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Uso da Videoconferência no Processo Penal Brasileiro

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Maria Bethânia Neves Ferreira
VIDEOCONFERÊNCIA
LEINº 11.900/2009
Universidade Caldas Novas
Caldas Novas – 2014
Maria Bethânia Neves Ferreira
VIDEOCONFERÊNCIA
LEINº 11.900/2009
 O trabalho abordará os pontos negativos e positivos sobre o uso da Videoconferência no Processo Penal Brasileiro apresentado pela aluna do curso de Direito, Maria Bethânia Neves Ferreira, como avaliação para o Professor, Eduardo.
Universidade Caldas Novas
Caldas Novas – 2014
RESUMO
O presente trabalho abordará os pontos negativos e positivos sobre o uso da Videoconferência no Processo Penal Brasileiro. No Primeiro Capítulo, tentou-se trazer a definição e como o avanço da informática pôde auxiliar a realização dos atos processuais. Logo em seguida, foi demonstrado o histórico no Brasil, assim como um estudo do direito comparado em outros países. No Capítulo seguinte, foram abordados todos os principais Princípios Constitucionais e do Processo Penal que guiam a utilização do Sistema da Videoconferência. No Terceiro Capítulo, foram abordados os meios de provas que podem ser realizados por meio da Videoconferência. E na Conclusão, foi demonstrado como o interrogatório pode ser feito por meio da Videoconferência. Foram abordadas, ainda, as críticas, as vantagens, o posicionamento do Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça, antes da publicação da nova Lei que autoriza a realização dos Atos Processuais por meio da Videoconferência. E por fim, tentou-se demonstrar todos os aspectos da Lei n° 11.900/2009, no curso dosprocessos criminais.
Palavras-chave: Videoconferência. Princípios. Meios de prova. Atos Processuais. Eficiência.Celeridade.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
1 VIDEOCONFERÊNCIA 5
1.1 Definição 6
1.2 Histórico no Brasil 8
1.3 Estudo Comparado 10
2PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM A VIDEOCONFERÊNCIA 12
2.1 Princípio do Devido Processo Legal 12
2.2 Princípio do Contraditório e Ampla Defesa 12
2.3 Princípio da Publicidade 13
2.4 Princípio da Verdade Real 14
2.5 Princípio da Celeridade Processual 15
2.6 Princípio da Economia Processual15
2.7 Princípio da Eficiência 16
3 DAS PROVAS 18
3.1 Teoria da Prova 18
3.1.1 Conceito e Finalidade 18
3.1.2 Objeto da Prova 18
3.1.3 Sistemas de Apreciação 19
3.2 Meios de Prova19
3.3 Ônus da Prova 20
3.4 Provas em Espécie 20
3.4.1 Interrogatório 20
3.4.2 Confissão 22
3.4.3 Perguntas ao Ofendido 22
3.4.4 Prova Testemunhal 23
3.4.5 Reconhecimento de Pessoas e Coisas 23
3.4.6 Acareação 24
4 A PRODUÇÃO DA PROVA POR MEIO DA VIDEOCONFERÊNCIA 25
4.1 A Videoconferência na Realização de Interrogatórios 25
4.2 Críticas 26
4.3 Vantagens 28
4.4 Antecedentes Legais e Jurisprudenciais sobre a Videoconferência (STJ e STF)29
4.5 A Nova Lei que Disciplina a Videoconferência: Lei n° 11.900/2009 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS 34
REFERÊNCIAS 36
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar como o uso dos recursos tecnológicos pode agilizar a prestação da tutela jurisdicional. Com o objetivo de alcançar a celeridade e a economia processual, a tecnologia já começou a ser aplicada nos processos criminais.
Após o advento da Lei nº 11.900, de 8 de janeiro de 2009, tornou-se possível a produção de provas no curso do processo criminal por meio da Videoconferência. Antes da edição da nova Lei, existiam várias controvérsias a respeito desse assunto. Para oSupremo Tribunal Federal, a utilização dessa nova ferramenta era inconstitucional, uma vez que não existia Lei Federal que tratava a respeito do assunto. Já para o Superior Tribunal de Justiça, a Videoconferência era vista como um avanço no Judiciário Brasileiro e não trazia qualquer prejuízo para o acusado.
A Lei nº 11.900/2009 alterou os Artigos nº 185 e 222, do Código de Processo Penal, admitindo que o interrogatório do réu pudesse ser feito por meio desse novo Sistema. A Lei em apresso não limitou a utilização do emprego desse recurso tecnológico, mas apenas ao do interrogatório. A nova Lei permitiu que todos os atos processuais, que dependam da participação da pessoa presa, como a oitiva de testemunhas, acareações, reconhecimento de pessoas e coisas ou perguntas ao ofendido, pudessem ser feitos por meio da Videoconferência, desde que fossem respeitadas as garantias previstas em Lei.
Com a edição da nova Lei, que autoriza a realização de produção de provas por meio da Videoconferência, será possível que esses Atos se tornem mais céleres e tragam uma maior economia para o Estado? Será que a informática, com o uso de recursos tecnológicos, vá tornar a realização de atos processuais, no curso do Processo Penal, mais eficaz, econômica e célere, sem ferir nenhum dos Princípios Constitucionais e do Processo Penal, ao que o réu tem direito?
Para comprovar essa informação, o trabalho foi desenvolvido em quatro Capítulos, sendo que no Primeiro, trouxe a importância do uso dos recursos tecnológicos no Judiciário Brasileiro, bem como ohistórico da Videoconferência no Brasil e em outros países. Já no Segundo Capítulo, foram abordados todos os Princípios Constitucionais e Princípios do Processo Penal, cujo objetivo principal é garantir que nenhum direito do acusado seja violado. Logo no Terceiro Capítulo, tentou-se demonstrar os meios de provas que podem ser produzidos por meio da Videoconferência. Na Conclusão, abordou-se como a Videoconferência pode ser utilizada para realizar interrogatórios no curso do procedimento penal, bem como as críticas e os pontos positivos dessa nova tecnologia e o posicionamento do Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça.
Por meio do método dedutivo-indutivo, buscou-se, nas pesquisas realizadas, um melhor esclarecimento sobre o instituto da Videoconferência aplicada na Justiça Brasileira.
Para a Introdução, Desenvolvimento e Conclusão do presente trabalho, buscou-se a fundamentação em vários dispositivos do mundo jurídico. Orientou os estudos por meio da Constituição Federal de 1988, do Código de Processo Penal, dos saudosos e renomados doutrinadores, dos artigos disponíveis na internet, das revistas jurídicas, dos informativos e dos boletins jurídicos.
1 VIDEOCONFERÊNCIA
Inicialmente convém esclarecer a importância que a informática exerce nos dias atuais, especialmente no Judiciário Brasileiro. Nos tempos em que a velocidade da informação e a celeridade processual devem andar juntas, é necessário definir e esclarecer todos os pontos importantes sobre o uso dessa nova tecnologia nos atos processuais criminais. Será abordado, também, um breve histórico sobre o uso da Videoconferência no Judiciário Brasileiro, e ainda, será demonstrado o estudo comparado com outros países, onde também é utilizado esse novo Sistema.
Definição
A sociedade vive em um ritmo muito acelerado, e por isso, ela deve se submeter a uma nova dinâmica. Isso tudo sem contar a velocidade da informação. As informações podem ser repassadas, via Internet, numa velocidade tão acelerada que o espaço entre o fato e a notícia é mínimo. Um acontecimento ocorrido do outro lado do mundo pode ser presenciado virtualmente em tempo real.
As inovações tecnológicas fazem parte da vida moderna e já chegaram à Justiça. Nos dias atuais, é possível perceber o aumento considerável de litígios na sociedade brasileira. Contudo, a revolução tecnológica tem pontos positivos e negativos. Por um lado, existe a facilidade de acesso à Justiça e à libertação da morosidade judiciária, e por outro, é alvo de severas críticas em relação à violação dos Princípios do Direito Processual, dentre eles o do Contraditório e da Ampla Defesa, da Documentação Escrita,da Livre Convicção e da Oralidade.
Quando se fala em processo eletrônico, é possível perceber a crescente adoção de sistemas informáticos para o tratamento de informações e a prestação de serviços mais céleres aos atos judiciais. Mesmo assim, ainda existe uma forte resistência à implementação desses sistemas audiovisuais. Esse novo conceito permite a coleta de provas à distância, especialmente no curso de procedimentos criminais. A partir do Século XX, a tecnologia ganhou espaço e se tornou mais usual que a comunicação convencional. A Videoconferência, recurso inovador, trouxe um avanço tecnológico e que vem evoluindo desde a área médica até a área jurídica. Essa ferramenta possibilitou, em tempo real, a comunicação visual e auditiva de pessoas em localidades geográficas diferentes.
Os conceitos de Teleconferência, Audi conferência e Videoconferência, por vezes, causam confusão. A Teleconferência é um Sistema de Comunicação à distância que combina telefonia e televisão, via Satélite. A Audi conferência é utilizada nas comunicações de áudio, seja por telefone ou celular. Já a Videoconferência é utilizada de forma interativa com os dois tipos de comunicação, ou seja, áudio e vídeo.
Os equipamentos utilizados para a realização da Videoconferência são alojados em uma unidade central, com câmera de vídeo, microfone e monitor ou aparelho de TV, para exibir as imagens. As informações passadas por esses aparelhos trafegam pela rede mundial de computadores, a Internet, com segurança. E ainda, não é necessário que do outro lado se tenha a mesma marca ou modelo dos aparelhos utilizados para a transmissão de informação, sendo que para isso, basta apenas que os dois falem a mesma linguagem.
O Sistema de Videoconferência é uma revolução na comunicação em áudio e vídeo. Por meio dela, é possível ter interatividade, disseminação de informações, e ainda, é possível a troca dessas ideias em vários lugares do mundo. Segundo Cruz e Barcia: É uma tecnologia que permite que gruposdistantes, situados em dois ou mais lugares geograficamente diferentes, comuniquem-se “face a face”, por meio de sinais de áudio e vídeo, recriando, à distância, as condições de um encontro entre pessoas. Na área do Processo Civil, todo tipo de modernização já é permitida, e já vem sendo utilizada há muito tempo. A vida moderna seria impossível sem a informatização. A atualização do Código de Processo Penal não acompanhou o dinamismo do Código de Processo Civil, visto que tal modernização é abordada desde o processo de conhecimento até o processo de execução.
É necessário que os procedimentos criminais também tenham recursos para implantar as novas tecnologias. O uso da tecnologia pode ser utilizado para que se tenha maior transparência e agilidade. Esses investimentos podem ser utilizados na digitalização de processos, certificação digital, criação de redes para identificação e requisição de presos, com maior facilidade, e um sistema de informações onde o Executivo e Judiciário possam interagir.
A modernização da Justiça visa atender ao Princípio da Celeridade Processual e não deve minimizar os Direitos e Garantias expressos na Carta Magna de 1988, decorrente dos Princípios adotados pela própria Constituição ou dos Tratados Internacionais que se submete.
Em pleno Século XXI, a informatização para produção dos meios de prova veio para reduzir gastos públicos, e ainda, trouxe o acesso à Justiça para toda a sociedade, visto que petições podem ser enviadas por fax ou por e-mail, sem a perda de prazos ou deslocamentos que se tornariamdesnecessários.
Entretanto, apesar da informatização prestar um grande serviço relevante a todos os âmbitos da Justiça, seja ela, Cível, Trabalhista ou Criminal, ainda existe uma grande carência que a tecnologia não foi capaz de alcançar. Não existe um cadastro nacional que detenha os dados de todos os detentos no País e que seria capaz de trazer a tão sonhada agilidade, sem afastar o acusado dos Tribunais.
1.2 Histórico no Brasil
No Brasil, o uso da informática já é bastante utilizado em diversas áreas. Nem por isso foi necessário uma grande mudança no modus operandi da realização dos atos processuais.
Em 27 de agosto de 1996, o Juiz de Direito da Primeira Vara Criminal de Campinas realizou o primeiro interrogatório do réu, por meio da Videoconferência. O acusado estava preso na Casa de Detenção, em Hortolândia. Essa operação representou uma economia de despesas, maior segurança e maior celeridade nos atos processuais. René Ariel Dotti qualificou esse caso como uma cerimônia degradante. O Professor disse ainda, que se o projeto da Tele audiência for implantado, a verdadeira justiça seria virtual, fria e sem dinâmica.
Em 17.05.2001, 3 (três) detentos da Penitenciária de Aníbal Bruno participaram, em Pernambuco, da primeira Tele audiência do Estado. O Sistema contou com o funcionamento de câmeras de vídeo, aparelhos de televisão e computadores que se assemelhavam ao Sistema de Teleconferência.
A implantação do serviço no Estado de Pernambuco teve um investimento de R$ 55.000,00 (cinquenta e cinco mil reais) e vemproporcionando uma grande redução de gastos para o Governo local. O Governo gastava cerca de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), por mês, com movimentação de detentos, e essas ações exigiam a montagem de um aparato de segurança nacional, sobretudo para o transporte de presos de alta periculosidade.
O Juiz da 1ª Vara de Execuções Penais, Adeildo Nunes, presidiu a Primeira Tele audiência, no Estado do Recife. Essa nova experiência foi realizada no Fórum de Recife e em seguida, a outra, no estabelecimento penitenciário.
Por meio da Portaria nº 2.210/2002, o Tribunal de Justiça da Paraíba regulamentou o uso da Videoconferência para a realização dos interrogatórios online. O Tribunal implantou links entre as Varas e os Presídios, para assim, os Juízes da Vara de Execuções Criminais poderem realizar o interrogatório, por meio da Videoconferência.
Por meio do Provimento nº 5, de 20 de junho de 2003, expedido pela Controladoria-Geral, em seu Artigo nº 276, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que abrange os Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, regulamentou o uso da Videoconferência nos interrogatórios de réus.
Em São Paulo, foi editada a Lei nº 11.819/2005, que autorizava o uso da Videoconferência para o interrogatório dos réus. Todavia, por meio de um Habeas Corpus, o Supremo Tribunal Federal declarou a ilegalidade dos atos praticados por meio da Videoconferência e tornou nulo, de pleno direito, o processo a contar do interrogatório do paciente. No mesmo Julgamento, a maioria dos Ministros entendeu que o Estado de São Paulonão poderia tratar sobre a matéria, uma vez que, é competência privativa da União legislar sobre Direito Processual Penal.
Sem discutir o mérito da questão, o Ministro, Carlos Alberto Menezes, de direito, citou o Pacto de São José da Costa Rica que fala sobre o contato pessoal do acusado com o Juiz, ou seja, o interrogatório só poderia ser feito se as partes estivessem presentes. Os Ministros, Marco Aurélio e Carlos Brito, também manifestaram contra o uso da Videoconferência. O Ministro, Carlos Brito, se posicionou afirmando que o procedimento não estava de acordo com o Princípio do Direito à Ampla Defesa e do Contraditório.
O Relator do Habeas Corpus, o Ministro, Cezar Peluso, afirmou: “... em tempos de garantia individual, o virtual não vale como se real ou atual fosse, até porque a expressão “conduzida perante” não contempla a possibilidade de interrogatório online”.
No Tribunal de Justiça de Brasília, já está sendo utilizada a Videoconferência. Cada vez que 1 (um) dos 5.800 (cinco mil e oitocentos) detentos do Centro de Integração e Reeducação precisa ser ouvido por uma autoridade judiciária, o seu deslocamento até o Fórum de Brasília gera uma despesa ao Erário Público em cerca de R$ 300,00 (trezentos reais). Para garantir a segurança não só da população, mas também dos próprios presos e policiais,é utilizada uma viatura e 3 (três) agentes policiais. O número de agentes e viaturas aumenta quando o preso é classificado como detento de alta periculosidade.
1.3 Estudo Comparado
Na Austrália, Japão, Nova Zelândia e nosEstados Unidos, já é feito, por meio da Videoconferência, o depoimento de testemunhas. Esse procedimento vem sendo adotado para evitar o deslocamento dos réus em grandes distâncias. Todavia, esses interrogatórios não são muito aceitos, visto que falta o impacto psicológico que deixa de existir em razão da não presença física da testemunha, e também pelo alto custo dessas inquirições.
Nos Estados Unidos, a legislação processual federal e mais 50 Estados-Federados já utilizam a Videoconferência nos procedimentos criminais. Na Itália, em 1992, a Videoconferência foi implantada para proteger as testemunhas no combate ao crime organizado e ficou conhecida como collegamentoaudiviso a distanzia.
Com o advento da Lei nº 1.062, de 15 de novembro de 2001, que introduziu o Artigo nº 706-71, do Código Processual Penal Francês, foi possível a realização de interrogatório, coleta de depoimentos, acareações e concretização de medidas de cooperação internacional, pelos meios de informatização.
Desde 2003, no Reino Unido, a Lei Geral de Cooperação Internacional em Matéria Penal autorizou que testemunhas que estavam na Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales prestassem seus depoimentos por meio do uso da Videoconferência. A Organização das Nações Unidas já se pronunciou favoravelmente sobre o Sistema da Videoconferência, pois a adoção dessa ferramenta pode trazer benefícios para o combate da criminalidade transnacional. Sendo assim, a ONU poderá utilizar tecnologias audiovisuais para a realização de atos processuais e a facilidade paracolher provas na instrução criminal.
Em dezembro de 2003, a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, também conhecida como a “Convenção de Mérida”, trouxe a previsão da utilização da Videoconferência no interrogatório de réus, oitiva de testemunhas, vítimas e peritos.
Há uma previsão expressa nos Artigos nº 32, 2º, e 46, §18, da Convenção de Mérida para a produção de provas no curso dos processos criminais. Na Austrália, País de dimensões continentais, que também é uma Federação com Unidades dotadas de grande autonomia, o Tribunal do Estado de Vitória admite o uso de Videoconferência em audiências, sempre que o requerente solicite. A autorização do Tribunal está ligada também a ouvida de sentenciados e acusados e para requerimentos de fiança, entre outros procedimentos.
Em 1998, no Canadá, houve a emenda do Código Criminal e do Código de Processo Penal, que autorizou a coleta de depoimentos de testemunhas, à distância, por meio de vídeo-link. O referido Código já autorizava a ouvida de crianças e adolescentes, vítimas de abusos por meio da Videoconferência, assim como a presença virtual do réu em circuito fechado de televisão ou mediante vídeo-link, a partir do estabelecimento prisional. A Corte Canadense também admite a realização de sustentações orais, via Satélite, e ainda, tem realizado audiências, via Satélite, a pedido de autoridades de outros países.
2 PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM A VIDEOCONFERÊNCIA
Nesse Capítulo, foram abordados todos os Princípios Fundamentais que devem ser interpretados em conjunto e sistematicamente na realização dos Atos Processuais, por meio da Videoconferência. Por meio desses Princípios, o réu poderá ser ouvido sem que nenhum dos seus direitos seja minimizado, ou ainda, ter a garantia de que não irá sofrer qualquer tipo de limitação no seu direito de defesa.
2.1 Princípio do Devido Processo Legal
No Brasil, o Princípio do Devido Processo Legal, também chamado de Princípio do Processo Justo, está inserido na Carta Magna, como a base que norteia os demais Princípios e Direito Brasileiro. Esse Princípio está previsto expressamente na Constituição Brasileira de 1988, mas já era possível identificar, mesmo que implicitamente nas Cartas anteriores, a aplicação desse Princípio. No Direito Europeu e Norte-Americano, também é aplicado o Princípio do Devido Processo Legal, sendo que esse último foi o que verdadeiramente buscou alcançar o verdadeiro sentido desse Princípio.
O Princípio do Devido Processo Legal está previsto no Artigo nº 5, Inciso LIV, da Constituição Federal de 1988: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. A liberdade é a regra e o seu cerceamento é a exceção. O Devido Processo Penal é o aglutinador dos inúmeros Princípios Processuais Penais. Ele trilha o caminho a ser seguido pelo Estado, a fim de que a sociedade possa fazer valer todos os seus Direitos e Garantias Fundamentais. Serão nulos todos os atos que não garantirem a fiel observância ao Princípio do Devido Processo Legal se a prova for colhida por meio ilícito, se ao réu não for concedido o Direito deAmpla Defesa, ou ainda, se o Processo correr em sigilo, sem nenhuma justificativa.
O Devido Processo Legal consiste em assegurar à pessoa o direito de não ser privada dos seus bens e da sua liberdade, sem a garantia de um Processo estabelecido por uma Lei. Nesse sentido, o acusado deverá ter o direito à plenitude de defesa, ou seja, terá o direito de ser ouvido, de ser informado pessoalmente de todos os atos processuais, de ter assistência jurídica, de ter acesso às publicações e de ter todas as decisões motivadas, no curso do Processo.
2.5 Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa
O Princípio do Contraditório ou também chamado de Princípio da Bilateralidade da Audiência, tem como finalidade, garantir a ampla defesa do acusado, no curso do Processo Criminal. O Contraditório está previsto no Artigo nº 5, Inciso LV: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o Contraditório e Ampla Defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
O Princípio em estudo esclarece que as partes podem participar do Processo, com o objetivo de formar o convencimento do Juiz. O Princípio Constitucional do Contraditório não serviria apenas para garantir o direito à informação das partes que estão presentes na lide, mas também tem como objetivo garantir o direito de resposta com a mesma intensidade e extensão.
A importância desse Princípio Constitucional se tornou evidente com a reforma do Código de Processo Penal. Ele tenta limitar o livre convencimento do Juiz para apreciar as provas queconstam no Processo, ao vedar a fundamentação da decisão, com base apenas nos elementos que foram colhidos na fase do Inquérito Policial. Por isso, é importante que as partes também possam produzir provas na fase judicial.
Quando se fala em ampla defesa, é necessário lembrar que as partes têm direito de impugnar, sobretudo no Processo Penal, uma vez que qualquer alegação contrária ao seu interesse deva ser objeto de impugnação. O réu tem o direito de se defender de todas as acusações a ele imputadas. Como é a parte juridicamente mais frágil no Processo, o réu deverá ter tratamento justo, uma vez que a ampla possibilidade de defesa deve ser compensada, devido à maior força estatal.
A Ampla Defesa gera direitos exclusivos ao réu. Exemplo clássico é a revisão criminal, uma vez que, só pode ser ajuizada, pela Defesa, assim como a verificação da eficiência da defesa do acusado por parte do Magistrado, quando a ele incumbe o dever de desconstituir o advogado escolhido pelo réu, ou ainda, nomear outro defensor dativo para prosseguir na defesa do acusado.
Nesse sentido é que o Princípio da Ampla Defesa traz o direito às partes, de terem assistência jurídica, seja por advogado ou Defensoria Pública, sobretudo na defesa. Qualquer alegação contrária ao interesse de uma das partes poderá ser impugnada por todos os meios admitidos em direito, para se alcançar a efetividade da sua tese.
2. 3 Princípio da Publicidade
No Processo Penal, o Princípioda Publicidade tem um papel fundamental. Na realização dos atos que compõem a formação do Processo, torna-se mais transparente o exercício da jurisdicional estatal, e com isso, será assegurada às partes, a imparcialidade do Magistrado. A publicidade dos atos processuais integra o devido Processo Legal, pois representa uma maior garantia do direito de defesa entre as partes. A própria sociedade tem interesse em conhecer e exercer a justiça. A publicidade dos atos processuais está em correspondência com os interesses da comunidade, sendo considerado um freio contra possíveis fraudes, ilegalidades ou corrupção.
O Princípio supracitado está profundamente ligado à humanização do Processo Penal, uma vez que ele é parte oposta ao procedimento secreto. Dispõe o Artigo nº 5, Inciso LX, da Carta Magna, que “a Lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.” Dessa mesma forma, o Artigo nº 93, Inciso IX, da Constituição Federal, prevê que:
A todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentados todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente, a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.
A Publicidade apresenta duas vertentes: a Publicidade poderá ser geral ou plena, quando a realização dos atos processuais poderá ser presenciada por todos que tiverem interesse. Já a Publicidade especial será restrita apenas às partes que fazem parte do processo judicial.
O Princípio da Publicidade visa garantir a independência, a imparcialidade, a autoridade e a responsabilidade do Juiz. A chamada Publicidade Restrita ocorre nos casos em que o decoro ou o interesse da coletividade é contrário à divulgação dos procedimentos que estão sendo adotados em determinados Processos. Já a Publicidade popular, como está previsto nos Artigos nº 5, Inciso LX, e nº 93, Inciso IV, da Constituição Federal, é a regra para a publicidade dos atos processuais.
2.4 Princípio da Verdade Real
Parte da doutrina entende que o Princípio da Verdade Real é a peça fundamental no Processo Penal. Utiliza-se a verdade real para que as partes possam levar aos Autos, provas lícitas, ou ainda, provas que irão motivar o Magistrado a aplicar uma medida justa e eficaz.
No Princípio da Verdade Real, o Juiz deverá buscar provas para formar o seu convencimento. As partes deverão produzir as suas provas, mas o Magistrado não deve se satisfazer apenas com o que lhe foi apresentado. Exemplo sobre essa questão é o que está previsto no Artigo nº 209, do CPC, quando dispõe que: “o Juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes”.
Diferentemente do que prevê o Código de Processo Civil, onde o Juiz não está obrigado a buscar novas provas, especialmente nas lides que versam sobre patrimônio ou interesse disponível, o Magistrado fica vinculado às provas produzidas pelos interessados que compõem a lide.
Dizer que no Processo Penal não existe a verdade, é afirmar que o Magistradoprofere suas decisões por meio de mentiras ou inverdades. Ao passo que dizer que se ele decide apenas com a base na verdade processual, como se ela por si só fosse a única verdade, é uma grande mentira.
2.5 Princípio da Celeridade Processual
O Artigo nº 8, do Pacto de São José da Costa Rica (Convenção Americana sobre Direitos Humanos), o qual foi aprovado pelo Brasil, pelo Decreto Legislativo nº 27, de 25.09.1992, e promulgada pelo Decreto nº 678, de 6.11.1992, dispõe que são Garantias Judiciais:
Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
Importante destacar que os procedimentos judiciais mais demorados e protelatórios sejam evitados e que sejam tomadas decisões rápidas e eficientes para cada caso concreto. O Estado não pode deixar de garantir a segurança jurídica para buscar alcançar a celeridade processual.
O Princípio da Celeridade Processual determina que todos os Processos que estão em curso na via judicial devam desenvolver-se em tempo razoável, de modo a garantir a utilidade do resultado alcançado, ao final da demanda.
2.6 Princípio da Economia Processual
Na Justiça Brasileira é evidente o fenômeno da morosidade na prestação da tutela jurisdicional. Pode-se atribuir a lentidãona solução dos conflitos, a própria ineficácia ou inutilidade da máquina do judiciário. Sendo assim, o próprio legislador infraconstitucional tenta criar novos mecanismos para tornar mais simples a prática dos atos processuais, como a criação de ritos mais céleres ou a diminuição, sem restringir, é claro, os incidentes ou recursos processuais.
O Princípio da Economia Processual tornou-se explícito com a Emenda Constitucional nº 45/2004, que trouxe a reforma do Judiciário. Ele está previsto no Artigo nº 5, Inciso LXXVIII: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
O referido Princípio também está previsto no Artigo nº 62, da Lei nº 9.099/95, e sempre foi utilizado no Processo Penal comum. Ele tem o objetivo de garantir às partes, o direito de produzir provas e buscar a verdade real, sem nenhuma restrição. É dever de o Estado buscar desenvolver todos os atos processuais com a maior celeridade possível, sem esquecer-se da eficiência e qualidade na prestação da tutela jurisdicional. Ao Poder Estatal incube a responsabilidade de dar uma resposta imediata à ação criminosa e reduzir, ao máximo, o tempo e a interposição de recursos.
A economia processual está ligada à ideia de que os atos processuais devam ser realizados da forma menos onerosa para as partes. Não significa dizer que alguns atos possam ser prejudicados, ou ainda, possam não ser realizados. O verdadeiro sentido está na possibilidade de se escolher a forma que menos tragacustas para o Estado. Sendo o Processo, um instrumento, não se pode exigir um elevado nível de gastos em relação aos bens que estão em disputa. É necessário que se observe a maior eficiência possível na aplicação do direito, sem que se tenham gastos elevados para a realização dos atos processuais.
2.7 Princípio da Eficiência
A Emenda Constitucional nº 19/1998, da Reforma Administrativa, acrescentou o Princípio da Eficiência no Artigo nº 37, caput da Constituição Federal de 1998. Esse Princípio trouxe a ideia de ação para a produção de resultados mais rápidos e precisos. O Princípio da Eficiência é aplicável a todas as atividades administrativas, em todas as Esferas da Federação e em todos os Poderes.
O presente Princípio institui que a Administração Pública deve prestar os seus serviços públicos de forma ágil e eficaz, uma vez que a ela incumbe o dever de apresentar resultados que satisfaçam as necessidades da sociedade. O Princípio da Eficiência visa garantir que as atividades desenvolvidas pelos Entes Públicos sejam exercidas com prestatividade, perfeição e rendimento funcional. Sendo um dos Princípios mais modernos da Administração Pública, visto que não se pode observar apenas a legalidade dos atos administrativos, o Princípio supracitado exige resultados positivos e satisfatórios no atendimento das necessidades de toda a sociedade e de seus membros.
O núcleo principal do Princípio da Eficiência deve ser observado quando o Estado vai atender a necessidade da comunidade com a maior produtividade e economicidade. OPoder Estatal deverá trabalhar para a redução dos desperdícios retirados dos Cofres Públicos, o que impõe a satisfação dos serviços públicos com presteza,agilidade e perfeição.
O Princípio em estudo ainda visa garantir para as gerações futuras, maior possibilidade de exercer a cidadania contra eventuais falhas do Poder Público. Importante lembrar que o Princípio da Eficiência não atinge apenas os serviços prestados pelos Entes Públicos perante a sociedade, mas também os serviços administrativos internos das pessoas federativas e das pessoas a elas vinculadas.
O Princípio em estudo aproxima-se da ideia sobre a economicidade, Princípio previsto no Artigo nº 70, caput da Constituição Federal, que trata sobre o controle financeiro da Administração Pública. O objetivo principal é atingir uma boa prestação de serviços, de um modo rápido, econômico, eficaz e simples, melhorando a relação custo/benefício. É possível observar o Princípio da Eficiência sobre duas vertentes: a primeira versa em relação ao modo de atuação do agente público, ou seja, o Estado tenta desempenhar as suas funções da melhor forma possível para alcançar os melhores resultados. O outro posicionamento surge em relação ao modo de organização, estruturação e disciplina da Administração Pública, quanto à prestação dos serviços perante sociedade. Na verdade trata-se de um objetivo a ser alcançado com a Reforma do Estado. Em 1995, foi elaborado o Plano Diretor da Reforma do Estado, que expressamente trouxe que:
Reformar o Estado significa melhorar não apenas a organização e o pessoal do Estado, mas também suas finanças e todo o seu sistema institucional-legal, de forma a permitir que o mesmo tenha uma relação harmoniosa e positiva com a sociedade civil. A reforma do Estado permitirá que seu núcleo estratégico tome decisões mais corretas e efetivas, e que seus serviços - tanto os exclusivos, que funcionam diretamente sob seu comando, quanto os competitivos, que estarão apenas indiretamente subordinados na medida em que se transformem em organizações públicas não-estatais - operem muito mais eficientemente.
Existem entendimentos doutrinários controvertidos quando se fala dos Princípios da Eficiência e o Princípio da Legalidade. Entende-se que para a eficiência ser realmente atendida, a legalidade poderá ser sacrificada. Ora, os dois Princípios Constitucionais concluem-se, e ainda, é possível sim, que a Administração Pública possa atuar com eficiência dentro da estrita legalidade.
DAS PROVAS
Inicialmente será conceituada e especificada a finalidade das provas no Processo Criminal, bem como os seus objetivos, ônus da prova, meios de prova e por fim as provas propriamente ditas, elencadas no Código de Processo Penal, uma vez que este instituto é a essência para a realização dos atos processuais.
3.1 Teoria da Prova
Para que o estudo sobre a Videoconferência fique completo, é necessário trazer o conceito, a finalidade, o objeto e os meios de apreciação das provas.
3.1.1 Conceito e Finalidade
A palavra Prova veio do latim probatio, que significa ensaio, verificação, inspeção, exame, argumento ou aprovação. É o conjunto de provas trazidas pelas partes ou por terceiros, para que o Magistrado possa ter a certeza sobre a licitude ou ilicitude dos fatos, da verdade ou falsidade sobre um delito praticado.
A principal finalidade das provas é trazer vida ao Processo. Sem a existência de provas válidas será impossível levar elementos que possam formar a convicção do Juiz. Segundo Paulo Rangel, a prova no Processo Penal pode ser conceituada como um instrumento utilizado pelos sujeitos da relação processual (juiz, autor e réu) para comprovar o que se alega nos Autos do Processo.
A prova produzida no Processo nada mais é do que a tentativa de reconstrução dos fatos que foram trazidos na fase do inquérito policial. Nesse sentido, ela tenta reconstruir tudo que aconteceu no momento da ação ou da omissão, a verdade dos fatos, assim como efetivamente ocorreu o ato no espaço e no tempo. 
Quando ocorre um ilícito penal, o Juiz deverá se ater ao que foi produzido nos Autos do Processo, ou ainda, poderá pedir a averiguação de certos elementos probatórios para o seu convencimento. Todo o conjunto será analisado pelo Magistrado, pois é por meio das provas que ele poderá ter a capacidade de julgar se foi cometido um delito penal e de quem é a sua autoria.
3.1.2 Objeto da Prova
Como ensina Edilson Mougenot Bonfim, o Processo é uma atividade racional e que tem como objetivo, a aplicação do direito para obter a pacificação das lides existentes na sociedade. Sendo assim, a prova também possui regras próprias para alcançaruma lógica no procedimento criminal.
O objeto da prova é a coisa, as circunstâncias, o acontecimento, o fato que ocorreu e que o Juiz deve conhecer, para que possa emitir seu juízo de valor. No Processo Penal, os fatos controversos ou não devem ser provados em face dos Princípios da Verdade Processual e do devido Processo Legal. Isso porque, mesmo que o réu confesse todos os fatos narrados na denúncia ou queixa-crime, sua confissão não terá valor absoluto, devendo o Magistrado confrontar os demais elementos de prova constantes nos Autos.
3.1.3 Sistemas de Apreciação
Segundo Fernando Capez e Paulo Rangel, o Sistema de Provas pode ser assim definido:
a) Sistema da prova legal, da certeza moral do legislador, da verdade legal, da verdade em forma ou tarifado: ao Juiz é imposto um rigoroso acatamento às regras previstas previamente em Leis, que atribui o valor de cada prova, isso porque a Lei tenta delimitar, sem nenhum tipo de discricionariedade, sem deixar que ele julgue as provas mais ou menos importantes.
b) Sistema da Certeza Moral do Juiz ou da Íntima Convicção: diferentemente do posicionamento anterior, a Lei não faz nenhuma restrição para a formação do convencimento do Juiz. Sua convicção será íntima, formada por meio de elementos subjetivos e sem critérios específicos para o julgamento. Esse procedimento está previsto no Ordenamento Jurídico Brasileiro, com exceção do Tribunal do Júri, nas quais, as decisões são proferidas pelos jurados, nas quais o jurado profere seu voto, sem necessidade de fundamentação. O Magistrado nãoestá obrigado a fundamentar suas decisões, pois pode julgar a partir da sua experiência pessoal, bem como as provas que constam ou não no Processo.
c) Sistema da Livre (e não íntima) Convicção, da Verdade, do Livre Convencimento ou da Persuasão Racional – de acordo com o Artigo nº 155, do CPP, ao Juiz é dada a liberdade de agir de acordo com as provas que estão nos Autos do Processo, pois se não estivessem ali, logo não existiriam no mundo.
3.2 Meios de Prova
Segundo ensina o doutrinador, Guilherme de Souza Nucci: “São todos os recursos, diretos ou indiretos, utilizados para alcançar a verdade dos fatos no Processo”. A título de esclarecimento, os meios de prova são todos os atos que possam ajudar, direta ou indiretamente, na busca da verdade, na instrução criminal.
Os meios de prova são todos aqueles que direta ou indiretamente levam ao Juiz, a verdade de todos os fatos, previstos ou não em Lei. É a partir do que é produzido nos Autos que o Magistrado poderá formar a sua convicção acerca do fato ocorrido.
No Processo Penal Brasileiro vigora o Princípio da Verdade Real. As provas produzidas pelas partes são utilizadas para demonstrar toda a verdade que está no Processo. Por isso, não é admitido Ordenamento Jurídico Brasileiro à limitação quanto à produção de provas, podendo ainda ser utilizado os meios técnicos e científicos. Porém, o único meio que não se adéqua para produção das provas são aquelas que foram colhidas de forma ilícita.
É preciso lembrar que os meios de provas ilícitos não são apenas aqueles proibidos por Lei,mas também são os imorais, que atentam contra o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e dos bons costumes. Sendo assim, todos os meios de provas admitidos em Lei poderão ser produzidos no curso do Processo Criminal.
Pode-se destacar, como meio de provas, o depoimento de testemunhas, a inspeção judicial, algum indício e requerimento de perícia, enfim, todosos elementos que o Juiz necessita para alcançar a verdade real no Processo.
3.3 Ônus da Prova
Do latim vem a palavra ônus – onus- que significa carga, fardo ou peso. O ônus não pode ser conceituado como uma obrigação a ser cumprida pelas partes. É o interesse de produzir provas para levar ao Juiz, subsídios necessários para fundamentar a sua sentença. Numa visão subjetiva, o ônus da prova é o encargo que tem a parte de trazer para o Processo, os fatos que ocorreram a seu favor. O que diferencia entre a obrigação e ônus é a seara da obrigatoriedade. A obrigação é uma imposição prevista em Lei, onde já o ônus, é uma ação facultativa e se não for praticada, não terá atuação contrária ao direito.
Uma vez instaurado o Processo Judicial, cabe à parte que alega a existência do delito, trazer as circunstâncias que levaram ao cometimento do crime. Também incumbe a ela, provar à materialidade da autoria do ilícito penal. Já ao acusado cabe provar a inexistência do fato, ou ainda, as causas de diminuição de pena ou excludente da antijuridicidade. Como já citado no Parágrafo Anterior, em regra, o ônus da prova é da acusação. Mas nada impede que o próprio réu possa chamar para si, ointeresse de também produzir as provas no Processo Criminal, no qual, ele é uma das partes.
3.4 Provas em Espécie
Após o estudo teórico sobre as provas, nesse tópico serão abordadas todas as provas em espécie que podem ser produzidas nos Autos do Processo Criminal, por meio da Videoconferência.
3.4.1 Interrogatório
O Professor Fernando Capez, ao definir interrogatório, o faz da seguinte forma:
É o ato judicial no qual o juiz ouve o acusado sobre a imputação contra ele formulada. É o ato privativo do juiz e personalíssimo do acusado, possibilitando a este último o exercício da sua defesa, da sua autodefesa.
Conceitua-se Interrogatório Judicial, o ato processual praticado pelo acusado e que se dirige diretamente ao Magistrado. Nesse diapasão, poderá o réu se defender dos fatos que lhe são impugnados, e ainda, poderá indicar provas a serem trazidas aos Autos. Nesse mesmo procedimento processual, o acusado terá o direito de permanecer em silêncio, informando apenas os seus dados de qualificação.
A Constituição Federal de 1998, em seu Artigo nº 5, Inciso LXIII e o Artigo nº 8, Inciso I, do Pacto de São José da Costa Rica, asseguram o direito ao réu de permanecer calado durante o Processo Criminal. Mesmo que não haja previsão expressa sobre o direito a não-incriminação, pode-se concluir que o referido Princípio visa assegurar o Princípio do Sistema de Garantias Constitucionais. O direito ao silêncio, no interrogatório, garante a integridade física do acusado, uma vez que a ele é permitido o direito de não-incriminação de suapessoa, na formação da culpa.
Com o advento da Lei nº 11.719/2008, de 20 de junho de 2008, o interrogatório não é mais o primeiro ato processual da instrução criminal. Há de se notar que esse antigo procedimento acarretava prejuízo ao exercício do direito de defesa do acusado.
De acordo com os Artigos nº 400 e 531, do Código de Processo Penal, a nova reforma processual penal instituiu que, tanto no procedimento ordinário como no sumário, a audiência será una. Nessa audiência única serão concentrados todos os atos instrutórios, como a oitiva de testemunhas, depoimento pessoal do réu, acareações e o reconhecimento de coisas ou pessoas.
O interrogatório é um ato personalíssimo, uma vez que somente o próprio réu pode ser interrogado, não sendo possível se fazer suprir pelo instituto da representação. Tem a natureza jurídica de defesa, uma vez que é dada ao réu, a oportunidade de permanecer em silêncio, sem acarretar nenhum tipo de risco, ou ainda, nesse mesmo momento, poderá se defender de todas as acusações.
Com o advento da Lei nº 10.792/2003, a presença do Defensor, no momento da realização do interrogatório do réu, passou a ser obrigatória, sob pena de nulidade absoluta do Processo. No momento da realização do interrogatório, se o acusado não tiver assistência jurídica, caberá ao Juiz nomear um Defensor dativo para a Audiência. Além disso, o Artigo nº 187, §§ 1º e 2º, do CPP, propicia a introdução de três espécies de interrogatório. A primeira etapa é denominada de interrogatório de qualificação, cuja finalidade é obter dados deidentificação do réu. Neste, o réu não poderá mentir, nem se valer do direito ao silêncio.
Sobre o interrogatório por meio da Videoconferência, como preceitua a inteligência do Artigo nº 185, § 2º, da Lei nº 11.900/2009, que alterou os dispositivos do Código de Processo Penal, será abordado em momento posterior.
3.4.2 Confissão
A Confissão é a aceitação, por parte do acusado, sobre todos os fatos que lhe são imputados durante o curso do Processo Penal. Trata-se de uma declaração voluntária a respeito de fato próprio e pessoal, desfavorável e suscetível de renúncia.
Para o doutrinador, Guilherme de Souza Nucci, a Confissão é o ato realizado pelo réu, onde ele admite para si, de forma voluntária, expressa e pessoalmente, diante do Magistrado, em ato público e reduzido a termo, a prática de algum ilícito criminal.
A Confissão pode ser judicialmente, quando realizada em juízo, ou extrajudicialmente, quando produzida em inquérito policial. A Confissão Judicial pode ocorrer no interrogatório ou fora dele. É importante destacar que se o réu confessar o crime, colaborar de modo efetivo nas investigações, durante o Processo, poderá ser beneficiado com o perdão judicial ou com a diminuição da pena.
3.4.3 Perguntas ao Ofendido
Ofendido é o sujeito passivo do ilícito penal. A vítima, por ser a parte prejudicada da infração penal, terá interesse na condenação do réu. Sendo assim, a vítima colaborará por meio dos seus depoimentos, em face da natural proximidade dela com os fatos a serem apurados.
Como dispõe o Artigo nº 201, do CPP,sempre que for possível, o ofendido será qualificado e a ele será perguntado sobre as circunstâncias do ilícito penal, quem seja ou presuma ser o autor, as provas que possam indicar, tomando-se por termo, as suas declarações. Conforme o §1°, sendo intimado o ofendido para tais esclarecimentos, e este sem justo motivo, deixar de comparecer, poderá ser conduzido à presença da Autoridade.
O ofendido não integra o rol de testemunhas da acusação. Por isso, de acordo como Artigo nº 203, do CPP, ele não tem compromisso de dizer a verdade. Contudo, a Lei impõe condição coercitiva se, quando regularmente intimado, o ofendido não comparecer a Audiência.
Nesse sentido, quando o ofendido afirma que alguém praticou um crime, esse deverá depor, sempre que for intimado, visto que poderá vir a ser apurada a sua responsabilidade penal, caso seja falsa a sua imputação.
3.4.4 Prova Testemunhal
A palavra “testemunhar” originou-se do latim testari, que significa confirmar, mostrar. Segundo ensina Capez:
Em sentido lato, toda prova é uma testemunha, uma vez que atesta a existência de fato. Já em sentido estrito, testemunha NE todo homem, estranho ao feito e equidistante das partes, chamado ao processo para falar sobre fatos perceptíveis e seus sentidos e relatos ao objeto em litígio.
Testemunha é a pessoa que declara aquilo que presenciou, no momento do ilícito penal. A testemunha age com imparcialidade e com o compromisso de dizer a verdade, podendo confirmar a veracidade do fato ocorrido. No Processo Penal também é reconhecido como meio de prova, assim como a confissão, os documentos, acareação, entre outros.
O Artigo nº 203, do CPP, dispõe que:
A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre às razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
Reconhecimento de Pessoase Coisas
O Reconhecimento de Pessoas e Coisas previsto no Processo Penal pode ser definido como o momento em que as partes vão verificar ou confirmar a identidade de alguma pessoa ou coisa que a ela é mostrada, com pessoa ou coisa que já viu.
Como dispõe o Artigo nº 226, do Código de Processo Penal, no reconhecimento das pessoas, o ofendido ou as testemunhas deverão necessariamente fazer uma prévia descrição do suspeito. O suspeito será colocado ao lado de pessoas com as mesmas características físicas, e ainda, a lavratura de um auto, relatando todos os procedimentos adotados, o qual será lavrado por autoridade competente, por quem fez o reconhecimento e por duas testemunhas.
O reconhecimento de pessoas possui valor probatório variável. Quando realizado apenas na fase do inquérito policial, não poderá ser admissível como único elemento de prova. Nesse contexto, o Reconhecimento de Pessoas ou Coisas será utilizado como substrato para condenação doacusado, caso seja corroborado pelos demais elementos colhidos no processo judicial.
3.4.6 Acareação
Acareação ou acaroar é o procedimento previsto no Processo Penal, para confrontar, cara a cara, as divergências que existem no depoimento. Todavia, não se trata apenas de visões e ideias diferentes sobre o mesmo ato criminoso, mas também, tenta tornar claras as divergências que surgem durante a instrução criminal.
São pressupostos para que aconteça a acareação: os depoimentos ou as declarações das pessoas a serem acareadas e que devem ter sido prestados no mesmo Processo; os fatos ou circunstâncias devem ser os mesmos; e entre os depoimentos deve haver divergência sobre os fatos que interessem a busca da verdade real. Os indivíduos que participam da acareação irão debater sobre os pontos que geram divergências no Processo e o Juiz deverá evitar que surja, entre eles, qualquer alteração de comportamento durante a Audiência.
4A PRODUÇÃO DA PROVA POR MEIO DA VIDEOCONFERÊNCIA
No Capítulo que conclui o presente Trabalho, serão abordados os aspectos legais e constitucionais sobre a Videoconferência. Primeiramente será demonstrado como a Videoconferência pode ser utilizada na realização dos interrogatórios.
Em segundo lugar, serão mencionados os argumentos favoráveis e desfavoráveis de doutrinadores, jurisprudência e estudiosos do direito sobre a Videoconferência.
Ainda serão demonstrados os posicionamentos do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, no que tange a legalidade do Sistema de Videoconferência eos antecedentes que versavam sobre o referido assunto. Na Conclusão, será demonstrado o funcionamento e todos os aspectos abordados pela Lei n° 11.900, de 8 de janeiro de 2009.
4.1 A Videoconferência na Realização de Interrogatórios
O Poder Público teve a necessidade de modernizar os procedimentos realizados nas instruções criminais, com o objetivo de evitar os transtornos provocados pelo transporte de presos, dos presídios aos fóruns. Com o advento da Lei n° 11.900/2009, que traz a possibilidade da utilização do Sistema de Videoconferência a outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o Estado pode se modernizar e se entregar a essa nova prática de realização dos atos processuais.
Por meio da Videoconferência, o Magistrado poderá fazer o interrogatório dos presos em tempo real, e ainda, poderá realizar outros atos processuais como a acareação, o reconhecimento de pessoas e coisas, a inquirição de testemunha ou o depoimento do ofendido. Em todas essas hipóteses de produção de prova, fica garantido o acompanhamento do ato processual pelo acusado e de seu defensor.
A Videoconferência poderá ser realizada por um Sistema que compreenda a instalação de equipamentos de digitalização de imagens, para a realização de Audiências virtuais entre o Fórum, onde estão localizadas as Varas Criminais e o Presídio, onde ficam os detentos, em processo de julgamento.
Para a realização dos atos processuais no curso dos Processos Criminais, são necessários que sejam observados vários requisitos de validade, comoa presença de um funcionário da Justiça, no local onde se encontra o acusado ou a testemunha; o ato deve ser público e nenhum ato judicial, à distância, pode ser realizado, sem que o réu seja assistido por um advogado ou defensor público. Também é indispensável a presença do Ministério Público e do Juiz da Causa.
A Videoconferência é uma nova tecnologia que já está sendo utilizada no mundo judicial. Para a realização dos atos processuais não é necessária a locomoção do preso, o que traz mudanças no sistema judiciário, especialmente na redução de gastos dos cofres públicos.
Antes da edição da nova Lei, a Lei nº 10.792/2003, estabelecia que o interrogatório fosse realizado em estabelecimento prisional. Era necessária a presença pessoal no presídio do juiz, auxiliares, defensores e membros do Ministério Publico, para a realização do interrogatório. Com o advento da Lei nº 11.719/08, que alterou o procedimento ordinário e estabeleceu que o interrogatório e a oitiva das testemunhas fossem realizados em única audiência, o que nessa situação revogou tacitamente a possibilidade das partes se descolarem ao presídio.
Na hipótese de o interrogatório não ser realizado no estabelecimento prisional, na presença do Juiz ou pelo Sistema de Videoconferência, será requisitada sua apresentação em juízo, nos moldes do Artigo nº 185, § 7°, do CPP, tal como preceitua o Artigo nº 399, § 1°, do CPP.
Nesse mesmo sentido, além do interrogatório, o CPP, em seu Artigo nº 222, § 3°, autoriza a oitiva de testemunhas que moram fora da jurisdição, por meio da Videoconferência. O procedimento deverá ser acompanhado por um defensor, inclusive durante a realização da Audiência de Instrução e Julgamento. Em tais situações, a Carta Precatória poderá ser substituída pela Videoconferência. A Lei nº 11.690/2008, já autorizava a oitiva de testemunhas por intermédio desse aparato tecnológico. A Videoconferência poderia ser utilizada com o objetivo principal de não prejudicar a verdade real, quando a presença do réu trazia alguma humilhação, temor ou constrangimento à testemunha ou ao ofendido.
Percebe-se que o interrogatório, por meio da Videoconferência, é uma medida excepcional e nada tem a ver com o Processo em si, uma vez que o seu principal objetivo é a questão de segurança pública.
4.2 Críticas
Um dos argumentos desfavoráveis sobre o uso da Videoconferência, como realização dos atos processuais, é a perda do contato físico entre o réu e o juiz. Na década de 60 (sessenta), foram proclamados o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, que tratam sobre o contato pessoal do acusado com o juiz.
O Ordenamento Jurídico Brasileiro permite que o juiz pratique o interrogatório dentro dos presídios. Todavia, isso só será possível quando for garantido ao magistrado, total segurança para a realização do interrogatório.
Os que são contrários ao uso da Videoconferência afirmam que a existência de fatores econômicos e de segurança criou um ambiente favorável ao acolhimento do Sistema, onde se faz necessária uma rigorosa análise da legalidade da realização desses atos. Não se pode minimizar, em hipótese alguma, os Princípios Constitucionais, nos quais se fundam as regras do devido Processo Legal e da Ampla Defesa do réu. O interrogatório é um ato pessoal, e o uso desse novo Sistema implicaria em odiosa segregação e perigosa ruptura do dever jurisdicional.
Frisam aqueles que são contrários a Videoconferência, que é importante o contato do acusado com o juiz, uma vez que facilitaria a comunicação, inclusive a gestual. Esse contato tão próximo entre o réu e o juiz seria indispensável e insubstituível por métodos tecnológicos, por mais modernos que possam ser. E ainda, apontaram os riscos para a verdade real, em face da possibilidade de pressões que o réu poderia sofrer ao depor de dentro dopresídio.
Para os contrários a essa nova tecnologia, o Judiciário se tornaria uma coisa fria, mecânica e desumana. Mesmo que a imagem transmitida pela tela do computador seja em tempo real, ausente estaria o calor do olhar, pois ausente o réu que, muito embora esteja apenas olhando para uma máquina, ainda estaria dentro do Sistema Penitenciário e sob todos os influxos deste.
Afirma-se que o reconhecimento do réu, pela vítima ou testemunha, por meio de uma tela de computador é surreal. Por meio da utilização dos equipamentos de informática, não será possível transmitir a exata cor da pele, cabelos, olhos, altura, sua dimensão corporal, voz, ou seja, elementos essenciais para fazer o reconhecimento de alguém.
Entre as teses contrárias, afirma-se que a utilização da Videoconferência reduziria garantia da autodefesa, uma vez que não proporciona ao acusado, a serenidade e segurança necessárias para delatar os demais componentes da quadrilha e, ainda, que não haveria garantia de proteção do acusado contra toda forma de coação ou tortura física ou psicológica.
Durante a realização da Videoconferência, o pleno exercício do direito de defesa sofre sérios comprometimentos. As formalidades previstas em Lei deixam de ser cumpridas com a produção de provas, no curso do Processo Criminal, em dois lugares distintos. O advogado não conseguirá, ao mesmo tempo, prestar assistência ao acusado e estar com o juiz, no local da Audiência, para ter garantia que todos os ritos processuais estão sendo cumpridos integralmente.
Esse problema poderia ser facilmente resolvido para aqueles réus que possuem maior poder aquisitivo, uma vez que poderia contratar uma equipe de advogados. E essa não é a realidade brasileira, pois 90% (noventa por cento) dos réus presos não possuem recursos e são atendidos por advogados da assistência jurídica.
Existe ainda outro ponto desfavorável quanto a utilização da Videoconferência para a produção de provas no Processo Penal. Poderá ocorrer a queda do link, no momento em que tanto o réu, ou a vítima, testemunha, advogado, promotor e o magistrado estiverem se pronunciando a respeito do Processo. Tal acontecimento poderia trazer inúmeros prejuízos para o desenvolvimento do raciocínio se, no meio da fala, uma pessoa é informada que a Audiência estará sendo suspensa e que deverá aguardar o restabelecimento do canalde comunicação.
4.3 Vantagens
O recurso da tecnologia já é utilizado em serviços, para a aplicação da rede pública e privada, e foi amplamente testado com eficiência e segurança. Inúmeros são os exemplos os destinados à telemedicina (cujos valores essenciais envolvidos são mais sensíveis do que o próprio interrogatório do réu acusado, no Processo Criminal), e podem ser graduados, em termos de qualidade e segurança, com o uso dos recursos tecnológicos apropriados.
A Videoconferência permite uma maior segurança no acompanhamento da pena, uma vez que os presos com alto grau de periculosidade possam ser interrogados rapidamente e com maior segurança, evitando o risco de fugas e resgates. Outro lado positivo é em relação às testemunhas que foram arroladas nos Autos do Processo. As testemunhas que sofrem ameaças, não necessitam ir até o local onde se encontra o réu e podem dar o seu depoimento em um lugar distinto daquele onde o réu está localizado.
Essa nova tecnologia está diminuindo a demora do desenrolar dos Processos e a superlotação nos presídios, uma vez que libera aqueles que já têm direitos adquiridos. Os interrogatórios em juízo são cada vez mais demorados. O uso do transporte dos presos pode ser visto como uma alternativa que tem um valor irrisório. A insegurança que traz é evidente. Muitos são os casos de resgates que acontecem justamente quando está sendo feito o transporte dos acusados. A Carta Precatória, para a oitiva de uma testemunha, demora meses e a Rogatória pode levar vários anos.
Como sublinhou a Ministra do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie:
Além de não haver diminuição da possibilidade de se verificarem as características relativas a personalidade, condição socioeconômica, estado psíquico do acusado, entre outros, por meio da videoconferência, é certo que há muito a jurisprudência admite o interrogativo por carta precatória, rogatória ou de ordem, o que reflete a Idea da ausência de obrigatoriedade do contato físico direto entre o juiz da causa e o acusado, para a realização do seu interrogatório.
O sonho do moderno processualista criminal é alcançar um modelo de processo eficiente, mas sem deixar de respeitar as garantias do devido processo legal. Entre essas garantias, a realização da Videoconferência deve ocorrer em salas localizadas em locais especiais nos presídios, sem restrições de acesso ao público. Também é necessária a presença de um funcionário judicial neste mesmo local. E ainda, a comunicação deve ser direta e privada, com linha exclusiva entre o réu e o seu advogado, que exerce papel fundamental na realização dos atos processuais.
No Judiciário Brasileiro, o avanço da tecnologia não irá trazer prejuízos aos acusados, uma vez que a qualidade do som e da imagem do Sistema de Videoconferência poderá oferecer ao juiz, os mesmos subsídios que a presença física pode proporcionar para a formação da sua convicção. E ainda, as Garantias Individuais serão resguardadas pelos membros do Ministério Público, da Magistratura, da Ordem dos Advogados do Brasil e das demais pessoas envolvidas nessa operação.
Em prol do uso da Videoconferência para interrogatório à distância, existem fortes argumentos no mundo jurídico, como a coibição de fugas e de presos no transporte, com escolta policial, no trajeto entre o presídio e o fórum; celeridade processual; economia para o Erário Público; realocação de policiais em suas funções primordiais, como o patrulhamento e garantia da ordem pública; inexistência de vedação legal e o fato de o Código de Processo Penal admitir a realização de qualquer meio de prova, quando a Lei não dispuser ao contrário.
4.4 Antecedentes Legais e Jurisprudenciais sobre a Videoconferência (STJ e STF)
Em São Paulo, uma Lei Estadual permitia a realização de interrogatórios pelo Sistema da Videoconferência. Arguida a inconstitucionalidade, por meio de um HC, perante o Supremo Tribunal Federal, o processo foi declarado nulo, de pleno direito, a contar do interrogatório do réu.
Todo o problema que girava em torno da Videoconferência era a legalidade. As Leis Estaduais não poderiam cuidar da matéria. Por meio do HC n° 90.900, com publicação no DJE, de 10.11.2008, o Supremo Tribunal Federal, por meio da Relatoria do Ministro Menezes de Direito, reconheceu a inconstitucionalidade, por nove votos a um, da Lei Paulista n° 11.819/2005. A sábia decisão do STF foi fundamentada no sentido de que o Estado não poderia cuidar da matéria processual, pois é competência privativa da União legislar sobre a referida matéria.
A Lei Paulista foi declarada, incidentalmente, inconstitucional, no final de outubro de 2008. Por maioria de votos, os Ministros entenderam que apenas a União poderia legislar sobre a matéria.
Em um recente Processo que ocorreu na Comarca de Franco da Rocha-SP, o Supremo Tribunal Federal determinou a liberação de vários componentes do Primeiro Comando da Capital-PCC, uma vez que o feito já se prolongava ao longo de quatro anos, sem nenhuma sentença e os réus já teriam se apresentado em juízo, quase uma dezena de vezes. Se a Videoconferência tivesse sido realizada desde o início, nada disso teria acontecido.
A Suprema Corte manifestou o seguinte entendimento:
EMENTA: AÇÃO PENAL. Ato processual. Interrogatório. Realização mediante videoconferência. Inadmissibilidade. Forma singular não prevista no ordenamento jurídico. Ofensa a cláusulas do justo processo da lei (dueprocessoflaw). Limitação ao exercício da ampla defesa, compreendidas a autodefesa e a defesa técnica. Insulto às regras ordinárias do local de realização dos atos processuais penais e às garantias constitucionais da igualdade e dapublicidade. Falta, ademais, de citação do réu preso, apenas instado a comparecer à sala da cadeia pública, no dia do interrogatório. Forma do ato determinada sem motivação alguma. Nulidade processual caracterizada. HC concedido para renovação do processo desde o interrogatório, inclusive. Inteligência dos arts. 5º, LIV, LV, LVII, XXXVII e LIII, da CF, e 792, caput e § 2º, 403, 2ª parte, 185, caput e § 2º, 192, § único, 193, 188, todos do CPP. Enquanto modalidade de ato processual não prevista no ordenamento jurídico vigente, é absolutamente nulo o interrogatório penal realizado mediante videoconferência, sobretudo quando tal forma é determinada sem motivação alguma, nem citação do réu.
Segundo Ministro Celso de Mello:
O acusado, embora preso, tem o direito de comparecer, de assistir e de presenciar, sob pena de nulidade absoluta, os atos processuais, notadamente aqueles que se produzem na fase de instrução do processo penal, que se realiza, sempre, sob a égide do contraditório. São irrelevantes, para esse efeito, as alegações do Poder Público concernentes à dificuldade ou inconveniência de proceder à remoção de acusados presos a outros pontos do Estado ou do País, eis que razoes de mera conveniência administrativa não têm- nem pode ter – precedência sobre as infestáveis exigências de cumprimento e respeito ao que determina a Constituição, doutrina e jurisprudência. O direito de audiência, de um lado, e o direito de presença do réu, de outro, esteja ele preso ou não, traduzem prerrogativas jurídicas essenciais que derivam da garantia constitucional do dueprocessoof Law e que asseguram, por isso mesmo, ao acusado, o direito de comparecer aos atos processuais a serem realizados perante o juízo processante, ainda que situado este em local diverso daquele em que esteja custodiado o réu.
A segunda turma do STF, no HC nº 88.914, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 05.10.07, já tinha firmado entendimento que o interrogatório realizado por meio da Videoconferência, violava os Princípios Constitucionais do devido Processo Legal e o da Ampla Defesa.
O Superior Tribunal de Justiça já vinha admitindo o uso da Videoconferência, desde que não houvesse prejuízo para o acusado. O STJ já tinha manifestado o seguinte posicionamento:1. A estipulação do Sistema de Videoconferência, para interrogatório do réu, não ofende as garantias do réu, o qual, na hipótese, conta com o auxílio de dois defensores, um na sala de audiência e outro no presídio. 2. A declaração de nulidade, na presente hipótese, depende da demonstração do efetivo prejuízo, o qual não restou evidenciado. 3. Ordem denegado O Ministro Aguiar Júnior, do Superior Tribunal de Justiça, quando participou da Audiência Pública, da Comissão Especial da Câmara dos Deputados, sobre o Projeto de Lei nº 1.483/1999, em março de 2001, manifestou-se:
Se fôssemos muito rigorosos nesse ponto de vista, sequer o Código de Defesa do Consumidor teria sido elaborado. Naquele tempo também se poderia alegar que tal ponto estava, por exemplo, no Código Civil, e outro, no Código Comercial. Algumas leis novas dispõem sobre a franchising, sobre incorporação, sobreloteamento. Então, a proteção do consumidor, que se consolidou no Código, poderia também não ter surgido, sob a alegação de que não precisamos de lei nova. Há uma realidade nova. A internet é nova realidade, bem assim o comércio eletrônico, que apresenta aspectos específicos, os quais também necessitam de norma específica de proteção ao consumidor, sob pena de ele, nesse que será o comércio futuro, ficar com uma lei antiga.
Finalmente, com o objetivo de terminar as discussões sobre a Videoconferência, o Projeto de Lei nº 4.361/2008, que teve início no Senado Federal, submetido à Sanção Presidencial, regulamenta o interrogatório por Videoconferência, concebendo-o como medida excepcional.
4.5 A Nova Lei que Disciplina a Videoconferência: Lei n° 11.900/2009
Segundo Damásio Evangelista de Jesus, a Lei Federal, que autoriza o Sistema da Videoconferência, Lei n° 11.900/2009, de 08 de janeiro de 2009, foi um notável avanço no sistema de modernização e agilidade para a prática da Justiça Criminal.
A Lei n° 11.900/2009, de 08 de janeiro de 2009, sancionada pelo Presidente da República, não dispõe ser obrigatória o uso do Sistema de Videoconferência, mas deixa a livre escolha do juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, em casos em que existam riscos à segurança pública, às testemunhas ou vítimas e diante da dificuldade de locomoção do acusado.
O Sistema Judiciário Brasileiro é moroso e excessivamente restrito por usos e costumes imprescindíveis em outros tempos. Contudo, é necessário se modernizar. Claro que não se pode esquecer os Princípios que regem a Videoconferência. É necessário garantir as Prerrogativas Constitucionais da Ampla Defesa e do Contraditório, em face da nova Lei, adotando-se como coragem e espírito de inovar, os recursos que a moderna tecnologia pode oferecer.
Por meio do uso da Videoconferência, a justiça poderá se tornar mais ágil, vigilante, eficaz e confiável, bem diferente de uma velha deusa cega e inoperante. Conforme ensina Capez, inicialmente, a realização do interrogatório do preso será em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido o preso, na presença do juiz. A nova Lei também autoriza, que em situações excepcionais, o magistrado, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, pudesse autorizar a realização do interrogatório do réu por meio da Videoconferência, desde que atendesse a uma das formas previstas no § 2°, do Artigo nº 185:
Artigo 185. [...] § 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão possa fugir durante o deslocamento; II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
Como dispõe a nova Lei, da decisão que autorizar a realização do interrogatório por meio da Videoconferência, serão as partes intimadas no prazo de 10 dias de antecedência. Em todos os casos, o juiz assegurará ao réu, o direito de entrevista reservada com seu patrono. Deverá existir, no estabelecimento prisional, uma sala reservada para a realização dos atos processuais à distancia, e esta será fiscalizada por corregedores, pelo juiz, pelo membro do Ministério Publico e pela Ordem dos Advogados do Brasil.
A nova Lei procurou justamente assegurar os Direitos e Garantias Constitucionais do acusado, ao prever o direito à entrevista prévia e reservada com o seu defensor; e à presença de um defensor, no presídio e um advogado, na sala de audiência do fórum. A referida Lei também prevê que as partes poderão se comunicar por meio de um canal telefônico reservado; da mesma forma que o preso poderá se comunicar pelo canal com o advogado presente no fórum, na medida em que é possível que este realize perguntas ao réu.
Importante destacar, é que o uso de recursos tecnológicos para a realização dos meios de prova, não poderão pegar de surpresa as partes, ou seja, realizar-se sem as partes que integram o Processo.
Segundo o § 8°, do Artigo nº 185, do CPP, somente a vítima que estiver presa é que poderá ser ouvida por meio da Videoconferência. Trata-se, portanto, de meio excepcional na colheita da prova.
A Lei n° 11.900/2009, no teor do Artigo nº 222,Alínea A, trouxe um novo tratamento à expedição de Carta Rogatória para a oitiva de testemunha, residente no estrangeiro. Nesse sentido, a testemunha que esteja em local sabido e cuja sua imprescindibilidade é inevitável, será necessária a expedição de Carta Rogatória, cumprida pelas vias diplomáticas.
Nesse contexto, nada mudou, uma vez que o réu poderá se valer de todos os seus direitos constitucionalmente assegurados, afastando-se qualquer posicionamento contrário ao uso dessa nova tecnologia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente Trabalho abordou todos os aspectos positivos e negativos que as inovações tecnológicas podem contribuir no Judiciário Brasileiro. Em pleno Século XXI, a utilização de recursos da informática pode, sim, trazer uma maior celeridade e economicidade para o Poder Público.
Nesse contexto, buscou-se demonstrar um breve histórico sobre o uso dessa nova tecnologia, no Sistema Judiciário Brasileiro. É claro que tudo que é inovador, que traz mudanças profundas em métodos, talvez já ultrapassados, cause polêmicas e grandes discussões. Porém, a Videoconferência já é utilizada em vários países e tem trazido resultados satisfatórios.Não podemos utilizar a tecnologia para a realização dos atos processuais, no curso do processo penal, sem respeitar os Princípios do Devido Processo Legal, da Ampla Defesa, do Contraditório, da Publicidade e da Verdade Real. Ao réu, é obrigatório que todos os Princípios Constitucionais e do Processo Penal sejam plenamente garantidos. O Estado deve assegurar que o acusado não tenha nenhuma redução dos seus direitos, no curso do processo, quando utilizada a Videoconferência.
Entre outros Princípios, os que atendem exatamente a nova dinâmica da produção de provas, por meio da Videoconferência, são os Princípios da Celeridade, Economia e Eficiência Processual. Princípios que são previstos expressamente na Constituição Federal e que devem ser utilizados para dar maior resultado na prestação da tutela jurisdicional.
A produção de provas, no Processo Penal, é um dos pontos mais importantes para a formação do Processo. Os elementos que foram colhidos, produzidos e levados aos Autos formarão a opinião do Magistrado. Sendo assim, o juiz que sempre busca a verdade real, poderá formar a sua convicção, a partir de todas as provas constantes nos Autos do Processo.
Antes do advento da Lei n° 11.900/2009, já existiam inúmeras críticas e opiniões favoráveis a respeito desse assunto. Afirma-se que, a perda do contato físico entre o juiz e o réu, prejudicará a formação do convencimento do Magistrado, e os Princípios da Ampla Defesa e do Devido Processo Legal estariam prejudicados, e que os procedimentos realizados por meio de um computador, tornariam os atos mecânicos e frios, entre outras críticas que já foram debatidas, no decorrer do trabalho. Contudo, também existem vários pontos positivos que devem ser levados em consideração. A tecnologia da informação foi criada para inovar, agilizar e melhorar a comunicação do homem moderno. A Videoconferência pode reduzir o risco de fugas e resgate de presos, pode diminuir a superlotação nos presídios, a realocação dos policiais a seus postos efetivos de trabalho, e a redução de gastos e maior celeridade na prática dos atos processuais.
O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça já tinham um posicionamento firmado antes da publicação da Lei n° 11.900/2009. Para o STF, a maior problemática girava em torno da legalidade da Videoconferência, pois não existia uma Lei Federal que regulamentava o uso dessa nova tecnologia. A Lei Paulista n° 11.819/2005, foi declarada inconstitucional pelo STF, visto que, conforme o Artigo nº 22, da Constituição Federal de 1988, é competência privativa da União, legislar, entre outros, sobre as matérias penais e processuais. Já para o STJ, a utilização da Videoconferência não trazia nenhum prejuízo ao réu, uma vez que o preso teria assistência jurídica para auxiliá-lo, no curso da instrução criminal.
O objetivo principal do Trabalho foi alcançado. Tentou-se demonstrar como a utilização dos recursos tecnológicos pode melhorar o moroso Sistema Judiciário Brasileiro. A utilização da Videoconferência constitui um avanço no Ordenamento Jurídico. Além de melhorar o sistema de segurança pública, a celeridade, a economia e a eficiência poderão ser notadas por toda a sociedade brasileira. E ainda, continuarão sendo preservados ao réu, todos os Direitos e Garantias Fundamentais.
A solução para a morosidade e lentidão no Judiciário Brasileiro está na própria implementação da utilização de recursos tecnológicos. O Brasil precisa se modernizar e está à frente do seu tempo. Enquanto a criminalidade se especializa, se organiza e se articula o Estado não pode ficar restrito à observância do rigorismo e formalidades já ultrapassados em nosso tempo.
O direito e a sociedade devem adaptar-se às mudanças. O Poder Estatal deve se sacrificar aos moldes tradicionais e morosos da realização dos atos processuais solenes, em prol da agilidade do processo e da prestação jurisdicional mais célere e eficiente.
O presente Trabalho contribuiu muito para o meu crescimento profissional. Nas pesquisas realizadas, pude me aprofundar nos Princípios e nas provas utilizadas para a formação de um Processo Criminal. Pude conhecer o histórico da Videoconferência em nosso país e como ele é utilizado nos países alienígenas. Além disso, conheci os posicionamentos do STF e do STJ quando da utilização da Videoconferência nos interrogatórios e também na produção de provas.Acredito que o presente Trabalho irá contribuir para o avanço do conhecimento da área do Processo Penal e do Direito Constitucional, pois modernizar a justiça é utilizar os recursos da informática para uma maior celeridade na prestação da tutela jurisdicional e não para diminuir os Direitos e Garantias, previstos na Constituição Federal.
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GOMES, Rodrigo

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