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Linguagem e Comunicação Jurídica - DENÚNCIA

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INQUÉRITO POLICIAL E DENÚNCIA
Prof. Hélide Campos
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INQUÉRITO POLICIAL
O objetivo primordial do Inquérito Policial é reunir provas da materialidade e da autoria de determinado crime, que servirão de fundamento para o oferecimento da denúncia.
 O inquérito á uma peça informativa que vai auxiliar o promotor de justiça quando da denúncia. 
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1. É sigiloso - art. 20 do CPP, a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pela sociedade.
2. Oficialidade- realizado por órgão oficiais ( polícia civil e federal)
3. Autoridade - art.144 § 4º o inquérito é presidido pela autoridade policial (delegado). 
4. Tem conteúdo informativo - tem por finalidade fornecer ao MP e ao ofendido elementos para propositura da ação penal 
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IP 
1ª PARTE – PORTARIA
	Breve síntese do caso. Início do texto é redigido na 1ª. p do singular (EU). Ex.:
				Chegou ao meu conhecimento que, às 2h30min do dia...., de...., de 2012, na rua....., em frente ao número...., bairro...., FULANO DE TAL foi alvejado por sete disparos de arma de fogo, que lhe causaram lesões, fatos estes narrados no Boletim de Ocorrência nº...., desta unidade.
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				Após diligências, foi esclarecida a autoria do delito....... A seguir, as providências que foram tomadas:
				a) juntada do BO que narra o fato;
				b) juntada das declarações de FULANA, de FULANO e de .....;
				c) juntada do ofício .....
				
				Sorocaba, ...
				______________
				Delegado de Polícia
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	Ofício nº..../12
				Sorocaba, .......
	Meritíssimo Juiz
	Foi registrado no dia... um B.O. que noticiava o crime de....., perpetrado contra a vítima....., que foi alvejado por disparos de arma de fogo... Em diligências, policiais civis localizaram sua namorada, ......., que foi ouvida...
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e relatou que, um pouco antes dos disparos acontecerem, a vítima escutou gritos: “Seu fdp, você vai morrer hoje”...
	Além disso, houve .....
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					Em razão do narrado é que represento pela decretação da Prisão Temporária por 30 dias de FULANO.... para prosseguimento das diligências e posterior encaminhamento do Inquérito Policial à Justiça.
					Na oportunidade, renovo meus protestos de elevada estima e distinta consideração.
					_____________
					Delegado de Polícia
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A linguagem do inquérito é detalhada, quanto mais detalhes houver, melhor será para o oferecimento da denúncia.
Tudo deve ser relatado, assim como, todas as provas colhidas deverão ser apresentadas.
Trata-se de um texto predominantemente narrativo e descritivo.
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DENÚNCIA
Peça acusatória iniciadora da ação penal, consistente em uma exposição por escrito de fatos que constituem, em tese, ilícito penal, com a manifestação expressa da vontade de que se aplique a lei penal a quem é presumivelmente seu autor e a indicação das provas em que se alicerça a pretensão punitiva. 
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CONCEITO
A denúncia é a peça acusatória inaugural da ação penal pública (CPP, art. 24).
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Art. 41. A denúncia conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e o rol das testemunhas.
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Esse é o ato processual por meio do qual o Representante do Ministério Público leva ao conhecimento do Juiz, respaldado em provas colhidas no inquérito policial ou em outras peças de informação, a notícia de uma infração penal, diz quem a cometeu e pede seja instaurado o respectivo processo em relação a ele. (TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 104)
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REQUISITOS DA DENÚNCIA
Endereçamento: a denominação do juiz a quem é dirigida. O endereçamento equivocado caracteriza mera irregularidade, sanável com a remessa dos autos ao juiz competente. (ART.41 – CP)
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Qualificação do denunciado: 
 	Deve ser qualificado, sempre que possível, quanto aos seus apelidos, nacionalidade, estado civil, ocupação profissional, naturalidade, idade e filiação, indicando-se seu domicílio, residência, local de trabalho e onde poderá ser localizado para tomar ciência pessoal dos atos do processo. 
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Se estiver preso, indicar, ainda, o estabelecimento onde se encontra recolhido. Não havendo dados para a qualificação do acusado, a denúncia deverá fornecer seus dados físicos (traços característicos), desde que possível.
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Descrição completa dos fatos em todas as circunstâncias: no processo penal, o réu defende-se dos fatos a ele imputados, sendo irrelevante a classificação jurídica destes. O que limita a sentença são os fatos; sua narração incompleta acarreta a nulidade da denúncia, se a deficiência inviabilizar o exercício do direito de defesa. 
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Na narrativa deve revelar o fato com todas as suas circunstâncias, apontando o seu autor, os meios que empregou, o mal que produziu, os motivos, a maneira como praticou, o lugar e o tempo. Sempre que possível, deve mencionar, ainda que aproximadamente, a data (hora, dia, mês e ano) e o lugar em que o fato delituoso foi praticado, circunstâncias relevantes para a fixação da competência do Juízo, da prescrição e da decadência.
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Deve, ainda, necessariamente, constar o nome do ofendido na exposição do fato feito na denúncia. Se houver mais de um, todos os nomes deverão ser mencionados.
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EXEMPLO
EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA 3ª.VARA CRIMINAL DESTA COMARCA
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				O Ministério Público do Estado de S.P, por meio de seu Promotor de Justiça, com base nos autos do inquérito policial n.º 1999.0002724-8, ora inclusos, vem oferecer, nos termos do artigo 41 do Código de Processo Penal, DENÚNCIA em face de LAURI MIGUEL PAZ, brasileiro, casado, motorista, com 34 anos de idade à época dos fatos, natural de Sorocaba, filho de João de Souza Paz e Maria da Luz Paz, residente e domiciliado na Rua Capitão Barcimio Sicupira, nº 30, Vila Sandra, paradeiro não sabido, por conta da seguinte situação fática.
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					Consta do incluso inquérito policial que, no dia 29 de janeiro do ano de 2002, por volta das 22h30min, dentro da residência localizada na Rua Capitão Barcimio Sucupira, nº 30, Vila Sandra, nesta cidade, o denunciado, agindo com vontade livre e consciente de matar a vítima, JOÃO MENDES DA SILVA, e, valendo-se de arma de fogo, efetuou disparo contra o ofendido, acertando-o na região ....., produzindo-lhe as lesões descritas no laudo de necropsia de fls. 21/23, as quais foram a causa de sua morte.
					O denunciado agiu por motivação torpe, qual seja, por mera suspeita de que a vítima estaria tendo um relacionamento íntimo com a sua esposa.
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						Desta forma, incidiu o denunciado, nas disposições do artigo 121, § 2º, inciso I (motivo torpe), do Código Penal, motivo pelo qual se oferece a presente denúncia, que se espera seja recebida e autuada, juntamente com as peças anexas, citando-se a pessoa denunciada para defender-se, sob pena de revelia, e a participar dos demais atos processuais (artigo 394 e seguintes do Código de Processo Penal), ouvindo-se oportunamente as testemunhas adiante arroladas, sendo que, havendo provas, pede-se a pronúncia do denunciado, com submissão oportuna a julgamento pelo Egrégio Tribunal do Júri.
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				Nesses termos,
			 Pede deferimento
				Sorocaba,....
				xxxxxxxxxxxxx
				Promotor de Justiça

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