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ASSOCIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO CRIMINOSAS Nas grandes operações policiais, principalmente naquelas com intenso acompanhamento midiático, é recorrente a atribuição aos indivíduos envolvidos da suposta prática dos crimes de associação criminosa e de organização criminosa. Embora isso se dê, muitas vezes, mais pelo tom impactante e sensacionalista que tais nomenclaturas carregam consigo do que por sérias razões fáticas e jurídicas, o conhecimento das condutas aptas a configurarem tais crimes se faz relevante. Os referidos delitos são assim previstos na lei penal: Associação Criminosa (art. 288 do Código Penal) Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Organização Criminosa (art. 1º, § 1º e art. 2º da Lei nº 12.850/2013) Art. 1º. [...] § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. [...] Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. § 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. Conforme estabelece a lei, é imprescindível para a configuração de tais crimes a reunião de múltiplas pessoas – no mínimo três na associação criminosa e no mínimo quatro na organização. Ademais, ensina a doutrina que essa reunião de pessoas deve ter um caráter relativamente duradouro, estável ou permanente, e que tenha a finalidade de cometer uma série de condutas delituosas. Não basta, portanto, que a reunião seja para a prática de um ou dois delitos isolados, devendo ser demonstrado o objetivo de praticar de forma constante e reiterada uma série de crimes.[1: GRECO, Rogério. Código Penal: comentado. 9. Ed. Niterói, RJ: Impetus, 2015, p. 946.] Especificamente em relação à organização criminosa, a lei estabelece, ainda, o requisito de que as infrações penais almejadas pelo grupo tenham penas máximas cominadas superiores a quatro anos ou que sejam de caráter transnacional. Além disso, é necessário demonstrar a existência de um aparato operacional com divisão de tarefas e voltado à obtenção de vantagens – econômicas ou não – com as práticas. Em suma, a organização criminosa revela-se como uma forma mais sofisticada e complexa da associação criminosa. Inclusive, a organização pode revestir-se de forma e atuação regulares, desempenhando diversas atividades lícitas ao lado das ilícitas, ou então exercendo atividades regulares em prol da consecução dos fins ilícitos do grupo.
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