Ep20_Arendt

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Arendt – Eichmann em Jerusalém-Um relato sobre a banalidade do mal
Hannah Arendt sobre Adolf Eichmann e a Natureza do Mal (Hannah Arendt on Adolf Eichmann and the Nature of Evil)
O que é o Mal?
As concepções (conceptions) tradicionais do Mal focam na monstruosidade extrema (utter monstrosity) das ações malignas – o completo terror (awe) e o horror impensável (un-think-ability of horror). O chamado puro ou Mal radical – este é o tipo de mal associado a antagonistas ou vilões – é a antítese do Bem.
Para Hannah Arendt, uma filósofa germânica judaica, o Mal não é sempre simplesmente um desejo primordial de não praticar o bem. Em vez disso, Arendt escolhe focar sua discussão sobre o Mal em um homem: Adolf Eichmann. Levado a julgamento por vários horrores, Eichmann foi declarado culpado por crimes contra a humanidade – especialmente contra o povo judeu – por supervisionar os trens que levavam as pessoas para os campos de concentração nazistas. Em 31 de maio de 1962, ele foi enforcado.
Arendt viajou à Jerusalém para cobrir o julgamento de Eichmann. Ela esperava encontrar um monstro frio e calculista, um homem que se deleitava em suas ações maliciosas. Ao invés disso, o que ela encontrou foi algo muito mais chocante; Eichmann era um pequeno homem completamente inofensivo (altogether innocuous) e aparentemente normal – em certo sentido, ele era um clichê, um burocrata estereotipado, uma forma de sonâmbulo em vida – um homem que se recusava a compreender o peso de seus crimes.
-“O problema com Eichmann era precisamente que tantos outros eram como ele. Eles não eram nem excessivamente pervertidos nem sádicos. Eles eram, e ainda são, terrivelmente e assustadoramente normais... Esta normalidade foi muito mais aterrorizante do que todas as atrocidades juntas...”( The trouble with Eichmann was precisely that so many were like him. They were neither overly perverted nor sadistic. They were, and still are, terribly and terrifyingly normal... This normality was much more terrifying than all the atrocities put together...EICHMANN IN JERUSALEM: REPORT OF THE BANALITY OF EVIL)
Eichmann não era afligido por uma sensação primordial de maldade (overriding sense of maliciousness) – ao invés disso, o que Arendt encontrou foi um homem insensível (thoughtless), que nunca parou para se colocar no lugar de outra pessoa, que se recusava a pensar por outra perspectiva. Ela encontrou alguém com um inquestionável sentido de obrigação de autoridade – que sua vida inteira havia sido um seguidor – uma pessoa ansiosa (eager) para se encaixar e ser comandado. Ele sofria de cega obediência (blind-allegiance) e um completo auto-engano (self-deception) da moralidade de suas ações. Isto fez Arendt repensar o conceito de maldade, pois Eichmann não era um demônio de nenhuma maneira óbvia. O que ela encontrou foi a ‘Banalidade do Mal’, um tipo de maldade cotidiana, uma ansiedade burocrática de realizar seu trabalho; um que não tinha empatia ou perspectiva.
Você não precisa ser cruel, sádico ou perverso (vicious) para incorporar o Mal; tudo o que uma pessoa precisa fazer é seguir cegamente as ordem de outra pessoa.
-“Quando eu falo sobre a banalidade do mal, faço-o apenas no plano estritamente factual... Ele não era estúpido. Era insensível. Algo de nenhuma maneira idêntica à estupidez... Tal afastamento da realidade pode causar mais estragos do que todos os instintos malignos tomados em conjunto...” ( When I speak about the banality of evil, I do so only in the strictly factual level... He was not stupid. It was thoughtlessness. Something by no means identical to stupidity...Such remoteness from reality can wreak more havoc than all the evil instincts taken together...EICHMANN IN JERUSALEM: REPORT OF TE BANALITY OF EVIL)
Para Arendt, isso é a banalidade do Mal. Portanto, o que pode ser feito para salvar a humanidade da obediência cega?
Este texto pertence à Wisecrack –YouTube Channel e detém toda sua autoria. Esta versão é meramente uma tradução livre.