Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG INSTITUTO DE MATEMÁTICA, ESTATÍSTICA E FÍSICA – IMEF CÁLCULO III POLINÔMIOS DE MACLAURIN Seja ( )xf uma função que possui a seguinte representação em série de Maclaurin ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) KK +++ ′′ +′+==∑ ∞ = k k n n n x k f x f xffx n f xf ! 0 !2 0 00 ! 0 2 0 Quando truncamos esta série no termo de grau “n”, obtemos o seguinte polinômio de Maclaurin de grau “n”: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) nn n x n f x f xffxP ! 0 !2 0 00 2 ++ ′′ +′+= K Ex.: Considere a função ( ) senxxf = e a série de Maclaurin desta função que é dada por: ( ) ( ) ( ) K+−+−= + − == ∑ ∞ = + !7!5!3!12 1 753 0 12 xxxxx n senxxf n n n e que converge para qualquer valor de x. A partir desta série, obtemos os seguintes polinômios de Maclaurin: ( ) 00 =xP ( ) xxP =1 ( ) 22 0xxxP += ( ) !3 0 3 2 3 x xxxP −+= ( ) 4 3 2 4 0 !3 0 x x xxxP +−+= ( ) !5 0 !3 0 5 4 3 2 5 x x x xxxP ++−+= ( ) 6 5 4 3 2 6 0 !5 0 !3 0 x x x x xxxP +++−+= ( ) !7 0 !5 0 !3 0 7 6 5 4 3 2 7 x x x x x xxxP −+++−+= A figura a seguir mostra como esses polinômios de Maclaurin aproximam o gráfico da função ( ) senxxf = , perto de 0=x . POLINÔMIOS DE TAYLOR Seja ( )xf uma função que possui a seguinte representação em série de Taylor ( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) KK +−++−′′+−′+==∑ ∞ = k k n n n ax k af ax af axafafx n af xf !!2! 2 0 Quando truncamos esta série no termo de grau “n”, obtemos o seguinte polinômio de Taylor de grau “n”: ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )n n n ax n af ax af axafafxP −++− ′′ +−′+= !!2 2 K Ex.: Considere a série de Taylor da função ( ) senxxf = em torno de 2 π =a ( ) ( ) ( ) K+ − − − + − −= − − == ∑ ∞ = !6 2 !4 2 !2 2 1 2!2 1 642 0 2 πππ π xxx x n senxxf n nn A partir desta série, obtemos os seguintes polinômios de Taylor: ( ) 10 =xP ( ) !2 2 1 2 2 − −= π x xP ( ) !4 2 !2 2 1 42 4 − + − −= ππ xx xP ( ) !6 2 !4 2 !2 2 1 642 6 − − − + − −= πππ xxx xP ( ) !8 2 !6 2 !4 2 !2 2 1 8642 8 − + − − − + − −= ππππ xxxx xP A figura a seguir mostra como esses polinômios de Taylor aproxmam o gráfico da função ( ) senxxf = , perto de 2 π =x . DERIVAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE SÉRIES DE POTÊNCIAS TEOREMA 1: (Teorema da derivação termo a termo) Se a série de potências ( )∑ ∞ = − 0n n n axc converge ( )RaRax +−∈∀ , , para algum 0>R , isso define a seguinte função: ( ) ( ) RaxRaaxcxf n n n +<<−−=∑ ∞ = , 0 . Tal função tem derivadas de todas as ordens dentro do intervalo de convergência. As derivadas podem ser obtidas por meio da derivação da série original termo a termo: ( ) ( )∑ ∞ = −−=′ 1 1 n n n axncxf ( ) ( ) ( )∑ ∞ = −−−=′′ 2 2 1 n n n axcnnxf , e assim por diante. Cada uma dessas séries derivadas converge em todo ponto do interior do intervalo de convergência da série original. Ex.: 1) A série de Maclaurin da função ( ) x xf − = 1 1 é dada por: ( ) 11,1 1 1 0 432 <<−=+++++++= − = ∑ ∞ = xxxxxxx x xf n nx KK Então: ( ) ( ) 11,54321 1 1 1 11432 2 <<−=+++++++= − =′ ∑ ∞ = −− xnxnxxxxx x xf n nx KK ( ) ( ) ( ) ( ) 11,11201262 1 2 2 2232 3 <<−−=+−+++++= − =′′ ∑ ∞ = −− xxnnxnnxxx x xf n nx KK *Obs.: A derivação termo a termo pode não funcionar para outros tipos de série. Por exemplo, a série trigonométrica, ( ) ∑ ∞ =1 2 ! n n xnsen é convergente IRx∈∀ . Mas se derivarmos termo a termo, chegamos à série ( ) ∑ ∞ =1 2 !cos! n n xnn que diverge IRx∈∀ . Note que esta não é uma série de potências. 2) Sabendo que ( ) 11, 1 1 0 <<−= − = ∑ ∞ = xx x xf n n , obtenha uma série de potências de x para representar cada uma das funções abaixo. Em cada caso, especifique o conjunto dos valores de x onde a representação é válida: a) ( ) ( )31 1 x xg − = Solução: No exemplo 1, vimos que ( ) ( ) ( ) 11,1 1 2 2 2 3 <<−−= − =′′ ∑ ∞ = − xxnn x xf n n Portanto podemos representar a função ( )xg por: ( ) ( ) ( ) 11,1 2 1 1 1 2 2 3 <<−−= − = ∑ ∞ = − xxnn x xg n n Ou então: ( ) ( ) ( )( ) 11, 2 21 1 1 0 3 <<− ++ = − = ∑ ∞ = x xnn x xg n n b) ( ) ( )221 1 x xg + = Solução: No exemplo 1, vimos que ( ) ( ) 11, 1 1 1 1 2 <<−= − =′ ∑ ∞ = − xnx x xf n n , então podemos escrever: ( ) ( ) ( ) 11,1 1 1 1 11 2 <<−−= + =−′ ∑ ∞ = −− xnx x xf n nn Logo ( ) ( ) ( ) 11,1 1 1 121 22 <<−−= + = ∑ ∞ = −− xnx x x xg n nn c) ( ) x x xg 32 − = Solução: Como ( ) 11, 1 1 0 <<−= − = ∑ ∞ = xx x xf n n , temos que: ∑ ∞ = = − = − = 0 2 3 32 2 2 3 1 1 2 3 n n x x x xf Portanto ( ) 3 2 3 2 , 2 3 2 3 232 1 0 1 0 <<−= = − = + ∞ = + ∞ = ∑∑ xxx x x x xg n n n n n n TEOREMA 2: (Teorema da integração termo a termo) Suponha que ( ) ( )∑ ∞ = −= 0n n n axcxf convirja ( )RaRax +−∈∀ , , para algum 0>R . Então, ( ) ∑ ∞ = + + − 0 1 1n n n n ax c converge para RaxRa +<<− e ( ) ( ) C n ax cdxxf n n n ++ − =∑∫ ∞ = + 0 1 1 para RaxRa +<<− . Ex.: 1) Para identificarmos a função ( ) 11, 753 753 ≤≤−+−+−= x xxx xxf K , Derivamos a série original termo a termo e obtemos: ( ) 11,1 642 <<−+−+−=′ xxxxxf K que é uma série geométrica com o primeiro termo 1 e razão 2x− , portanto a sua soma é: ( ) ( ) 22 1 1 1 1 xx xf + = −− =′ Agora integrando ( ) 21 1 x xf + =′ , obtemos: ( ) ( ) Carctgx x dx dxxfxf += + =′= ∫∫ 21 Observe que a série para ( )xf é zero quando 0=x , assim 0=C . Temos então: ( ) 11, 753 753 ≤≤−=+−+−= xarctgx xxx xxf K . *Obs.: Quando fazemos 1=x em ( ) arctgx xxx x n x n nn =+−+−= + − ∑ ∞ = + K 75312 1 753 0 12 obtemos: ( ) 4 )1( 7 1 5 1 3 1 1 12 1 0 π ==+−+−= + − ∑ ∞ = arctg nn n K 2) Para determinarmos uma série para a função ( ) ( ) 11,1ln ≤<−+= xxxf , podemos considerar a série K+−+−+−= + 54321 1 1 ttttt t , que converge no intervalo 11 <<−t e calcular a seguinte integral: ( ) ( ) 11, 65432 1 1 1ln 65432 0 5432 0 ≤<−+−+−+−= =+−+−+−= + =+ ∫∫ x xxxxx x dtttttt t dt x xx K K 3) Em estatística a função ( ) ∫ −= x t dtexE 0 22 π recebe o nome de Função Erro. Encontre a Série de Maclaurin da função ( )xE . Solução: A série de Maclaurin da função ( ) xexf = é dada por: ∑ ∞ = = 0 !n n x n x e , então ( ) ( ) ∑∑ ∞ = ∞ = − −= − = 00 ! 1 ! n nn n n x n x n x e e ( ) ∑ ∞ = − −= 0 2 ! 12 n nn t n t e , portanto: ( ) ( ) ( )∑ ∫∫ ∑∫ ∞ = ∞ = − −= − == 0 0 2 0 0 2 0 ! 12 ! 122 2 n x n n x n nn x t dtt n dt n t dtexE πππ De onde obtemos: ( ) ( ) ( ) ( )∑∑ ∞ = +∞ = + + − = + − = 0 12 0 0 12 12! 12 12! 12 n nn n x nn nn x n t n xE ππ ALGUMAS APLICAÇÔES: 1. CÁLCULO DE INTEGRAIS NÃO ELEMENTARES: As séries de Taylor e Maclaurin podem ser usadas para expressar integrais não elementares em termos de séries. Ex.: 1) Expresse ( )dxxsen∫ 2 como uma série de potências. Vimos que a série de Maclaurin da função ( ) senxxf = é dada por: ( ) K+−+−== !7!5!3 753 xxx xsenxxf Então, substituindo x por 2x nesta série, obtemos a série de potências para a função ( ) ( )2xsenxg = que é dada por: ( ) ( ) K !9!7!5!3 1814106 22 xxxxxxsenxg +−+−== Portanto ( ) K K − ⋅ + ⋅ − ⋅ + ⋅ −= = +−+−= ∫∫ !919!715!511!373 !9!7!5!3 19151173 1814106 22 xxxxx dx xxxx xdxxsen 2) Para determinar o valor aproximado da integral ( )dxxsen∫ 1 0 2 , consideramos a integral indefinida do exemplo anterior e obtemos: ( ) 310268303,0 !919!715!511!373 1 0 19151173 1 0 2 ≈ ⋅ + ⋅ − ⋅ + ⋅ −≈∫ xxxxx dxxsen Na figura abaixo podemos observar a aproximação da função ( ) ( )2xsenxg = (curva vermelha) com o polinômio ( ) !9!7!5!3 1814106 2 18 xxxx xxP +−+−= (curva azul) 3) Usando uma série de potências adequada aproxime, com precisão de três casas decimais, o valor da integral: ∫ + 2 1 0 31 x dx . Solução: Vimos que 11, 1 1 0 <<−= − ∑ ∞ = xx x n n , então: ( ) ( ) ,1 1 1 1 1 0 ∑ ∞ = −= −− = + n nn x xx portanto temos: ( ) ( ) ( ) K−+−+−=−=−= + ∑ ∑ ∞ = ∞ = 12963 0 0 33 3 111 1 1 xxxxxx x n n nnnn De onde obtemos: ( ) 485,0 131074 1 1 2 1 0 131074 2 1 0 129632 1 0 3 ≈ +−+−=+−+−≈ + ∫∫ xxxx xdxxxxx x dx Observe que resolvendo esta integral através do método das frações parciais obtemos: ( ) ( ) 485,0 3 12 3 1 1ln 6 1 1ln 3 1 1 2 1 0 22 1 0 3 ≈ − ++−−+= +∫ x arctgxxx x dx 2. CÁLCULO DE LIMITES Algumas vezes, podemos calcular limites de formas indeterminadas expressando as funções envolvidas como séries de Taylor. Ex.: Para calcular o limite: 1 ln lim 1 −→ x x x , podemos representar xln como uma série de Taylor de potências de 1−x , ou seja: ( ) ( ) ( ) ( ) K+−−−+−−−= 432 1 4 1 1 3 1 1 2 1 1ln xxxxx Então temos: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 11 4 1 1 3 1 1 2 1 1lim 1 1 4 1 1 3 1 1 2 1 1 lim 1 ln lim 32 1 432 11 = +−−−+−−= = − +−−−+−−− = − → →→ K K xxx x xxxx x x x xx 3. SOMA DE SÉRIES NUMÉRICAS Ex.: 1) Para determinar a soma da série numérica + ⋅+ ⋅+⋅+=++++=∑ ∞ = KK 32 432 1 2 1 4 2 1 3 2 1 21 2 1 2 4 2 3 2 2 2 1 2n n n , podemos considerar série de Maclaurin da função ( ) ( )21 1 x xf − = , ou seja: ( ) K++++= − 32 2 4321 1 1 xxx x que converge se 1<x e substituir x por 2 1 nesta série, obtendo: K+ ⋅+ ⋅+⋅+= − 32 2 2 1 4 2 1 3 2 1 21 2 1 1 1 Então podemos escrever: 2 2 1 1 1 2 1 2 1 4 2 1 3 2 1 21 2 1 2 2 32 1 = − ⋅= + ⋅+ ⋅+⋅+=∑ ∞ = K n n n Portanto a série numérica ∑ ∞ =1 2n n n converge com soma igual a 2. 2) Integrando de 0=x até 1=x uma série de potências representando a função ( ) xxexf = , mostre que ( ) 2 1 2! 1 1 = +∑ ∞ =n nn Solução: Temos que ∑ ∞ = = 0 !n n x n x e , então ∑ ∞ = + = 0 1 !n n x n x xe , portanto obtemos: ( )∑∑∑∫∫ ∞ = +∞ = ∞ = + + = + == 0 1 0 2 00 1 0 1 1 0 2! 1 2! 1 ! n n nn n x nnn x n dx n x dxxe mas [ ] 110 1 0 =−=∫ xxx exedxxe logo ( ) ( ) ( ) 2 1 2 1 1 2! 1 1 2! 1 2! 1 2 1 101 =−= + ⇒= + = + + ∑∑∑ ∞ = ∞ = ∞ = nnn nnnnnn
Compartilhar