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Justiça

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Justiça como sentimento
O sentimento que mais aflige o homem, antes mesmo de atingir plenamente a idade da razão, é o da injustiça sofrida. A criança se rebela e grita quando se sente injustiçada, quando acredita que tem um direito e este direito não lhe é respeitado.
Justiça como virtude
Justiça - uma das quatro virtudes cardinais
constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido
Outras virtudes cardinais 
a prudência ou sabedoria) - razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida", sendo por isso considerada a virtude-mãe humana. 
a fortaleza (ou Força) - assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem; 
a temperança (ou Moderação) que "modera a atração dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados" sendo por isso descrita como sendo a prudência aplicada aos prazeres
Justiça como virtude
A justiça não é um virtude espontâneas como a caridade. A caridade pode ser exercida espontaneamente, sem nenhuma reflexão prévia, objetivando aliviar o sofrimento de quem quer apareça, como apareça, sem levar em conta nenhuma outra circunstância; ela é instintiva, direta, indiscutível, podendo ser simbolizada como a enfermeira que passa de um doente a outro, encontrando o remédio que conforta cada enfermo, sem levar em conta seus méritos ou a gravidade de seus ferimentos
Justiça como virtude
 a justiça não pode ser concebida sem regras, tal como se dá com a caridade: a justiça não pode ser apenas instintiva, é submetida a regras, condições, qualificações e reflexões; a obrigação por ela imposta é condicional, hipotética, pois o modo de agir dependerá da categoria em que se encontra o objeto da ação, devendo empenhar-se em não levar em conta aspectos alheios aos critérios eleitos, sejam emotivos ou individuais. Nada é menos espontâneo do que a justiça:
Justiça - definição
conceito abstrato que se refere a um estado ideal de interação social em que há um equilíbrio razoável e imparcial entre os interesses, riquezas e oportunidades entre as pessoas envolvidas em determinado grupo social
A Justiça pode ser reconhecida por mecanismos automáticos ou intuitivos nas relações sociais, ou por mediação através dos tribunais, através do Poder Judiciário.
Concepção relativa de justiça 
 justiça - possui significação ampla, muda de tempos em tempos
o que estaria correto e adequado no presente poderia se alterar no futuro e vice versa. 
a colocação dessa palavra no corpo dos textos jurídicos, poderá causar distorções, pois não haverá um comando totalmente definido. 
Concepção absoluta
é um valor, como os demais valores advindos do Direito Natural, que são eternos, imutáveis e universais. 
não se pode considerar que a Justiça é uma terminologia sem conteúdo e significado definido, que poderia se alterar diante da época.
Absoluta e relativa
o conceito que hoje temos de justiça é em substância o mesmo dos antigos filósofos (absoluta na forma)
O valor, porém, é produto da história e varia com as contingências históricas; o que era justo para os povos antigos já não é para nós, por exemplo: a escravidão tão comum na antiguidade, há séculos não é mais admitida. O ideal, por sua vez, não é o mesmo para cada povo, nem para cada época histórica; cada povo, cada época tem seu ideal próprio, sua maneira peculiar de sentir, de realizar a justiça (relativa no conteúdo)
Características da Justiça
medida de igualdade entre os homens – igualdade formal - Princípio da Isonomia: todos são iguais perante a lei.
 nem sempre as pessoas são e se encontram em igual situação, e dessa forma, tratar todos da mesma maneira não seria uma medida de Justiça, mas injustiça.
 Assim, a idéia de Justiça, deve ser complementada pela proporcionalidade, pois se as pessoas que não são e nem se encontram iguais, devem ser tratadas desigualmente, mas na medida dessa desigualdade, sob pena de, também, não ser uma medida justa.
Critérios para definir o que é justo 
Perelman (1997 – Direito e Justiça)
a cada qual a mesma coisa; 
 a cada qual segundo seus méritos;
 a cada qual segundo suas obras; 
a cada qual segundo suas necessidades; 
a cada qual segundo sua posição e,
a cada qual segundo o que a lei lhe atribui.
A cada qual a mesma coisa
Igualdade absoluta
todos devem ser tratados da mesma forma, sem que se leve em consideração quaisquer particularidades que os distingam. 
 trata-se- do mesmo jeito, independentemente das condições ou situações fáticas particulares, um velho e um jovem; um rico e um pobre.
Critica : o único ser perfeitamente justo seria a morte, inexorável e universal. 
é absolutamente injusto, ainda que seja sedutor e "populista", tal critério; a depender do caso concreto, necessário conferir certos privilégios, para equilibrar algumas desvantagens; 
A cada qual segundo seus méritos
Igualdade distributiva 
não se exige a igualdade de todos, mas um trato proporcional aos méritos, deméritos, sacrifícios e intenções.
meritocracia – valoriza-se o mérito do ser humano.
O que vale é o esforço, a causa da ação, e não o seu simples resultado. Mérito é um critério de ordem moral
Somente são tratados igualmente aqueles que detêm o mesmo mérito, com a mesma intensidade.
proporcionalidade - as recompensas variam na mesma medida que o mérito. 
O demérito também deve ser levado em consideração quando se deseja não só recompensar, como também punir. 
Exemplos: critério de salvação pela boa intenção, pela pureza da alma, Direito penal da culpabilidade 
A cada qual segundo suas obras
 Igualdade comutativa 
 independentemente dos sacrifícios ou esforços despendidos, premia-se segundo o resultado.
 Essa apuração se dá com fatores facilmente mensuráveis, como o peso, a medida, as horas trabalhadas, as peças concluídas, os resultados de concursos públicos.
Critério calvinista de salvação: predestinação: quanto mais riqueza acumulada, mais perto da salvação
Direito penal objetivo
enquanto o critério baseado no mérito tende à universalidade, permitindo aferir-se uma medida comum aplicável a todos os homens, o critério baseado apenas no resultado (obras ou conhecimentos), em sua essência bem mais simplista e pragmática, limita-se a comparar obras ou conhecimentos da mesma espécie 
A cada qual segundo suas necessidades
 Igualdade de caridade (justiça social)
fórmula que mais se aproxima da noção de caridade: reduzir os sofrimentos resultantes das privações de meios suficientes à provisão das necessidades mais básicas à vitalidade humana. A sua aplicação exige que sejam tratados da mesma forma aqueles que fazem parte de uma mesma categoria essencial do ponto de vista de suas necessidades
caridade - busca satisfazer as necessidades de cada indivíduo em particular, considerando-se os elementos psicológicos do indivíduo isoladamente considerado. 
justiça segundo as necessidades - elege e ordena o que entende por necessidades essenciais, de modo a formar diversas categorias essenciais, concedendo a cada uma delas -  a devida “quantia”, que é igual entre os membros de um mesmo grupo, mas, na comparação entre diversos grupos, será proporcional à necessidade dos mais carentes.
As maiores discussões surgem quando se busca definir o que será entendido por necessidades essenciais, e qual a respectiva ordenação de prioridades entre elas.
Teoria do mínimo existencial – políticas compensatórias 
legislação social e trabalhista
A cada qual segundo sua posição
Igualdade aristocrática
tratam-se os seres não por características intrínsecas que os distingam, mas por fatores externos à sua vontade (o nascimento ou a nobreza), que os colocam em grupos e posições sociais diferentes.
 tratar as pessoas de acordo com a categoria a que pertençam
critério anti-universalista, e altamente discriminatório, 
exemplos clássicos as diferenças de tratamento dispensadas
à brancos e negros, nacionais e estrangeiros, livres e escravos, e assim por diante.
l critério - natureza social e o cunho hereditário das pessoas, independe da vontade do indivíduo
defendida pelos detentores do poder e pelas maiorias intolerantes, 
A cada qual segundo a lei
Igualdade formal 
ser justo é atribuir a cada qual o que lhe cabe - em sentido jurídico, é aquilo que a lei lhe atribui. 
Ser justo é aplicar as leis do país; daí decorrendo que, a depender de cada legislação, existirá um critério particular de distribuição de justiça.
Este critério, apesar de nominalmente "formal", implica uma fórmula material de distribuição da justiça, a se confundir com a própria idéia de "justiça formal", fundada num viés absolutamente legalista, ou, melhor dizendo, positivista jurídico. 
Igualdade formal - "justiça estática“ - almeja a mantença do status quo, de índole conservadora, fator de fixidez.
Outros critérios: justiça dinâmica“ progressista e concebível como fator de transformação.
Antinomias e contradições
o patrão que remunera dois operários que exercem a mesma função com a mesma produtividade, sendo um solteiro, e o outro um pai de família: 
remunerar melhor o operário que é pai atende ao preceito da justiça segundo a necessidade, tendo em vista ter ele mais encargos familiares;
 todavia, essa aplicação desobedece o preceito de justiça que dedicaria “a cada qual a mesma coisa”, quando se baseasse no resultado do trabalho, posto que o operário solteiro receberia menos havendo realizado os mesmos serviços. 
PERELMAN: nunca podemos afirmar que fomos perfeitamente justos, que levamos em conta todas as concepções da justiça que se amalgamam em nós para formar a confusa mescla a que chamamos sentimento de justiça, que tratamos da mesma forma seres que fazem parte de uma mesma categoria por nós considerada essencial. 
2 soluções diante das colisões de diversas concepções 1 - dar preferência a uma única característica essencial, em detrimento de todas as outras: exemplo - rígida hierarquia no âmbito interno das forças armadas, em que se adota um só critério – a patente –, de modo que todos os homens que estejam sob uma mesma patente serão tratados com absoluta igualdade, com os mesmos vencimentos, mesmos direitos, mesmos deveres e igual poder de comando.
 O mérito dessas fórmulas que elegem um só critério é a simplicidade da aplicação dos preceitos, facilitando a separação de grupos.
2 ª em vez de se eleger um só critério para distinguir homens e aplicar-lhes a mesma ação, eleger-se duas, três ou mais características essenciais. 
conduz a situações mais complexas,.
exemplo, tem-se o racionamento de alimentos em um dado país em tempos de guerra, levando-se em conta valores diversos: idade, sexo, ocupação civil ou militar, relevância do trabalho individual para a guerra. 
caso dos operários solteiro e pai de família, levar-se em conta simultaneamente a necessidade e a produtividade de cada um, predispondo-se sobre as remunerações levando em conta diferentes valorações de cada fator.
Equidade
A norma jurídica, como já visto anteriormente, é a descrição de uma conduta geral e abstrata, e, por isso, pode não se vincular diretamente a determinado caso concreto, haja vista que os acontecimentos sociais são muito mais complexos.
em alguns casos, a norma deverá ser adaptada ao caso concreto, para vislumbrar as particularidades trazidas em cada caso. À essa adaptação dá-se o nome de eqüidade.
equidade
é a possibilidade do aplicador do Direito de moldar a norma no intuito de que essa seja sensível às peculiaridades de cada situação trazida pela realidade, e dessa forma, possa ser mais justa. Pode-se dizer, segundo alguns autores, que a equidade é a aplicação da Justiça no caso particular.
Devido a essa ideia, o Direito admite, em muitas leis, a aplicação da equidade pelo juiz, que teria maior liberdade no julgamento dos casos submetidos à sua apreciação. 
Deve haver limites e regras, sob pena da eqüidade se transformar num instrumento de arbítrio, ficando as partes à mercê dos mandos, desmandos e vontades de um juiz.
Direito e justiça 
Pode-se dizer que leis injustas são contrárias à Justiça, ou seja, contrárias ao objetivo maior do Direito que, conforme já dito, é dar a cada um o que lhe pertence.
Por alguma distorção, a norma se torna inútil na função a que se destina, ocorrendo uma injustiça
por destinação, quando a intenção do legislador é exatamente a de se criar uma norma injusta,
 casuais , que se dão em virtude de incompetência política, que produz leis que desviam de sua finalidade e 
eventuais, quando, diante do caso concreto, a norma poderá se tornar injusta.
Leis Injustas
a norma não poderá valer por contrariar o ideal do Direito
Norma vale, senão se causa um mal ainda maior que seria a não observância do Direito em determinadas situação, sob o pretexto da injustiça. 
Assim, o mais plausível seria atender o disposto na lei, mas fazendo um trabalho de interpretação para evitar o mal contido na norma.
Segurança e justiça
Quando mais detalhadamente regulado por lei é um ponto – mais certeza a pessoa terá sobre as consequencias de sua conduta – e menos margem haverá para decidir de acordo com as particularidades do caso concreto
Quanto menos regulado for um ponto, menos certeza a pessoa terá sobre as consequencias de sua conduta (insegurança), mas maior possibilidade haverá de se decidir considerando todos as particularidades do caso concreto.
Símbolo da Justiça
Os símbolos da Justiça são imagens alegóricas que são utilizadas e difundidas como a representação da Justiça ou de sua manifestação. São símbolos usuais da Justiça: a espada, a balança e a deusa de olhos vendados.
Espada - simboliza a força,coragem, ordem, regra e aquilo que a razão dita e a coerção para alcançar tais determinações.
Balança - simboliza a equidade, o equilíbrio, a ponderação, a igualdade das decisões aplicadas pela lei.
Deusa de olhos vendados - Usualmente uma imagem da deusa romana Iustitia, que corresponde à grega Dice, significa o desejo de nivelar o tratamento jurídico de todos por igual, sem nenhuma distinção. Tem o propósito da imparcialidade e da objetividade. 
Deusa de olhos abertos e sem venda - Pode ser interpretada como a necessidade de não deixar que nenhum pormenor relevante para a aplicação da lei seja desconsiderado, avaliar o julgamento de todos os ângulos.
O Direito sem a balança para pesá-lo é força bruta e irracional. O Direito sem a espada para obrigar sua aplicação é fraco. Da mesma forma que a ausência da venda nos olhos lhe retira a imparcialidade. Cada um deve completar o outro para que a Justiça seja a mais justa possível.
O CONCEITO DE JUSTIÇA
Platão (428/27-348/47 a.C.): justo e injusto, justiça e injustiça, não são simplesmente questões de relação entre homens; essencialmente são estados internos e espirituais do indivíduo, um estado saudável ou patológico respectivamente da psyche.
Possui uma noção antropológica.
PLATÃO
Conceitos de felicidade e justiça andam juntos.
O homem justo é feliz e o injusto é infeliz.
Quem comete uma injustiça é sempre mais infeliz que o injustiçado.
A justiça agrada a Deus e a injustiça não. 
ARISTÓTELES (384 – 322 a.C.)
A justiça deve ser entendida como virtude.
Aptidão ética humana que apela para a razão prática.
A justiça não é única: total (observância da lei para legitimidade e comunidade); particular (entre partes), podendo ser distributiva (uma atribuição a membros - subordinação) e corretiva (situação de coordenação entre partes de forma absoluta); política (justiça na cidade por auto-suficiência comunitária), doméstica (pais, filhos e escravos); legal (conjunto de disposições na pólis pela vontade do legislador); e natural (encontra forças na natureza – cosmos).
SÃO TOMÁS DE AQUINO 
(1225-1274)
O conceito de justiça a partir dos conceitos éticos (éthos). Portanto, não despreza o pensamento grego.
Justiça é uma vontade perene de dar a cada um o que é seu, segundo
uma razão geométrica. 
É uma relação de igualdade entre pessoas.
SÃO TOMÁS DE AQUINO
A justiça abrange atividades do legislador, atividades do juiz, lei da natureza, da força divina e a por força da convenção.
Mesmo adotando o jusnaturalismo, entende que tudo é gerado por força da razão divina.
Justiça é um hábito virtuoso, com reiteração de atos direcionados a um fim, voluntariamente concebidos pela razão prática, dando a cada um o que é seu.
IMMANUEL KANT (1724-1804)
O conhecimento ocorre a partir da experiência, mas esta, sozinha, é incapaz de atingir aquele.
A questão ética é central nas suas críticas para o alcance da moral.
Fundamenta a sua prática moral não na pura experiência, mas numa lei aprioristicamente inerente à racionalidade universal humana.
IMMANUEL KANT
Imperativo categórico: “age de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal” (Crítica da razão prática).
Direito e moral: duas partes de um todo unitário (exterioridade e interioridade).
Agir ético: dever pelo dever.
Agir jurídico: coercitividade pela sanção.
IMMANUEL KANT
Moralidade: lida com liberdade, autonomia, interioridade e noção do dever pelo próprio dever.
Juridicidade: coercitividade, exterioridade, pluralidade de fins da ação.
	GEORGE W. F. HEGEL 
(1770-1831)
Direito e justiça devem ser identificados com o que é racional.
A justiça surge com a idéia que norteia a formação do próprio direito. Este consubstancia-se por meio da legislação e os indivíduos agem para a defesa e construção de seus direitos.
A missão do Estado é a de instrumentalizar a boa aplicação e a conquista gradativa da justiça por meio do Direito.
HANS KELSEN (1881-1973)
Discutir justiça é discutir normas morais (objeto da ética) e não sobre Direito (ciência do Direito).
O Direito pode ser justo ou injusto, mas não lhe retira a validade de determinado sistema jurídico.
“A exigência de uma separação entre Direito e Moral, Direito e Justiça, significa que a validade de uma ordem jurídica positiva é independente desta Moral Absoluta, única válida, da Moral por excelência, de a Moral.” (O que é Justiça?)
HANS KELSEN
Justiça não pode ser concebida de forma absoluta, com lugar estanque e comum a todos os homens, mas, ao contrário, de ser vista com relatividade para permitir-se a tolerância e aceitação.
“Na independência da validade do direito positivo da relação que este tenha com uma norma de justiça reside o essencial da distinção entre a doutrina do direito natural e o positivismo jurídico.” (O problema da justiça).
JOHN RAWLS (1921-2002)
Justiça como equidade, que reside no igualitarismo da posição original (estado inicial do contrato social).
Mais kantiano do que aristotélico: benefício do justo e à custa do bom.
Valor de justiça não é subjetivo, mas realiza-se pelas instituições, de forma objetiva (racionalmente compartilhada no convívio social) e coletivamente (bem comunitário).
JOHN RAWLS
A formação social do pacto é uma construção humana que beneficia a todos, e que é por meio dela que se podem realizar os indivíduos socialmente (Eduardo Bittar).
Dois princípios basilares: garantia de liberdade e distribuição igual para todos.
JOHN RAWLS
“A primeira apresentação dos dois princípios é a seguinte: Primeiro. Cada pessoa deve ter um direito igual ao mais extenso sistema de liberdades básicas que seja compatível com um sistema de liberdades idêntico para as outras. Segundo. As desigualdades econômicas e sociais devem ser distribuídas...
JOHN RAWLS
... por forma a que, simultaneamente: (a) se possa razoavelmente esperar que elas sejam um benefício de todos; (b) decorram de posições e funções às quais todos têm acesso.” (Um teoria da justiça).
Portanto, não há conceito metafísico de justiça, mas sim político, com relatividade a partir do consenso da maioria.
Justiça em Aristóteles
Livro V do Ética a Nicômaco 
1) A justiça é a virtude daqueles que praticam atos justos e se conhece o que seja justo pelasinjustiças sofridas. O homem justo é aquele que obedece a lei (a qual estabelece regras de justiça e, em princípio, busca promover o bem comum e a felicidade de todos) e que é equitativo (ou seja, que não toma mais do que lhe é devido). Seria a principal e soma de todas as virtudes (a mais perfeita delas, pois tem em vista sempre o bem alheio).
Justiça em Aristóteles
2) A palavra justiça tem um sentido geral, de soma das virtudes, e um sentido específico, de virtude ligada à posse de bens materiais e imateriais. Nesse sentido, se divide em justiça geral(dikaiosune), de distribuição desses bens entre os cidadãos, e em justiça particular(dikaion), voluntária (surgida dos pactos entre os indivíduos) e involuntária (surgida das lesões aos indivíduos).
Justiça em Aristóteles
3) A justiça supõe uma relação de proporção entre 4 termos: 2 indivíduos e 2 porções. As relações entre indivíduo e porção dizem respeito à justiça distributiva (porção devida ao mérito de cada um). As relações entre indivíduos e as porções que se devem mutuamente dizem respeito à justiça comutativa (igualdade de porções). O iníquo (desigual) é o que fica com mais do que lhe é devido.
Justiça em Aristóteles
4) A justiça entre os iguais também é chamada de corretiva, por buscar restabelecer a igualdade das porções, quando há lesão de uma das partes. Nesse caso, as pessoas recorrem ao juiz: o juiz ideal é a personificação da justiça, como mediador entre as partes, de modo a restabelecer a igualdade. Daí que os termos juiz (dikastes) e justiça (dikaiosune ou dikaion) derivem de metade (dika), pois caberá ao juiz estabelecer a metade que cabe a cada um.
Justiça em Aristóteles
5) A justiça não é simples reciprocidade de obrigações (do contrário imperaria a Lei do Talião), mas supõe uma proporcionalidade decorrente da dignidade da pessoa e do valor do bem, este medido por um padrão convencional que é o dinheiro (nomisma - moeda), dando comensurabilidade a todas as coisas. Assim, cometer injustiça é dispor de excesso e sofrer injustiça é padecer insuficiência. O injusto é o que reserva mais para si ou que distribuiu desproporcionalmente os bens entre os demais.
Justiça em Aristóteles
6) Pode-se praticar atos injustos sem se ser substancialmente injusto: o ladrão e o adúltero ocasionais, que sucumbiram à paixão. Ao governante se cobra a justiça política, de garantir a cada um o que é seu e de não tomar para si mais do que lhe é devido pelo cargo, sob pena de se tornar tirano.
Justiça em Aristóteles
7) A justiça política se divide em justiça natural, invariável no tempo e no espaço, e justiça convencional, contingente de acordo com o que se estabelecer em cada sociedade.
Justiça em Aristóteles
8) Para ser justa ou injusta uma ação, ela deve ser voluntária. Se o agente pratica uma ação injusta por ignorância (desconhecimento) ou coação (involuntariamente), a ação só é injusta incidentalmente. Há, portanto, 3 formas de ofensa à justiça: o infortúnio (erro involuntário), o erro culpável (não desejava aquele resultado, mas só o ato) e o ato de injustiça (que pode ser passional ou deliberado, sendo este último o mais propriamente injusto).
Justiça em Aristóteles
9) É possível sofrer injustiça voluntariamente, quando se aceita de bom grado a deficiência na prestação e deliberadamente não se cobra aquilo a que se tem direito. No entanto, se a partilha é feita pelo que recebe menos, não está sendo injusto, mas generoso. Já o juiz que profere uma sentença não equitativa por ignorância não é injusto, ainda que a sentença objetivamente o seja. Isto porque, ao contrário do que pensam os homens, não é nada fácil ser justo: saber como uma ação deve ser executada, como uma distribuição deve ser feita de maneira a serem uma ação justa e uma distribuição justa é mais difícil do que saber qual tratamento médico devolverá a saúde a um enfermo (por aí se vê a árdua tarefa do juiz).
Justiça em Aristóteles
10) Acima e melhor que a justiça se apresenta a equidaide (epiekéia), que retifica a justiça
legal, flexibilizando a letra fria da lei, tendo em conta as particularidades do caso concreto, já que a lei toma em consideração a maioria dos casos, devendo ser adaptada às exceções à regra e lacunas legais.
Justiça em Aristóteles
11) Como não é possível cometer injustiça contra si mesmo (adultério com a própria esposa ou furto de seus próprios bens), já que a justiça é relação com os demais, o suicida cometeria injustiça contra o Estado, privando-o de sua colaboração, razão pela qual não mereceria as cerimônias religiosas de sepultamento. Se não se pode cometer injustiça contra si mesmo, cometer injustiça contra os demais é o pior mal contra si mesmo, pelo vício extremo que representa.
Punição para aqueles que
desrespeitam as leis ou
desconsideram normas sociais
e morais geralmente aceitas
Compensação para os que
 sofreram danos ou injúrias 
Distribuição de cargas e benefícios na sociedade
(bens sociais e recursos materiais)
Teorias de justiça
Justiça
retributiva
Justiça compensatória
Justiça distributiva
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Interpretações distintas
Justiça como proporcionalidade natural 	(VI a XVII) – Direito natural: natureza e Deus
Liberdade contratual- direitos humanos civis e políticos (estado liberal)
Igualdade social – marxismo (produzir em função de sua capacidade e receber de acordo com sua necessidade.
Bem estar coletivo – socialismo democrático (direitos negativos do estado liberal e direitos positivos: econômicos, sociais e culturais – educação, saúde, aposentadoria, emprego)
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Justiça 
“Dar a cada um aquilo que é seu”
Gregos até idade média– desigualdade das pessoas – tratamento desigual (escravidão)
Igualdade:
Estado liberal – igualdade de todos perante a lei - o próprio
Marxismo – igualdade frente aos direitos garantidos pelo Estado - o necessário
Distributiva.
A justiça distributiva deve ser entendida como um meio proporcional, os sujeitos estão para as coisas assim como uma está para outra.
Trata da distribuição de riquezas, benefícios e honrarias.
Critério: mérito.
“A justiça distributiva utiliza como parâmetro o dar a cada um de acordo com seu mérito, ainda que se reconheça que o critério do mérito possa ser variável”.
Corretiva.
Mais ligada a reparação.
Dano e perda. Equilíbrio.
Devolução daquilo que foi tirado de alguém.
Resp. civil e criminal.
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Teorias atuais
Introdução do conceito de desigualdade: desigual tratamento aos desiguais favorecendo os menos afortunados
Conceito de pluralismo – respeito aos diferentes valores e interesses particulares
Grécia Antiga
Aristóteles definia justiça como sendo uma igualdade proporcional: tratamento igual entre os iguais, e desigual entre os desiguais, na proporção de sua desigualdade. Aristóteles também reconhece que o conceito de justiça é impreciso, sendo muitas vezes definido a contrariu sensu, de acordo com o que entendemos ser injusto – ou seja, reconhecemos com maior facilidade determinada situação como sendo injusta do que uma situação justa2 .
Platão reconhece a justiça como sinônimo de harmonia social, relacionando também esse conceito à ideia de que o justo é aquele que se comporta de acordo com a lei. Em sua obra “República”, Platão defende que o conceito de justiça abrange tanto a dimensão individual quanto coletiva: a justiça é uma relação adequada e harmoniosa entre as partes beligerantes de uma mesma pessoa ou de uma comunidade 3 .
teoria do Direito Natural
São Tomas de Aquino conceituou justiça como sendo a disposição constante da vontade em dar a cada um o que é seu - suum cuique tribuere - e classifica-a como comutativa, distributiva e legal, conforme se faça entre iguais, do soberano para os súbditos e destes para com aquele, respectivamente. Tomás de Aquino entende que não há um código incondicionado ou absoluto de uma justiça invariável, tendo em vista que a razão humana é variável – ainda que a vontade de buscar a justiça seja um perpétuo objetivo para o homem. Tomás de Aquino, ainda, aproxima muito seu conceito da religião, ao argumentar que, se somente a vontade de Deus é perpétua e se justiça é uma perpétua vontade, então a justiça somente pode estar em Deus4 .
juspositivismo Moderno
Hans Kelsen apresenta a justiça como sendo uma ideia irracional; por mais indispensável que seja para a ação dos homens, não se trata de um conceito sujeito à cognição. Kelsen enxerga a justiça como sendo um julgamento subjetivo de valor, que não pode ser analisado cientificamente.

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