Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL – UFFS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO – PPGE MESTRADO EM EDUCAÇÃO NO FIO DA NAVALHA: DITADURA, OPOSIÇÃO E RESISTÊNCIA1 Dionata Luis Plens da Luz2 Os anos antecedentes ao golpe de 1964 foram rodeados de acordos, oposição e resistências no governo brasileiro, quando João Goulart assumiu a presidência no dia 7 de setembro de 1961, seria o terceiro em menos de um ano assumindo um Brasil cheio de dívidas e descontrole nos gastos públicos. O objetivo do então Presidente foi buscar o apoio da oposição para garantir a estabilidade do governo e garantir a sucessão mais tarde com Juscelino Kubitschek. Sua primeira ação foi nomear como primeiro ministro, Tancredo Neves, e fez alianças entre os partidos PSD, PTB e UDN. Entretanto, o descontrole no comando de um Brasil, cujo território é extremamente grande, foi se acirrando, e em 1960 parte do Nordeste iniciou um processo de reforma agrária, entrando em conflito com os grandes fazendeiros que não queriam perder “suas” terras. Nesse ensejo, Jango criou a Superintendência de Política Agrária (Supra) com poderes para desapropriação e a função de planejar e promover a reforma agrária no país. Nas eleições de 1962, entrou em cena a Agência Central de Informação (Central de Intelligence Agency, CIA) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) despejando uma avalanche de dinheiro nas eleições com o objetivo de eleger um congresso oposicionista contra Goulart emperrar o governo abrindo caminho para o golpe.3 Em 1964 o país de encheu de greves, custo de vida aumentando e a inflação subindo. Levando o fortalecimento das forças de esquerdas. Um Comício da esquerda brasileira no Rio de Janeiro reuniu entre 150 a 200 mil pessoas. Entretanto, no mesmo ano, uma frente de oposição a Goulart, com apoio do Ipes, reuniu mais de 500 mil pessoas, não houve muita resistência, e todos achavam que os militares assumiriam o governo e chamariam novas eleições, mas ele durou 21 anos. Com a ditadura na fase inicial, uma das primeiras ações foi a cassação dos candidatos de esquerda, foram mais de 400 cassações até 1967. O primeiro presidente dos militares foi Humberto de Alencar Castelo Branco4. O projeto de desenvolvimento econômico da ditadura pretendia facilitar o investimento estrangeiro, reduzir o papel ativo do estado e elevar o ritmo do crescimento.5 Com a grande entrada de capital estrangeiro a economia cresceu rapidamente e ficou reconhecido como o “milagre econômico”, contudo teve um preço, e o crescimento da economia se fez acompanhar de um processo acentuado de concentração de renda, resultado de uma política salarial restritiva, em que os ganhos de produtividade não eram repassados para os trabalhadores. Deu-se também um aumento vertinoso da dívida externa, o país ficou mais vulnerável às alterações do cenário internacional. A partir de 1969 a máquina de repressão tocada pelos militares ganhou corpo com a criação da operação Bandeirante (Oban), financiado por empresários paulistas e empresas multinacionais, foram criados grupos para encobrir as mortes dos oposicionistas, tortura com técnica de interrogatório, tendo a tortura como lógica de combate: “acabar com o inimigo antes que ele adquirisse capacidade de lutar” (principalmente as forças de esquerdas). Nunca foi tão perigoso ser estudante no Brasil, levando a várias mortes, assim como o extermínio de indígenas em cassadas humanas, feita com metralhadoras e dinamite atirada por aviões (todas financiadas pelo Ipes). A ditadura garantiu o controle e fluxo das informações, da comunicação e da produção de opinião, reprimiu o pensamento, cultura e as ideias (artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Geraldo Vandre, Odair José e Chico Buarque foram obrigados a se exilar). As poucas e possíveis alternativas foram a criação de “as tretas do Fraco” (cena pública de maneira inesperada) a criação do personagem Rango, (uma pessoa pobre que fazia críticas aos militares e Henfil, por meio do cartum, denunciava a miséria e réstia corajosamente ao arbítrio. Referência SCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloísa., No fio da navalha: ditadura, oposição e resistência In. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. Cap.17. 1 Síntese do cap.17 da obra de Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling, “Brasil: uma Biografia”, para a disciplina “Educação Básica no Brasil”, lecionada pelo Dº Joviles Vitório Trevisol. 2 Acadêmico do Mestrado em Educação pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Semestre, 2016/2. 3 Os recursos provinham de empresas multinacionais ou associadas ao capital estrangeiro (Schwarcz, 2015, p. 440). 4 Depois de castelo Branco (1964-67), a sucessão seguiu com Costa e Silva (1967-69), Garrastazu Médici (1969-74), Ernesto Figueiredo (1979- 85). 5 O governo de Castelo Branco adotou uma dura política de estabilização: controle dos salários, redução da idade legal mínima de trabalho, fim da estabilidade no emprego através da criação do Fundo de Garantia do tempo de serviço (FGTS), repressão aos sindicalistas, e proibição de greves.
Compartilhar