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BIODIREITO - FADI - ESTERILIZAÇÃO HUMANA

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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Ana Laura Vallarelli Gutierres Araujo
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Referências
BOTTEGA, Clarissa. Liberdade de não procriar e esterilização humana. Revista_Jur_v_9_n_2_jul_ dez_2007_p_43_64.
CHAVES, Antônio. Direito à vida e ao próprio corpo (intersexualidade, transexualidade, transplantes). 2ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994.
CECCHETTO; URBANDT; BOSTIANCIC. Esterilización quirúrgica humana y legislación argentina. Acta Bioethica, 2007: 13 (2), p. 181-189.
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do Biodireito. São Paulo: Saraiva, 2010.
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Referências
MALUF, A.C.R.F.D. Curso de Bioética e Biodireito.São Paulo: Atlas, 2010.
MARTINS-COSTA, Judith. “Capacidade para consentir e esterilização de mulheres tornadas incapazes pelo uso de drogas: notas para uma aproximação entre a técnica jurídica e a reflexão bioética”. In Bioética e Responsabilidade. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 299.
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Farinelli (1705/1782)
	... como era conhecido Carlo Maria Michelangelo Nicola Broschi, foi um lendário cantor castrato do século XVIII, o mais popular e bem pago cantor de ópera da Europa em sua época.
 	Carlo Maria Broschi foi castrado ainda na infância.
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Farinelli
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Castrato ("castrado") é o nome pelo qual eram conhecidos os cantores masculinos que, a fim de terem preservada, ainda na fase adulta, a tessitura vocal da infância (cuja extensão vocal é quase idêntica àquela própria das tessituras vocais femininas, sejam de soprano, de mezzo-soprano ou de contralto), eram submetidos a uma operação cirúrgica de corte dos canais provenientes dos testículos, a partir da qual a chamada "mudança de voz" não ocorria.
A prática de castração de jovens cantores teve início no século XVI (tendo surgido a partir da necessidade de vozes agudas nos grupos corais das igrejas da Europa Ocidental, já que a Igreja Católica Apostólica Romana não aceitava mulheres no coro de suas igrejas), atingindo seu auge nos séculos XVII e XVIII (de tal sorte que, nas óperas do compositor barroco alemão Georg Friedrich Händel, por exemplo, o papel do herói era frequentemente escrito para castrato).
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	Muitos dos rapazes que eram submetidos à castração tratava-se de crianças órfãs ou abandonadas. Algumas famílias pobres, incapazes de criar a sua prole numerosa, entregavam um filho para ser castrado. [...]
	Foi só em 1870, não obstante, que o castratismo destinado a este fim foi terminantemente proibido na Itália (o último país onde ainda era efetuado). E, em 1902, o papa Leão XIII proibiu definitivamente a utilização de castrati nos coros das igrejas.
	O último castrato a abandonar o coro da Capela Sistina foi Alessandro Moreschi (1858-1922), no ano de 1913. Há alguns registros fonográficos da voz deste castrato, que, entre 1902 e 1904, gravou exatos dez discos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Farinelli
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ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Emasculação de doentes mentais (fins eugênicos) – 1779, Dr. Johann Peter Frank 
Laqueadura – 1881, Dr. Luwdgren (durante uma cesária).
Vasectomia – 1885, Dr. Harry Sharp (em jovens do reformatório do Estado de Indiana, EUA).
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Obs.:VASECTOMIA X CASTRAÇÃO
A vasectomia é feita em consultório médico após a aplicação de uma anestesia local. Realiza-se uma incisão em cada saco escrotal  para a localização dos canais deferentes. Em seguida eles são cortados e realizados todos os procedimentos pós-cirúrgicos. Depois de 1 a 2 meses o homem pode se considerar estéril.
A castração significa a retirada cirúrgica dos testículos. Em certa época era  usada como método de esterilização. Termos correlacionados são: emasculação (um sinônimo para castração) e penectomia, que é o termo que correlaciona-se as cirurgias efetuadas no pênis.
http://www.afh.bio.br/reprod/reprod5.asp
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
“... ato ou efeito de esterilizar-se, ou seja, de tornar infértil, infecundo, improdutivo, visando a saúde da mãe, do feto, da família ou da coletividade.” (MALUF, 2010, p. 147)
“...intervenção médica que elimina a capacidade de reprodução”. (LILIE H.)
“...ação de privar de forma permanente ou duradoura a capacidade de gerar uma pessoa”. (CASABONA)
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Adriana Maluf
Pode ser:
Acidental - patologia
Cirúrgica (com ou sem castração)
Temporária (pílula)
Irreversível 
Dificilmente reversível (vasectomia)
Direta
Indireta (ex.: tumor no ovário/testículos) 
Necessária
Voluntária
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Maria Helena Diniz
Eugênica (anormais e criminosos sexuais);
Terapêutica (vida da mãe ou do futuro concepto);
Cosmetológica (voluntária);
 Por motivo econômico-social e
Para limitação da natalidade.
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ESTERILIZAÇÃO EUGÊNICA
EUA (1889)
ALEMANHA (1911 – 1933)
SUÍÇA (1907 – 1929) 
AUSTRÁLIA (1992)
CANADÁ (1928)
NORUEGA (1934)
DINAMARCA (1928 – 1963)
SUÉCIA (1972)
PARAGUAI (1936)
FINLÂNDIA
CHINA
ESPANHA (1929)
ITÁLIA (1985)
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ESTERILIZAÇÃO EUGÊNICA
Aproximadamente 
300 mil deficientes foram vítimas de esterilização
obrigatória na Alemanha nazista.
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Antônio Chaves
Eugênica
Alemanha, 15/09/1935 - “lei para a defesa do sangue e da honra alemães” (p. 103) 
EUA, 1971 - 29 Estados dispunham da esterilização eugênica (p.101):
26 Estados sob critério compulsório (quase todos por doença mental, alguns outros por desvios sexuais e nos criminosos sexuais reincidentes);
17 Estados permitiam a esterilização aos epiléticos;
8 Estados – esterilização voluntária por lei;
2 Estados – não possuíam lei.
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Antônio Chaves
Eugênica
EUA - “As Emendas n. 8 e 14 da Constituição Federal Americana tornaram inconstitucionais as leis esterilizadoras em vários Estados em face da impossibilidade de se justificá-las por razões eugênicas e como processo de retorno dos primitivos castigos vis” (p. 101) 
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EUA - Emendas n. 8 e 14 da Constituição
EMENDA VIII
Não poderão ser exigidas fianças exageradas, nem impostas multas excessivas ou penas cruéis ou incomuns.
[...]
EMENDA XIV - Seção 1
[...] 
	Nenhum Estado poderá fazer ou executar leis restringindo os privilégios ou as imunidades dos cidadãos dos Estados Unidos; nem poderá privar qualquer pessoa de sua vida, liberdade, ou bens sem processo legal, ou negar a qualquer pessoa sob sua jurisdição a igual proteção das leis.
[...]
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/constituicao-dos-estados-unidos-da-america-1787.html
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
ESTERILIZAÇÃO EUGÊNICA
Projetos que não foram aprovados:
ARGENTINA
BOLÍVIA
CHILE 
(CHAVES, 1994, p. 101)
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Maria Helena Diniz
Cosmetológica
Somente leva em conta a estética – não é permitida pelo nosso ordenamento jurídico.
 Por motivo econômico-social
Não apresenta respaldo jurídico, mesmo com o consentimento expresso da paciente (DINIZ, 2011, p. 182)
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Antônio Chaves
Terapêutica (p. 106)
	Excludente de antijuridicidade – mas:
prudência e critério profissionais;
consentimento – no caso de urgência não precisa do consentimento do casal.
	Indicações: hipertensões malignas, câncer, tuberculose severa, discordância de Rh (após segunda gestação), diabetes, surtos mentais ligados ao puerpério.
			OBS.: a Lei não contempla hipótese de 				esterilização necessária para homens. 
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Terapêutica (Brasil)
	Lei de Planejamento Familiar
	Art. 10, II da Lei 9.263/96 – requisitos:
 	 → Risco de vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto 
e
 	→ Relatório escrito e assinado por dois médicos.
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Brasil:
Decreto Federal n. 20.391/32 – indiretamente foi invocado para a não realização de esterilizações, pois proibia o médico de praticar qualquer ato que tivesse por finalidade impedir a concepção;
não proibia expressamente a prática, mas proibia a mutilação física – lesão corporal (CP, art. 129, § 2º, III) – e nem mesmo a autorização do paciente tinha o condão de afastar a ilicitude do ato (MALUF, 2010, p. 151).
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Brasil:
Com a Constituição Federal, art. 226, §7º - Planejamento Familiar:
	“Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar 	recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de 	instituições oficiais ou privadas.”
 
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Lei de Planejamento Familiar
Para limitação da natalidade - requisitos: 
Homens e mulheres com capacidade civil plena que tenham no mínimo 25 anos ou que já tenham tido 2 filhos (Art. 10, I);
Manifestação de vontade por escrito, após informação completa sobre o procedimento (Art. 10, § 1º e 3º); 
Manifestação de ambos os cônjuges, quando o interessado for casado (§ 5º);
Autorização judicial, se o interessado for incapaz (Art. 10, § 6º);
A mulher não pode estar no período de parto ou aborto (Art. 10, § 2º); 
Laqueadura tubária e/ou vasectomia (Art. 10, § 4º).
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Lei de Planejamento Familiar
Prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação de vontade e o ato cirúrgico 
+ 
aconselhamento de equipe multidisciplinar.
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Autonomia – habilidade para compreender e comunicar informação, capacidade para discutir acerca da eleição realizada e dos caminhos alternativos disponíveis.
ESTERILIZAÇÃO HUMANA
	Ideal:
CAPACIDADE JURÍDICA 
+ 
COMPETÊNCIA (capacidade para consentir)
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
DEVER DE INFORMAÇÃO
O médico deve informar a pessoa que solicite a prática da esterilização sobre uma série de questões atinentes à intervenção mesma (natureza e implicações sobre a saúde, alternativas de utilização de outros contraceptivos não cirúrgicos autorizados, características da operação, possibilidade de reversão, riscos e consequências etc. 
(CECCHETTO; URBANDT; BOSTIANCIC, 2007, p. 186)
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Esterilização como método contraceptivo 
Vasectomia
Laqueadura tubária
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
PROIBIÇÕES
HISTERECTOMIA (retirada o útero)
OOFORECTOMIA 
(ablação de ovários ou salpingectomia)
SÓ PARA FINS TERAPÊUTICOS
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ESTERILIZAÇÃO - Lei de Planejamento Familiar
A polêmica do “ou” na lei de vasectomia
Seg, 11 de Junho de 2012 14:41
Escrito por Lúcio Flávio Gonzaga Silva*
É preciso discutir a polêmica em torno da redação da Lei da vasectomia relacionada à frase: "em homens maiores de vinte e cinco anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos“, o que leva a duas interpretações: um homem menor de 25 anos com filhos assim como um homem maior de 25 anos e sem filhos pode fazer a cirurgia.
O texto, como está escrito, suscita na verdade estes questionamentos: poderia se fazer vasectomia em homens menores de 25anos e com filhos? Ou maiores de 25 anos sem filhos?
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ESTERILIZAÇÃO - Lei de Planejamento Familiar
A polêmica do “ou” na lei de vasectomia
Seg, 11 de Junho de 2012 14:41
Escrito por Lúcio Flávio Gonzaga Silva*
[...] 
No entanto, pode ser alegado pelo profissional motivo de consciência para a não realização da vasectomia em paciente sem filho, que tenha, por exemplo, 25 anos de idade; ou no caso de paciente de 18 anos que já tenha dois filhos.
Código de Ética Médica - CAPÍTULO II
É direito do médico:
IX - Recusar-se a realizar atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência.
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Lei de Planejamento Familiar
	O artigo 10 que trata da regulamentação da esterilização foi vetado pelo Presidente da República Fernando Henrique Cardoso por considerá-la uma mutilação, portanto, contraria o interesse público. Porém, o Congresso Nacional derrubou o veto em 27/11/97.
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
VOLUNTÁRIA
LIBERDADE NEGATIVA DE PROCRIAÇÃO: 
Direito fundamental?
Autonomia da pessoa
Direito ao corpo
&
Indisponibilidade do corpo (mutilação)
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RESOLUÇÃO CFM Nº 1901/2009
Estabelece normas éticas para a esterilização cirúrgica masculina
Art. 1o A esterilização masculina é um conjunto de ações complexas das quais o ato médico-cirúrgico de ligadura bilateral dos canais deferentes é apenas uma das etapas.
Art. 2o O procedimento cirúrgico de esterilização masculina pode ser realizado apenas em pacientes com capacidade civil plena, de acordo com o previsto na Lei nº 9.263/96 de 12 de Janeiro de 1996 e somente 60 (sessenta) dias depois da manifestação de vontade.
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RESOLUÇÃO CFM Nº 1901/2009
Estabelece normas éticas para a esterilização cirúrgica masculina
Art. 3o A manifestação de vontade, bem como o procedimento realizado, devem estar devidamente registrados em prontuários.
Art. 4º O médico que se propõe a realizar um procedimento de esterilização masculina, deve estar habilitado para proceder a sua reversão.
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Mulheres jovens e menos instruídas se arrependem mais de ligadura de trompas
Seg, 27 de Julho de 2009 21:00
O arrependimento em mulheres com menos de 25 anos é quase 70% maior do que naquelas com mais de 35 anos. A ligação das trompas é um método contraceptivo definitivo (de esterilização) e, portanto, a prática, mesmo quando desejada em determinadas situações, precisa ser bem avaliada por quem se submete e por quem aplica. Interessados no assunto, os pesquisadores Luciana Freitas Barbosa, Iúri da Costa Leite e Marina Ferreira de Noronha, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, investigaram o grau de arrependimento entre mulheres que optaram pela esterilização. [...] "A proporção de mulheres arrependidas foi de 10,5% e a principal razão relatada foi o desejo de ter outro filho (62,7%). 
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Mulheres jovens e menos instruídas se arrependem mais de ligadura de trompas
Seg, 27 de Julho de 2009 21:00
A chance de uma mulher esterilizada com 35 anos ou mais se arrepender é 69% menor que uma mulher com menos de 25 anos", dizem no texto. Além disso, "mulheres com nove anos ou mais de escolaridade são menos propensas de se arrepender do que mulheres com três anos ou menos", acrescentam. Para os cientistas da Fiocruz, os achados podem colaborar para o estabelecimento de políticas publicas de saúde. "Os resultados podem subsidiar gestores de programas de planejamento familiar, reforçando a necessidade de orientações quanto à irreversibilidade do método e às mudanças que podem ocorrer na vida das mulheres durante o ciclo reprodutivo, minimizando a chance de arrependimento", alertam. O artigo na íntegra pode ser acessado no SciELO Brasil. Fonte: Agência Notisa
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Responsabilidade civil (danos materiais e morais):
CF, artigo 5º, V e X;
CC, artigos 186; 927, 932 e 942;
Lei 9263/96, art. 21;
STJ, Súmula 37.
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Responsabilidade penal:
Lei 9029/95, art. 2º, II - Proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho, e dá outras providências;
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Responsabilidade penal (antes da Lei 9263/96):
CP, art. 129:
 lesão corporal gravíssima (§ 1º, III)
&
 parecer do CRM/DF n. 367/80 – função reprodutora não é imprescindível à saúde e à vida, logo não é crime de lesão corporal, salvo se sem consentimento - CP, art. 132 – periclitação da vida e 	da saúde (exceto se terapêutica)
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Lei 9263/96, arts. 15 a 18: CRIMES
Art. 15. Realizar esterilização cirúrgica em desacordo com o estabelecido no art. 10 desta Lei.
 Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, se a prática não constitui crime mais grave.
 
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Lei 9263/96, arts. 15 a 18: CRIMES
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço se a esterilização for praticada:
I - durante os períodos de parto ou aborto, salvo o disposto no inciso II do art. 10 desta Lei.
II - com manifestação da vontade do esterilizado expressa durante a ocorrência de alterações na capacidade de discernimento por influência de álcool, drogas, estados emocionais alterados ou incapacidade mental temporária ou permanente;
III - através de histerectomia e ooforectomia;
IV - em pessoa absolutamente incapaz, sem autorização judicial;
V - através de cesária indicada para fim exclusivo de esterilização.
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Lei 9263/96, arts. 15 a 18: CRIMES
Notificação
 Art. 11. Toda esterilização cirúrgica será objeto de notificação compulsória à direção do Sistema Único de Saúde.
Art. 16. Deixar o médico de notificar à autoridade sanitária as esterilizações cirúrgicas que realizar.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
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Lei 9263/96, arts. 15 a 18: CRIMES
Induzimento
Art. 12. É vedada a indução ou instigamento individual ou coletivo à prática da esterilização cirúrgica.
Art. 17. Induzir ou instigar dolosamente a prática de esterilização cirúrgica.
        Pena - reclusão, de um a dois anos.
Parágrafo único - Se o crime for cometido contra a coletividade, caracteriza-se como genocídio, aplicando-se o disposto na Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956.
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Lei 9263/96, arts. 15 a 18: CRIMES
Exigência de atestado de esterilização
 Art. 13. É vedada a exigência de atestado de esterilização ou de teste de gravidez para quaisquer fins.
Art. 18. Exigir atestado de esterilização para qualquer fim.
        Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
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Lei 9263/96, arts. 15 a 18: CRIMES
Exigência de atestado de esterilização
A Lei 9.029/95 já dispunha: 
Art. 1º Fica proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso a relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade, ressalvadas, neste caso, as hipóteses de proteção ao menor previstas no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal.
Art. 2º Constituem crime as seguintes práticas discriminatórias:
I - a exigência de teste, exame, perícia, laudo, atestado, declaração ou qualquer outro procedimento relativo à esterilização ou a estado de gravidez;
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Código de Ética Médica
Capítulo III
Responsabilidade Profissional
É vedado ao médico:
 Art. 15º Descumprir legislação específica nos casos de transplantes de órgãos ou de tecidos, esterilização, fecundação artificial, abortamento, manipulação ou terapia genética.
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Caso concreto: ANULAÇÃO DE CASAMENTO
ERRO ESSENCIAL
Uma senhora fez ligadura nas trompas e depois enviuvou e convolou novas núpcias. 
Seu novo marido, desconhecendo o fato, ansiava por um filho e, ao saber a verdade, requereu anulação do casamento por erro essencial da pessoa.
(Maria Helena Diniz)
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA - INCAPAZES
 BOTTEGA, p. 56
Incapazes – direito comparado
MODELO PROIBICIONISTA (não terapêutica):
ALEMANHA 
CANADÁ
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
 BOTTEGA, p. 56
Incapazes – direito comparado
MODELO NÃO PROIBICIONISTA:
PAÍSES BAIXOS
“há a necessidade de autorização do representante do incapaz e, ainda, que sejam satisfeitas algumas condições tais como ser constatado que o incapaz é sexualmente ativo, outros métodos contracepti-vos serem ineficazes, a incapacidade mental é duradoura e permanente, o incapaz não compre-ende o ato sexual como meio de procriação e geração de descendentes e, por fim, que o incapaz não teria condições mínimas para criar e educar uma futura prole.” (dispensa autorização judicial)
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA - BOTTEGA, p. 57
Incapazes – direito comparado
MODELO NÃO PROIBICIONISTA:
ESPANHA
“...a Confederação de Pais de Deficientes Irreversíveis e a Confederação espanhola de Doentes Mentais fizeram uma manifestação com o intuito de permitir a esterilização de maiores incapazes, posto que entenderam que a legislação era discriminatória quando não permitia a esterilização dos maiores incapazes, vez que impedia essas pessoas de terem relações sexuais sem o compromisso de gerar futura prole.”
Requisitos: “maior incapaz com deficiência psíquica grave, autorização judicial, solicitação realizada pelo representante legal do incapaz, relatório médico de dois especialistas, audição do Ministério Público e do incapaz”.
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
 BOTTEGA, p. 57
Incapazes – direito comparado
MODELO NÃO PROIBICIONISTA:
FRANÇA – REQUISITOS:
contra-indicação a outros métodos contraceptivos;
autorização judicial para realização da intervenção; 
o pedido deve ser feito pelos pais ou representantes legais do incapaz; 
poder de veto do incapaz;
decisão fundamentada em pareceres médicos e especialistas.
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Incapazes – direito comparado
MODELO NÃO PROIBICIONISTA:
PORTUGAL: 25 (vinte e cinco) anos, declaração escrita e assinada, requerendo a realização do procedimento, bem como explicitando que a pessoa foi esclarecida sobre a intervenção; essa declaração deverá ter ainda o nome e assinatura do médico solicitado a intervir. (BOTTEGA, p. 54) Se incapaz, não há legislação, ficando a critério da família do incapaz e dos médicos a decisão. (BOTTEGA, p. 58) 
ARGENTINA: autorização judicial solicitada pelo representante legal (para qualquer tipo de esterilização).
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA 
CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
DECRETO Nº 6.949, DE 25 DE AGOSTO DE 2009.
	Artigo 1 - Propósito 
	“O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente.”  
	“Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.” 
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DECLARAÇÃO DE MONTREAL SOBRE A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL/2004
A. As pessoas com deficiências intelectuais têm os mesmos direitos que outras pessoas de tomar decisões sobre suas próprias vidas. Mesmo que algumas pessoas possam ter dificuldades de fazer escolhas, formular decisões e comunicar suas preferências, elas podem tomar decisões acertadas para melhorar seu desenvolvimento pessoal, seus relacionamentos e sua participação nas suas comunidades. (...) as pessoas com deficiências intelectuais devem ser apoiadas para que tomem suas decisões, as comuniquem e estas sejam respeitadas. 
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DECLARAÇÃO DE MONTREAL SOBRE A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL/2004
A. 
Consequentemente, quando os indivíduos têm dificuldades para tomar decisões independentes, as políticas públicas e as leis devem promover e reconhecer as decisões tomadas pelas pessoas com deficiências intelectuais. Os Estados devem providenciar os serviços e os apoios necessários para facilitar que as pessoas com deficiências intelectuais tomem decisões significativas sobre as suas próprias vidas. 
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DECLARAÇÃO DE MONTREAL SOBRE A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL/2004
 B. Sob nenhuma condição ou circunstância as pessoas com deficiências intelectuais devem ser consideradas totalmente incompetentes para tomar decisões baseadas apenas em sua deficiência. Somente em circunstâncias mais extraordinárias o direito legal das pessoas com deficiência intelectual para tomada de suas próprias decisões poderá ser legalmente interditado. Qualquer interdição deverá ser por um período de tempo limitado, sujeito as revisões periódicas e, com respeito apenas a estas decisões, pelas quais será determinada uma autoridade independente, para determinar a capacidade legal.
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA - INCAPAZES 
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
BRASIL
Art. 10, § 6º da Lei 9.263/96
Incapacidade civil (absolutamente incapazes): 
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL
(“regulada na forma da lei” !!!)
Doença mental é incompatível com a
sexualidade?
maternidade?
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CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA - CAPÍTULO I
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
I – A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza.
II – O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.
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CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA - CAPÍTULO I
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
VI – O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em seu benefício. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade.
VII – O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente.
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Como regular, jurídica e bioeticamente, a esterilização em mulheres tornadas incapazes pelo uso de drogas e que, pela dependência em que se encontram, utilizam o seu corpo e a sua sexualidade como meio para obtenção da droga, correndo, assim, altíssimo risco de engravidar repetida e irresponsavelmente?
(Judith Martins-Costa)
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Caso concreto: Rio Grande do Sul
(Judith Martins-Costa)
Autorização judicial mediante cautelar de supressão de consentimento para proceder à ligadura de trompas da filha esquizofrênica, viciada em drogas, grávida pela quarta vez (dois abortos e um filho com 2 anos).
Curador nomeado: concordou
MP: opinou pelo indeferimento do pedido
Juiz: julgou procedente o pedido
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Caso concreto: Rio Grande do Sul 
TJRS: acolheu o parecer do MP
Em razão da demora na solução da lide, “a incapaz deu à luz uma criança gerada com ‘várias más formações ósseas, fundamentalmente nas mãos, pernas, coluna vertebral, queixo, região dos olhos, cabeça (que é alongada e estreita), possuindo também uma abertura no palato da boca’, havendo ainda a ‘grande probabilidade de possuir problemas mentais, ainda não diagnosticados por exames laboratoriais e também por ser ainda muito pequeno.’”
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Defensoria tenta impedir esterilização de deficiente 
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2013/01/09/defensoria-tenta-impedir-esterilizacao-de-deficiente.htm 
	A Defensoria Pública tenta reverter uma decisão judicial que determinou a realização de laqueadura em uma mulher de 27 anos, sem filhos, moradora de Amparo, no interior paulista.
	A sentença, de 2004, da juíza Daniela Faria Romano, veio após uma ação protetiva do Ministério Público Estadual, que levou em consideração o perfil socioeconômico e o fato de a mulher sofrer retardamento mental moderado para pedir a esterilização. Atualmente, ela tem namorado fixo. E sempre manifestou o desejo de, um dia, ser mãe.
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Defensoria tenta impedir esterilização de deficiente
 http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2013/01/09/defensoria-tenta-impedir-esterilizacao-de-deficiente.htm 
	Desde que foi alvo da decisão judicial, a mulher se submeteu a um tratamento contraceptivo, tomando injeções e usando um dispositivo intrauterino (DIU) para evitar a gravidez.
	Foi a forma encontrada para evitar a cirurgia. O DIU venceu no ano passado e a paciente se recusou a substituí-lo, por temer que seja feita a laqueadura durante o procedimento.
	Diante da recusa da paciente em substituir o DIU, a juíza Fabiola Brito do Amaral, que cuida atualmente do caso, determinou em outubro que fosse cumprida a sentença de 2004.
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Alguns casos polêmicos:
Castração química
Esterilização compulsória
Art. 5º, XLVII, e, CF – veda a aplicação de penas cruéis. 
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Projeto que institui a castração química para autores de crimes sexuais
Terça-feira, 16 de Outubro de 2007 
A castração química à base de hormônio para inibir o desejo sexual é o tema do programa “Revista Justiça”. A medida já está em análise no Congresso Nacional e, se aprovada, será usada para punir os autores de crimes como estupro, atentado violento ao pudor e corrupção de menores. 
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“Coreia do Sul anuncia primeira castração química de pedófilo“
23/05/2012 – G1
“Park, 45, foi condenado por vários estupros de crianças e adolescentes.
[...]
“Durante os próximos três anos, a cada três meses, Park receberá uma injeção de um produto destinado a reduzir sua libido, apesar de não ter aceitado, afirmou Kim Hyung-Yul, funcionário do Ministério da Justiça.”
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Brasil
Médico do caso dos emasculados já está em Belém
[...]
O médico ginecologista Anízio Ferreira de Souza, condenado pelo crimes de emasculação e assassinato no caso das crianças emasculadas em Altamira, já está em Belém. Ele chegou no final da manhã desta segunda-feira (11), trazido do município de Porto Franco (MA). Ele estava na cidade desde 2005, quando recebeu o direito de esperar pelo recurso em liberdade, no entanto, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu por manter a sentença, e uma ordem de prisão foi expedida, Anísio não estava mais no endereço declarado.
[...]
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O CASO
Os crimes aconteceram entre 1989 e 1993 na cidade de Altamira. Na época, 19 meninos entre 8 e 14 anos foram sequestrados e castrados em rituais de magia negra. Testemunhas afirmaram ter visto o médico em cultos com orações ao “deus das trevas”. Anízio também teria sido visto com o pênis de uma criança acomodado numa caixa de isopor. Uma dessas testemunhas foi assassinada.
Junto com o médico Césio Flávio Caldas Brandão, o fazendeiro Amailton Madeira Gomes o vigilante Carlos Alberto Santos Lima e outros envolvidos, eram liderados pela vidente Valentina de Andrade, da seita Lineamento Universal Superior (LUS) e autora do livro “Deus, A Grande Farsa”.[...] (Diário Online, com informações do Diário do Pará - http://www.diariodopara.com.br/impressao.php?idnot=42898)
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JURISPRUDÊNCIA
ESTERILIZAÇÃO
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STF, AÇÃO PENAL 481 PARÁ
RELATOR :MIN. DIAS TOFFOLI
REVISOR :MIN. LUIZ FUX
Ação penal. Deputado federal. Corrupção eleitoral (art. 299 do Código Eleitoral). Oferta de vantagem a eleitoras, consistente na realização de cirurgia de esterilização, com o intuito de obter votos. Reconhecimento. Desnecessidade de prévio registro de candidatura do beneficiário da captação ilegal de votos. Precedente do Plenário.
Participação do réu. Provas suficientes para reconhecimento de concurso por parte do acusado. Prescrição da pretensão punitiva pela pena em concreto reconhecida.
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STJ, HABEAS CORPUS Nº 90.725 - SP RELATORA : MINISTRA JANE SILVA
HABEAS CORPUS – ESTELIONATO E ESTERILIZAÇÃO ILÍCITA – LESÃO DIRETA ÀS MULHERES OPERADAS E AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL PARA EXAME DAS CONDUTAS – CONEXÃO – IMPOSSIBILIDADE DA EXISTÊNCIA DO CRIME DE ESTERILIZAÇÃO ILÍCITA POR AUSÊNCIA DE DECRETO REGULAMENTADOR – TESE AFASTADA –DISPOSITIVO DA PRÓPRIA LEI 9623/96 QUE CONTÉM OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS – TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL AFASTADO – ORDEM DENEGADA.
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TJMG – AC Nº 322.443-5 - MONTES CLAROS
Relatora: Desembargadora Jurema Miranda
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE - CERCEAMENTO DE DEFESA - INOCORRÊNCIA - RESPONSABILIDADE MÉDICA - PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DE LAQUEADURA - NECESSIDADE DE EXPRESSO CONSENTIMENTO -DANOS MORAIS - FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO.
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TJMG – AC Nº 322.443-5 - MONTES CLAROS
(...) A cirurgia em que ocorre a perda da
capacidade reprodutiva do ser humano, em decorrência de esterilização, há de ter o inquestionável consentimento do paciente, por não se poder conceber que o médico decida, por si mesmo, ato de extrema importância, que comprometa a vida, o bem estar ou a saúde dos pacientes, e que estejam em desacordo com as regras de seu ofício.
Havendo nos autos, prova do nexo de causalidade entre o dano sofrido pela vítima e o ato praticado pelo profissional da saúde, bem como a ausência de consentimento expresso para a realização da laqueadura, impõe-se a condenação do agente por danos morais.
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TJMG – AC Nº 1.0431.06.030997-5/001 MONTE CARMELO
	
RESPONSABILIDADE CIVIL. GRAVIDEZ POSTERIOR A LAQUEADURA DE TROMPAS. LEGITIMIDADE PASSIVA "AD CAUSAM" DO HOSPITAL. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DE HOSPITAL. ART.14 DO CDC.AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO SUFICIENTE SOBRE O RISCO DE NOVA GRAVIDEZ APÓS O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO. DANO MORAL CONFIGURADO. CDC. A responsabilidade civil do hospital é de ordem objetiva, nos termos do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, não cabendo investigar a culpa de seus prepostos, mas se o serviço prestado pelo nosocômio foi defeituoso ou não, e se a culpa foi exclusiva do consumidor ou de terceiro (art. 14, §3º, I e II). A responsabilidade do médico é subjetiva, conforme art. 14, §4º, do CDC, avaliada de acordo com o art. 186 do CC/2002, uma vez que sua obrigação, em regra, não é de resultado, mas de meio. [...]
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TJSP –AC COM REVISÃO N° 0007521-42.2007.8.26.0554
REL. DES. CARLOS ALBERTO GARBI
RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. VASECTOMIA. POSTERIOR GRAVIDEZ INDESEJADA. 
A questão controvertida do recurso se resume à prestação, ou não, de informações adequadas a respeito dos riscos do procedimento. Embora os autores afirmem que não foram informados pelo médico sobre os riscos, a prova oral produzida confirmou que o cirurgião cumpria o dever de bem informar seus pacientes.
A despeito da prova oral produzida, os próprios autores trouxeram aos autos, ainda, documento que confirma a prestação de informação adequada, documento que, à falta do termo de consentimento informado, deve ser considerado. 
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TJSP –AC COM REVISÃO N° 0007521-42.2007.8.26.0554
REL. DES. CARLOS ALBERTO GARBI
3. Também deve ser considerado que, se não tivesse o autor sido adequadamente informado a respeito dos riscos do procedimento, não teria ele retornado ao consultório para tomar conhecimento do resultado de espermograma, exame realizado após o procedimento, que confirmou, naquela oportunidade, o resultado satisfatório da cirurgia. 
4 Afastado o erro no procedimento e confirmada a prestação de informações adequadas ao paciente, não se pode reconhecer a responsabilidade dos réus pela gravidez indesejada da autora, pois o médico assume, no caso em exame, obrigação de meio. Erro escusável. Sentença de improcedência do pedido mantida. Recurso não provido.
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TJSP –AC n. 0032922-85.2009.8.26.0000
REL. DES. CLAUDIO GODOY
	Responsabilidade civil. Laqueadura. Paciente que ficou grávida do quinto filho meses após a cirurgia. Dever de informação que não foi adequadamente atendido. Art. 10, §1º, da Lei 9.263/96. Responsabilidade do médico suficientemente demonstrada. Indenização moral devida, mas não no patamar pretendido. Devida também pensão mensal, até que o menor atinja a maioridade. Sentença revista. Recurso parcialmente provido.
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TJRS – AC Nº 70047036728 – GIRUÁ
RELATOR DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS
APELAÇÃO CÍVEL. PEDIDO DE REALIZAÇÃO DE LAQUEADURA TUBÁRIA E MENOR ABSOLUTAMENTE INCAPAZ, PORTADORA DE ENFERMIDADE MENTAL SEVERA E IRREVERSÍVEL. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL CONCEDIDA NOS TERMOS DO §6º DO ART. 10 DA LEI 9263/96. LAUDOS MÉDICOS APONTANDO A PROVIDÊNCIA RECLAMADA COMO ÚNICA ALTERNATIVA VIÁVEL DE MÉTODO CONTRACEPTIVO. DEFERIMENTO.
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TJRS – AC Nº 70047036728 – GIRUÁ
RELATOR DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS
Não pode o Judiciário permitir que essa jovem, doente mental, inserida num contexto familiar completamente comprometido e vulnerável, esteja sujeita e repetidas gestações, trazendo ao mundo crianças fadadas ao abandono, sem falar nos risco à própria saúde da gestante, que por todas as suas limitações, sequer adere ao pré-natal. A família desta menina veio ao Judiciário pedir socorro, para que algo seja feito em seu benefício e esse reclamo não pode ser ignorado sob o argumento falacioso (com a devida vênia) de se estar resguardando a dignidade da incapaz ! Ora, que dignidade há na procriação involuntária e irracional que despeja crianças indesejadas no mundo (cujo destino é antecipadamente sabido), sem envolvimento por parte dos genitores e sem condições para o exercício da parentalidade responsável? É uma medida extrema, sem dúvida, mas que visa evitar um mal maior, qual seja, o nascimento de bebês fadados ao abandono e à negligência. Nada mais triste. DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME.
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TJRS – AI Nº 70030274617/ P. Alegre 
 REL. DES. ALZIR FELIPPE SCHMITZ
	AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ESTERILIZAÇÃO. MORADORA DE RUA SEM CONDIÇÕES DE GERIR A PRÓPRIA VIDA. 
	SE O RETARDO MENTAL DA AGRAVADA LHE COLOCA EM SITUAÇÕES DE RISCO EXTREMO, ENTRE OS QUAIS ESTÃO ESTUPROS E REITERADAS GESTAÇÕES, A ESTERILIZAÇÃO CORRESPONDERIA A MEDIDA EXAGERADA E COM POUCA POSSIBILIDADE DE REVERSIBILIDADE, COM FLAGRANTE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA LIBERDADE INDIVIDUAL, DA INTEGRIDADE FÍSICA E DA PRÓPRIA INTIMIDADE. NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.
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TJRS – AC Nº 70008448276/RIO GRANDE
 REL. DES. ANTONIO CARLOS STANGLER PEREIRA
PEDIDO PARA LAQUEADURA TUBÁRIA DE MAIOR INCAPAZ. IMPOSSIBILIDADE. A deficiente mental não tem culpa de sua doença. Nasceu assim porque a natureza a protegeu da loucura dos homens ditos sadios, ou a castigou, fazendo com que pagasse pela sua deficiência. Para que haja esterilização com a impossibilidade de procriação, deve haver o consentimento expresso da pessoa, e a curatelada não dispõe desse consentimento, uma vez que é a sua curadora que pretende esterilizá-la, para que nunca mais posse ter filhos. Estes, se um dia concebidos, poderão ser sadios, e não insanos como a mãe. Apelo desprovido
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Alguns questionamentos 
O planejamento familiar pode ser imposto pelo Estado?
Quais são os requisitos legais para a esterilização?
Quem pode decidir sobre a realização da esterilização? 
O médico pode decidir por si só, de modo autônomo, sobre a esterilização do/a paciente?
Discorra sobre a esterilização do incapaz.
No caso de esterilização de incapaz, há a possibilidade da representação deste no processo? Se afirmativo, quem irá representá-lo?
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ESTERILIZAÇÃO HUMANA
Alguns questionamentos 
7. A esterilização pode ser utilizada como pena? É possível a castração química - mediante injeções de hormônio – para redução do desejo sexual?
8. Diferencie capacidade jurídica da capaci-dade para consentir (competência).
9. Disserte sobre os crimes previstos na Lei n. 9.263/96.

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