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IED e História do Direito - CONTEÚDO - História do Direito - 2º Semestre

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HISTÓRIA DO DIREITO
1ª AULA – 2º semestre
O renascimento medieval
REVISÃO DO 1º SEMESTRE: As 3 grandes fontes formadoras da nossa civilização, da nossa cultura, e portanto também do nosso Direito: 
Tradição bíblica-hebraica (os principais valores morais);
Filosofia Grega (reflexões sobre a Justiça, o Direito e a Lei);
Direito Romano (elaboração e consolidação dos principais institutos jurídicos).
Estas 3 fontes serão recolhidas e processadas pelo Cristianismo, que moldará toda a nossa civilização. Nesta 1ª aula veremos o período que vai da queda de Roma (séc. V) até a Querela das Investiduras (séc. XI), e na próxima aula estudaremos a tese do Berman sobre o evento determinante da formação da tradição jurídica ocidental. Trata-se de período histórico pouco estudado (ao menos no Brasil) e apresentado de forma quase caricatural (“bárbaros”, “idade das trevas”). Eventos históricos mais relevantes sobre o surgimento do Cristianismo, seu desenvolvimento até a queda de Roma e suas relações com os povos “bárbaros” até a Querela das Investiduras.
Surgimento da Igreja na Palestina (30/40 d.C.)
Difusão do Cristianismo entre os “gentios” – São Paulo
Roma invade Jerusalém, destrói o templo e expulsa os judeus (70 d.C.)
Dispersão dos judeus (e também dos cristãos)
Perseguições
Edito de Milão, 313 d.C. – Fim das perseguições, Constantino dá liberdade de culto aos cristãos e, no fim do século, Teodósio confirma o Cristianismo como religião oficial de Roma
Divisão do Império: Ocidente latino e Oriente bizantino (Constantinopla)
Queda de Roma (476 d.C.) – Desintegração do Império Latino
Invasões “bárbaras”: fusão da cultura greco-romana com o mundo “bárbaro”.
Os Padres latinos e gregos: Sto. Agostinho, Sto. Ambrósio, São Jerônimo, São Basílio, São João Crisóstomo, São Gregório de Nazianzo, São Gregório de Nissa. Os Concílios da Igreja.
Cristianização dos invasores. São Bento e o monaquismo ocidental.
Carlos Magno e o Sacro Império Romano-Germânico (800 d.C.). A Igreja e a unificação do poder temporal.
Conquistas materiais e militares até o séc. XI. Cessam as invasões e conclui-se a conversão dos “bárbaros” (Rei Estevão, húngaros).
O cisma do oriente (1.054 d.C.): a Igreja Ortodoxa.
As cruzadas (fim do séc. XI).
A Escolástica e a fundação das universidades (séc. XII).
O Decreto de Graciano (1.140 d.C.): base do ensino do Direito Canônico e do Direito Civil (processo, culpa, contratos, família, casamento, pessoa jurídica, etc); compilação dos Padres latinos e dos concílios. 
A Querela das Investiduras (1.075 d.C.) e as 2 jurisdições
HISTÓRIA DO DIREITO
2ª AULA – 2º semestre
 A FORMAÇÃO DA TRADIÇÃO
 JURÍDICA OCIDENTAL
“DIREITO E REVOLUÇÃO – A FORMAÇÃO DA TRADIÇÃO JURÍDICA OCIDENTAL” – HAROLD J. BERMAN
O autor sustenta uma tese – a Revolução Papal dos séculos XI e XII originou uma Tradição Jurídica – e procura apresentar as origens desta revolução e o que ela gerou.
Como o Ocidente saiu da desintegração oriunda da queda de Roma, e chegou ao florescimento iniciado nos séculos XI e XII (Direito Canônico, Cruzadas, Universidades).
A partir da revolução Papal, o Ocidente experimenta um renascimento que vai gerar a nossa civilização e, portanto, influenciar de maneira decisiva o Direito moderno.
	Para o autor, não é possível estudar e entender a importância destes últimos 10 séculos de história com a visão estreita do Direito como simples “conjunto de regras”, pois isto impede que se veja uma coesão orgânica na civilização que se formou. Para uma compreensão profunda e abrangente, o autor propõe uma visão que abrace as 3 escolas mais representativas: do Direito Natural, do Positivismo e a Escola Histórica (análise econômica do Direito). (p. 8, in fine, 9, 14 in fine, 15).
Revolução Papal: a Igreja declarou a sua liberdade do controle secular, a sua jurisdição exclusiva em certas matérias (dimensão espiritual da vida, organização interna da Igreja) e concorrente em outras (casamento, família, sucessão, etc).
	A partir de então (fim do séc. XI, início do séc. XII), as instituições jurídicas no Ocidente desenvolveram-se continuamente através das gerações e dos séculos, e cada uma delas construiu conscientemente sobre o trabalho da anterior, numa sucessão orgânica. Mesmo as grandes revoluções – protestante, inglesa, americana, francesa, russa – terminaram por fazer as pazes com a tradição jurídica que alguns de seus líderes pretenderam destruir. (p. 15/16)
Principais características da Tradição Jurídica Ocidental (p. 18 e ss):
Distinção entre instituições jurídicas e outros tipos de instituições;
Aplicação do Direito no ocidente é privilégio de pessoas especializadas;
Profissionais do Direito recebem treinamento especial de nível superior
4) O Direito contém em si, além da ciência jurídica, uma metaciência, por meio da qual pode ser analisado e avaliado.
	Estas 4 primeiras características são compartilhadas com a tradição do Direito Romano, mas não estão presentes em outras culturas jurídicas modernas, nem nos sistemas jurídicos dos povos germânicos que se fixaram no ocidente até o séc. XI.
5) O Direito é concebido para ser um todo coerente, um corpo, corpus juris.
6) Este “corpo jurídico” carrega a idéia de mudança orgânica, de “evolução”, de capacidade de crescer com o tempo.
7) O Direito no ocidente tem uma história, como um processo de desenvolvimento que reflete uma necessidade intrínseca para atender às exigências do presente e do futuro.
8) O Direito é superior às autoridades políticas; a autoridade pode fazer a lei, mas não de forma arbitrária, e até que ele a refizesse legalmente, estava adstrito por ela.
9) O Direito ocidental contempla várias jurisdições incidindo sobre a mesma comunidade, característica que originou-se da distinção entre o que é política eclesiástica e o que é(são) política(s) secular(es).
10) Há uma tensão entre os ideais e a realidade, o que levou a mudanças revolucionárias periódicas dos sistemas. Apesar disso, a tradição sobreviveu.
HISTÓRIA DO DIREITO
3ª AULA – 2º semestre
 A ERA DO JUS COMMUNE
São Tomás de Aquino (1225/1274) e o Tratado das Leis: a experiência medieval e sua influência sobre a tradição ocidental.
O século XIII representa o apogeu do período medieval, com a consolidação das mudanças operadas lentamente por longo período;
Invasões “bárbaras” já cessaram; progresso material e início de retomada de territórios (Península Ibérica) e expansão (Cruzadas);
Fundação das Universidades; Escolástica; retomada do Direito Romano e da filosofia clássica grega, especialmente Aristóteles, por meio dos árabes;
Consolidação do Direito Canônico: o Decreto de Graciano (1.140 d.C.), base do ensino do Direito Canônico e do Direito Civil (processo, culpa, contratos, família, casamento, pessoa jurídica, etc); compilação dos Padres latinos e dos concílios. 
O Direito ocidental já contempla várias jurisdições incidindo sobre a mesma comunidade, característica que originou-se da Revolução Papal (Berman), com a distinção entre o que é política eclesiástica e o que é(são) política(s) secular(es).
A SUMA TEOLÓGICA DE SÃO TOMÁS DE AQUINO
Dividida em 3 partes (Deus, a criação e o movimento das criaturas para Deus), é um “resumo” de teologia cristã (reflexão sobre a doutrina) que se serve da filosofia (amor à sabedoria), especialmente da metafísica para alcançar a verdade. O pensamento de São Tomás utiliza a razão humana para procurar conhecer as coisas que existem, que têm o ser e que se mostram aos nossos sentidos e ao nosso intelecto.
Assim, quando trata das criaturas (segunda parte) reflete sobre a Justiça, o Direito e mais especificamente sobre a Lei. Estas reflexões terão profunda influência na posteridade, e o seu pensamento perdura até hoje, notadamente como fundamento da chamada “Escola do Direito Natural”.
São Tomás foi dominicano, estudou na Universidade de Paris e lá também lecionou.
Estrutura básica da Suma Teológica
A obra está dividida em partes e estas em questões, que são tópicos em que se subdividem os temas, são perguntasgerais sobre o assunto abordado.
As questões se subdividem em artigos, que são elaborados na forma de perguntas mais específicas sobre o assunto. A estrutura básica do artigo compreende:
Afirmação, que será confrontada;
Sentenças (argumentos) a favor da afirmação inicial;
Opinião em sentido contrário;
Resposta de São Tomás;
Por fim, as respostas de São Tomás a cada um dos argumentos que sustentam a afirmação inicial.
SEGUNDA PARTE DA SUMA TEOLÓGICA:
I-II Os atos humanos considerados em geral;
II-II Os atos humanos considerados em particular.
(I-II): I- Os atos humanos em si mesmos (voluntário, involuntário, circunstâncias, vontade, intenção, etc). Q. 6/48;
 II- Os princípios dos atos humanos. Q. 49/114
- a) Os princípios intrínsecos dos atos humanos (hábitos, virtudes, vícios). Q. 48/89;
b) Os princípios extrínsecos dos atos humanos. Q. 90/114;
	Nesse ponto é que se insere a discussão acerca da Lei, tratada nas questões 90/108.
DA LEI – QUESTÕES 90/108
I – A lei em si mesma, em geral:
A essência da lei – q. 90;
A diversidade das leis – q. 91;
Os efeitos da lei – q. 92.
II – As partes da lei, ou as diversas leis:
A lei eterna – q. 93;
A lei natural – q. 94;
A lei humana – q. 95/97;
A lei antiga – q. 98/105;
A lei nova – q. 106/108.
Questão 90: Da essência da lei.
Artigo 1: se a lei é algo da razão;
Artigo 2: qual é o fim da lei;
Artigo 3: qual é a causa da lei;
Artigo 4: da promulgação da lei.
(As 4 causas: 1- causa material, a razão; 2- causa eficiente, a autoridade; 3- causa final, o bem comum; 4- causa formal, a promulgação)
Questão 94: Da lei natural
Artigo 1: o que é a lei natural;
Artigo 2: quais são os preceitos da lei natural;
Artigo 3: se todos os atos das virtudes são da lei natural;
Artigo 4: se a lei natural é uma só para todos;
Artigo 5: se a lei natural é mutável;
Artigo 6: se a lei natural pode ser apagada da mente humana.
HISTÓRIA DO DIREITO - 3ª AULA – 2º semestre 
 Transição do mundo feudal para o mundo moderno.
As novas questões postas à consideração dos juristas. 
	A transição do apogeu medieval (Universidades, Escolástica, Ecoúmene cristã latina, consolidação das 2 jurisdições, o jus commune, o Direito Canônico) para a época moderna.
Os nominalistas (Guilherme de Ockham e Duns Scotus) e sua influência no Direito; 
O primeiro humanismo europeu (fim do séc. XIII ao séc. XV): Dante (1265/1321), Giotto (1266/1337), Petrarca (1304/1374), Boccaccio (1313/1375);
Comentadores ou pós-glosadores no Direito; a Guerra dos cem anos (1337/1435) e a consolidação das monarquias nacionais;
Decadência da Igreja como “mestra” e símbolo de unidade (o exílio dos Papas em Avinhão, 1316/1378);
Incremento do comércio e tragédia demográfica (Peste Negra, 1348/1349)
O Direito das Gentes (Direito Internacional): a escola de Salamanca (Espanha) e a “Segunda Escolástica”. Francisco de Vitória (1493-1546), Francisco Suárez (1548-1617), Luis de Molina (1535/1600).
A Reconquista: Fernando e Isabel. Longo processo de retomada da península ibérica aos muçulmanos, culminando em 1492 com a expulsão definitiva e a consolidação do Estado. 
Descoberta da América (1492): o problema da relação com o universo indígena nas Américas. Conquistadores e a relação com os povos indígenas: os direitos naturais dos índios (liberdade, propriedade) e a questão da guerra (súditos ou nação soberana). O Brasil colônia e a questão indígena; os Jesuítas, Padre Vieira, as Missões.
Bartolomeu de las Casas (1484/1566), primeiro comerciante e depois frade dominicano, bispo de Chiapas (México): tratado “Destruição das Índias”, direito à autodeterminação dos povos indígenas.
Francisco de Vitória e a liberdade natural dos índios: o conceito de nação independente e a “guerra justa”. Ler p. 166/168, de “O Direito na História”. 
A Reforma protestante (início do séc. XVI): fim do “mundo cristão latino”, da “cristandade ocidental”, da “ecoúmene cristã”. Lutero, Calvino, Henrique VIII. O fim da cristandade e as guerras de religião; a pluralidade e a tolerância e os Estados nacionais. A consolidação do poder régio e soberano: não mais apenas superioridade, mas exclusividade do poder político.
Os primórdios da ciência moderna : Francis Bacon (1561/1626), Galileu (1564/1642), Descartes (1596/1650), Newton (1642/1727). 
	René Descartes e a filosofia moderna: todo conhecimento tem início no “eu pensante”, na subjetividade. O mundo exterior é uma idéia na mente do sujeito que o conhece. 
	O racionalismo cartesiano: conhecimento = certeza racional. Para se chegar a esta certeza, é necessário um novo método: “Discurso do método”. 
	As “Meditações metafísicas” e a dúvida metódica: a Metafísica aristotélica e a de Descartes. O processo da dúvida termina: não pode duvidar que duvida; se duvida, pensa; se pensa, existe. COGITO, ERGO SUM. 
O Jusnaturalismo moderno: Hugo Grócio (1583/1645), Thomas Hobbes (1588/1679), John Locke (1632/1704), Samuel Pufendorf (1632/1694). 
Temas que dominam o debate jurídico no início da modernidade: desenvolvimento capitalista do mercado, fim da cristandade, conquista da América, afirmação do Estado Nacional. Ainda tomando por base o Direito Natural, as novas teorias políticas e jurídicas vão abordar a relação entre soberano e súditos, a liberdade (individual, religiosa, de consciência, de trocas comerciais) e a propriedade. 
Período de transição entre o jus commune (jusnaturalismo com aproveitamento do Direito Romano) e o Direito Nacional e a doutrina jurídica “científica”.
Diferença com o mundo clássico: jusnaturalismo moderno despreza o conhecimento dos fins e privilegia o dos meios; é um racionalismo individualista, que preza a subjetividade e a instrumentalidade; razão estratégica em vez da razão prática dos clássicos. 
O novo direito será contratualista, pois os homens não têm interesses convergentes, mas opostos, são egoístas e inimigos. O tema central não é mais a Justiça, mas a Paz.
Samuel Pufendorf (1632/1694)
Dos deveres do homem e do cidadão de acordo com a Lei Natural.
Mais influente autor do Direito Natural moderno;
Luterano, foi professor de Direito Natural em Heidelberg, e assessor do Reino da Suécia;
Simboliza o deslocamento do debate jurídico do Mediterrâneo para o norte europeu.
Questões:
Quais as fontes que o autor cita como reguladoras da conduta humana ? Explique.
Como o autor distingue o Direito Natural da Teologia Moral ? Qual o alcance do Direito Natural ?
Segundo o autor, qual o conceito de Lei ? E de obrigação ?
O que é a Justiça para o autor ?
Qual o preceito fundamental da Lei Natural ?
HISTÓRIA DO DIREITO - 4ª AULA – 2º semestre 
 O Antigo Regime
Expressão refere-se ao período anterior à Revolução Francesa de 1789, e designa a consolidação do Estado Nacional sob a Monarquia.
Sociedade dividida em estamentos (status, posição social) > direitos e deveres relacionados ao grupo social (nobre, plebeu, clero, livre, escravo, etc), que pode decorrer tanto do nascimento (nobre ou plebeu), quanto de aquisição (doutor em leis ou cânones, bispo).
No topo do poder civil está o monarca que pode quase tudo, mas não pode alterar o que é de Direito Natural, nem o que decorre de costumes arraigados, nem as regras sobre sua própria sucessão. Também não pode dispor livremente sobre o patrimônio da coroa.
Fontes do direito > romano, canônico, costumes e incremento da atividade legislativa do monarca. E a jurisprudência ?
O Estado é uno mas com funções distintas exercidas por órgãos delegados do monarca > governo, justiça, guerra, tributos.
Crescente autonomia da Justiça > regramento minucioso dos processos, das garantias, dos cargos. Grupo privilegiado dos que exercem funções na área. Características mais marcantes da organização judiciária:
A- tendência à centralização: Justiça “centralizada” e sistema recursal indicam hierarquização; função jurisdicional consolida-se antes da legislativa, e é o modo mais evidente de afirmação do poder do soberano;
B- especialização: juízes são na maioria “profissionais”, e o procedimentoé cada vez mais escrito, o que exige especialistas em redação (advogados, tabeliães, inquiridores);
C- diminuição da participação popular e leiga: especialização afasta os não letrados, assim como a formalização processual e a racionalização das provas exige especialistas;
D- controle estatal monárquico: cortes específicas (clericais, senhoriais, corporativas) perdem autonomia e tornam-se instâncias inferiores de outras cortes.
Soberano passa a disciplinar de forma mais incisiva os aspectos “políticos” da vida da nação (economia, comércio, pesos e medidas) e a administrar mais de perto estes setores. No campo do direito privado (propriedade, família, sucessões), contudo, sua autonomia é mais restrita.
Não há o decantado “despotismo”, apesar do regime absolutista; Estado não tem meios para tanto e a cultura jurídica impõe freios.
Escolas de pensamento jurídico > Jusnaturalismo moderno, ao lado dos doutores em Direito Romano e Canônico, nos costumes e na legislação régia. Trabalho tendente a ordenar de forma organizada as fontes do Direito, em busca de certeza e previsibilidade, que vai desembocar na codificação do século XIX. 
HISTÓRIA DO DIREITO - 5ª AULA – 2º semestre 
 O Direito no Brasil colônia – as Ordenações do Reino.
BRASIL COLÔNIA (ATÉ INDEPENDÊNCIA)
Ordenações ainda não configuram uma codificação do Direito, nem mesmo uma sistematização; são uma simples compilação do Direito vigente.
ORDENAÇÕES DO REINO:
> ORDENAÇÕES AFONSINAS (1446)
> ORDENAÇÕES MANUELINAS (1521)
> ORDENAÇÕES FILIPINAS (1603) > FELIPE II, ÉPOCA DO DOMÍNIO ESPANHOL SOBRE PORTUGAL. 5 LIVROS:
	1) OFICIAIS DO REI;
	2) ESTAMENTOS PRIVILEGIADOS (NOBREZA E CLERO), FONTES DO DIREITO, JURISDIÇÃO;
	3)PROCESSO;
	4) CONTRATOS;
	5) CRIMES E PROCESSO PENAL.
FONTES: AS PRÓPRIAS ORDENAÇÕES CITAM AS LEIS, A JURISPRUDÊNCIA E OS COSTUMES. TAMBÉM O DIREITO CANÔNICO (QUANDO ERA MATÉRIA DE PECADO), E O DIREITO ROMANO. ALÉM DISSO, NAS LACUNAS, AS OPINIÕES DOS COMENTADORES (ACURSIO, BÁRTOLO).
NO BRASIL PREPONDEROU O COSTUME COMO FONTE PRINCIPAL. ALÉM DISSO, FONTES ESPECIAIS, COMO OS FORAIS, REGIMENTOS, ALVARÁS, AVISOS, VALERAM APENAS PARA O BRASIL. 
TRANSFERÊNCIA DA CORTE (1808) E REINO UNIDO (1815) INICIARAM AS TRANSFORMAÇÕES, QUE SE PROLONGARAM NO IMPÉRIO.
ORDENAÇÕES FORAM SENDO REVOGADAS AOS POUCOS:
	- LIVROS I E II > REVOLUÇÃO DO PORTO (1820) E INDEPENDÊNCIA (1822)
	- LIVRO V > CÓDIGO CRIMINAL DO IMPÉRIO (1830)
	- LIVRO III > REGULAMENTO 737 (1850)
	- LIVRO IV > O QUE TEVE VIDA MAIS LONGA, MAS EM PARTE FOI REVOGADO PELO CÓDIGO COMERCIAL (1850).
HISTÓRIA DO DIREITO - 6ª AULA – 2º semestre 
 A CODIFICAÇÃO
Mudança do Estado jurisdicional para o Estado legislador: a função mais elevada da autoridade (soberano) era arbitrar os conflitos, fazer justiça; aos poucos, soberania implica cada vez mais a capacidade de legislar.
Inicialmente, legislação tem por objeto temas mais próprios do soberano (governo, administração, justiça, processo, mercados), ficando a matéria relativa à vida privada (contratos, propriedade, sucessão) relegada a menor interferência da autoridade.
Idéias que sustentaram a corrente codificadora: deve haver uma ordem racional, emanada da autoridade (o Legislador); o Iluminismo confere sustentação para a busca desta ordem racional; a consolidação do Estado nacional implica a elaboração de um direito válido para determinado território.
As diversas revoluções dos séculos XVII e XVIII, coroadas pela Revolução Francesa, preparam o caminho para a codificação oriunda do Estado Legislador, expressão da vontade reguladora do soberano.
Constitucionalismo: em paralelo com a codificação. De um lado organização do Estado moderno e garantias dos cidadãos frente ao Estado. De outro lado, sistematização das regras de convivência entre os particulares.
O Código Napoleônico foi outorgado por Napoleão e entrou em vigor em 21 de março de 1804. 
O Código Napoleônico não foi o primeiro código a ser estabelecido numa nação européia, tendo sido precedido por outros (Código da Baviera de 1756, da Prússia de 1792). Embora não tenha sido o primeiro, é o que obteve maior repercussão e influenciou os sistemas legais de diversos outros países, tanto na Europa quanto na América (Quebec, Luisiânia, Argentina, Paraguai, México, etc.). 
O Código Napoleônico estrutura-se da seguinte forma: 
Título Preliminar: Da publicação, dos efeitos e da aplicação das leis em geral (artigos 1 a 6)
	Vigência, irretroatividade, aplicação.
Livro Primeiro: Das pessoas (artigos 7 a 515)
	Inclui casamento, divórcio, pátrio poder, adoção, etc. 
Livro Segundo: Dos bens e das diferentes modificações da propriedade (artigos 516 a 710)
	Móveis e imóveis, propriedade, usufruto, uso, habitação, servidões. 
Livro Terceiro: Dos diferentes modos de adquirir a propriedade (artigos 711 a 2302)
	Sucessão, herança, partilha, doação, obrigações e contratos, garantias, hipoteca, registros, desapropriação, prescrição. 
“Discurso preliminar ao primeiro projeto de Código Civil” – Portalis 
Presidiu a comissão que deu a forma final ao código; advogado de família burguesa.
Responder às questões formuladas na p. 217, e em grupo responder as seguintes questões:
- Como Portalis diferencia a matéria civil da matéria criminal ?
- Segundo Portalis, a quem cabe dirigir a aplicação das leis ? Explique.
- Sobre o tema da codificação, qual a posição de Portalis ? 
Leitura complementar: 
> “Código Napoleão ou Código Civil dos franceses”, Souza Diniz, Record. Texto integral do Código de 1804 e alterações posteriores.
“O positivismo jurídico”, Norberto Bobbio, capítulo III (O Código de Napoleão e as origens do positivismo jurídico na França, p. 63/89).
“Código Napoleão”, Caio Mario da Silva Pereira, RT, v. 835, p. 757/765.
HISTÓRIA DO DIREITO - 7ª AULA – 2º semestre 
 A CIÊNCIA DO DIREITO
A partir do século XIX, consolida-se a idéia de que a legislação é a tarefa mais importante do Estado, tanto nas monarquias absolutas quanto nas constitucionais.
O Estado passa a centralizar a produção legislativa: idéia de legislador uno capaz de impor ordem, hierarquia e sistematicidade ao Direito.
Oposição frontal à matriz jurídica do jus commune, fundada na tradição e nos costumes.
O período é de desmembramento da ética, com o desenvolvimento da economia, da sociologia e da ciência política como disciplinas autônomas. 
Auguste Comte (1798/1857) e o positivismo: sociedade deve ser estudada a partir das suas leis evolutivas (positivamente), e não a partir do ideal de sociedade justa (prescritivamente).
Predomínio do legislador uno (Estado) coloca nova questão: como conter poder arbitrário do legislador ? Duas alternativas: supernorma (Constituição) e “Ciência do Direito”.
Debates da “ciência jurídica” neste contexto do século XIX: a França e a “Escola da Exegese”. Principal tarefa do jurista é a interpretação dos códigos elaborados pelo Estado legislador.
A Alemanha, em razão de circunstâncias históricas peculiares, tomou outro rumo. Apenas em 1871, após a guerra franco-prussiana (1870/1871), a Alemanha reuniu as condições indispensáveis para promover sua unificação como Estado nacional: unidade territorial, poder político hegemônico e sentimento nacional.
Até então, a Alemanha formou uma confederação dirigida pelos reinos mais poderosos (Prússia e Áustria). Otto von Bismarck (1815/1898) liderou a consolidação da hegemonia prussiana frente a Áustria.
Friedrich Karl von Savigny (1779/1861) e Rudolf von Jhering (1818/1892): recuperação do Direito Romano como uma ferramenta da ciência jurídica. Pandectística alemã: devotados aos textos do Digesto (Pandectas).
Savigny: maior representante da Escola Histórica, que criticava os códigos e defendia a tradição romanista e nacionalista do direito alemão. Para ele, o direito alemão não estaria em um código, mas deveria ser buscado na tradição histórica, que incluía o direito romano, a ser purificado pelos professores. A unidade jurídica viria pela ciência, baseada na históriae na tradição.
Jhering enfrenta uma situação em que a simples rejeição da codificação estava enfraquecendo. Para ele, o fundamento do direito era político e sociológico, e não conceitual. Explicar sistematicamente o jogo de interesses individuais era a função da ciência jurídica. Para um direito atual e seguro, era necessário buscar o equilíbrio entre a tradição romanista e as necessidades atuais da sociedade alemã.
Ler os textos da p. 255/270 (Da vocação de nosso tempo para a legislação e a jurisprudência – Friedrich Karl Von Savigny) e p. 270/282 (O espírito do Direito Romano – Rudolph Von Jhering), e responder às questões da p. 253. Em grupo, responder as seguintes questões:
Sobre o tema da codificação, qual a posição de Savigny ? 
Segundo Savigny, qual a importância do Direito Romano para o universo jurídico ?
Como Savigny explica o método histórico da ciência do direito ?

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