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02/10/2014 1 O ecossistema é o conjunto de fatores bióticos e abióticos de um ambiente. Ele é composto de três componentes: organismos, matéria e energia. Fatores abióticos - o conjunto de todos os fatores físicos que podem incidir sobre as comunidades de uma certa região, como temperatura, umidade, ventos, pressão, nutrientes, Fatores bióticos - conjunto de todos seres vivos e que interagem uma certa região e que poderão ser chamados de biocenose. Isto é, são as comunidades do ecossistema. Ecossistema O estudo do ecossistema é o estudo de processos, através de fluxos de energia e ciclagem de nutrientes. Ecossistema A análise a nível de ecossistema inclui os organismos e o ambiente abiótico, considerando os movimentos de matéria e energia nos ecossistemas. Energia no ecossistema Fluxo de matéria (linha sólida azul) e energia (linha tracejada vermelha) Imagem: Krebs, 2009 Energia no ecossistema Comunidades e ecossistemas podem ser estudados através dos processos de matéria e energia. Esta proposta envolve a dinâmica do ecossistema Matéria e energia estão intimamente relacionados nos seres vivos, já que a energia é armazenada quimicamente e os organismos são compostos por matéria. O metabolismo de um ecossistema pode ser entendido como a soma do metabolismo individual dos organismos. Estes necessitam continuamente de energia para equilibrar as perdas resultantes do metabolismo, crescimento e reprodução. Os organismos podem ser divididos em autótrofos e heterótrofos. Autótrofos utilizam o CO2 como fonte de carbono e Luz solar (fotossíntese, radiação) ou Química (quimiossíntese) como fonte de energia Heterótrofos utilizam o carbono orgânico, são consumidores Energia no ecossistema 02/10/2014 2 Primeiro passo identificar a teia alimentar Segundo decidir quais as espécies mais significativas para o metabolismo da comunidade. Podemos definir a importância de uma espécie na comunidade, através da: Biomassa Fluxo da matéria química Fluxo de energia Estudo da Energia no ecossistema Biomassa É uma medida pontual pontual, estática. A medida de biomassa pode incluir apenas parte áerea (e.g. folhas) e subterrânea (raízes) Para uma análise dinâmica, a produção é mais adequada. Quando as taxas metabólicas e reprodutivas são altas, a produção pode ser alta, mesmo com biomassa baixa. Produção Taxa em que a biomassa é produzida por unidade de área(e.g., Kcal m-2 dia-1) Para uma análise dinâmica, a produção é mais adequada. Fluxo de matéria química O ecossistema pode ser visto como um super- organismo, que pode ser caracterizado pelo fluxo de matéria e energia. A matéria pode ser reciclada através da comunidade. Uma molécula de fósforo pode ser capturada por uma planta, que será comida por uma lagarta, que será alimento de uma ave, que morre, é decomposta por bactérias, retornando ao solo. Fluxo de Energia A energia pode ser vista como um fluxo unidirecional de energia, fluindo do sol, para as plantas, herbívoros e carnívoros, não sendo reciclada. Toda energia termina transformada em calor e é perdida para o sistema. Somente a contínua entrada de sol mantém o sistema biológico Produção Primária 99,9% da biomassa viva é composta por plantas (Whittaker, 1975). Fotossíntese é o processo que transforma a energia solar em energia química. Que pode ser exemplificado pela seguinte equação: arenergiasolCOOH 22 612 OHOOHC 226126 66 Clorofila + enzimas 02/10/2014 3 Produção Primária OHAHCOHCOAH 222 22 Acetato Equação geral de produção primária: AH2 pode ser: OH2 SH2 OHCCH 3 OHCHCH 23 Etil álcool O Produção Primária Se a fotossíntese fosse o único processo que ocorre nas plantas, poderíamos medir a produção pela taxa de acumulação de carboidratos, mas as plantas também utilizam energia para manutenção e reprodução. Estas atividades podem ser monitoradas pela respiração: Enzimas metabólicas 26126 OOHC taenergiagasOHCO 22 Pigmentos fototróficos 1.Clorofilas a, b e c: Somente a clorofila a consegue utilizar os elétrons para produzir energia química Clorofilas b e c absorvem a luz e passam os elétrons para a clorofila a pigmentos acessórios 2.Carotenóides Pigmentos acessórios da clorofila a Fornecem proteção contra radiação prejudicial – agentes fotoprotetores O equilíbrio metabólico, onde a fotossíntese é igual à respiração, é chamado de ponto de compensação. As taxas de fotossíntese e respiração são expressas quantidade de matéria ou energia por unidade de tempo. Podemos classificar a produção primária em: Produção primária bruta (PPB)- energia (ou carbono) fixada via fotossíntese, por unidade de tempo. Produção primária líquida (PPL)- energia fixada pela fotossíntese menos energia gasta na respiração por unidade de tempo. Metabolismo Metabolismo Produção primária bruta Produção primária líquida Estimativa da produção primária Para estimar a produção de um ecossistema, devemos escolher qual vai ser a unidade de medida. Podemos usar um método ou combinações de métodos, tais como coleta, trocas gasosas e carbono radioativo 14C Geralmente, o carbono ou unidade de energia(calorias) são utilizados. 02/10/2014 4 Estimativa da produção primária Podemos medir a produção primária em plantas terrestres através da mudança das concentrações de CO2 ou de O2 no ar, próximo das plantas. A respiração e fotossíntese são afetadas pela temperatura. Fotossíntese é também afetada pela intensidade de luz. Medindo a produção primária kJCOOH 2966612 22 OHOOHC 226126 66 Energia solar Assim, a absorção de 6 moles (134,4 litros em condições normais de temperatura e pressão) de CO2 indicam que 2996 kJ foram absorvidos Medindo a produção primária Medidas de CO2 no escuro e no claro podem proporcionar uma estimativa da produção primária bruta. Medindo a produção primária Pares de garrafas escuras e claras são usadas para medir a fotossíntese no fitoplâncton. O método mais simples de medir a produção primária é o método da colheita. A quantidade de material produzido pelas plantas por unidade de tempo, pode ser determinado pela diferença entre dois tempos: Medindo a produção primária Duas possíveis perdas devem ser consideradas. M= Perdas de biomassa pela morte das plantas, ou de suas partes, e C= perdas de biomassa pelo consumo dos organismos 12 BBB Se conhecemos estes valores, podemos determinar a produção primária Líquida(PPB): Medindo a produção primária que pode ser utilizado para a planta toda ou para a parte aérea ou para a raiz. • A produção primária líquida em biomassa, pode ser convertida em energia, medindo o equivalente calórico do material, com uma bomba calorimétrica. • Esta medida deve ser feita para cada espécie estudada e para cada estação do ano. CMBPPL 02/10/2014 5 PPL (produção primária líquida) é a biomassa que fica disponível para o consumo dos organismos heterotróficos Medindo a produção primária PLE (Produtividade líquida do ecossistema) nos ajuda a conhecer se determinado ecossistema está fixando mais carbono, ou ao contrário. Para isto precisamos estimar a respiração dos autótrofos (RA) e dos heterótrofos (RH). A respiração do ecossistema (RE) será a soma destas respirações: RHRARE Sabemos que a PLE é: REPPBPLE Produção primária nos Ecossistemas A PPL do planeta está estimada em 105 Petagramas de Carbono ano (1pg=1015g) (Geider et al. 2001). 56,4 pg C ano-1 são produzidos por ecossistemas terrestres e 48,3 pg C ano-1 por ecossistemasaquáticos. Na maioria dos ecossistemas terrestres a produção primária é autóctone, mas há ecossistemas onde o alimento é proveniente de outros locais, como ecossistemas de cavernas. Nos rios há entrada autóctone (vegetação aquática e fitoplancton) e alóctone. Nos oceanos, a maior parte da produção vem das camadas superficiais, onde há a produção primária. Produção primária nos Ecossistemas Produção primária nos Ecossistemas A produção primária varia entre os diferentes tipos de vegetação e ao longo das latitudes. Em geral, a produção primária é mais alta nas florestas tropicais e diminui progressivamente em direção aos pólos. Produtividade em oceano aberto é muito baixa, aproximadamente o mesmo que a tundra ártica. Mas os oceanos ocupam aproximadamente 71% da superfície da terra, com isto 46% da produção primária global vem dos oceanos. Áreas de campos e tundras são menos produtivas que florestas em latitudes equivalentes Produção primária nos Ecossistemas Produção primária líquida, oceano contribui com 46% e terra com 54% 02/10/2014 6 O que controla a taxa de produção primária em comunidades naturais? Nitrogênio e fósforo são os nutrientes mais importantes. A produção primária depende da radiação solar, mas esta sozinha não determina a produção primária. Outros parâmetros como água, nutrientes e temperatura na faixa apropriada para o crescimento vegetal também são importantes. Que fatores poderíamos mudar para aumentar a taxa de produção primária de determinada comunidade? Eficiência da produção primária Eficiência da produção primária bruta Eficiência da produção primária Energia fixada pela produção primária Energia solar incidente Quanto da energia fixada pelas plantas é perdida pela respiração? Em florestas 50-75% da produção primária bruta é perdida para a respiração. Assim a produção líquida pode ser apenas um quarto da produção bruta. Florestas possuem mais galhos, ramos e raízes para sustentar do que arbustos. Assim, menos energia é perdida para a respiração em comunidades de herbáceas e culturas (45-50%). Assim, para várias comunidades terrestres, mais ou menos 1% da energia solar é convertida em produção primária durante a estação de crescimento. Relação entre produtividade e biomassa Existe uma grande diferença entre a biomassa terrestre (800 Pg) e dos oceanos (2Pg) e água doce (<0,1 Pg) (Geider et al. 2001). Relação entre produtividade e biomassa As razões entre produção liquida e biomassa são maiores nas comunidades aquáticas (média de 17) em relação às comunidades terrestres (média de 0,042 para florestas e 0,29 para outros ambientes terrestres) As plantas aquáticas possuem uma maior quantidade de biomassa viva em relação à massa total, além de possuírem maior taxa de renovação que as plantas terrestres. Relação entre produtividade e biomassa A relação produtividade biomassa varia ao longo da sucessão: Espécies pioneiras apresentam crescimento rápido e menor quantidade de tecido de sustentação. As espécies de estágios mais avançados apresentam crescimento mais lento e possuem mais tecidos de sustentação. 02/10/2014 7 Produção primária e idade das árvores A produção primária liquida (PPL) aérea de florestas maduras diminui com a idade das árvores. A PPL alcança um pico cedo no desenvolvimento da árvore e diminui até chegar a 76% do pico, com redução média de 34%. O declínio da PPL afeta o ciclo de C global, pois as florestas contêm 90% do C existente em ecossistemas terrestres e responsáveis por 65% da PPL. Produção primária liquida aérea (*t massa seca ha-1ano-1) em florestas seqüenciadas por idade em diferentes climas (Gower ET AL 1996) Produção primária e idade das árvores Três hipóteses foram propostas para explicar este fenômeno: Hipótese 1: Desequilíbrio fotossíntese-respiração- isto é a respiração aumentaria em relação à fotossíntese devido ao aumento da biomassa viva em relação à produção de C. Entretanto, a massa foliar, que tem os custos respiratórios mais altos, permanece estável ou diminui com a idade. Produção primária e idade das árvores Figura: Produção primária líquida aérea (ANPP), índice de área foliar (LAI) por sequencia de idade em florestas boreais de coniferas (a) e florestas temperadas quentes de coníferas (b). (Gower et al 1996) Produção primária e idade das árvores Hipótese 2: Limitação de nutrientes- a produção diminui junto com a limitação de nutrientes, principalmente N. em geral, a mineralização de N e taxas de nitrificação diminuem durante a sucessão secundária. Estes processos dependem das condições ambientais e das características físico químicas da serrapilheira. A razão folhas madeiras, diminui com a idade, diminuindo a qualidade, em nutrientes da serrapilheira. A maior quantidade de madeira, também leva a uma velocidade menor de decomposição dos detritos. A limitação de N também leva a uma alocação maior de biomassa em raízes e micorrizas em detrimento dos tecidos aéreos Produção primária e idade das árvores Hipótese 3: Deficiências dos estômatos- com o aumento da idade, altura e diâmetro das arvores aumenta a resistência hidráulica, devido ao maior comprimento do trajeto. A condutância dos estômatos diminui pelas dificuldades hidráulicas, diminuindo a fotossíntese. A taxa de fotossíntese pode diminuir até 30% e os estômatos fecharem mais cedo em árvores mais velhas de Pinus ponderosa. 02/10/2014 8 Comunidade fitoplanctônicas possuem baixa eficiência de produção primária, geralmente menos do que 0,5%, Embora plantas aquáticas com raízes e águas rasas possam ter eficiências mais altas. A eficiência da produção primária bruta é maior em florestas (2-3,5%) do que Em comunidades de herbáceas (1-2%) ou Em culturas de grãos (1,5%). Florestas são relativamente mais eficientes em capturar a luz solar. Eficiência da produção primária Comunidades terrestres Radiação solar Nutrientes Oferta de água Temperatura Drenagem do Solo FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades terrestres Radiação solar A terra recebe entre 0 e 5 joules de radiação solar por m2. 44% estão nos comprimentos apropriados à fotossíntese. Comparando a eficiência fotossintética em três ecossistemas: Coníferas (1 e 3%), florestas caducifólias (0,5 e 1%), o deserto converteu em biomassa apenas de 0,01 a 0,2 % da radiação fotossinteticamente ativa. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades terrestres Nutrientes Os fotoautótrofos utilizam uma grande diversidade de elementos que podem ser divididos em: Macronutrientes- nitrogênio, fósforo, enxofre, potássio e sódio Micronutrientes- ferro, zinco, cobre, manganês e vitaminas (B12, biotina, tiamina) FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades terrestres Nutrientes O Nitrogênio é o nutriente que mais influencia a produtividade de uma comunidade. Claro, que a insuficiência de outros nutrientes também afetam a produção como fosfato, zinco e fósforo. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA 02/10/2014 9 Comunidades terrestres Água Constituinte celular processo de fotossíntese. Estômatos estão abertos para entrada do CO2. Há uma clara relação entre precipitação e produtividade, mas é um padrão complexo devido à temperatura e evapotranspiração. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades terrestres Temperatura Efeito positivo sobre o período da estação de crescimento e, Negativo através do aumento da evapotranspiração em temperaturas mais altas. Nos ambientes extremamente friosé o principal fator que restringe a produtividade. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades terrestres Drenagem do Solo a inclinação e a porosidade do solo afetam a drenagem. Solos inclinados e arenosos com pouca proporção de finos retêm menos água e têm menor produtividade. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Florestas coníferas, geralmente são mais produtivas que florestas decíduas, sob mesmas condições climáticas. A diferença na produtividade entre as florestas se deve à variação na duração da estação de crescimento e a diferenças no índice de folha/área. Coníferas possuem uma maior superfície de folhas do que árvores decíduas, e por reterem suas folhas, são capazes de estender a duração da estação de crescimento. A razão entre biomassa aérea/biomassa subterrânea é a mesma para os dois tipos de florestas. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA A produção primária em campos é fortemente afetada pela quantidade relativa de plantas C3 e C4. Nas grandes planícies dos Estados Unidos, a produção de gramíneas C3 possui uma alta correlação com a temperatura, quanto maior a temperatura menor a produtividade das plantas C3. A produção das gramíneas C4 está mais correlacionada com a pluviosidade, quanto maior esta, maior a produção de gramíneas C4. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA 02/10/2014 10 Gramíneas C4 representam 74% das grandes planícies, e as gramíneas C3 são dominantes apenas no norte, na região mais fria. Uma segunda limitação é imposta pelo tipo de solo e sua capacidade em reter a água, e pela disponibilidade de nutrientes. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Experimentos de adição de nutrientes têm sido usados para determinar a importância da limitação de nutrientes na produção primária. Em pântanos salgados sub-árticos, na ausência de pastadores, a adição de nitrato dobrou a produção primária de gramíneas, e adicionando nitrato e fosfato a produção quadruplicou. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades terrestres, especialmente florestas, possuem grandes estoques de nutrientes na própria biomassa das plantas, o que não ocorre nas comunidades aquáticas. Esta concentração tem importantes implicações para a ciclagem de nutrientes em florestas. Se a comunidade é estável, a entrada de nutrientes deveria ser igual à saída, e considerável quantidade do esforço de pesquisa deveria ser direcionado em entender os ciclos de nutrientes nas comunidades terrestres. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA A produção depende da radiação incidente, que é usada de maneira ineficiente devido a: Escassez de água Escassez de nutrientes Temperaturas extremas Profundidade insuficiente do solo Cobertura incompleta do dossel FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Ecossistemas aquáticos A produção primária nos ambientes aquáticos é feita por organismos, com várias magnitudes de grandeza. Fitoplâncton (200 micra até +-1mm) Bactérias fotossintetizantes (a partir de 1 micra), o picoplancton têm a sua importância. Algas pardas gigantes com mais de 50 m, são os maiores produtores marinhos. Ecossistemas aquáticos As águas marinhas podem podem ser: Oligotróficas - < 100 gC m2ano-1. Mesotróficas- 100-300 gC m2ano-1. Eutróficas- 300-500 gC m2ano-1. Hipertróficas- maior que 500 gC m2ano-1. 02/10/2014 11 Ecossistemas aquáticos A produção primária em ambientes aquáticos depende da profundidade em que a luz penetra. A água absorve a radiação solar. Mais da metade da radiação solar é absorvida no primeiro metro de água, incluindo quase toda a energia infra-vermelha. Mesmo em “águas claras”, somente 5 a 10% da radiação pode alcançar a profundidade de 20 m. Este decréscimo poder ser representado por uma curva geométrica de radiação: Radiação onde: l=quantidade de radiação solar (joules por m2 por unidade de tempo); t= tempo; k= coeficiente de extinção (constante). Grandes valores de k indicam águas transparentes. Níveis altíssimos de luz também podem inibir a fotossíntese de plantas verdes, e sua inibição pode ser encontrada na superfície de águas tropicais e sub-tropicais através do ano. Quando a superfície de radiação é excessiva, a produção primária máxima ocorrerá vários metros abaixo da superfície da água. kl dt dl Curva teórica de atenuação da radiação solar, com a profundidade em uma coluna d’água. Água pura (vermelho) e água oceânica (azul). Comunidades marinhas Em relação ao volume de água existente nos oceanos, a Luz é um fator limitante para a produtividade, pois atinge aproximadamente os primeiros 100 metros. Como os oceanos têm profundidade média de 3000 metros. Na maior parte dos oceanos predomina a cadeia de detritos. Mas, observando a distribuição da produtividade ao longo da superfície da terra percebemos que a radiação não é geralmente o fator determinante na produção primária Distribuição vertical da temperatura, nutrientes e produção na camada superior do giro central do pacifico norte durante o verão. Linha tracejada indica 1% da intensidade luminosa. Fonte: Krebs 2009 No giro norte do oceano pacifico, praticamente toda a produção primária ocorre na zona eufótica (limite inferior onde há menos de 1% de luz, 90 m). 02/10/2014 12 Comunidades marinhas A luz e a temperatura afetam a produção primária dos oceanos, mas esta influência não é determinante a ponto de criar um gradiente de produtividade dos pólos para o equador. As regiões tropicais e subtropicais dos oceanos, são pouquíssimo produtivas. Por outro lado, o Atlântico norte, o golfo do Alaska, e o oceano ao sul da Nova Zelândia são relativamente produtivos. As regiões mais produtivas dos oceanos, são as áreas costeiras no lado oeste da áfrica e no lado oeste das Américas do Norte e do sul. Comunidades marinhas Influência do continente na produtividade Fonte: Begon et al 2009 FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades marinhas Geralmente, o nitrogênio e o fósforo limitam a produção primária nos oceanos. Nas áreas fóticas, geralmente há baixíssimas concentrações de nitrogênio e fósforo, com as zonas profundas tendo concentrações maiores. O nitrogênio parece ser o fator limitante para o fitoplancton em muitas partes dos oceanos. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades marinhas Poluição orgânica geralmente adiciona fósforo e nitrogênio nas águas costeiras, mas ao contrário do fósforo, o nitrogênio é capturado imediatamente pelas algas, e apenas traços de nitrogênio são encontrados nas águas costeiras. O nitrogênio foi confirmado como limitante da produção em experimentos. A adição de nitrogênio causou um forte crescimento algal em águas de uma baía, mas a adição de fósforo não induziu o crescimento algal. Efeitos da limitação de nutrientes na produção de fitoplancton em Nova York. B) abundancia de fitoplancton e fósforo liberado por fazenda de patos. C) Experimentos com enriquecimento de nutrientes, com a alga Nanochloris atomus. Fósforo é superabundante E nitrogênio parece limitar crescimento alga Fonte: Krebs 2009 02/10/2014 13 FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades marinhas Se o nitrogênio é o fator normalmente limitante da produção primária, a eliminação dos fosfatos despejados junto com os esgotos dos oceanos não vai ajudar a resolver o problema da poluição costeira. O fato do nitrogênio ser limitante é intrigante. A superfície de águas equatoriais do Pacífico possuem altas concentrações de nitrato e fosfato mas baixa biomassa algal. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades marinhas O mar dossargaços é uma área de baixíssima produtividade na parte subtropical do oceano Atlântico. Possui a água mais transparente do mundo, e as águas superficiais possuem baixíssimas concentrações de nutrientes. Nitrogênio e fósforo, entretanto, não parecem limitar a produção primária; por outro lado, o ferro parece ser crítico, como evidenciado por uma série de experimentos com enriquecimento de nutrientes realizados na superfície do mar do sargaços, FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades marinhas Experimentos com enriquecimento de nutrientes realizados na superfície do mar do sargaços. Os resultados seguem abaixo: Nutrientes adicionados Acumulação relativa de 14 C Nenhum (controle) 1,00 N+ P 1,10 N + P + metais (menos Fe) 1,08 N + P + metais 12,90 N + P + Fé 12,0 FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades marinhas Seria o ferro responsável pela baixa produtividade no Pacifico equatorial? Dois experimentos em larga escala com enriquecimento em ferro foram realizados no pacifico equatorial em 1993 e 1995. Baixas concentrações de ferro dissolvido foram espalhadas em uma área de 72 km2 do oceano durante sete dias, e as mudanças resultantes no fito e zooplâncton foram medidas. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades marinhas Um bloom massivo de fitoplancton se desenvolveu na área enriquecida com ferro. Clorofila-a aumentou 27 vezes em relação ao valor inicial. Ao mesmo tempo, a assimilação de nitrato aumentou 14 vezes, sendo que as concentrações de nitrato na água diminuíram 35% naquela semana (Coale et al., 2004). FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades marinhas Ferro chega aos oceanos principalmente como poeira trazida pelo vento, esta poeira é particularmente escassa no Oceano pacifico. Ferro é um componente essencial para a fotossíntese de cianobacterias que fixam nitrogênio nos oceanos. O efeito do ferro na produção primária ocorre principalmente através de seu papel na fixação de nitrogênio nos oceanos. Ferrocianobactériafixação nitrogênio fitoplâncton 02/10/2014 14 FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades marinhas Na maioria dos oceanos abertos, luz é sempre disponível para a fotossíntese, mas o nitrogênio não. Para quantificar os efeitos relativos dos diferentes nutrientes nos oceanos, Downing et al. (1999) analisaram 303 experimentos com adição controlada de nutrientes, realizados nos últimos 30 anos. Eles encontraram que a adição de nitrogênio estimulou o crescimento fitoplanctonico fortemente, seguido de perto pela adição de ferro. Efeito de adição de nutrientes na taxa de crescimento do fitoplâncton em 303 experimentos (Downing et al., 1999) Fonte: Krebs 2009 Os oceanos são muito improdutivos, quando comparados com a terra, a razão parece ser a baixíssima concentração de nutrientes disponível. Solos férteis 5% de matéria orgânica disponível e mais de 0,5% de nitrogênio. suporta 50 kg/m2 de massa seca de plantas. Oceanos as águas mais ricas contém 0,00005% de nitrogênio suporta 5 gramas de massa seca de fitoplancton. Áreas de ressurgência oceano antártico. Peru e Califórnia, e em outras partes do mundo. Produção terrestre X oceânica FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades de água doce A radiação solar influencia a produção primária diária em lagos, e dentro de um dado lago, podemos prever a produção primária a partir da radiação solar. Variação da fotossíntese com a profundidade em três lagos da Califórnia durante o verão. Taxa fotossintetica em gramas de Carbono/m2 dia. FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades de água doce Produção Primaria e Poluição eutrofização Nutrientes adicionados (esgoto ou escoamento das águas) aumentou a concentração algal e mudou a comunidade de muitos lagos (diatomáceas e algas verdes cianofíceas). Antes de controlar a eutrofização em lagos, devemos saber quais nutrientes devem ser controlados. 02/10/2014 15 FATORES QUE LIMITAM A PRODUÇÃO PRIMÁRIA Comunidades de água doce Três nutrientes principais devem ser considerados: nitrogênio, fósforo, e carbono. Fósforo, parece ser o nutriente limitante para a produção primária na maioria dos lagos. Em um experimento, 227 lagos foram fertilizados durante 5 anos com fosfato e nitrato, e os níveis de fitoplancton aumentaram 50 a 100 vezes, em relação aos lagos controle. Para separar os efeitos do nitrato e fosfato, colocou-se uma separação nos lagos com um lado sendo fertilizado com nitrogênio e o outro lado com fósforo. Dentro de 2 meses um bloom de algas visível se desenvolveu no lado com fósforo A biomassa do fitoplâncton está fortemente correlacionada com o total de fósforo. O que pode ser explicado pela presença de algas cianofíceas. Produção em lagos: quadrados indicam lagos deficientes em nitrogênio, e diamantes, deficientes em carbono Nutrientes podem ocorrem em vários estados químicos nos sistemas aquáticos. nutrientes podem estar presentes mas não disponíveis para os organismos porque eles estão ligados a complexos orgânicos, na água ou sedimento. Ex.: lagos ácidos, que possuem altas concentrações de fósforo, em formas não disponíveis ao fitoplancton. Waters (1957) aumentou o pH de lagos adicionando carbonato de cálcio, fazendo com que o fósforo fosse liberado dos sedimentos, aumentando a concentração de fitoplancton. Eutrofizaçào em lagos as algas azuis tendem a substituir as algas verdes. Algumas das razões são: não são fortemente pastoreadas pelo zôoplancton e pelos peixes. Algumas cianoficeas também produzem produtos secundários que são tóxicos ao zooplancton. Algas azuis também são pobremente digeridas por vários herbívoros. As algas azuis também podem fixar o nitrogênio atmosférico, levando vantagem quando o nitrogênio é relativamente escasso. 02/10/2014 16 Assim, os principais fatores que controlam a produção primária em comunidades de água doce são luz (e temperatura), fósforo e sílica (para diatomáceas), e fatores ocasionais incluem nitrogênio e ferro. PADRÕES GLOBAIS EM PRODUTIVIDADE TERRESTRE A produção primaria liquida, mostrada no gráfico abaixo pode ser explicada por quais fatores? Fonte: Ito e Okinawa, 2004 PADRÕES GLOBAIS EM PRODUTIVIDADE TERRESTRE Boisvenue e Running (2006) analisaram que os principais fatores abióticos que controlam a produção primária (temperatura, radiação e água) interagem para impor complexas e diferentes limitações na atividade vegetacional em diferentes partes do mundo. Fonte: Boisvenue e Running (2006) PADRÕES GLOBAIS EM PRODUTIVIDADE TERRESTRE Temperatura controla a taxa de metabolismo das plantas, que determina a quantidade de fotossíntese que pode ser realizada. A maior parte da atividade metabólica ocorre entre 0-50oC. As temperaturas ideais para a produção primária estão entre 15 e 25oC e os níveis letais entre 44 e 52oC. A água é imprescindível à fotossíntese. Em regiões secas há um aumento linear da PPL com a disponibilidade de água. A temperatura média global aumentou 0,6±0,2oC nos últimos cem anos, com aumento de quatro graus no inverno. Mas com grande variabilidade regional Fonte: Boisvenue e Running (2006) PADRÕES GLOBAIS EM PRODUTIVIDADE TERRESTRE Florestas ocupam 52% das terras emersas e tendem a ocupar ambientes com radiação e temperatura limitadas. Menos de 7% das florestas são sistemas fortemente limitados pela água. Os efeitos combinados e interatuantes das mudanças de temperatura, radiação e precipitação com o aumento de CO2 têm causado umefeito positivo na produção primária, enquanto que o O3 vem causando efeito negativo. Fonte: Boisvenue e Running (2006) Produtividade e diversidade de plantas. Se quanto mais produtiva, mais diversa fosse uma comunidade, teríamos uma razão importante para conservar a biodiversidade. A idéia implícita a esta hipótese é que diferentes plantas possuem diferentes necessidades de recursos, assim os nichos seriam mais complementares. Assim, recursos seriam mais bem utilizados quanto maior fosse a riqueza de espécies. Mas, um maior número de espécies significa mais competição entre plantas, e é possível que a excessiva competição possa reduzir a produtividade, em vez de aumentá-la. A resultante líquida destas duas forças antagônicas sugere uma possível relação parabólica entre produtividade e diversidade de espécies. 02/10/2014 17 Produtividade e diversidade de plantas. Produtividade e diversidade de plantas. Em comunidades de plantas de solos pobres em nutrientes ou em ambientes severos fisicamente, podemos esperar uma relação positiva entre produtividade e diversidade. Tilman e colaboradores (1996) acompanharam a produção de 289 lotes com 1, 2, 4, 8, 16 e 32 espécies em solos pobres em nitrogênio; eles observaram uma relação positiva entre produtividade e riqueza de espécies Produtividade e diversidade de plantas. (FIGURA). Nestes experimentos, a produtividade alcançou um patamar após a presença de 10 espécies. Sendo a produtividade resultado da produção das espécies dominantes. Produtividade e diversidade de plantas. Sob uma ótica global, a produção primária é fortemente dependente das condições físicas do ambiente na forma de luz, temperatura, pluviosidade e disponibilidade de nutrientes. Plantas têm se adaptado a estas limitações ambientais para produzir através da fotossíntese o material necessário para a sua sobrevivência
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