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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE DIREITO

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE DIREITO
A disciplina trata de conceitos, ideias gerais, comuns a outras áreas do Direito e tem a missão de despertar no estudante, no iniciante da ciência jurídica a curiosidade critica, ou seja, a necessidade de buscar respostas que fomentem a defesa de um ponto de vista.
A disciplina de IED ocupa-se de apresentar um teoria da ciência jurídica, com tríplice objeto de estudo:
a) Os conceitos gerais do Direito;
b) A visão de conjunto do Direito e;
c) Os lincamentos da técnica jurídica.
É a disciplina responsável por criar o “elo” entre o que o estudantes sabe até agora com a cultura especifica do Direito.
AS CONCEPÇÕES DO DIREITO
Dos três elementos que compõe a tríplice objeto de estudo da disciplina de IED, interessa-nos os conceitos gerais do Direito, primeiramente.
O que é Direito?
Para chegarmos a uma definição objetiva, não podemos ignorar o fato de que o verbo introduzir, que é palavra chave na denominação de nossa disciplina é resultado da combinação de dois termos latinos intro (um adverbio), que combinado ao verbo decere significam, conduzir de um lugar para outro, fazer penetrar num lugar novo.
É, portanto, competência da disciplina considerar os saberes gerais por você assimilados em todo o processo de formação anterior e estabelecer o elo com a cultura especifica do Direito.
CONCEITO: DEFINIÇÃO OBJETIVA DE DIREITO
Direito é um conjunto de normas de conduta social, imposto coercitivamente pelo Estado, para a realização da segurança, segundo os critérios de justiça.
As normas impõe obrigação apenas do ponto de vista social, ou seja, a conduta que exige não alcançam o homem na sua intimidade, pois este âmbito é reservado à moral e à religião. É fundamental para o direito que, da parte de todos os cidadãos, haja adesão aos comandos jurídicos; e as condutas sociais sigam aquilo que é determinado pelas normas jurídicas, pois sem isso o Direito não possuiria efetividade, seria letra morta, de existência apenas formal.
Apenas as normas jurídicas requerem a participação do Estado, que controla a vida jurídica do país e, para isto, é indispensável que esteja devidamente estruturado de acordo com a clássica divisão de Poderes: Executivo, Legislativo, e Judiciário, que devem cumprir as funções que à eles são próprias.
As regras de comportamento não existem apenas como enunciado submetido a vontade de seus destinatários. Os deveres jurídicos se revelam em um ambiente onde a liberdade e a força coexistam. Como ser racional e responsável o homem deve ajustar sua conduta, com vontade própria, aos pretéritos legais.
Todo o conjunto de normas jurídicas deve ser considerado como instrumento, meio e percurso, colocado em função do bem estar da sociedade. A justiça é a causa final do Direito e para que cheguemos a ela é necessário cultivar-se o valor da segurança jurídica.
CONCEITO DE JUSTIÇA
Justiça, na concepção de Ulpiano, jurisconsulto romano, empregou o termo como virtude moral: “justitia est constans et perpetua voluntas ius suum quique tribuendi” (justiça é a constante e permanente vontade de das a cada um o seu direito).
DEFINIÇÃO HISTORICA DO DIREITO
Celso, jurisconsulto romano do século I, definiu Direito como “Direito é a arte do bom e do justo”.
Dante Alighieri, escritor italiano do século XIII, formulou a seguinte definição: “Direito é a proporção real e pessoal de homem para homem que, conservada, conserva a sociedade e que destruída, a destrói”.
Hugo Grócio, jurisconsulto holandês do século XVII, considerado o pai do Direito Natural e do Direito Internacional Publico, definiu dessa forma: “Direito é o conjunto de normas ditadas pela razão e sugeridas pelo appetitus societatus (o apetite, vontade da sociedade)”.
Emmanuel Kant, filósofo alemão do século XVIII, diz que: “Direito é o conjunto de condições segundo as quais o arbítrio de cada um pode coexistir com o arbítrio dos outros, de acordo com uma lei geral de liberdade”.
Rudolf von Ihering, jurisconsulto alemão do século XIX, afirma que: “Direito é a soma das condições de existência social no seu amplo sentido, assegurado pelo Estado através da coação”.
ACEPÇÕES DO DIREITO
Ciência do Direito: quando se diz que alguém é “aluno de Direito”, isso não significa, obviamente, normas de conduta social, mas sim a ciência que as enlaça como objeto. Abrange as normas de conduta social, pois são seu objeto de estudo.
Em sentido amplo, a ciência do Direito, corresponde ao setor do conhecimento humano, que investiga e sistematiza os conhecimentos jurídicos. Em um sentido mais especifico, é a particularização do saber jurídico, que tem como objeto de estudo o aspecto normativo de um determinado sistema jurídico, sendo sinônimo de Dogmática Jurídica ou jurisprudência técnica.
Direito natural x Direito positivo: Direito natural, revela o legislador os princípios fundamentais de proteção ao homem, que forçosamente deverão ser consagrados pela legislação, para que todos tenhamos um ordenamento jurídico substancialmente justo.
O Direito Natural não é criado pelo homem, não escrito, nem é formulado pelo Estado; é portanto Direito espontâneo, que se origina da própria natureza social do homem e que é revelado pela conjugação da experiência e da razão.
E constituído por um conjunto de princípios, e não de regras, de caráter universal, eterno e imutável. Exemplos: direito a vida; direito a liberdade.
Já o Direito Positivo é o Direito institucionalizado pelo Estado. É a ordem jurídica obrigatória em determinado lugar e tempo. Naturalmente diferencia-se do Direito Natural, sendo este o motivo do adjetivo positivo.
Não é necessário que seja escrito, as normas constumeiras, que se manifestam pela oralidade, sõ consideradas normas de Direito Positivo.
Na maioria das opiniões dos estudiosos de Direito, embora Direito Natural e Direito Positivo apresentam conceitos distintos, positividade e vigência, dependem umas das outras: ora o Direito que perdeu a vigência não pode ser exigido em relação à sociedade, pois deixa de ser Direito, para ser apenas história do Direito. Em outras palavras, as leis que perdem vigência nunca serão consideradas de Direito Natural, pois foram criadas e revogadas pelo Estado. As normas de Direito Natural nunca são revogadas
Direito Objetivo x Direito Subjetivo: não são duas realidade distintas, mas dois lados de um mesmo objeto. Entre ambos, não conflito. O Direito vigente pode ser analisado sob dois ângulos diferente: objetivo e subjetivo.
Do ponto de vista objetivo, o Direito é norma de organização social. O direito subjetivo corresponde as possibilidades ou poderes de agir, que a ordem jurídica garante a alguém. É um direito personalizado, em que a norma, perdendo seu caráter teórico, projeta-se na relação jurídica concreta, para permitir ou estabelecer uma conduta e suas consequências jurídicas.
Exemplo: Quando dizemos que “fulano tem direito a indenização”, afirmamos que ele possui direito subjetivo. E a partir do conhecimento do Direito objetivo que deduzimos o Direito subjetivo de cada parte dentro de uma relação jurídica.
Direito no sentido de justiça: uma ultima acepção significativa do termo Direito, é aquela em que relaciona-se Direito ao conceito de justo, aquilo que é justo. Quando se diz que “fulano é homem direito” pretende-se dizer que ele é justo em suas atitudes.
Importante é reconhecer, ainda que, pelo conceito geral de Direito por nós estudado, justiça é a finalidade do Direito.
CIENCIA DO DIREITO
A ciência do Direto é tanto ramo, quanto o próprio objeto de estudo pelos quais se investiga os fenômenos jurídicos. Tanto pelo ramo, quanto pleo objeto desse ramo é o estudo metódico do fenômeno jurídico e a sistematização que decorre desse estudo.
Ciência do Direito: toda ciência deve ter um objeto de estudo.
Direito: é o próprio objeto de estudo, bem como o ramo que se dedicaa estuda-lo.
ORIGEM DO DIREITO
Há três hipóteses reconhecidas, as quais seriam:
1. É inato? Transcenderia a experiência, uma espécie de modelo ideal que tende a impor-se à realidade;
2. É produto histórico-cultural? Os direitos transformam-se à medida que se alternam os interesses da vida. Interesses e direitos são historicamente paralelo;
3. É expressão jurídica dos sentimentos da classe dominante? Se isso for, então desvia das relações naturais de produção. Marx adverte que “as relações jurídicas e as formas de Estado não podem ser explicadas por si mesmas”. Esta é a hipótese de origem que acrescenta o que falta a “origem histórica”, ou seja, aquilo que move a evolução histórica do Direito, que á economia de um Estado.
FATO DO DIREITO E MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÕES DE CONFLITO
O Direito é a expressão ideológica de um momento social, correspondente aos interesses de classe social. Funciona como elementos da organização social.
Relacionando esta percepção as hipóteses de origem do Direito, é possível reconhecer que, em nossa sociedade os aspectos econômicos (a economia) é causa, e o Direito é consequência.
Já vimos que não é possível haver Direito sem haver Estado, um Estado que dote de força coercitiva para impor as leis à sociedade.
Mas saibam que a é possível haver solução de conflitos sem o uso da força coercitiva estatal. Isso porque existe os meios alternativos de solução de conflitos. São eles:
1. Arbitragem: pode ser definida como forma estatal de composição controvérsias, pois se desenvolve sob os “auspícios” e a garantia do Estado, mas com a decisão delegada a particular, cuja as decisões se estabilizam uma vez proferidas, inclusive com sanções típicas de solução estatal. Na arbitragem a figura central é a dos julgadores ou árbitros externos que tem a função de apresentar um parecer técnico, conforme a lei 9.307/1996;
2. Mediação: é uma técnica de resolução de conflitos não adversarial por meio da qual sem imposições de sentenças ou laudos e com um profissional devidamente formado, há atuação no sentido de auxiliar as partes acharem seus verdadeiros interesses e a preservá-los num acordo criativo onde as duas partes ganham. Sua utilização tem proliferado em relação aos conflitos ocorridos no campo do Direito de família. A principal característica de mediação é de propiciar oportunidade para tomada de decisões pelas partes em conflitos e;
3. Conciliação: a conciliação pode ser percebida tanto no meio judicial quanto no extrajudicial, e revela-se com prática capaz de harmonizar os interesses em conflito, sendo que ao conciliador é possível, caso as partes não cheguem a um entendimento, propor um solução, a qual poderá ser acatada ou não pelas partes. A conciliação é intermediada por um terceiro imparcial e é mais indicada quando aplicada a conflitos que não envolve relacionamento que precise ou pretende-se continuar, como os de
família ou de sócio comerciais. Ao conciliador cabe orientar o acordo e oferecer sugestões para um acordo e oferecer sugestões para um resultado que costuma ser parcialmente satisfatório para as partes em litigio.
Por tudo o que vimos a respeito dos meios alternativos de solução de conflitos, é preciso reconhecermos quem para estes meios passarem a ser considerados como mecanismos alternativos, costumeiramente aceitos e utilizados para a resolução de controvérsias, a sociedade, em especial os operadores do Direito, precisa reconhece-los como instrumentos uteis e viáveis, pois “por ora”, assistimos apenas uma resignação, uma aceitação, o que não é suficiente, necessitando-se de acentuada convicção e disposição de toda a sociedade.
FATORES DO DIREITO
Vimos, anteriormente, o quanto o fato econômico é significado para o Direito, mas não é o único. Há também os fatores religioso e politico, os quais também muito influenciaram e ainda influenciam na construção do Direito.
É preciso reconhecer que, apesar de refletir a classe dominante, o Direito, não pode deixar de ser conhecimento como espaço de luta, o lugar da conquista dos direitos e da dignidade humana.
As conquistas dos movimentos sociais (lei Maria da Penha, ECA, etc) são prova de que por meio dos instrumentos criados, ou permitidos, é possível buscar direitos sociais que reflitam os anseios da sociedade, especialmente dos cidadãos mais afastados destes.
FATOS JURIDICOS
Em sentido amplo (generalista) abrange todos os acontecimentos voluntários ou naturais, são os acontecimentos em virtude dos quais as relações de Direito nascem, transformam-se e terminam. Em sentido estrito (especifico) são involuntários.
Fatos jurídicos em sentido amplo se caracterizam por: acontecimentos relevantes ao Direito (mundo fático x mundo do Direito); acontecimentos
naturais ou voluntários; possuem alteridade (envolve pessoas); possuem exterioridade (podem ser percebidos objetivamente).
Dividem-se em fatos jurídicos em sentido estrito (acontecimentos naturais ordinários*, e acontecimentos naturais extraordinários, como caso fortuito, força maior e fato do príncipe); e fatos jurídicos humanos, ou voluntários, são os fatos jurídicos em sentido amplo, pois dependem da vontade humana.
Estes dividem-se em atos lícitos, ou atos jurídicos em sentido estrito, não vedados pelo Direito. Abrange o que o Direito permite, o que o Direito veda e o que é indiferente ao Direito. E tem por finalidade adquirir resguardos, transferir, modificar ou extinguir direitos; e atos ilícitos, que são proibidos pelo Direito, e podem ser atos ilícitos civis ou penais. Um ato ilícito civil caracteriza- se por ação ou omissão voluntaria, negligente ou imprudente, que viole o direito de terceiros ou a estes cause prejuízo. Um ato ilícito penal é tido como toda ação ou omissão, consumada ou tentada, que a lei defina como crime ou contravenção. Como consequência os atos ilícitos civis tem a obrigação de reparar o dano; enquanto os penais, a consequência dependerá do ato propriamente dito, as penas poderão ser de restrição de liberdade, prestação de serviços comunitários, multa etc.
*O devedor pode se livrar da divida ou de prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não houver responsabilidade.
Caso fortuito resulta de um fenômeno previsível, mas quanto ao tempo, ao lugar ou ao modo de sua verificação não é possível prever.
Força maior é um acontecimento absolutamente inusitado extraordinário e imprevisível.
Fato do príncipe é um impedimento de cumprir as clausulas de um contrato em decorrência de normas ou atos emanados do Poder Publico
RELAÇÃO JURIDICA
É decorrido de um fato jurídico, ou seja, um fato jurídico pode gerar uma relação jurídica.
Pode ser conceituada como uma relação complexa, que ocorre entre duas ou mais pessoas, munida de consequências jurídicas.
Uma relação jurídica pode ocorrer no âmbito do Direito Privado ou do Direito Publico. Em qualquer deles, sempre haverá dois elementos: sujeito ativo e sujeito passivo.
No Direito Privado o sujeito ativo é o titular do direito subjetivo e o sujeito passivo é o devedor, aquele que está obrigado por lei a uma prestação para com o sujeito ativo.
No Direito Publico o sujeito ativo é o detentor de imperium competência, poderes e funções, o próprio Estado e o sujeito passivo é toda pessoa obrigada a sujeitar-se ao poder do Estado.
No Estado de Direito, o poder estatal não é absoluto, mas sim subordinado à Constituição e às leis.
As relações jurídicas se classificam em: pessoas reais; formais ou solenes e informais; de coordenação e de subordinação.
DIREITO E MORAL
A moral surge após a separação do Estado Natural, quando o homem passa a viver num Estado Social.
Direito: coercitivel (o Estado impõe) A primeira diferença
Moral: não é coercitivel por força do Estado, é algo pessoal.
Duas seriam a teoria de referencia aos estudiososdo Direito: uma de Buttom e Jellinek; e outra de Miguel Reale, que podem ser representadas pelas seguintes figuras:
Teoria do Minimo Efeito
Nesta, o Direito representa a mínima parcela da moral declarada obrigatória para manter viva a sociedade.
Nesta teoria o Direito se muda na maioria das situações possíveis como independente da moral.
OS CONCEITOS DE HETERONOMIA, BILATERALIDADE E ATRIBUITIVIDADE
O Direito é heterônimo, uma vez que suas normas jurídicas possuem validade objetiva e transpessoal, significa que vai além do sujeito, já que estão acima das pretensões do sujeito que compõem uma relação. O termo deriva do grego heteros, diferente ou diverso, combinado com nomos, equivale a normas, e traz em si o conceito de que todos devem obediência a lei.
Por outro lado a moral possui características opostas, ou seja, é autônoma, o que significa fazer sua própria escolha, ser algo intimo, interno. Trata-se, no campo da moral de escolher o que a razão reconhece como bem e como certo, adequado.
Tanto o Direito, quanto a moral, possuem bilateralidade, ou seja, tanto o Direito quanto a moral são bilaterais. Tendo em vista que em todas as relações existem dois ou mais indivíduos que participam delas, que estão envolvidos neste relacionamento, não como há como pressupor qualquer diferença. No entanto a quem o sustente que a bilateralidade só existe para o Direito e não para a moral, pois esta é intima, pessoal, de cada individuo.
A atributividade trata-se de uma característica que compõe o Direito, mas não integra a moral. Atribui direitos e deveres na relação; assim, o campo do Direito, sempre podemos aferir em valor para o ato praticado, possibilitando, inclusive, ser cobrado por ele ou em virtude dele.
No campo da moral não podemos esperar algo, objetivamente, na relação. Como vimos é de foro interior, intimo.
TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO POR MIGUEL REALE
Miguel Reale (1910-2006), um jus filósofo brasileiro, criou uma teoria tridimensional filosófica do Direito: a Teoria Tridimensional do Direito.
Para ele, o Direito foi definido como realidade histórico, cultura tridimensional, ordenada de forma bilateral, atributivas, segundo valores de convivência.
Sua teoria, com sementes na Europa, inova a partir do pressuposto que o Direito deveria sempre se balisar no aspecto da realidade cultural, o que permitiria uma abordagem mais adequada ao fenômeno jurídico, pois para Reale, este, o fenômeno jurídico, traz, implicitamente, uma relação dinâmica entre fato, valor e norma.
Ao contrario do que se pensou Kelsen com sua teoria pura do Direito, Reale entende que o Direito não pode ser visto isoladamente das outras ciências, não é ciência pura, distante e isolado do mundo sensível.
Existe uma relação dinâmica, dialética, entre fato, valor e norma. Assim, a realidade de fático (pois se refere ao fato, ao mundo real, ao acontecimento social) axiológico (que se refere ao valor, ao aspecto moral do Direito) e normativa (se refere à norma ao campo de dever-ser, no padrão de comportamento social) se apresentam dinâmicas, mas em unidade entre si cada fator é aplicado pelo todo.
EXEMPLO: Alguém comete determinado crime. A este fato cometido por este alguém temos, num polo oposto, um valor (se o crime é estupro, o valor é repudio social, ou ao menos é o que deveria ser). Ora uma vez ocorrendo o
fato que teve agregado a ele o valor, o repudio social, surge como consequência a norma (que está no outro polo, tipificando a conduta).
O Direito é, então, um fenômeno histórico, mas não está condicionado ou subordinado ao processo histórico, uma vez que apresenta o fato axiológico, está vinculado à vivencia, à experiência humana, que se modifica ao passar dos anos.
Por fim, para Reale, devemos reconhecer que a bilateralidade torna-se fundamental para o Direito, tornando-se especifica do fenômeno jurídico, a bilateralidade atributiva é a única que tem o condão, a possibilidade de exigir determinado comportamento.
A NORMA JURIDICA
Norma jurídica é um comando, um imperativo dirigido as ações dos indivíduo e das pessoas jurídicas e demais entes. É uma regra de conduta social, sua finalidade é regular as atividades do sujeito em suas relações sociais. A norma jurídica impõe certa ação ou comportamento a alguém, que é o seu destinatário.
Se divide em três modos obrigatórios (deônticos): proibição; obrigação e;
permissão.
A norma jurídica, ao se dirigir ao destinatário, proíbe e obriga, isto é, aquele que seve cumprir seu comando estará diante de uma proibição.
No tocante à permissão, a norma não gera um comando que deve ser obedecido. Oferece sim uma prerrogativa ou faculdade ao destinatário, para que este dela se utilize quando quiser.
Não é norma jurídica que interessa ao Direito. Há alguns teóricos que analisam a norma jurídica em relação a normas morais e de costumes sociais, todas como espécies do gênero ético.
A norma jurídica é a única que conta com as características da sanção ou mesmo o uso da força para obrigar alguém ou alguma instituição a cumprir a norma ou a reparar o dono, o pagamento de certa pena.
A RESPEITO DA NORMA JURIDICA
Poder-se-ia argumentar que nem todas as leis numa sociedade capitalista servem de instrumento de opressão da classe majoritária e que inclusive varias delas são promulgadas no interesse do oprimido. Mas isso não ocorre jamais por espirito de benemerência dos que estão no poder ou são frutos da luta dos oprimidos ou servem apenas como válvula de escape a uma forte “pressão social” - Graça Belov, citando trecho da obra “Magistratura e Direito Alternativo” do Amilton Bueno de Carvalho – e conclui com palavras próprias “ o poder concede no periférico para manter no essencial”.
NORMA MORAL X NORMA DE COSTUME
	NORMA MORAL
	NORMA DE COSTUME
	Conduta;
Intenção (não há pena no sentido lei, mas o descumprimento receberá uma conduta com intenção pouco nobre, de valor social negativo);
Busca sempre um valor positivo;
Conta com a possibilidade de transformação do ser em dever-ser
	Conduta;
Sem intenção (não há pena, há apenas um acumprimento que pode gerar alguma incompatibilidade)
SANÇÃO, COERÇÃO E COAÇÃO
Sanção: a norma jurídica tem por característica impor determinada ação ou comportamento a alguém.
A sanção faz parte da estrutura da norma jurídica, impondo outra ação ou comportamento, em forma de pena, punição, ao individuo que descumpre o comando primário da norma jurídica. Em outras palavras, o aspecto principal das normas jurídicas é impor certa ação ou comportamento, dirigindo a conduta
dos indivíduos, valendo-se de principalmente dois modos já vistos anteriormente: a proibição e a obrigação.
Assim, as normas jurídicas regulam e dirige ações e comportamento proibindo e obrigando.
São características intrínsecas, inerentes, apenas à norma jurídica.
No aspecto modal da obrigação e da proibição, é preciso reconhecer que a norma jurídica sempre irá impor uma prestação, que é a ação, a obrigação, a ser cumprida, ou não pelo destinatário da norma.
Na hipótese do descumprimento da prestação, a própria norma já prevê uma sanção, uma pena, uma multa, que pode atingir a ação da pessoa e seus bens, junto ou separado, atingirá, em alguns casos, o próprio ato jurídico, praticado, tendo como consequência, por exemplo, a nulidade da clausula contratual.
Já no aspecto modal de permissão só haverá alguma sanção se o sujeito a quem compete a prerrogativa. Nesta hipótese, poderá ser imposta uma sanção àquele que o impedir
NORMA JURIDICA E FORMULAÇÃO LOGICA
Toda norma apresenta um aspecto imperativo de ordem, sendo assim, qual é a logica de uma norma como a prevista no art. 121 do Código Penal? É a conduta a ser cumprida? A resposta é, não importa o conteúdo literal da norma, importa sim, aquilo que naturalmente se depreender (interpretar).
O dever-ser da norma previsto no art. 121do Código Penal, é portanto, aquilo que logicamente se pode interpretar: é proibido matar.
A norma jurídica não pode ser por si só algo a ser cumprido sem a necessária reflexão. É preciso, sempre buscar a essência da norma.
AS NORMAS SEM SANÇÃO
É possível uma norma sanção?
As normas sem sanção existem para orientar certos atos ou definiri conceito, como por exemplo a definição de consumidor no Código de Defesa do Consumidor. Justifica-se uma norma sem sanção pelo fato de ela não ser algo isolado, pois convive com uma estrutura complexa de outras normas, algo que a doutrina chama de ordenamento jurídico, ou seja o conjunto das normas jurídicas. E é do estudo e da interpretação do ordenamento jurídico que se pode chegar a conclusão que tal norma é constitucional ou inconstitucional.
O SISTEMA JURIDICO
Um sistema é uma construção cientifica composta por um conjunto de elementos. Estes se inter-relacionam mediante regras. Tais regras, que determinam as relações entre os elementos do sistema formam sua estrutura.
O conjunto de elementos forma um repertorio. Um conjunto de relações
(as regras que regem os elementos) forma a estrutura.
Ambos, repertorio e estrutura, formam o sistema, que é um complexo composto justamente de uma estrutura e de um repertorio.
Assim, num, sistema jurídico, os elementos são essencialmente as normas jurídicas (normativas e não normativas, ou seja, com ou sem sanção);
por sua vez a estrutura é representada pela hierarquia, pela coesão e pela verdade que deve existir entre as normas.
Isso justifica o fato de dizerem que a norma jurídica fundamental, a constituição federal, determina a validade de todas as outras normas jurídicas de hierarquia inferior.
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURIDICAS
Dentre as varias classificações possíveis, podemos ter inicialente a seguinte:
Quanto a hierarquia:
o Constituição Federal
	Tratados Internacionais; Lei Complementar; Lei Ordinaria; Lei Delegada. Decreto Legislativo; Resoluções; Medidas Provisória;
Decretos Regulares
o Normas individuais (contratos, sentenças)
 Outras normas de hierarquia inferior
(portaria e circulares)
Quanto a natureza de suas disposições:
o	Normas jurídicas substantivas ou materiais: são aquelas que criam direitos;
o	Normas jurídicas adjetivas ou processuais: regulam o modo e o processo para o acesso ao Poder Judiciario;
Quantas a aplicabilidade:
o Normas jurídicas auto aplicáveis;
o Normas jurídicas dependentes de complementação;
o	Normas jurídicas dependentes de regulamentação (decretos regulamentares).
Quanto à sistematização:
o Constitucionais;
o Codificadas;
o Esparsas (tendenciais);
o Consolidadas.
Quanto a obrigatoriedade:
o	Normas de ordem pública (imperativas que podem ser do tipo proibitivo ou obrigatório – denominado pela doutrina como normas cogentes);
o Normas de ordem privada (permissivas)
Quanto a esfera do Poder Publico que emanam:
o Federais;
o Estaduais e;
o Municipais.
VALIDADE DA NORMA JURIDICA
Para ser válida, a norma precisa cumprir certos requisitos. Entre eles é preciso que ela entre em vigor em determinado momento (tempo) e lugar (espaço).
No Brasil é necessário publicação no Diário Oficial da União (DOU), então para ser objetiva.
A entrada em vigor depende. De acordo com a Lei de Introdução as Normas de Direito Brasileiro (LINDB), uma lei entra em vigor em quarenta e cinco dias, por regra geral. Essa regra só não é valida quando a lei define em seu texto o prazo de vacatio legis.
CESSAÇÃO (TERMINO) DA VIGENCIA DA LEI
Toda a norma pode em um dado momento, deixar de ter vigência. Isso ocorre, por um ou outro motivo, surge uma nova norma, ou a norma por si só deixa de ser aplicada por perder seu objeto.
Estes casos são denominados como revogação e caducidade.
A revogação admite duas possibilidades. Ela pode ser expressa, quando determinada lei declara revogada uma lei anterior; e tácita quando não há revogação expressa, mas as normas da lei nova são absolutamente incompatíveis com a anterior.
A revogação pode ainda ser parcial, derrogação, ou total, abrrogação.
VIGENCIA DA NORMA NO ESPAÇO
Toda norma destina-se a ser aplicada num espaço pré-determinada, portanto ela é limitada por espaços territoriais, em nosso caso, pelas fronteiras do Estado, que inclui as aguas territoriais e as ilhas ai localizadas, os aviões, os navios, as embarcações nacionais, as áreas das embaixadas e consuladas, bem como o subsolo e a atmosfera.
Essa delimitação é conhecida como principio da territorialidade das normas jurídicas. Em nosso país, por causa da ameaça das relações internacionais, situação esta que em determinada circunstancia permite aplicação da lei estrangeira em nosso território (e nossas em território estrangeiro) vige o principio da territorialidade moderada, ou seja, em nosso país são admitidos algumas legislações estrangeiras.
INTERPRETAÇÃO JURIDICA
Interpretação jurídica significa fixar o sentido da norma, ou seja, que interpretar busca captar o objeto de interpretação (o texto de lei, a norma), a sua essência e coloca-la de forma traduzida como um novo plano de entendimento. Em outras palavras, interpretar é extrair do objeto tudo aquilo que ele tem de essencial.
O problema da linguagem se inicia com o próprio vocabulário restrito do meio jurídico. Alguns destes termos também pertencem ao vocabulário geral, mas estes termos no universo jurídico podem admitir outros significados. Termos como comodato, arras, anticrese, ect. São restritos ao universo jurídico, e com o tempo tendem a ser assimilados, especialmente se o estudante de Direito buscar em fontes especificas, como um dicionário jurídico. A leitura de textos diversos também muito colabora para a aquisição de cultura e, por consequência, de vocabulário.
Além do vocabulário, outro problema comum é a percepção do alcance da norma que em muitos casos, exigem um esforço concentrado do operador do Direito para sua descoberta.
Há ainda os que insistem em dizer que quando a norma é clara não carece de interpretação. Mas estes se enganam, pois o que é claro para uns pode não ser a outros e o próprio entendimento, a percepção do que quer dizer a norma, já é em si mesmo uma revelação da interpretação.
Portanto a máxima in claris cessat interpretatio que significa “não há necessidade de interpretação quando a norma jurídica é clara” não deve ser tomada ao pé da letra, pois toda a norma carece sim, de interpretação.
Mens legis ou mens legislatoris?
A referida questão traz um dilema que acompanha a historia do Direito a algum tempo, pois a duvida reside em seguir a vontade da lei ou a vontade do legislador?
Esse dilema dá origem a duas teorias denominadas teoria subjetiva e teoria objetiva, a primeira leva em consideração a vontade daquele que interpreta a norma, levando a situação em que o interprete, como por exemplo o juiz a decidir uma interpretação conforma sua vontade, simplesmente porque assim a entende. Há quem diga que neste caso o interprete pode gerar uma anarquia jurídica ou autoritarismo. A segunda, objetiva, traz um interprete mais preso ao texto da lei, ou seja, mais avesso a buscar as intenções de quem a criou. Em síntese nenhuma das teorias é suficiente para se definir qual é a melhor, mas é inegável que buscar a vontade da lei é algo mais distante, já que uma norma passa, via de regra, pelos atos e pensamentos de muitas pessoas; assim, buscar a essência da lei, a sua vontade é algo mais plausível e isso não significa ter de ficar restrito à literalidade da norma, pois a necessária interpretação permite novos sentidos para uma velha norma
O SISTEMA JURIDICO E AS REGRAS DE INTERPRETAÇÃO
Tomamos por exemplo o art. 71 do CDC, que tipifica o crime de cobrança ilegal. Para se entender tal artigo, passamos por várias regras de interpretação: a regra gramatical (que permite questionarmos o conceito de constrangimentoilegal); a lógica (pela qual sempre questionaremos quem pode o mais, quem pode o menos); a regra sistemática e; a regra teleológica.
As técnicas de interpretação são processos, lógicos ou não, utilizadas para desvendar as varias possibilidades de aplicação da norma.
São elas:
A. Técnica gramatical: por meio dela o interprete busca o sentido literal do texto normativo, baseando-se nas regras do idioma, atentando-se à pontuação, colocação dos vocábulos, origem etimológica, etc;
B. Técnica de processo lógico: procura desvendar o sentido e o alcance da norma, estudando-a por meio de raciocínios lógicos, analisando os períodos da lei (a sequencia de orações que compõe uma lei) e combinando-os entre si a virgula com o escopo de atingir perfeita compatibilidade;
C. Técnica sistemática: considera o sistema em que se insere a norma, relacionando-a com a outras relativas ao mesmo objeto;
D. Técnica histórica: baseia-se na averiguação dos antecendentes da norma. Refere-se ao histórico do processo legislativo e às circunstancias fáticas que a precederam; às causas ou necessidades que introduziram o órgão a elaborá-la, ou seja, às condições culturais ou psicólogas sobre as quais os preceitos normativos surgiu, ocasio legis, tendo sempre em vista a razão da norma, ratio legis, isto é os resultados que visa atingir;
E. Técnica teleológica: objetiva adaptar a finalidade da norma às novas exigências sociais, conforme a LINDB, art. 5º;
EFEITOS DO ATO INTERPRETATIVO
a) Interpretação extensiva: ao admitir que a norma abrange, implicitamente certos fatos – tipos – o interprete tenta ultrapassar o núcleo do conteúdo normativo, avançando até o seu sentido literal possível;
b) Interpretação restritiva: limita a incidência do comando normativo,
impedindo que produza efeitos injustos ou danosos, porque suas palavras abrange hipóteses que nelas, na realidade não se contêm;
c) Interpretação declarativa: se houver correspondência entre a expressão linguística legal e a vontade da lei, voluntas legis, ocorrerá a simples declaração da norma.
Mesmo com todas as técnicas de interpretação e seus possíveis efeitos ainda é possível que o operador do direito se depare com lacunas da lei. Para este problema, o interprete deverá se valer de recursos como a analogia, os costumes, os princípios gerais do Direito e a equidade.
DIREITO ALTERNATIVO
ALEXANDRE SANCHES CUNHA
O Direito Alternativo encontra suas raízes em vários países da Europa.. Na Alemanha considera que há a necessidade de um direito livre, um direito extra legal que se manifesta para além do direito legislado.
O direito oficial é fruto das elites dominantes; sua interpretação e seu uso alternativo se revelam num modo de promover a luta de classes.
O Direito Alternativo nada tem de revolucionário. Seu verdadeiro fim é o rejuvenescimento, a revitalização do direito positivo.
No Brasil, o Direito Alternativo busca um Direito mais justo, moderno e que diminua as desigualdades existentes em nosso país
A justiça deve se preocupar e levar em conta a sociedade industrializada, as forças econômicas dominam os meios de comunicação, moldam a opinião publica e que acaba por escolher os seus representantes o legisladores.
A Constituição de 1988 define o Brasil como Estado Democrático de
Direito, a justiça deveria ser distribuída para todos.
O Direito Alternativo reveste-se na aproximação maior entre a lei e a justiça, no caso concreto.
Atestam que o juiz deve ter a efetiva consciência do seu papel politico na sociedade, pois não está subordinado ao Executivo ou ao Legislativo.
Assim havendo discordância entre o Direito e a lei, deve o juiz gerar uma solução alternativa, pois a lei é um meio, sendo que o Direito é um fim.
Alexandre Sanches Cunha critica essa corrente ao dizer que o juiz não pode, de modo algum, aplicar cegamente a norma, Seria abandonar por completo a interpretação teleológica.
O juiz não foi investido para o papel legislador. Adotando tal função criaria normas dispares. Seria, portanto, conceder ao juiz poder excessivo.
Entretanto, o Direito Alternativo, trouxe no âmbito penal, pen mais humana e racional.
HERKENHOFF
Direito Alternativo constitui uma soma e uma síntese de diversas vertentes de pensamento, diversas práticas de resistência no campo do Direito, diversas tentativas de organização e militância.
Há três traços que unem todas essas correntes e todos esses pensamentos:
1. A inconformidade com o atual estado do ensino jurídico, reprodutor de modelos metodológicos e de matrizes de extinção positivista;
2. A resistência à impermeabilidade de uma certa ciência do Direito às demandas sociais e à imersão da reflexão jurídica na realidade concreta de uma sociedade dividida claros antagonismos de interesses;
3. A tentativa de transformar a pratica jurídica e judiciaria conservadora.
É dentro de nossa realidade concreta de país de Terceiro Mundo que se coloca a proposta do movimento do Direito Alternativo.
A ciência do Direito não pode ser forma, subordinada ao tecnicismo. A técnica é um meio para atingir um fim. Mas a técnica não é um fim, é apenas o caminho para alcançar a substancia do Direito.
O Direito deve ser instrumento de convivência e de justiça, não aparelho legitimador de um mundo onde poucos têm carta de alforria para usufruir de todos os privilégios, e a maioria não tem ao menos o que comer.
Todo o Direito positivo brasileiro está perpassado da ideologia capitalista. A lei tem contradições. O jurista que se coloca na luta pelo avanço social explorará as contradições do ordenamento jurídico.
AMILTON CARVALHO DE BUENO
Como se faz para atuar, dentro da linha “alternativa”, perante o judiciário? Como defender respostas alternativas, quando se advoga o direito dos outros, ou seja, de clientes?
Em relação ao juiz que opta por trilhar caminhos diferentes, a situação não é cômoda, embora não tem explicações diretas a dar aos clientes, porque sujeito ao crivo de órgão sensor, o Tribunal, muitas vezes agressivo, implacável, intolerante, gerando em certos locais, velada, ou não, perseguição em momentos de promoção ou remoção.
No que atine aos advogados, é da criatividade deles que o direito se concretiza mais democraticamente.
O operador jurídico necessita “ver” para compreender. Daí a cópia parece inevitável.
Pensar dói. Isso explica a dificuldade que se tem para violar regras, ou seja, atuar contra a legalidade rasteira, quando ela, a legalidade, esta em atrito com os princípios.
O Direito Alternativo, não é uma teoria, ainda por agora, que procure dar conta do fenômeno jurídico.
Ele caracteriza pela busca de um instrumento prático-teórico destinado a profissionais que ambicionam colocar seu saber em atuação na perspectiva de uma sociedade radicalmente democrática. Tornando o direito em instrumento de defesas ou libertação contra qualquer tipo de denominação.
Com o movimento do Direito Alternativo surge o novo. Juízes, promotores, advogados, defensores, começam as vezes timidamente, a alterar seu atuar, como que encampando o saber critico-teórico.
Algumas consequências de logo se vislumbram:
1) A união fértil de intelectuais que percebem o fenômeno jurídico dos mais diversos locais;
2) Explica-se o furor daqueles que atacam o movimento e têm como pano de fundo a manutenção do sistema de dominação;
3) Gerou, e gera, profunda discussão sobre os fundamentos do próprio Direito;
4) A partir de então há precioso momento para os teóricos, seu saber agora está sendo cortejado com as práxis;
5) Há um retomar de técnica. Hoje o teórico desce do pedestal e se preocupa com a técnica. A critica procura dar respostas a partir da própria técnica.
O movimento não é necessariamente homogêneo e que pretende favorecer a emancipação das classes populares através do Direito. Ou seja, o Direito, para o movimento, desafia novas abordagense praticas.
A alternatividade luta para que surjam leis mais justas, comprometidas com os interesses da maioria da população, ou seja, realmente democráticas.
O que a alternatividade não reconhece é a identificação do Direito tão só como a lei, nem que apenas o Estado produz Direito, nem tampouco que se dê à norma cunho de dogma, o que é diverso da negativa à lei.
O que a alternatividade busca é novo paradigma, com superação do legalismo estreito, mas tendo como limites os princípios gerais do direito. O compromisso do juiz deve ser a busca incessante da justiça, jamais atingida e sempre mutável, tendo como limites o caso concreto, e de, outro, os princípios universais do Direito.
O movimento envolve:
 O uso alternativo do direito, que consiste em: na utilização das contradições ambiguidades e lacunas numa ética democratizante; na busca, via interpretação qualificada, diferenciada, de espaços possibilitadores do avanço das lutas populares e da democratização cada vez mais efetiva da norma, através da critica constante;
 Positividade combativa: a alternatividade busca, via positividade combativa, estratificar as conquistas legais que permitem que os princípios aterrissem na vida diária;
 Direito Alternativo em sentido estrito: é o reconhecimento de que não só se faculta apenas ao Estado o papel criador do Direito. A população em sua caminhada histórica constrói ou destrói direitos na busca de soluções em sua originalidade.
Segundo Luiz Flávio Gomes há três tipos de juízes: o positivista- legalista; o alternativista e; o constitucionalista. O primeiro tem seu labor adstrito exclusivamente a lei. O alternativista é aquele que julga de acordo com seu sentimento umbilical de justiça. Já o constitucionalista tem engajamento politico; não é neutro, é critico; está vinculado à democracia e aos direitos e garantias fundamentais.
DIREITOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS HUMANOS
Esse é um ramo do Direito que se encontra em constante mutação, tradução inequívoca da mudança politica, social, filosófica, cultural e econômica que atravessa o mundo. Deduz-se, então, que são direitos intimamente ligados ao processo histórico.
Direitos Humanos consistem em faculdades de proteção atribuídas pela norma, essenciais a sobrevivência humana. São regras universais que concretizam as exigências da dignidade, liberdade e igualdade do homem e que deverão ser reconhecidas positivamente pelos diversos ordenamentos jurídicos.
A distinção entre direitos do homem e direitos fundamentais dá-se do seguinte modo: os primeiros são concebidos como inerentes à natureza
humana e possuem um caráter universal, atemporal e inviolável; no que tange aos segundos, seriam os direitos vigentes, inseridos em determinada ordem jurídica concreta.
Assim, proclamada pelos antigos, a igualdade de todos perante a lei foi principio absorvido pelo jusnaturalismo, incorporando-se como doutrina, nos direitos fundamentais do homem.
Os direitos humanos não são necessariamente estabelecidos, por determinada Constituição. Simplesmente são reconhecidos e garantidos por ela. São, pois, como afirma Antigona na peça de Sofocles, direitos anteriores e superiores ao próprio Estado, próprios da natureza humana. São declaratórias e atributivos. Limitam os poderes do Estado, colocando-se antes destes. Assim, não existem pura e simplesmente porque foram criados ou regulados por lei; existem a despeito dela.
Santo Tomás de Aquino evidenciou uma hierarquia de leis:
Lei eterna (lex aeterna): consiste na própria razão divina, governadora do mundo;
Lei natural (lex naturalis): consiste na participação do homem na lei eterna; é conhecida pelo homem através da razão;
Lei humana: inventada pelo homem que, utilizando-se de princípios naturais, disciplina situações fáticas.
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM (ONU)
A Declaração em comento consiste numa recomendação que as Nações Unidas fazem aos Estados componentes e, deste modo, não tem efeito vinculante.
Assim foi criada, no campo do Direito Internacional, uma ordem jurídica supranacional na qual um Estado, assinando um tratado, uma convenção, um pacto, obriga-se, perante a comunidade internacional, e com a fiscalização desta, obedecer-lhe, podendo-se responsabilizar por eventual descumprimento.
Esta carta procurou garantir os direitos do individuo em face da opressão estatal. Seu conteúdo consagra várias conquistas do homem, como o direito à
vida, à liberdade, à propriedade, à segurança, à igualdade, à presunção de inocência, ao lazer, à saúde e o acesso à justiça.
AS DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
1ª dimensão: são as liberdades publicas e as liberdades privadas; Apresentam-se como exemplos o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à manifestação, à expressão, ao voto, ao devido processo legal;
2ª dimensão: são os direitos sociais. Por exemplo: o direito à saúde, ao trabalho, à assistência social, à educação;
3ª dimensão: são os direitos da fraternidade ou de solidariedade. Traduz os direitos difusos e coletivos. Exemplos: direito a paz, ao meio ambiente, à conservação do patrimônio cultural e histórico;
4ª dimensão: são os direitos da minoria. Cita-se o direito a escolher livremente os parceiros sexuais o direito à democracia, à informação, ao pluralismo, os direitos dos idosos.
OS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Os direitos fundamentais do homem se constituem naquelas prerrogativas e instituições que o direito positivo concretiza para assegurar a sobrevivência, a realização e convivência humana.
Características:
Historicidade: nascem, modificam-se e desaparecem.
Inalienabilidade: são, por sua natureza, inegociáveis e intransferíveis. Classificam-se em direitos individuais e coletivos; sociais; à
nacionalidade e; políticos.
OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONST. FEDERAL DE 1988
Direito à vida: englobam-se o direito a dignidade da pessoa humana; à existência; a integridade físico-corporal; moral e; à privacidade
Direito a liberdade: destacam-se os direitos à liberdade de: locomoção; pensamento; consciência e crença; criação intelectual, artística, cientifica e de comunicação; profissão; informação e; associação.
Direito à igualdade; Direito à justiça; Direito à propriedade; Direito à privacidade; Direitos coletivos;
Direitos sociais: associação sindical e profissional e ; greve;
Direito de nacionalidade e; Direitos políticos.

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