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Tutorial virtual e docencia na EAD

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TUTORIA VIRTUAL E DOCÊNCIA NA EAD: PROPOSTAS DE FORMAÇÃO 
Claudia Raimundo Reyes 
Ana Paula Rodrigues da Silva 
Marcelo José Araújo 
Priscila Cristina Fiocco Bianchi 
Universidade Federal de São Carlos 
 
Resumo 
Impulsionada pelo desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação e 
pela necessidade social de proporcionar educação aos segmentos da população não 
servidos pelo sistema presencial de ensino, a educação a distância (EaD) tem 
contribuído para ampliar o acesso à educação, promovendo a superação das barreiras de 
espaço e tempo. Essa nova configuração espaço-temporal tem contribuído para a 
configuração de um novo perfil de docência, a polidocência, na qual um grupo de 
profissionais desenvolve, colaborativamente, as atividades de ensino. Nessa concepção, 
destaca-se a figura do tutor virtual, que desempenha importante papel docente no 
acompanhamento da aprendizagem dos estudantes, dentro da proposta de EaD da 
UFSCar. Além da formação específica na área de conhecimento da disciplina, entende-
se que o tutor precisa desenvolver certos saberes e habilidades necessários para a 
docência na modalidade a distância, o que deu origem a um curso de formação inicial 
em tutoria virtual. Nele, são desenvolvidos conhecimentos básicos sobre a EaD e sobre 
a atuação do tutor virtual na modalidade a distância oferecidos pela instituição, além de 
instrumentalizá-los sobre o uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem na função do 
tutor virtual. No entanto, o processo de acompanhamento e avaliação do trabalho da 
tutoria realizado por meio de pesquisa, a partir da perspectiva dos estudantes, revelou a 
necessidade de melhoria de alguns aspectos do trabalho do tutor virtual, sobretudo no 
que se refere à prática de feedback. Nesse sentido, propostas de formação continuada 
estão sendo desenvolvidas, visando a melhoria da qualidade da aprendizagem dos 
alunos. Um curso sobre feedback está em andamento, tendo como objetivo levar o tutor 
ao aprimoramento e reflexão sobre seu papel, tornando-o capaz de identificar suas 
potencialidades e utilizar os recursos necessários para elaboração de feedback mais 
eficazes. 
Palavras-chave: educação a distância, tutoria virtual, docência, processos de formação. 
 
1. Introdução 
Atualmente, a educação a distância (EaD) tem contribuído para que pessoas que 
não tenham condições de frequentar o ensino presencial possam se matricular nos 
cursos dessa modalidade, beneficiando-se de uma maior flexibilidade para o horário e 
os locais de estudo. 
De acordo com o Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que 
regulamenta o Art. 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 
9.394, de 20 de dezembro de 1996, a EaD é uma modalidade educacional na qual a 
mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a 
utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, que envolve estudantes 
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e professores no desenvolvimento de atividades educativas em lugares ou tempos 
diversos (BRASIL, 2005). 
É nesse sentido que a EaD cada vez mais atende às novas demandas 
educacionais e, por isso, é considerada uma forma alternativa e complementar para a 
formação humana. 
Do surgimento da EaD no Brasil até chegarmos ao modelo aplicado atualmente, 
com base na utilização das novas tecnologias de informação e comunicação, inúmeras 
evoluções ocorreram. Segundo Litto e Formiga (2009), a EaD surgiu no Brasil em 1904, 
com a instalação de escolas profissionalizantes. Nessas escolas eram oferecidos cursos 
destinados às pessoas desempregadas, especialmente dos setores de comércio e serviços. 
O envio do material didático era realizado pelos correios e, por isso, o ensino era por 
correspondência. 
Posteriormente, outras iniciativas influenciaram a EaD no Brasil, pois a 
educação passou a ser veiculada, num primeiro momento, por meio de transmissões 
radiofônicas e, num segundo momento, por meio de transmissões televisivas. 
Além disso, a partir da década de 1970, a evolução tecnológica das mídias 
eletrônicas possibilitou o surgimento dos computadores pessoais e sua consequente 
introdução na vida cotidiana das pessoas. O computador passou a ser utilizado para as 
mais variadas funções domésticas, entre elas o acesso, a partir da década de 1990, à rede 
mundial de computadores (a Internet) que possibilitou à EaD se propagar e se 
consolidar. Com ela foi possível oferecer melhores condições para o desenvolvimento 
do ensino, tornando as relações de ensino e aprendizagem – antes lentas e 
desestimulantes – mais intensas e efetivas. 
Além da Internet, essa nova forma de ensino dispôs de ambientes virtuais de 
aprendizagem (AVA) que permitem uma mediação síncrona e assíncrona entre 
professor/tutor e aluno e entre os alunos. Para isso, é necessário que os professores 
incorporem novas possibilidades de comunicação em sua prática pedagógica, de forma a 
aprender um novo repertório para o desenvolvimento dos seus cursos. 
Embora ainda existam preconceitos relacionados à EaD, principalmente por 
haver muitas comparações com a educação na modalidade presencial, percebe-se que a 
modalidade de educação a distância se modificou com a criação de leis e 
estabelecimento de normas em âmbito nacional. 
A LDB 9394/96 conferiu aos cursos da modalidade a distância valor legal 
equivalente aos cursos presenciais. Conforme o Art. 80, “o Poder Público incentivará o 
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desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis 
e modalidades de ensino, e de educação continuada” (BRASIL, 1996). Já o Decreto nº 
5.622, aprovado em 2005, regulamenta o Art. 80 da LDB de 1996. Percebe-se que o 
incentivo proporcionado pela LDB fez com que a EaD se fortalecesse e se multiplicasse. 
Nesse cenário, importantes projetos de EaD se desenvolveram no setor público 
que resultaram no estabelecimento do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). 
Criado pelo Ministério da Educação (MEC), em 2005, esse sistema tem como 
prioridade a formação de professores para a Educação Básica, com oferta de cursos de 
licenciatura e de formação continuada. Embora essa seja a prioridade do MEC, também 
são disponibilizados vários outros cursos superiores em diversas áreas do saber. 
De modo a promover, por meio da modalidade a distância, acesso ao ensino 
superior a diferentes regiões do país, a UAB realiza ampla articulação entre 
universidades, estados e municípios brasileiros. Portanto, o Sistema Universidade 
Aberta do Brasil fomenta a modalidade de EaD nas instituições públicas de ensino 
superior, bem como apoia pesquisas em metodologias inovadoras, respaldadas em 
tecnologias de informação e comunicação. Além disso, incentiva a colaboração entre a 
União e os entes federativos e estimula a criação de centros de formação permanentes 
por meio dos polos de apoio presencial em localidades estratégicas. Em síntese, a UAB 
funciona como um instrumento para a universalização do acesso ao ensino superior e 
para a requalificação do professor em outras disciplinas fortalecendo a escola no interior 
do Brasil, fato que minimiza a concentração de oferta de cursos de graduação nos 
grandes centros urbanos e evita o fluxo migratório para as grandes cidades. 
A partir dessa necessidade, a universidade ampliou o seu papel no processo de 
democratização do acesso ao ensino superior público, gratuito e de qualidade, passando 
a fazer parte das universidades parceiras do Sistema UAB. Em 2007, a Universidade 
começou a atender alunos de graduação pela modalidade a distância nos cursosde 
Licenciatura em Educação Musical, Licenciatura em Pedagogia, Bacharelado em 
Sistemas de Informação, Bacharelado em Engenharia Ambiental e Tecnologia em 
Produção Sucroalcooleira. Além dos cinco cursos de graduação ofertados nessa 
modalidade, a universidade também mantém outros projetos em parceria com o MEC, 
incluindo cursos de extensão, aperfeiçoamento e especialização. 
O Conselho Universitário, em outubro de 2008, aprovou documento acerca de 
uma política institucional voltada para a educação a distância e, consequentemente, o 
regimento de uma Secretaria Geral de Educação a Distância (SEaD), vinculada 
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diretamente à Reitoria. De acordo com a Resolução do Conselho Universitário, a 
finalidade desta Secretaria é executar as políticas e apoiar o desenvolvimento e 
implementação de ações de educação a distância, garantindo a qualidade educacional e 
do material didático mediante propostas educacionais inovadoras e integração de novas 
tecnologias de informação e comunicação. 
A instalação da SEaD ocorreu em janeiro de 2009 e, atualmente, é estruturada 
em cinco coordenadorias que visam o desenvolvimento de ações de apoio 
administrativo, técnico e pedagógico voltadas às necessidades dessa modalidade de 
ensino e aprendizagem. 
Em termos práticos, a SEaD oferece apoio para um conjunto de ações 
relacionadas ao planejamento, desenvolvimento e implantação de disciplinas e cursos na 
modalidade a distância. Os cursos de graduação e especialização nesta modalidade estão 
vinculados ao Conselho de Graduação (CoG), à Pró-Reitoria de Graduação (ProGrad) e 
à Pró-Reitoria de Extensão (ProEx) e são submetidos às mesmas regras que os demais 
cursos da universidade. 
2. Polidocência e tutoria na educação a distância 
Na educação presencial, a docência é desempenhada, geralmente, por um único 
professor com seus alunos. Esse educador exerce funções como: planejar a disciplina, 
organizar os materiais e conteúdos, agrupar e coordenar a turma de alunos, elaborar 
atividades avaliativas, acompanhar os estudantes, fechar a disciplina etc. Conforme Mill 
(2010), na EaD a docência ocorre de uma forma diferente. Embora as etapas de 
planejamento e oferta de uma disciplina sejam as mesmas nas modalidades de EaD ou 
presencial, a docência na educação a distância é realizada por um grupo de profissionais 
que, colaborativamente, desenvolvem as atividades do professor. São educadores que 
exercem os papeis de autores dos conteúdos, organizadores dos materiais e atividades 
presenciais e virtuais, formadores ou acompanhantes da formação dos estudantes, 
orientadores de atividades presenciais (grupos de estudos, atividades avaliativas e 
laboratoriais etc.). Em geral, os programas de formação pela EaD contam com professor 
autor, professor formador, tutor virtual, tutor presencial, projetistas educacionais (ou DI 
– designer instrucional), além de outros especialistas da Equipe Multidisciplinar 
(profissionais de audiovisual, revisão pedagógica e linguística, webdesign, 
webconferência, animação, informática etc.). Dessa forma, o que se faz na educação 
presencial por um educador em sala de aula física é compartilhado por um grupo de 
educadores com funções complementares, cada um com sua importância. A esse 
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conjunto de profissionais que, juntos, compõem a docência na EaD, denomina-se 
Polidocência (MILL; RIBEIRO; OLIVEIRA, 2010). 
A polidocência na EaD é realizada da seguinte forma: um professor‐autor 
prepara o material didático em algumas mídias (impressa, audiovisual, virtual, 
conferências em tempo real etc.) e um grupo de tutores virtuais acompanha os alunos 
nos estudos destes materiais (Ibidem, 2010). 
A tutoria constitui um dos termos mais controversos da modalidade de educação 
a distância, tanto na sua terminologia (abarcando concepções diversificadas) quanto nas 
suas funções e competências (que são variadas e até contraditórias, dependendo da 
proposta pedagógica do curso e da concepção de tutoria adotada). Esta diversidade de 
concepções pode ser observada tanto na literatura, como em investigações científicas e 
práticas cotidianas da tutoria. A concepção de tutor recebe como sinônimos termos do 
tipo: educador online, mentor, orientador virtual, monitor pedagógico, e‐formadores, 
formadores virtuais etc. Como tutoria, há outras variações: tutor presencial, tutor virtual, 
tutor eletrônico, tutor a distância etc. Entretanto, apesar destas variações nos nomes, 
todos são compreendidos no que geralmente conhecemos como tutores para EaD. A 
tutoria é assim vista como a atividade do tutor, isto é, a tutoria é a atividade docente 
realizada pelo tutor, especialmente no âmbito da educação a distância. Como afirma 
Maggio (2001), o bom tutor é o bom docente, isto é, aquele que cria propostas de 
atividades para a reflexão, apoia sua resolução, sugere fontes de informação 
alternativas, oferece explicações, facilita os processos de compreensão. O tutor guia, 
orienta, apoia, e nisso consiste seu ensino. 
O tutor virtual dessa universidade desempenha atividades relacionadas ao 
acompanhamento, orientação e avaliação do processo de ensino e aprendizagem dos 
estudantes, ao longo de uma disciplina, por meio do Ambiente Virtual de 
Aprendizagem. Cabe ao tutor virtual orientá-los no que se refere ao desenvolvimento 
dos conteúdos e atividades; auxiliar na solução de dúvidas; oferecer retorno das 
atividades e avaliações realizadas a distância, sempre em sintonia com o professor e o 
plano de ensino da disciplina, assumindo um importante papel docente. O tutor é um 
elemento central no processo educacional e, portanto, a qualidade do seu trabalho é 
primordial para a aprendizagem do estudante. 
Alguns requisitos são exigidos para o desempenho da função de tutor: formação 
de nível superior e experiência mínima de um ano no magistério do ensino básico ou 
superior, ou ter formação pós-graduada, ou estar vinculado a programa de pós-
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graduação. Na SEaD, além desses requisitos necessários, outro critério para a seleção 
dos tutores virtuais é a formação específica na área de conhecimento da disciplina. 
Para desempenhar seu papel, entende-se que o tutor precisa desenvolver certos 
saberes e habilidades necessários para a docência na modalidade a distância, de modo 
que ele possa converter o seu domínio do conteúdo específico da disciplina em 
aprendizagem para os alunos. Para isso, a SEaD oferece um curso de formação inicial 
que todos os tutores da instituição devem realizar obrigatoriamente antes de iniciarem 
suas atividades. 
3. Saberes envolvidos na formação inicial do tutor virtual 
O Curso de Formação em Tutoria Virtual é oferecido pela Coordenadoria de 
Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Profissional (CODAP-SEaD), por meio da 
plataforma Moodle. Ele tem por objetivo desenvolver junto aos participantes 
conhecimentos básicos sobre educação a distância e sobre a atuação do tutor virtual 
nesse modelo de aprendizagem, além de instrumentalizá-los acerca do uso do Ambiente 
Virtual de Aprendizagem na função do tutor virtual. 
Para tanto, o curso está estruturado em seis unidades de conteúdo, ao longo das 
quais os participantes interagem dentro de uma proposta de ensino e aprendizagem que 
prioriza a interatividade e o trabalho colaborativo. 
A primeira unidade do curso apresenta a proposta e a estrutura do programa 
Universidade Aberta do Brasil no modelo adotado pela universidade, bem comoalgumas particularidades da educação a distância, com destaque para os conceitos de 
interatividade e de comunidades virtuais de aprendizagem. 
Parte-se da concepção de que a integração das novas tecnologias à educação 
tornou possível a utilização de diferentes recursos para reforçar a interação entre os 
participantes de um processo educativo. Desse modo, professores e alunos fazem uso de 
diferentes ferramentas que lhes permitem estabelecer uma comunicação contínua 
durante todo o processo de formação. 
Nesse contexto, o conceito de interatividade, que “se integra à EaD como nova 
modalidade comunicacional diante de uma necessidade crescente de não passividade” 
(ORTIZ, 2010, p. 31), encontra-se na base das chamadas comunidades virtuais de 
aprendizagem. Potencializadas pelos recursos oferecidos por meio dos ambientes 
virtuais de aprendizagem, elas têm como objetivo específico a aprendizagem e seus 
participantes desenvolvem estratégias, planos, atividades e papeis para alcançar tal 
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objetivo. “Nessas comunidades, todos os participantes estão potencialmente habilitados 
para ajudar e apoiar os colegas” (LIMA; OLIVEIRA, 2011, p.77). 
A participação em comunidades virtuais de aprendizagem traz à tona a questão 
da Netiqueta, que está relacionada aos comportamentos adequados à convivência 
virtual, pautando-se no respeito, na ética e na cordialidade. Esse tema é explorado na 
segunda unidade do curso, cujo foco é discutir as mediações das novas tecnologias e a 
relação técnico-pedagógica de cada recurso do Moodle no acompanhamento e 
orientação dos estudantes. Nesse sentido, é analisado o potencial pedagógico e formas 
adequadas de interação dos tutores junto aos alunos nas ferramentas que possibilitam a 
comunicação coletiva e a socialização de trabalhos realizados pelos participantes (fórum 
de discussões, chat, wiki, glossário, base de dados), bem como nas ferramentas de 
produção e avaliação individual do aluno (tarefas, questionário, diário). 
A terceira unidade é dividida em duas temáticas complementares: primeiro, as 
singularidades do trabalho docente da tutoria virtual, suas principais funções e os 
saberes envolvidos na prática da tutoria, dentro da proposta da SEaD; segundo, a 
identificação do perfil do aluno virtual e, particularmente, do aluno virtual dos cursos de 
graduação a distância. 
Particularidades do processo avaliativo dos estudantes nos cursos da modalidade 
a distância, bem como as normas da instituição específicas para a modalidade, são 
apresentadas na quarta unidade do curso. Partindo-se de uma concepção de educação 
centrada no estudante, a avaliação deve necessariamente ser parte integrante do 
processo de educar, como ação constante de acompanhamento e diagnóstico de 
diferentes aspectos da relação ensino e aprendizagem vivenciada pelo estudante, 
integrada ao processo formativo, sistemático e contínuo que leva o docente a julgar as 
alternativas prévias às tomadas de decisões. 
Na quinta unidade do curso os participantes conhecem, avaliam e colocam em 
prática estratégias de feedback para o acompanhamento e orientação do aluno. Na 
concepção de EaD adotada, o feedback do tutor virtual é fator determinante para a 
qualidade dos processos educacionais, tendo potencial para promover a melhoria da 
aprendizagem dos estudantes. Para que isso ocorra, é importante que fatores como 
tempo, quantidade de informação e, sobretudo, linguagem empregada sejam 
adequadamente utilizados pelo tutor (ABREU-E-LIMA; ALVES, 2011). 
Por fim, na sexta e última unidade, são abordados aspectos do gerenciamento do 
trabalho do tutor virtual, no contexto das relações de docência compartilhada na 
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disciplina, com destaque para a gestão do tempo de trabalho na realização das diferentes 
atividades que ocorrem durante o planejamento, a oferta e o fechamento das disciplinas. 
Ao concluir esse curso de formação, espera-se que os participantes tenham 
desenvolvido saberes e habilidades básicas necessárias ao trabalho na tutoria virtual nos 
cursos da modalidade a distância oferecidos pela universidade. 
4. Acompanhamento da tutoria virtual: desdobramentos para a formação 
continuada 
A fim de empreender ações no sentido de sistematizar o processo de 
acompanhamento e avaliação do trabalho da tutoria, o grupo de profissionais da 
Coordenadoria de Processos de Ensino e Aprendizagem (COPEA-SEaD) desenvolveu, 
em 2011, uma pesquisa com a finalidade de obter indicadores que possibilitassem a 
construção de um corpo de tutores virtuais cada vez mais comprometido e apto a 
trabalhar com EaD. A pesquisa, realizada a partir da perspectiva do aluno, tinha os 
seguintes objetivos: i) verificar a qualidade do trabalho desenvolvido pelos tutores 
virtuais, considerando os aspectos: frequência, Netiqueta, língua, domínio de conteúdo e 
feedback; ii) identificar elementos do trabalho do tutor virtual considerados satisfatórios 
e aspectos que poderiam ser melhorados em sua prática. 
Com base nos objetivos propostos optou-se pela aplicação de um questionário 
aos alunos, elaborado na ferramenta “LimeSurvey” e que foi desenvolvido em parceria 
com a equipe de técnicos em informática da Coordenadoria de Inovações em 
Tecnologias na Educação (CITE-SEaD). 
O instrumento foi aplicado aos alunos dos cinco cursos de graduação, ao final de 
um bloco de disciplinas que ocorreu de janeiro a abril de 2011, para as turmas 
ingressantes em 2007, 2008, 2009 e 2010. Foi solicitado aos alunos que respondessem 
de forma anônima oito questões objetivas e duas dissertativas versando sobre pontos 
centrais no trabalho do tutor virtual que o acompanhou nas disciplinas que estavam se 
encerrando. Ênfase especial foi dada para o feedback do tutor – quatro das oito questões 
objetivas –, o qual, de acordo com a proposta trabalhada, se configura como recurso 
pedagógico fundamental na EaD. 
O questionário foi aplicado entre março e abril de 2011 para 1613 alunos dos 
cinco cursos de graduação. Desse total, 490 estudantes responderam o questionário, 
garantindo uma taxa de participação de 30%, o que constitui uma amostra significativa. 
Diferentes procedimentos foram utilizados para a organização dos dados das questões 
objetivas e dissertativas. 
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Dos resultados provenientes das questões objetivas pode-se destacar no trabalho 
do tutor virtual como aspecto que foi mais bem avaliado pelos alunos o uso de 
Netiqueta – 94% consideraram que seus tutores, em suas comunicações, mantiveram um 
diálogo cordial e incentivador. 
Quanto aos demais itens, 93% dos estudantes indicaram que os tutores 
demonstraram domínio sobre o conteúdo específico da disciplina; 91% indicaram que 
seus tutores foram cuidadosos com a linguagem, expressando-se com clareza, 
objetividade e correção em suas explicações; e 89% consideraram que os tutores foram 
frequentes no acesso ao ambiente virtual da disciplina e na interação com os alunos. 
Quanto ao feedback, os resultados foram os seguintes: 84% – condução do 
processo de aprendizagem de forma satisfatória, orientando sobre dúvidas e enviando 
feedback relevantes; 82% – envio de feedback com propósito motivacional, de forma a 
manter uma atitude positiva e a oferecer suporte emocional para os problemas e desafios 
enfrentados durante a disciplina; 83% – auxílio para resolver problemas de ordem 
técnica e organizacional, orientando sobre a navegação no ambiente e procedimentos 
com relação às provas,exercícios, datas de entrega e orientações gerais; 84% – envio de 
feedback com o propósito de orientação sobre o conteúdo desenvolvido na disciplina, 
localizando possíveis erros e dando indicações para que o objetivo das atividades fosse 
atingido. 
Para a análise das respostas das questões dissertativas, optou-se pela utilização 
de categorias analíticas. Para esse trabalho foi adotado o critério semântico, criando 
categorias temáticas que apoiaram a identificação de elementos considerados bem 
sucedidos no trabalho dos tutores virtuais e aqueles que poderiam ser melhorados, de 
acordo com a perspectiva dos alunos e tendo como referência a base de conhecimento 
para a docência proposta por Shulman (1987). 
 
A base de conhecimento é composta das seguintes categorias: conhecimento 
do conteúdo específico (matéria a ser ensinada); conhecimento de conteúdo 
pedagógico (domínio de uma área específica – objetivos, metas, propósitos 
educacionais, de ensino, manejo de sala); conhecimento pedagógico do 
conteúdo, que seria um amálgama do conhecimento do conteúdo específico e 
outros tipos de conhecimento. Este é um conhecimento que é 
permanentemente construído e corresponde à capacidade do professor de 
transformar um conteúdo a ser ensinado em conteúdo aprendido pelos alunos 
(REALI; REYES, 2009, p. 17). 
 
No que diz respeito às categorias conhecimento de conteúdo específico e 
conhecimento de conteúdo pedagógico, essas aparecem apenas como resposta a questão 
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em que seu tutor já é bom. No entanto, a categoria conhecimento pedagógico do 
conteúdo está presente nas respostas em que seu tutor deve melhorar. Em outras 
palavras, os resultados mostram que não basta aos tutores terem o domínio do conteúdo 
específico e formas de ensinar, mas também “é preciso que os tutores saibam converter 
todo processo em aprendizagem” (REYES; BIANCHI; SILVA, 2011, p. 12). 
Os dados também revelaram alguns aspectos a serem melhorados como: envio 
de feedback como estratégia de orientação de dúvidas, de conteúdo e de navegação no 
ambiente virtual de aprendizagem, além do uso do feedback como estratégia de 
motivação durante a oferta da disciplina. Esse procedimento de avaliação serviu de base 
para a reflexão sobre a formação dos tutores virtuais, indicando a necessidade de se 
investir mais profundamente no aspecto feedback aos alunos. 
Esse ponto foi o que levou a CODAP à realização do curso de formação 
continuada “Feedback: aprimoramento e reflexão sobre o papel da tutoria”. Destinado 
aos tutores virtuais da instituição, o curso tem por objetivo torná-los capazes de 
identificar suas potencialidades e utilizar os recursos necessários para elaboração de 
feedback mais eficazes. 
Estão ainda previstos cursos de formação continuada aos tutores virtuais 
voltados para o uso da comunicação escrita e para a interação do tutor nas diferentes 
ferramentas do Moodle. 
5. Considerações finais 
Este trabalho inicia-se com um breve percurso histórico da EaD no Brasil e 
como essa modalidade de ensino tem se estruturado na universidade. Foi indicada a 
perspectiva da polidocência como base das concepções adotadas pela SEaD sobre o 
papel do tutor virtual enquanto profissional que exerce função docente. 
Dada a natureza da tarefa, entende-se que o tutor necessita de uma formação que 
garanta, para além do conhecimento do conteúdo específico, o desenvolvimento de 
saberes relacionados ao conhecimento pedagógico e ao conhecimento pedagógico do 
conteúdo. Para isso, foram descritos os conteúdos trabalhados durante o curso de 
formação inicial e apresentados os resultados de uma pesquisa sobre a atuação dos 
tutores virtuais. Os resultados indicaram a necessidade de melhoria em alguns aspectos, 
sobretudo na prática do feedback, considerado uma das principais ferramentas de 
interação da tutoria a distância, ocasião em que o tutor faz uso do seu conhecimento 
pedagógico do conteúdo. 
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A partir dessas considerações, estão sendo desenvolvidos pela SEaD cursos de 
formação continuada para os tutores virtuais com expectativas de que isso se converta 
na melhoria da qualidade da aprendizagem dos alunos. 
 
Referências 
ABREU-E-LIMA, D. M. de; ALVES, M. N. O feedback e sua importância no processo 
de tutoria a distância. Pro-Posições, Campinas, v. 22, n. 2, Ago. 2011. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072011000200013 
&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 04 jan. 2012. 
BRASIL. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, 
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário 
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 dez. 2005. Disponível em: 
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XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012
Junqueira&Marin Editores 
 Livro 2 - p.005515

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