Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Roteiro de Estudos II Criminologia Ciência voltada para o indivíduo criminoso em contraposição a uma postura estritamente jurídica sobre o fenômeno criminoso. Evolução Histórica criminologia: O grande marco dos estudos criminológicos está no surgimento da Antropologia Criminal. Antropologia Criminal Altera a perspectiva do fenômeno do crime para a figura do criminoso. O criminoso passa a ser o objeto de estudo. A busca das causas explicativas do agir criminoso (aquilo que faz agir) em oposição à conduta (a ação em si mesma) resultou na negação do “livre arbítrio”. Há a necessidade de apropriar-se de um conhecimento para dominar as leis que regem o comportamento humano. A consequência imediata foi a consideração do criminoso como um “anormal”. O primeiro passo foi dado por Cesare Lombroso (1835-1909) psiquiatra, antropólogo e político. Sua extensa obra inclui temas: “Medicina Legal”, “Os avanços da Psiquiatria”, “O gênio e a loucura”,“Geografia Médica”,“O Homem Delinqüente”(1876) . Cesare Lombroso relacionou características físicas (stigmata) ou a tendência inata de sociopatas com o comportamento criminal. Sua teoria foi cientificamente desacreditada, porém chamou a atenção para a importância de estudar a mente criminosa. Partindo da idéia da desigualdade fundamental dos homens honestos e criminosos, Lombroso extrai da autópsia de delinquentes uma grande série de anomalias atávicas, sobretudo uma enorme fosseta occipital média e uma hipertrofia do lóbulo cerebeloso mediano, análoga a que se encontra nos seres inferiores. Criminoso nato tem formas humanas primitivas: a forma da calota craniana e da face, as dimensões cranianas, o maxilar inferior proeminente, sobrancelhas fartas, molares muito salientes, orelhas grandes e deformadas, corpo assimétrico, pouca sensibilidade à dor, grande envergadura dos braços, mãos e pés, crueldade, leviandade, precocidade sexual. O fenômeno criminal passa a ser objeto de estudo de um conjunto de teorias elucidativas: Biologia Criminal, Criminologia Genética, Psiquiatria Criminal, etc. que compõem a “Criminologia Clínica”. Criminologia Clínica: Seus pressupostos teóricos estão orientados para a concepção médico-psicológica (etiologia). Objetos de estudo: o delito, o delinquente, a vítima e as instâncias de controle. Está voltada para programas de prevenção. O campo de trabalho é o sistema penitenciário. Estuda a instituição prisional, suas regras, seus profissionais, seus hábitos, para desenvolver estratégias de intervenção que promovam a reinserção social do criminoso apenado. Subsídios para enfrentar as questões: Análise da conduta que o direito criminal define como criminosa; Análise do cárcere e de suas vicissitudes; Discussão das estratégias de intervenção com vistas à reinserção. Criminologia Sociológica: Em contraposição surge a“Criminologia Sociológica”que propõe uma revisão crítica da Criminologia Clínica. Enrico Ferri aluno de Lombroso, sociólogo criminal, jurista e político italiano, considerava a delinquência como consequência de fatores antropológicos e sociais. A "vitimologia" também tem raízes em suas idéias, embora tenha conhecido melhores desenvolvimentos com as críticas da sociologia criminal. Gerou uma nova ordem de estudos científicos sobre o crime: inicialmente, chamou-se sociologia criminal e depois Criminologia Crítica, como é conhecida. Teorias Funcionalistas O crime é produzido pela própria estrutura social e não deve ser visto como uma anomalia ou moléstia o resultado é saudável. A base teórica é descrita por Durkheim: O crime é normal porque uma sociedade isenta dele é completamente impossível. O desvio é funcional e somente se torna perigoso se exceder certos limites toleráveis. É necessário eclodir a desorganização ficando a conduta humana à margem de qualquer orientação (anomia), para então emergir um novo ordenamento. Anomia "desorganização pessoal do tipo que resulta em um individuo desorientado ou fora da lei, com pouca vinculação à rigidez da estrutura social e suas normas". "situações sociais em que as normas estão em conflito e o individuo encontra dificuldade em seus esforços para se conformar às exigências contraditórias”. "uma situação social que não contém normas e que é, em consequência, o contrário de sociedade, como anarquia é o contrario de governo”. Fato Social Quanto mais a sociedade avança e os indivíduos que nela vivem se especializam em suas profissões, mais esquecem o trabalho como o todo, perdem a noção de conjunto, voltam-se mais para sua especialização: "a arte de saber cada vez mais de cada vez menos". Ausência de Normas Em suma, o conjunto de normas comuns que constitui o principal mecanismo para regulação das relações entre os componentes de um sistema social se desmorona. Teorias Estruturalistas: O sujeito aprende o crime de acordo com sua convivência em certos ambientes, assumindo as características do grupo ao qual está subordinado por aproximação voluntária, ocasional ou coercitiva. O processo de associação diferencial propicia ao sujeito a aprender e apreender as condutas desviantes respectivas. Os infratores praticariam os mesmos crimes porque só teriam oportunidade de aprender condutas delitivas. Mecanismos estruturais: A sociedade apresenta-lhe metas, mas não disponibiliza os meios necessários para alcançá-las. O indivíduo perde suas referências, sente-se abandonado e sem possibilidades. Então, usa os meios ilegais e desviantes, uma vez que os legítimos não estão acessíveis. Ainda que os fins culturalmente válidos e os meios legítimos para alcançá-los estejam na origem dos comportamentos desviantes, o modelo de pesquisa do fenômeno criminal só vai se delinear com o surgimento da Criminologia Crítica. Criminologia Crítica: O crime passa a ser visto como uma realidade normativa e moldada pelo Sistema Social. O criminoso deixa de ser encarado como “anormal”e o crime como manifestação “patológica”. A explicação para a criminalidade é procurada na atuação do Sistema Penal que a define e reage contra ela. A indicação de alguém como criminoso é dependente da ação das agências estatais responsáveis pelo controle social. Ser ou não ser criminoso não está relacionado à presença ou ausência de alguma doença ou anormalidade, mas ao fato do indivíduo estar envolvido nas malhas das agências que agem com base em orientações normativas e sociais. A Criminologia Crítica parte da idéia de que o Sistema Punitivo é construído e funciona com apoio em uma ideologia da Sociedade de Classes. O Direito é visto como um instrumento de manutenção do status quo social e alimenta a desigualdade pelo exercício de um poder de dominação e força. A Criminologia crítica é construída pela mudança do objeto de estudo: Deslocamento da criminalidade (fato) para a criminalização (realidade construída) com a finalidade de mostrar o crime como qualidade atribuída a comportamentos ou pessoas pelo sistema de justiça criminal. E pelo método de estudar esse objeto. O método interacionista: a construção social do crime e da criminalidade estabelece a mudança de foco do indivíduo para o sistema de justiça criminal. O método dialético: insere a construção social do crime e da criminalidade no contexto da contradição capital/trabalho. A criminalidade se constitui por processos seletivos fundados em estereótipos, preconceitos e outras idiossincrasias pessoais, desencadeados por indicadores sociais negativos de marginalização, desemprego, pobreza, moradia em favelas etc. Teoria da Reação Social O fato só é tomado como criminoso após a aquisição desse status através da lei que seleciona certos comportamentos como irregulares, de acordo com os interesses sociais. Entende-se que a atuação rotuladora do Sistema Penal exerce forte pressão para a permanência do indivíduo no papel social (marginal e marginalizado) que lhe é atribuído. O sujeito estigmatizado ao invés de se recuperar, ganha a identidade desviante. O SistemaPenal é concebido como um criador e reprodutor da violência e da criminalidade. Passa a ser objeto de estudo da criminalidade a descoberta dos mecanismos sociais responsáveis pela definição dos desvios e dos desviantes. Ponderações A criminalidade e a violência são problemas complexos que só permitem uma análise criteriosa através de um conjunto de saberes e métodos de investigação que isolados produzem noções distorcidas. Trata-se da Criminologia Integrada que chega à racional conclusão: “O crime em si não existe na natureza, trata-se do resultado de normas humanas convencionadas”o criminoso, portanto, é aquele que infringe tais normas e não o portador de anomalias. O crime é uma criação normativa, um filho do Direito, podendo modificar-se ao longo do tempo e das mudanças sociais e não um rebento da natureza. Novos estudos: O equívoco refere-se a um conceito natural de crime e de criminoso como portador de alguma anomalia ignorando a evolução das idéias criminológicas ao longo do tempo. São estudos que ligam a violência a determinados genes produtores de uma enzima: monoamido oxidases ou MAOs. Criminologia Genética Os estudos sobre os genes criminosos centram-se em atos violentos e se esquecem de condutas criminosas que prescindem de atitudes agressivas ou violentas. Reforçam uma postura que enxerga somente uma parcela de condutas criminosas mais visíveis. Nem toda violência é criminosa e nem todo crime é violento. Práticas esportivas violentas têm a agressividade canalizada para condutas não criminosas. A aplicação da genética como uma explicação determinista do crime e do criminoso promove o retorno ao Lombrosianismo. Culpabilidade A legitimidade teórica do Direito Penal está na aferição da“culpabilidade”. Significa que determinada ação ou omissão pode ser imputada ao seu autor. Carece, no entanto, de sustentação material que indique o motivo pelo qual se afere no sujeito uma prática criminosa. O crime é uma modalidade de resposta para a tentativa de fazer valer direitos. Portanto, o criminoso não deve ser considerado como um objeto, mas como sujeito pensante. Na base de qualquer intervenção deve-se ter como meta a reflexão, de cuja capacidade dependa respostas que atendam às expectativas e às normas sociais. CRIMINOLOGIA e Direitos humanos Desde que o homem se organizou socialmente, conforme regras determinadas iniciou-se a consagração de garantias pessoais que protegessem os governados contra a arbitrariedade prepotente dos governantes. A luta pela conquista dos direitos e liberdades tem sido longa. O conceito de DIREITOS HUMANOS pode produzir espaço para discussão entre direitos individuais e sociais. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS - Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Artigo I – “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade”. Todos os homens são considerados como pessoas, e nem ao menos a maioria o é, pois onde não se respeita o direito elementar da vida... o Direito à Vida! CONCEITO de CRIMINOLOGIA Ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa da circunstância da esfera humana e social, relacionadas com o surgimento, comissão ou omissão do crime, assim como o tratamento daquele que viola a lei. Engloba a aproximação de várias áreas do conhecimento e diferentes âmbitos da realidade que devem ser analisados para compreender o fenômeno criminógeno. OBJETO da CRIMINOLOGIA A busca em torno de uma definição de CRIME, que englobe o delito, o delinquente, a vítima e o controle do comportamento. Não há crime sem lei anterior que o defina: crime e criminoso são rótulos atribuídos pela lei a condutas e agentes selecionados. Se o crime é uma conduta proibida pela Lei, a Lei constitui a causa formal do crime. O direito criminal confere, portanto, ao comportamento sua natureza de crime. MÉTODO da CRIMINOLOGIA Sabe-se que os fenômenos reais só podem ser conhecidos através da PERCEPÇÃO (experiência); Sabe-se que a Criminologia é uma ciência empírica que se serve do método indutivo; Sabe-se que os caminhos pelos quais se obtém os juízos de percepção são: A OBSERVAÇÃO E A EXPERIMENTAÇÃO. À Criminologia importa a observação.
Compartilhar