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Página 1 de 3 Direito Penal I/Curso de Direito Prof.ª: Michelle Melo Abath 2º período Questão 64 - OAB/Exame IX) Jaime, brasileiro, passou a morar em um país estrangeiro no ano de 1999. Assim como seu falecido pai, Jaime tinha por hábito sempre levar consigo acessórios de arma de fogo, o que não era proibido, levando-se em conta a legislação vigente à época, a saber, a Lei n. 9.437/97. Tal hábito foi mantido no país estrangeiro que, em sua legislação, não vedava a conduta. Todavia, em 2012, Jaime resolve vir de férias ao Brasil. Além de matar as saudades dos familiares, Jaime também queria apresentar o país aos seus dois f ilhos, ambos nascidos no estrangeiro. Ocorre que, dois dias após sua chegada, Jaime foi preso em flagrante por portar ilegalmente acessório de arma de fogo, conduta descrita no Art. 14 da Lei n. 10.826/2003, verbis: “Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. Nesse sentido, podemos afirmar que Jaime agiu em hipótese de A) erro de proibição direto. B) erro de tipo essencial. C) erro de tipo acidental. D) erro sobre as descriminantes putativas. RESPOSTA: LETRA A COMENTÁRIOS: No exemplo dado pela questão, o agente acreditava que não havia proibição em andar portando acessórios de arma de fogo. Na verdade, Jaime desconhecia completamente tal vedação. Da forma que foi relatada a história, o agente agiu em perfeito erro sobre o direito, ou seja, erro sobre a proibição existente. Jaime possuía plena consciência do que estava fazendo, mas acreditava que não se tratava de crime. Vale dizer que, de acordo com o artigo 21 do CP, caso o erro possa ser considerado inevitável, Jaime poderia, inclusive, ser isento de pena. Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. (Questão 64 - OAB/Exame XII) Bráulio, rapaz de 18 anos, conhece Paula em um show de rock, em uma casa noturna. Os dois, após conversarem um pouco, resolvem dirigir-se a um motel e ali, de forma consentida, o jovem mantém relações sexuais com Paula. Após, Bráulio descobre que a moça, na verdade, tinha apenas 13 anos e que somente conseguira entrar no show mediante apresentação de carteira de identidade falsa. A partir da situação narrada, assinale a afirmativa correta. A) Bráulio deve responder por estupro de vulnerável doloso. B) Bráulio deve responder por estupro de vulnerável culposo. C) Bráulio não praticou crime, pois agiu em hipótese de erro de tipo essencial. D) Bráulio não praticou crime, pois agiu em hipótese de erro de proibição direto. RESPOSTA: LETRA C COMENTÁRIOS: O crime tipif icado seria o estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A do Código Penal: Estupro de vulnerável Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos Entretanto, Bráulio não sabia que Paula só tinha 13 anos. Aliás, acreditava que Paula era mais velha, já que havia conseguido entrar na casa noturna. Bráulio não sabia que ela havia usado uma identidade falsa. Como a idade, nesse caso, é um elemento constitutivo do tipo legal, ou seja, é uma circunstância essencial para caracterização do crime, devemos voltar ao artigo 20 do Código Penal. Erro sobre elementos do tipo Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. QUESTÃO 59 (OAB 2014) – Paulo tinha inveja da prosperidade de Gustavo e, certo dia, resolveu quebrar o carro que este último havia acabado de comprar. Para tanto, assim que Gustavo estacionou o veículo e dele saiu, Paulo, munido de uma barra de ferro, foi correndo em direção ao bem para danif icá-lo. Ao ver a cena, Gustavo colocou-se à frente do carro e acabou sendo atingido por um golpe da barra de ferro, vindo a falecer em decorrência de traumatismo craniano derivado da pancada. Sabe-se que Paulo não tinha a intenção de matar Gustavo e que este somente recebeu o golpe porque se colocou à frente do carro quando Paulo já estava com a barra de ferro no ar, em rápido movimento para atingir o veículo, que f icou intacto. Com base no caso relatado, assinale a afirmativa correta. A) Paulo responderá por tentativa de dano em concurso formal com homicídio culposo. B) Paulo responderá por homicídio doloso, tendo agido com dolo eventual. C) Paulo responderá por homicídio culposo. D) Paulo responderá por tentativa de dano em concurso material com homic ídio culposo. RESPOSTA: LETRA C COMENTÁRIOS: A questão trata de erro de tipo acidental sobre o resultado pretendido (aberratio criminis). Na hipótese, Paulo objetivava causar dano ao carro de Gustavo e acabou atingindo a vida de Gustavo. Dessa forma, Paulo deve responder pelo resultado provado, a título de culpa. Atenção: a questão deixa claro que o veículo f icou intacto. Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. (Procurador do Estado/PR – 2007): Durante discussão acontecida na Assembléia Legislativa, o deputado estadual “A” dispara um tiro contra o deputado “B” com intenção de matá-lo, porém causa-lhe apenas lesão corporal. Ocorre que o mesmo projétil que atravessou o ombro de “B”,atingiu o tórax do presidente da Assembléia “C”, causando-lhe a morte, resultado não querido por“A”. É correto afirmar: (A) Houve aberratio ictus, aplicando-se a regra do concurso formal perfeito. (B) Houve aberratio criminis, aplicando-se a regra do concurso formal imperfeito. (C) Houve erro na execução, aplicando-se a regra do concurso formal imperfeito. (D) Houve error in personae, aplicando-se a regra do concurso formal perfeito. (E) Houve aberratio criminis por acidente, aplicando-se a regra do concurso formal perfeito. RESPOSTA: LETRA A COMENTÁRIOS: Houve erro na execução (aberratio ictus). O Deputado Estadual A foi desastrado e errou o alvo, atingindo, além da pessoa pretendida, uma pessoa diversa. Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Página 2 de 3 Direito Penal I/Curso de Direito Prof.ª: Michelle Melo Abath 2º período No artigo 70, o Código Penal traz as regras do concurso formal perfeito e imperfeito. Como, no caso, o Deputado com uma só conduta atingiu dois resultados e só tinha dolo em um dos resultados, deve ser aplicada a regra do concurso formal perfeito. Seria concurso formal imperfeito, caso o agente tivesse dolo nos dois resultados. Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas,mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. (Advogado/CEF – 2006): Considerando o posicionamento doutrinário e jurisprudencial dominante, julgue o item subseqüente, relativo à parte geral do Código Penal. O erro de tipo é aquele que recai sobre os elementos ou circunstâncias do tipo, excluindo-se o dolo e, por conseqüência, a culpabilidade. RESPOSTA: Errado. COMENTÁRIOS: o erro de tipo exlui o dolo, punindo-se entretanto, a forma culposa quando o tipo prever. Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Defensor Público da União – 2004): Acerca do fato típico, julgue o item a seguir. O erro de tipo essencial que recai sobre uma elementar do tipo afasta, sempre, o dolo do agente,restando apenas responsabilidade por crime culposo, se houver previsão legal. RESPOSTA: CERTO. COMENTÁRIOS: o item está de acordo com a previsão do artigo 20, do CP. Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Delegado de Polícia/SP – 2003): O erro, sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime, (A) não exclui o dolo, permitindo a punição também por culpa; (B) exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei; (C) não exclui o dolo, nem permite a punição por crime culposo; (D) exclui o dolo, não permitindo a punição por crime culposo, mesmo se previsto em lei. RESPOSTA: LETRA B. COMENTÁRIOS: o item está de acordo com a previsão do artigo 20, do CP. Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (131.º OAB/SP): Assinale a alternativa correta sobre aberratio ictus, que ocorre quando o agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, em vez de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa. (A) O agente responde como se tivesse praticado o crime contra a pessoa que pretendia ofender. (B) Não é possível ocorrer a aberratio ictus numa causa justif icativa. (C) No caso de ser também ofendida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do concurso material. (D) As expressões aberratio ictus e aberratio criminis são sinônimas. RESPOSTA: LETRA A. COMENTÁRIOS: A alternativa correta está de acordo com a previsão do artigo 73, do CP, que trata do erro na execução, também chamado de aberratio ictus. Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. (127.º OAB/SP): Aberratio ictus e aberratio criminis são (A) expressões diversas utilizadas para se referir ao mesmo instituto. (B) institutos diferentes e há aberratio criminis quando o agente, em vez de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa. (C) institutos diferentes e há aberratio ictus quando, por erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido. (D) institutos diferentes e há aberratio criminis quando, por erro na execução do crime, sobrevémresultado diverso do pretendido. RESPOSTA: LETRA D COMENTÁRIOS: Aberratio ictus e Aberratio criminis são institutos diferentes. Senão, vejamos: Aberratio ictus ocorre quando, por erro na execução do crime, o agente atinge pessoa diversa da pretendida. (pessoa x pessoa) Aberratio criminis ocorre quando, por erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido (coisa x pessoa). VUNESP - 2009 - TJ-SP - Juiz Depois de haver saído do restaurante onde havia almoçado, Tício, homem de pouco cultivo, percebeu que lá havia esquecido sua carteira e voltou para recuperá-la, mas não mais a encontrou. Acreditando ter o direito de fazer justiça pelas próprias mãos, tomou para si objeto pertencente ao dono do referido restaurante, supostamente de valor igual ao seu prejuízo. Esse fato pode configurar a) erro determinado por terceiro. b) erro de tipo. c) erro de permissão. d) erro de proibição. RESPOSTA: LETRA D. Página 3 de 3 Direito Penal I/Curso de Direito Prof.ª: Michelle Melo Abath 2º período COMENTÁRIOS: No exemplo dado pela questão, o agente acreditava que não havia proibição em fazer justiça com as próprias mãos. O agente agiu em erro sobre o direito, ou seja, erro sobre a proibição existente. Tício possuía plena consciência do que estava fazendo, não podendo, portando, se falar em erro de tipo.
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