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Linguagem e Comunicação Jurídica - Petição - Teoria

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PETIÇÃO INICIAL - TEORIA
PROF. HÉLIDE CAMPOS
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PETIÇÃO INICIAL
	É o ato introdutório do processo. Por meio dela, inicia-se um processo civil. Processo deriva do latim, procedere, significando caminhar para frente.
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PARTES DA INICIAL
Os requisitos que o advogado deve observar ao redigir uma Inicial estão dispostos no artigo 282 do CPC . São eles: 
O juiz a quem é dirigida.
Os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu.
A narrativa dos fatos.
Fundamentos jurídicos do pedido.
O pedido e suas especificações.
O valor da causa.
As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade do alegado.
O requerimento para a citação do réu.
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COMENTÁRIOS
FATOS - Fato, do latim, factu, significa coisa ou ação feita; Aquilo que realmente existe, que é real. Assim, deve-se, nesse item, descrever as ocorrências havidas e que terão relevância para o exame da questão. Em outras palavras, construir uma narrativa é mostrar no texto a ação de um personagem que opera uma transformação em seu meio.
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	Quem narra uma petição deve, primeiramente, selecionar os fatos a serem narrados, para isso, deve-se observar a seguinte ordem:
Os fatos que são juridicamente relevantes.
Os fatos que contribuem para a compreensão dos juridicamente relevantes.
Os fatos que contribuem para a ênfase de outros mais importantes.
Os fatos que satisfazem a curiosidade do leitor ou lhe despertam interesse na leitura.
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I. Os fatos juridicamente relevantes são aqueles que importam diretamente para a aplicação da norma jurídica. São, portanto, os fatos mais importantes a serem narrados numa petição. 
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II. Os fatos que contribuem para a compreensão dos juridicamente relevantes funcionam como modo de que o leitor compreenda o contexto das ocorrências, seu desenrolar.Vamos supor que alguém tentasse explicar a um estrangeiro um evento extremamente importante na História do Brasil: a abolição da escravatura. O fato juridicamente relevante, no caso, seria a assinatura da Lei Áurea, pela Princesa Isabel, mas isso, com certeza, não bastaria para que o receptor viesse a compreender todo o processo. 
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Seria necessário expor a ele, por mais resumida que fosse a narrativa, outros fatores como: a forma como os escravos eram tratados, para que seus serviços eram utilizados, os movimentos e as forças abolicionistas, as pressões que sofreu a Princesa, culminando com a assinatura da Lei. No texto jurídico, ocorre da mesma maneira. O fato juridicamente relevante não é auto explicável, para ser compreendido, ele necessita de outros fatos capazes de situar o leitor no contexto que está sendo tratado.
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Para isso, o autor do texto narrativo deverá, sempre, procurar fazer com que seu texto tenha as respostas para estas sete questões:
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1. O quê: o fato, a ação; 2. Quem: os personagens (autor e réu); 3. Como: o modo como se desenrolou o fato; 4. Quando: o momento ou a época em que ocorreu o fato; 5. Onde: lugar da ocorrência; 6. Por quê: o motivo do fato; 7. Por isso: resultado ou consequência.
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III. Existem, também, os fatos que colaboram para a ênfase de outros e os que servem para satisfazer a curiosidade do leitor (4º item). Um texto prende a atenção do leitor quando neste faz criar uma expectativa pelo desfecho. Essa expectativa nasce de um conflito, um embate que é exposto ao leitor e que se resolve de maneira satisfatória ou infeliz.
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“Por trás de toda linguagem subjaz uma ideologia”[1]. Embora o principal objetivo da narrativa dos fatos seja informar ao leitor as ocorrências, o advogado mais atento aproveita-se da narrativa para, sem se desviar da verdade, iniciar a exposição de seu ponto de vista, no intuito de persuadir o leitor.
 [1] KOCK, Ingedore. Argumentação e Linguagem. São Paulo: Cortez, 1996.
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FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Direito pode ser entendido como: aquilo que é justo, reto e conforme à lei, além de outras definições. 
Nesta parte, deve-se fundamentar juridicamente aquilo que se irá pleitear, ou seja, o reflexo que os fatos narrados têm na órbita do Direito.
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REQUERIMENTO – Neste item, há dois requisitos exigidos pelo artigo 282 do CPC: o requerimento para a citação do réu e o pedido com suas especificações.
Observe o exemplo:
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Diante do exposto, com fundamento nos artigos ... e..., da Lei....., requer que V. Exª. digne-se mandar citar o Requerido acima qualificado para, querendo, contestar a presente, sob pena de revelia e confissão, para, ao final, seja decretado o despejo, com a condenação nas custas e honorários advocatícios e demais combinações legais.

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