de proteína bacteriana produzida no rúmen (de 0.5 a 2.5 kg por dia) liberando peptídeos. Esterilização do alimento. Formação do quimo (massa ácida branca e pastosa) 80 Intestino delgado Local onde ocorre a maior parte da digestão e absorção dos nutrientes. Localizado do lado direito na parte posterior do abdômen. Compreende os seguimentos: duodeno (porção ativa de digestão e absorção), jejuno (digestão e absorção) e íleo (absorção). Diferente entre as espécies, com relação ao tamanho e capacidade. 81 Intestino delgado Funções: Secreção de enzimas digestivas produzidas pelo intestino delgado, pâncreas e da bile produzida pelo fígado. Digestão enzimática de carboidratos, proteínas e lipídeos. Digestão enzimática, iniciada no abomaso é completada no intestino delgado com a participação das enzimas pancreáticas e de outras enzimas intestinais Absorção de água, minerais, vitaminas e produtos da digestão: glicose, aminoácidos e ácidos graxos. 82 Intestino grosso O intestino grosso compreende o ceco, cólon (ou colo) e reto Não apresenta vilosidades Apresenta população microbiana semelhante à do rúmen, mas bem menor em número. Fermentam os produtos da digestão não absorvidos produzindo ácidos graxos voláteis e proteínas microbianas. Vitaminas B e K também são sintetizadas neste órgão. Absorção de nutrientes produzidos no IG é bastante limitada. 83 Intestino grosso Funções: Absorção de água e eletrólitos. Formação das fezes Fermentação microbiana pós-gástrica (pouco significativa no ruminante) 84 Retículo Rúmen Abomaso Intestino Delgado Omaso Esôfago “Fluxo do alimento” 85 Desenvolvimento dos pré-estômagos Ao nascer, o único estômago que funciona nos ruminantes é o abomaso (dimensão 2x maior que dos outros 3 compartimentos juntos). Os pré-estômagos não apresentam microrganismos e as papilas são rudimentares. Nas primeiras semanas de vida, o animal recém-nascido comporta-se como um monogástrico. A dieta líquida passa para o abomaso, sem entrar no rúmen-retículo, através da goteira esofágica (mecanismo eficiente até os 3 mês de idade). Rúmen-retículo só se torna funcional aos 21 dias de idade, em média. 86 Diagrama do estômago de um bezerro recém-nascido 87 Desenvolvimento dos pré-estômagos Período de transição do estado pré-ruminante para ruminante vai da 3 a 8 semanas de vida. Os animais além de leite, começam a ingerir maiores quantidades de alimentos fibrosos, os quais são responsáveis pelo início das secreção salivar e desenvolvimento do rúmen-retículo. Acelera-se a colonização dos pré-estômagos por microrganismos, pelo contato da saliva, eructação, bolo ruminal e fezes de animais mais velhos dentre outros. Ocorre um rápido aumento no tamanho e capacidade dos pré-estômagos em relação as outras partes do aparelho digestivo. 88 Variação na capacidade dos compartimentos do estômago de bovinos (% do estômago total) com o avançar da idade Idade Rúmen-retículo Omaso-abomaso Nascimento 30 70 1 mês 34 66 2 meses 50 50 4 meses 84 16 Adulto 81/5 6-7/7-8 Lana, 2007 89 Desenvolvimento dos pré-estômagos 90 Desenvolvimento dos pré-estômagos Nutrição exerce efeito marcante sobre o desenvolvimento dos compartimentos dos estômagos, papilas e colonização microbiana Fornecimento exclusivo e abundante de leite por longo período atrasa o desenvolvimento dos pré-estômagos. Restrição de leite e administração de concentrados e volumosos acelera o desenvolvimento do rúmen. Concentrados: estimulam desenvolvimento das papilas Volumosos: estimulam expansão e desenvolvimento muscular Atuam de forma sinérgica 91 Rúmen 4 semanas: leite Rúmen 4 semanas: leite + feno 92 Rúmen 4 semanas: leite + feno+concentrado 93 Rúmen 4 semanas: leite + feno 94 Rúmen 4 semanas: leite + feno+concentrado 95 Rúmen 12 semanas: leite + feno Rúmen 12 semanas: leite + feno+concentrado 96 Rúmen 12 semanas: leite + feno Rúmen 12 semanas: leite + feno+concentrado 97 Limitando a dieta líquida, os bezerros começarão a ingerir forragens, (palatável) e alimento seco em torno dos 7 dias de idade. Fornecimento de concentrado na 1ª semana com ou sem forragem: o rúmen começará a crescer (desenvolvimento de papilas) e começará a funcionar como um animal adulto com 3 meses de idade. Desenvolvimento dos pré-estômagos 98 Ruminação Ato de remastigar o bolo alimentar. Exerce um efeito importante sobre a do tamanho de partículas do alimento e sobre o movimento do material sólido através do rúmen. Processo essencial para a extração fermentativa de energia a partir da fibra retida (expõe alimento a ação microbiana) É bem mais efetiva que a 1ª mastigação do alimento Tem início com a regurgitação do bolo alimentar obtida pela contração do retículo. Após a regurgitação, o bolo alimentar é novamente mastigo, insalivado e deglutido. 99 Ruminação O número e duração dos ciclos de ruminação dependem: Estrutura do alimento Alimentos fibrosos e fibra longa ruminação Alimentos concentrados ruminação Número de refeições ( Nº refeições ruminação) Quantidade alimento ingerido ( quantidade ruminação) 100 Ruminação Tempo diário gasto com ruminação é de 7-9 horas (pode variar de acordo com a dieta) Ocorre preferencialmente nos momentos de descanso. Animais adultos podem gastar de 35 a 80 minutos de ruminação/kg de volumoso consumido Observa-se maior frequência de ruminação no período noturno 101 Fim... 102
Compartilhar