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Seguimento Farmacoterapêutico Profa. Dra. Marianna Vieira Sobral Problemas de saúde, entendidos como resultados clínicos negativos, devido à farmacoterapia que, provocados por diversas causas, conduzem ao não alcance do objetivo terapêutico ou ao aparecimento de efeitos não desejados (Segundo Consenso de Granada, 2002). Problemas Relacionados com Medicamentos (PRM) Segundo Consenso de Granada (2002): classificação de PRM em 6 categorias que se agrupam em 3 supra categorias. Plano de Seguimento: é o programa de visitas acordado entre o doente e o Farmacêutico para assegurar que os medicamentos que o doente toma são apenas aqueles que ele necessita e que continuam a ser os mais efetivos e seguros possível. Problema de Saúde (PS): “qualquer queixa, observação ou fato que o doente e/ou o médico percepcionam como um desvio à normalidade e que afetou, possa afetar ou afete a capacidade funcional do doente”. Intervenção Farmacêutica (IF): ação do Farmacêutico que visa melhorar o resultado clínico dos medicamentos, mediante a alteração da utilização dos mesmos. Esta intervenção enquadra-se dentro de um plano de atuação acordado previamente com o doente. Plano de Atuação: é o conjunto de intervenções que o doente e o Farmacêutico acordam realizar, para resolver os PRM detectados por este. Conceitos: Resultados Negativos associados à Medicação (RNM) Terceiro Consenso de Granada (2007): “resultados na saúde do doente não adequados ao objetivo da farmacoterapia e associados ao uso ou falha no uso de medicamentos”. RNM “situações em que o processo do uso de medicamentos causam ou podem causar o aparecimento de um Resultado Negativo associado à Medicação”. PRM Resultados Negativos associados à Medicação (RNM) PRM mais comuns: Administração errada do medicamento; Características pessoais; Conservação inadequada do medicamento; Contra-indicação; Duplicação; Erros de dispensação/validação; Erros de prescrição; Não adesão à terapêutica; Interações; Problema de saúde insuficientemente tratado. RNM Classificação RNM - Terceiro Consenso de Granada Segurança: Inseguridade não quantitativa. O doente sofre de um problema de saúde associado a uma inseguridade não quantitativa da medicação. Inseguridade quantitativa. O doente sofre de um problema de saúde associado a uma inseguridade quantitativa da medicação. Efetividade: Inefetividade não quantitativa. O doente sofre de um problema de saúde associado a uma inefetividade não quantitativa da medicação. Inefetividade quantitativa. O doente sofre de um problema de saúde associado a uma inefetividade quantitativa da medicação. Necessidade: Problema de saúde não tratado. O doente sofre de um problema de saúde associado ao fato de não receber a medicação que necessita. Efeito do medicamento não necessário. O doente sofre de um problema de saúde associado ao fato de receber um medicamento que não necessita. Seguimento Farmacoterapêutico Hepler (1995): médicos identificam, avaliam e estabelecem um plano terapêutico farmacêutico inicia seu processo de seguimento farmacoterapêutico. “...o processo no qual o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do usuário relacionadas ao medicamento, por meio da detecção, prevenção e resolução de PRM, de forma sistemática, contínua, documentada, com o objetivo de alcançar resultados definidos, buscando a melhoria da qualidade de vida do usuário” (Ivama et al., 2002). Relação farmacêutico-paciente identificar os problemas acordo que visa a resolução. Métodos em Seguimento Farmacoterapêutico Procedimentos de trabalho protocolados e validados através da experiência SOAP (Subjetivos, Objetivos, Avaliação e Plano) Informações subjetivas: Registro de informações obtidas do paciente, cuidador ou prontuário. Informações objetivas: Sinais vitais, resultados de exames, exame físico. Avaliação dos dados: Identificação de PRM intervenções farmacêuticas. Plano: Farmacêutico - Paciente estabelecimento do plano e da forma de monitorização PWDT (Pharmacist’s Workup of Drug Therapy) University of Minnesota por Strand e colaboradores Objetivos: 1) Avaliação das necessidades do paciente referentes a medicamentos e instauração de ações, segundo os recursos disponíveis, para suprir essas necessidades; 2) Realização de seguimento para determinar os resultados terapêuticos obtidos; PWDT (Pharmacist’s Workup of Drug Therapy) Componentes: Análise de dados: Caracterização da farmacoterapia; identificar PRM. Plano de atenção: Resolver e prevenir PRM; terapia não-farmacológica. Monitorização e avaliação: Nível dos resultados; reavaliação da necessidade. Documenting the clinical pharmacist’s activities: back to basics 7 passos fundamentais 1) Coletar e interpretar informações relevantes do paciente, com a finalidade de determinar se há PRM; 2) Identificar PRM; 3) Descrever os objetivos terapêuticos desejados; 4) Descrever as alternativas terapêuticas possíveis e disponíveis; 5) Selecionar e individualizar o tratamento mais adequado; 6) Implementar a decisão terapêutica sobre o uso de medicamentos; 7) Delinear o plano de monitorização para alcançar os resultados terapêuticos desejados. TOM (Therapeutic Outcomes Monitoring) Componentes: Coleta, interpretação e registro das informações relevantes sobre o paciente, identificando os problemas farmacêuticos potenciais; University of Florida por Charles Hepler Identificação dos objetivos explícitos de cada prescrição, visando avaliar a evolução bem como orientar o paciente; Avaliação da plausibilidade do plano terapêutico, considerando as características do paciente, suas expectativas e poder aquisitivo; Componentes: Desenvolvimento do plano de monitorização; Dispensação do medicamento, verificando o entendimento do paciente sobre a forma correta de utilização e instruindo-o para o seu uso racional; Implantação de plano de monitorização, com agendamento de novo encontro; Avaliação da evolução do uso do medicamento em relação aos objetivos, considerando a possibilidade de efeitos indesejáveis e a falha no tratamento; Resolução de problemas identificados – notificação para o prescritor; Dáder (Método Dáder de Seguimiento Farmacoterapéutico) Grupo de Investigación em Atención Farmacéutica – Universidad de Granada (1999) Doenças Medicamentos Estado de situação Identificar PRM/RNM Intervenções farmacêuticas - resolutivas Avaliação dos resultados História Farmacoterapêutica Dáder (Método Dáder de Seguimiento Farmacoterapéutico) Fases do SFT (Método Dáder) Fluxograma – Método Dáder Método Dáder. Manual de Seguimento Farmacoterapêutico 1) Oferta do Serviço Consulta sobre algum medicamento; Consulta sobre algum problema de saúde; Dispensa de medicamentos; Medição de algum parâmetro fisiológico; Queixa de algum medicamento prescrito no ato da dispensação. Como escolher o paciente? Sensibilizar o doente com a idéia de co-responsabilidade e colaboração, pelo que o doente participará na tomada de decisões relativas à sua medicação. O objetivo é conseguir a máxima efetividade dos medicamentos que toma; O Farmacêutico não substitui as funções de outro profissional de saúde, uma vez que irá trabalhar em equipe, nãovai iniciar ou suspender nenhum tratamento, nem alterar posologias que tenham sido prescritas pelo médico, ao qual se recorrerá sempre que exista algum aspecto susceptível de ser melhorado através da farmacoterapia; 1) Oferta do Serviço Como ofertar? 1) Oferta do Serviço Deve-se evitar: Fazer ofertas triunfalistas, já que não é aconselhável criar falsas expectativas ou excessivamente idealistas, que possam decepcioná-lo no futuro. Centrar a oferta nos aspectos negativos dos medicamentos e nos problemas de saúde; 1) Oferta do Serviço Marcação da visita – mediante aceite: Primeira entrevista Um saco com todos os medicamentos que tem em sua casa, com especial atenção para os que está a tomar nesse momento; Todos os documentos referentes à sua saúde (relatórios médicos, análises clínicas) que tenha em casa, para que se possa obter informação objetiva relativa aos seus problemas de saúde. Método Dáder. Manual de Seguimento Farmacoterapêutico 2) Primeira entrevista Aspectos prévios a ter em conta: Cuidar do ambiente que rodeia esta visita, evitando qualquer interrupção no desenrolar da mesma; A relação pessoal entre o Farmacêutico e o doente deve ter as mesmas características que as de uma boa equipe de trabalho; Mostrar interesse na informação que o doente expõe. Este deve sentir, no final da entrevista, que tem um profissional em quem pode confiar no que respeita à sua saúde. Código do país Estado No de inscrição da farmácia Código do paciente 2) Primeira entrevista 3 etapas: Fase de preocupações e problemas de saúde do doente; Medicamentos que o doente utiliza; Fase de Revisão. Fase de preocupações e problemas de saúde Objetivo: conseguir que o doente refira os problemas de saúde que o preocupam mais. Método Dáder. Manual de Seguimento Farmacoterapêutico Fase de preocupações e problemas de saúde Não esquecer que a postura corporal do Farmacêutico é uma forma de linguagem não verbal muito importante. Escutar, prestando muita atenção, sem intervir nem emitir opiniões ainda que sejam solicitadas. Deve transmitir-se confiança, tentando entender o doente, mais do que julgá-lo; Deixar o doente falar, sem o interromper, tornará esta fase mais eficaz. A entrevista só deve ser reconduzida se o doente se desviar do objetivo desta e divague de modo excessivo; Medicamentos que o doente utiliza Objetivo: obter informação sobre o grau de conhecimento que o doente possui acerca dos medicamentos que toma e do grau de cumprimento da terapêutica. Saber se algum medicamento causou algum problema; Reduzir o armazenamento de medicamentos em casa; Medicamentos fora do prazo de validade... 10 perguntas para cada medicamento: Fase de Revisão Objetivos: Dar a entender ao doente que se ouviu tudo com interesse. Aprofundar alguns aspectos já mencionados na primeira fase da entrevista e sobre os quais falta completar alguma informação; Descobrir novos medicamentos e novos problemas de saúde não mencionados antes, provavelmente porque não preocupavam tanto o doente; Fase de Revisão Fase de Revisão Fase de Revisão Finalização da entrevista. 3) Estado de situação É a relação entre os problemas de saúde do doente e os medicamentos que toma, numa data determinada; 4) Fase de Estudo Objetivo: obter informação necessária acerca dos problemas de saúde e medicamentos evidenciados no Estado de Situação, para avaliação posterior. 4) Fase de Estudo Problemas de saúde: Sinais e sintomas a controlar ou parâmetros de controle normalizados que podem imediatamente fomentar uma suspeita relativa a uma falta de efetividade do tratamento; Mecanismos fisiológicos de aparecimento da doença, para assim entender como atuam os medicamentos que intervêm e prever o que poderá ocorrer com outros que o doente tome ou inclusive relacioná-los com outros problemas de saúde que possam surgir devidos aos medicamentos; Causas e consequências do problema de saúde do doente, para assim entender como realizar prevenção e educação para a saúde e por outro lado, conhecer quais são os seus riscos. 4) Fase de Estudo Medicamentos: Indicações autorizadas; Mecanismo de ação; Posologia; Intervalo de utilização; Farmacocinética; Interações; Precauções; Contra-indicações. 5) Fase de Avaliação Objetivo: estabelecer as suspeitas de PRM que o doente possa apresentar; Estado de Situação Estratégia Farmacoterapêutica Problema de saúde Conjunto 5) Fase de Avaliação Contestar as 3 propriedades fundamentais da farmacoterapia: Necessidade; Efetividade; Segurança. Identificação de RNM – Terceiro Consenso de Granada; Há algum PS que não esteja sendo tratado? 6) Fase de Intervenção Objetivo: elaborar um plano de atuação de acordo com o doente e desencadear as intervenções necessárias para resolver os PRM que este possa estar sofrendo; Tentar resolver primeiro os problemas que preocupam mais o doente; Comunicação estabelecimento do plano. 6) Fase de Intervenção Tipos de intervenção: Farmacêutico - Doente - Médico: se a estratégia delineada pelo médico não atinge os efeitos esperados, ou se trata de um problema de saúde que necessite diagnóstico médico. Farmacêutico - Doente: se o PRM se deve a causas derivadas do uso do medicamento por parte do doente; 6) Fase de Intervenção Intervenção Farmacêutico-doente-médico: 7) Resultado das Intervenções Objetivo: determinar o resultado da Intervenção Farmacêutica para a resolução do problema de saúde estabelecido. Resultados folha de intervenção Intervenção aceite, problema de saúde resolvido Intervenção aceite, problema de saúde não resolvido Intervenção não aceite, problema de saúde resolvido Intervenção não aceite, problema de saúde não resolvido 8) Novo Estado de Situação Objetivo: recolher as alterações existentes desde a intervenção, relativas aos problemas de saúde e medicamentos. No caso do médico ter optado por seguir a mesma estratégia, o Estado de Situação aparentemente não muda (verificar novamente se é necessário uma nova intervenção); Com as alterações que existem, iniciará uma nova fase de estudo. 9) Visitas sucessivas Objetivos: Continuar a resolver os PRM pendentes segundo o plano de atuação acordado; Obter informação para poder documentar os novos Estados de Situação e melhorar a fase de estudo. Cumprir o plano de seguimento para prevenir o aparecimento de novos PRM;
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