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Programa de Educação Continuada a Distância Curso MUSCULAÇÃO: DO INICIANTE AO AVANÇADO. Aluno: EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados Curso MUSCULAÇÃO: DO INICIANTE AO AVANÇADO. MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 3 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores SUMÁRIO MÓDULO I 1. A HISTÓRIA DA MUSCULAÇÃO 2. O CONTROLE NEUROLÓGICO DO MOVIMENTO 3. O SISTEMA MUSCULAR 4. FORMAS DE MANIFESTAÇÕES DA CONTRAÇÃO MUSCULAR DINÂMICA MÓDULO II 5. FORÇA MUSCULAR E SUAS SUBDIVISÕES. 6. COMPORTAMENTO DA FORÇA MUSCULAR NAS DIVERSAS POPULAÇÕES 7. HIPERTROFIA E HIPERPLASIA MUSCULAR 8. SOBREPESO E OBESIDADE 9. FINALIDADES DA MUSCULAÇÃO 10. PRINCÍPIO DO TREINAMENTO DESPORTIVO 11. ESTRUTURA DOS PROGRAMAS DE TREINAMENTO RESISTIDO COM PESOS – PRÉ-REQUISITOS 12. PESOS LIVRES X MAQUINÁROS MÓDULO III 13. VARIÁVEIS DO TREINAMENTO RESISTIDO COM PESOS 14. PROTOCOLOS DE TREINAMENTO 15. MÉTODOS DE TREINAMENTO MÓDULO IV 16. MÉTODOS DE TREINAMENTO PARA ALUNOS INTERMEDIÁRIOS E AVANÇADOS. 17. MUSCULAÇÃO APLICADA A CRIANÇAS E ADOLESCENTES 18. MUSCULAÇÃO APLICADA A IDOSOS (Monteiro) 4 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 19. EXEMPLOS DE PROGRAMAS PARA ALUNOS INICIANTES/INTERMEDIÁRIOS E AVANÇADOS 20. POSTURA PROFISSIONAL 5 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO I INTRODUÇÃO A crescente demanda pelo treinamento contra resistência (musculação) tem incentivado a procura de parâmetros bem estabelecidos para a prescrição dos exercícios. O American College of Sports Medicine (ACSM) recomenda que o treinamento contra resistência seja parte integrante de um programa de aptidão física para adultos1 e idosos2. O treinamento Resistido com Pesos/Musculação é uma das formas de atividade física que mais se desenvolveu nos últimos anos, em especial a partir da década de 90 e certamente continuará a crescer graças às pesquisas científicas. Esta forma de treinamento tem por objetivo desenvolver a aptidão física de uma forma geral, e especificamente o desenvolvimento da força em suas diversas manifestações. Neste curso vamos tratar em especial do Treinamento Resistido com Pesos/Musculação objetivando: o aumento da força de um modo geral. Especificamente na promoção da melhora da qualidade de vida/saúde, hipertrofia muscular, resistência muscular e do trabalho destinado à perda ponderal/redução de peso em indivíduos considerados saudáveis. Através da utilização de pesos livres com barras, anilhas e halteres, e maquinários com baterias de pesos e máquinas onde é possível acoplar anilhas. 1. A HISTÓRIA DA MUSCULAÇÃO 1.1 Os Primeiro Relatos Não podemos precisar quando a musculação teve início. Porém em escavações na cidade de Olímpia foram encontradas pedras com entalhes para as 6 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores mãos, permitindo aos historiadores intuir a utilização destas em treinamentos com pesos. Foram encontradas esculturas datadas de 400 anos antes de Cristo, que relatam formas harmoniosas de mulheres, mostrando preocupação estética já nesta época. Também existem relatos de jogos de arremessos de pedras que datam de 1896 a.C. Estes dados mostram que a musculação é mais antiga do que muitos possam pensar. Se analisarmos a musculação como uma atividade física e não exercício físico, e segundo a definição de GODOY 1994, que estabelece que a musculação seja uma atividade física desenvolvida predominantemente através de exercícios analíticos, utilizando resistências progressivas fornecidas por recursos materiais tais como: halteres, barras, anilhas, aglomerados, módulos, extensores, peças lastradas, o próprio corpo e/ou segmentos, etc. com certeza esta forma de atividade é tão antiga quanto o ato de caminhar. Vejamos: nos primórdios da humanidade, quando o homem mais “rudimentar” saia para caçar, carregava pedras entre outros feitos, este ser já estava exercendo uma atividade contra uma determinada resistência, portanto musculação. 1.2 O Precursor da Musculação A história de Milón de Crotona discípulo do matemático Pitágoras (500 a 580 a.C.), seis vezes vencedor dos Jogos Olímpicos, ilustra um dos métodos de treinamento mais antigos da humanidade, cujo princípio fundamental é utilizado até hoje, isto é, a evolução progressiva da carga. Segundo a história Milón treinava com um bezerro nas costas a fim de aumentar a força dos membros inferiores, e quanto mais pesado o bezerro ficava, mais sua força aumentava, ou seja, o princípio da progressão de cargas. Os relatos mostram que Milón foi um dos primeiros a se preocupar com a suplementação alimentar, já que a história relata que ele comia por dia 9 kg de carne, 9 kg de pão e 10 litros de vinho - gerando um total de 57 mil kcal. Ele também era capaz de matar um boi com as mãos e comê-lo sozinho. O nome da cidade de Milão é em sua 7 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores homenagem. Diz à lenda que Milón morreu devorado por lobos, pois ficou preso ao dar um golpe em uma árvore. Os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, em Atenas (1896) envolveram 14 países, 241 atletas, tiveram uma duração de 10 dias e foram assistidos por 280 mil pessoas. Eles foram marcados por uma precária organização, infra-estrutura, qualidade técnica, respeito às regras e, não admissão de mulheres nas provas, contudo, os levantamentos de pesos já faziam parte das 43 provas entre os nove (9) esportes olímpicos da época. No levantamento de pesos com as duas mãos o campeão foi o dinamarquês Viggo Jensen e na exótica prova do levantamento de peso categoria “um braço” o campeão foi o britânico Launceston Elliott que passou a posar seminu, exibindo seu físico para revistas de fotografias. Fato que gerou um escândalo e que levou a não realização da prova na Olimpíada seguinte em Paris (1900). O levantamento de peso retornou na Olimpíada seguinte em Saint Louis (1904). 1.3 O Culturismo e o Halterofilismo A história mostra que a partir do final do século XIX o chamado “culturismo”, juntamente com o “halterofilismo”, tinha suas atenções voltadas para as companhias circenses e teatros, onde eram apresentados “os homens maisfortes do mundo”. Nomes expressivos daquela época tais como: Louis Áttila, Eugen Sandow e Charles Samson participavam de exibições e confrontos, disputando este título. Áttila em 1887 na Europa, durante o jubileu da Rainha Vitória recebeu do Príncipe de Gales uma pequena estátua com a figura de Hércules cravejada com 36 diamantes, o que o tornou famoso. Como conseqüência disto, pessoas de todo o mundo viram no desenvolvimento dos seus músculos uma forma de enriquecer. Ginásios foram abertos por toda a Europa, que na época era o berço dos homens fortes. Figura 1.1 Professor Áttila (http://www.sandowmuseum.com/) Áttila fundou o seu ginásio em Bruxelas onde recebia alunos da Universidade de Leyden, gerando grandes nomes como Frederick Muller. Este num confronto com Charles Samson venceu-o e tempo depois foi vencido por Sandow, denominado na época como “Aristocrata dos Culturistas”. Eugen Sandow nascido na Alemanha em 1867 se converteu em um ídolo do esporte e por 30 anos foi considerado o melhor físico do mundo. Aos 16 anos já aparentava um físico bem desenvolvido, que mostrava que tinha um potencial genético favorável. Trabalhou em circo com a intenção de correr o mundo, e com isso adquiriu a base para um grande desenvolvimento muscular. Porém o circo em que trabalhava foi à falência em Bruxelas e ele se viu sem emprego. Conheceu ali o professor Áttila que viu em Sandow um grande potencial de atleta. Áttila o tomou como pupilo e o ensinou a treinar com pesos e a posar. Passaram então a fazer exibições em várias cidades com demonstrações de força. 8 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 1.2 Eugene Sandow (http://www.sandowmuseum.com/) Em 1889 separaram-se e Sandow foi rodar a Europa, sem destino certo terminando em Veneza. Em Veneza um artista americano chamado Aubrey Hunt surpreendeu Sandow banhando-se em um lago, e resolveu pintá-lo em um lenço. Esta peça hoje se encontra na coleção particular de Joe Weider. Sandow então passou a ser desafiado para provas de força. Retornando à Londres resolveu encarar um desafio que era lançado por dois homens fortes da época e que pagavam 500 libras esterlinas para quem conseguisse superá-los. Até Sandow aparecer ninguém tinha conseguido, ele então facilmente venceu o desafio e a partir daí começaram exibições por toda Inglaterra. Por quatro anos Sandow percorreu a Inglaterra com exibições de força e poses. Até que em 1893 um empresário americano o convenceu que fosse para os EUA. Nos EUA ele não se deu muito bem. Mas em uma exibição na Alemanha, conheceu o mais célebre empresário de espetáculos de todos os tempos, Ziegfeld que percebeu que Sandow era uma figura muito admirada pelas mulheres. Ele o levou para a Exposição Mundial Comemorativa do Descobrimento da América, em Chicago. Alugou um teatro e preparou uma aparição diferente do 9 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores habitual que eram apresentações de homens musculosos com peles de leopardo. Quando todos menos esperavam entra Eugene Sandow com uma simples sunga. As mulheres foram à loucura. O êxito foi fantástico e com isso rodaram Canadá e EUA. Em São Francisco Sandow lutou e venceu um leão (previamente drogado e desdentado). Fazia shows particulares para mulheres, shows de levantamento de pesos que até hoje não foram superados, porém depois de alguns anos fazendo isso sem descanso entrou em colapso nervoso. Regressou a Inglaterra onde se casou com uma garota muito bela chamada Blanche Brokes. Recuperou-se física e mentalmente, e a partir daí se dedicou a abrir ginásios de cultura física e reformular os hábitos alimentares das pessoas. Abriu com êxito escolas de cultura física por toda Inglaterra. Figura 1.3 Eugene Sandow (http://www.sandowmuseum.com/) Iniciou uma revista em 1898 - "Sandow Magazine", publicou vários livros inclusive uma obra que deu nome ao esporte internacionalmente: "Bodybuilding, or Man in the Making". Inventou aparelhos e criou cursos de ginástica por correspondência que foram marcantes na cultura física. Foi um dos primeiros defensores do ensino da educação física em colégios e escolas, desenvolveu exercícios para reduzir as dores do parto, pediu a empresários que deixassem que os assalariados fizessem um pouco de ginástica por dia. O que talvez sugira que ele seja também o criador da ginástica laboral. 10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Foi talvez o primeiro personal trainer da história, pois era professor particular dos reis Eduardo VII e George V, da Inglaterra. Foi um benfeitor da humanidade no que tange o aspecto do treinamento com pesos, da cultura física, do exercício, da educação física. Não era santo, sentia uma fraqueza por mulheres que também o assediavam. Isso causou muitos problemas ao seu casamento. Morreu em 1925 tentando tirar o seu carro que caiu em um buraco após ter derrapado na estrada. Com o esforço teve uma hemorragia cerebral, provavelmente não só do esforço, mas também da queda e batida do carro. Foi enterrado como indigente, devido a problemas com a mulher, no cemitério londrino de Putney Vale. O homem que foi intitulado pelo rei George I da Inglaterra como: "Professor da Ciência da Cultura Física de sua Majestade", hoje está imortalizado pela homenagem de Joe Weider que escolheu sua imagem (segurando uma barra com pesos de bola) para o troféu de premiação para o maior evento do mundo de musculação que é o Mr. Olympia. Neste sentido, Eugene Sandow (1867-1925) deve ser respeitado e perpetuado como um dos grandes homens de todos os tempos na Musculação. Figura 1.4 Estatueta Mr. Olympia (http://www.sandowmuseum.com/) O Culturismo propriamente dito surgiu do halterofilismo competitivo na década de 1940 através do halterofilista canadense Josef (Joe) Weider, cuja 11 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 12 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores iniciação no culturismo aconteceu em 1939, quando ele por acaso teve acesso a uma revista de halterofilismo. Joe decidiu então construir e modelar seu corpo com o propósito de afugentar e se proteger dos tipos brigões que assolavam a vizinhança onde morava em Montreal. Weider foi a um ferro-velho onde forjou duas barras com anilhas a partir de rodas e eixos de automóveis e começou a treinar em casa. Quando começou a notar o aparecimento dos resultados de seu treinamento, convenceu-se de que, como ele, outras pessoas gostariam também de se beneficiar do treinamento com pesos. Com os 7 dólares que tinha, Joe iniciou a publicação de um informativo chamado “Your Physique”. Um ano depois, definiu seu esporte como algo diferente do halterofilismo de competição, o que implicava num tipo de treinamento que utilizava especificamente movimentos compostos, cujo único propósito era desenvolver tamanho muscular em uma proporção equilibrada, dentro de padrões que seguiam determinadas regras. Seus métodos eram empíricos, já que observava, estudava e mesclava técnicas de halterofilistas uma vez que a ciênciado treinamento desportivo e a fisiologia do exercício ainda estavam em seu início. Logo descobriu que o êxito para este novo esporte se baseava antes de tudo em velocidade, técnica e, sobretudo, potência, porque ajuda o desenvolvimento físico. Preocupado também com a alimentação dos atletas, Joe pesquisou fontes de nutrição que acreditava ser alimentação saudável, como por exemplo, uma taça de aveia com fruta cortada em pedaços, acompanhada de suplementos. O treinamento com pesos e a dieta adequada seriam a medicina preventiva do século XXI. Atualmente, os treinamentos com pesos (ou treinamento resistido com pesos) são requisitos prévios para melhorar o rendimento em todos os esportes e para uma melhor qualidade de vida/saúde. 2. O CONTROLE NEUROLÓGICO DO MOVIMENTO Neste tema vamos estudar a interação entre o sistema nervoso e muscular. Devemos ter em mente que toda ação muscular é baseada na lei do estímulo resposta, neste sentido o estímulo é fornecido pelo sistema nervoso central e a 13 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores resposta no nosso caso acontecerá no sistema muscular. Portanto, vamos procurar entender como os estímulos percorrem os neurônios e chegam até o sistema muscular. 2.1 Neurônio Cada neurônio é considerado uma fibra nervosa individual, composta por três regiões: • O corpo celular ou soma • Os dendritos • O axônio O corpo celular contém o núcleo. Nas extremidades do corpo celular encontramos os dendritos e o axônio. Na parte inferior em formato de cone temos a proeminência axônica. Os dendritos são considerados os receptores dos neurônios. Normalmente os impulsos que chegam até o neurônio o fazem por intermédio dos dendritos, estes transmitem os impulsos em direção ao corpo celular. O axônio é considerado o transmissor do neurônio (nervo motor), levando o impulso nervoso que chega até o neurônio pelos dendritos para longe do corpo celular, e em direção a outros neurônios. Na extremidade do axônio encontramos os terminais axônicos e na extremidade destes estão os botões sinápticos. Nestes botões encontramos as vesículas sinápticas (sacos) que estão repletos de neurotransmissores. Figura 2.1 Neurônio e seus componentes Figura 2.1 retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.55 2.2 O Impulso Nervoso Este é considerado uma carga elétrica, sendo passada de um neurônio para outro e que no nosso caso vai terminar em um grupo de fibras musculares um determinado músculo. 2.3 Como é gerado este Impulso e como ele percorre um neurônio? A membrana (capa) celular de um neurônio que está em repouso, possui um potencial elétrico negativo no seu interior de aproximadamente -70 mV. A diferença de voltagem entre o interior da célula e seu exterior é de aproximadamente 70 mV. Essa diferença de potencial/cargas é conhecida como potencial de repouso de membrana ou PRM. Para que o impulso possa percorrer a célula nervosa, esta precisa ser despolarizada. Isto ocorre de duas maneiras: através de potenciais graduados e potenciais de ação. 14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Potenciais Graduados: São alterações que acontecem em um determinado ponto da membrana do neurônio, não tendo na maioria das vezes intensidade (força) suficiente para despolarizar toda a membrana do neurônio e conseqüentemente para transferir este impulso para um neurônio adjacente. Quando isto ocorre, ou seja, este impulso percorre toda a extensão da membrana, há a geração de um potencial de ação. Potenciais de Ação: É uma despolarização que ocorre de maneira muito rápida. Dura em média 1 µs (mricosegundos). Normalmente este potencial provoca uma alteração no potencial de repouso da membrana de -70 mV para um valor de +30 mV, retornando ao seu valor inicial muito rapidamente. Para que ocorra este fenômeno, a despolarização tem que ser de pelo menos 15 a 20 mV, ou seja, o valor tem que baixar de -70 mV para pelo menos -50 a -55 mV. Na figura 2.2 apresentamos um esquema desta despolarização. Figura 2.2 retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.58 15 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Na figura 2.3 é mostrado um neurônio polarizado. Podemos observar que no seu exterior existe uma concentração de cargas positivas de sódio, e em contrapartida no seu interior cargas negativas de potássio. Figura 2.3 Na figura 2.4 ocorre a despolarização da membrana através de um estímulo/potencial de ação que altera a permeabilidade da membrana de -70 mV para +30 mV. As comportas da membrana se abrem permitindo a entrada de íons de sódio para o interior. Figura 2.4 Na figura 2.5 a quantidade de sódio que entra na membrana excede em centenas de vezes a quantidade de potássio que sai isto faz com que o interior da membrana do neurônio fique positivo e seu exterior negativo. 16 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 2.5 É preciso lembrar que este processo, o potencial de ação ocorre de maneira muito rápida. Podemos observar na figura 2.6 que as comportas que liberavam a entrada de sódio se fecham, e as comportas de potássio se abrem permitindo a saída deste íon, e novamente o exterior da membrana fica positivo e seu interior negativo. Figura 2.6 A entrada e saída de sódio e potássio são reguladas pela bomba de sódio/potássio fazendo com que a correlação destes dois íons aconteça de forma correta, como podemos observar na figura 2.7 Figura 2.7 17 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 18 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A rapidez com que um potencial de ação ocorre, ou seja, a velocidade de transmissão do impulso nervoso é determinada de duas maneiras: através da mielinização e do diâmetro do neurônio. 2.4 Mielinização do Neurônio A maioria dos axônios dos neurônios motores é mielinizada, ou seja, são recobertos por uma bainha de mielina, que é uma substância “gordurosa” que isola a membrana celular do neurônio. No sistema nervoso periférico, essa bainha de mielina é formada por células especializadas denominadas células Schwann. Esta bainha não é contínua, ou seja, não envolve toda a membrana do axônio, estes espaços são conhecidos como nódulos de Ranvier e podem ser visualizados na figura 2.1. Quando este impulso nervoso, potencial de ação percorre o axônio, o potencial salta de um nódulo para outro, este processo é conhecido como condução saltatória. Tal fenômeno faz com que o impulso nervoso seja conduzido muito mais rapidamente que em axônios não mielinizados. 2.5 Diâmetro do Neurônio A velocidade da transmissão do impulso é determinada também pelo diâmetro do neurônio. Os neurônios maiores apresentam menos resistência à corrente que aqueles de diâmetro menor, isto faz com que o impulso nervoso percorra o neurôniorapidamente. Agora que já sabemos como o impulso nervoso/potencial de ação percorre um neurônio, vamos entender como este potencial é transmitido para outro neurônio. Os neurônios comunicam-se entre si através de sinapses. Uma sinapse é o local onde ocorre a transmissão de um impulso nervoso de um neurônio para outro. Segundo Wilmore e Costil, (2001 p. 60) uma sinapse entre dois neurônios incluem: • Os terminais axônicos do neurônio que transmite o impulso • Receptores sobre o segundo neurônio • O espaço entre essas estruturas. O neurônio que envia a mensagem é denominado pré-sináptico e o que recebe pós-sináptico. É importante lembrar que os neurônios não se conectam fisicamente. O que separa estes neurônios é a fenda sináptica. Para que este impulso possa passar de um neurônio para outro, é derramada uma quantidade de neurotransmissores na fenda sináptica. Estes neurotransmissores estão localizados nas vesículas pré-sinápticas, que se encontram nos terminais pré-sinápticos destes neurônios. Os neurotransmissores levam o impulso até os receptores pós-sinápticos do neurônio pós-sinápticos através dos dendritos do mesmo. Figura 2.8 transmissão do impulso nervoso entre dois neurônios Figura 2.8 retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.60 19 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 20 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Finalmente quando este impulso/potencial de ação chega ao motoneurônio, que podemos considerar como um neurônio final, este impulso pode ser transmitido até a fibra muscular. Mas como isto ocorre? Neste caso a comunicação entre o neurônio e a fibra muscular ocorre em um local chamado de junção neuromuscular. A junção neuromuscular tem a mesma função da sinapse. No motoneurônio este impulso é transmitido através dos terminais axônicos do motoneurônio onde são liberados os neurotransmissores, em especial acetilcolina e noradrenalina que transmitem o impulso pela fenda sináptica que irá ser transmitido para a fibra muscular através de receptores localizados no sarcolema/membrana da fibra muscular. O impulso/potencial de ação despolariza a membrana da fibra fazendo com que sejam liberados íons de sódio que irão penetrar no interior da fibra muscular. 3. O SISTEMA MUSCULAR O sistema muscular é formado por três tipos de músculos: • Liso • Cardíaco • Esquelético Vamos neste tema estar tratando do músculo esquelético ou voluntário. O músculo esquelético recebe este nome porque a grande maioria se fixa ao esqueleto e é responsável pelo movimento humano. O corpo humano contém mais de 600 músculos. 3.1 Estrutura do Músculo Esquelético A primeira camada que reveste o músculo é chamada de epimísio que também forma o tendão e, portanto faz a união do músculo com o osso. A segunda camada é o perimísio que recobre a terceira camada o fascículo. A quarta camada é o endomísio que recobre as fibras musculares. As fibras musculares mais longas medem em geral 12 cm e estas contém em média 500.000 sarcômeros, que é considerada a unidade funcional da miofibrila. Segundo (McComas, 1996; apud Wilmore e Costil, 2001 p.29) o músculo lombrical (músculo dos dedos) tem em média 10.000 fibras enquanto que o gastrocnêmico tem em média um milhão. Figura 3.1 (a) Estrutura básica do músculo e (b) corte transversal de um músculo esquelético. Figura 3.1 retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.29 21 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 3.2 Componentes da fibra muscular O Sarcolema é a camada que reveste a fibra muscular. O sarcolema em cada extremidade liga-se ao tendão que por sua vez liga-se ao osso. IMPORTANTE: Devemos lembrar que no sarcolema existem os receptores que recebem o sinal do motoneurônio para que ocorra a despolarização da fibra muscular. O Sarcoplasma é uma substância gelatinosa/líquida que contém principalmente proteínas, minerais, glicogênio, gorduras e mioglobina. Os Túbulos Transversos também são conhecidos como Túbulos T que passam lateralmente através da fibra muscular. Os Túbulos T ou Túbulos Transversos levam os impulsos nervosos recebidos pelo sarcolema para as miofibrilas, estes também são condutores para substâncias como: glicose, oxigênio e os íons. O Retículo Sarcoplasmático é uma rede longitudinal de túbulos que passa paralelamente pelas miofibrilas. No retículo sarcoplasmático está armazenado o cálcio, substância indispensável para que ocorra a contração muscular. Figura 3.4 Visão de uma fibra muscular e seus componentes. Figura 3.4 retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.30 22 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 23 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A Miofibrila é um dos componentes da fibra muscular. Cada fibra muscular contém entre várias centenas e vários milhares de miofibrilas que são os elementos contráteis do músculo. A miofibrila é composta por dois pequenos filamentos protéicos responsáveis pela ação muscular. Os filamentos de Actina (finos) e os de Miosina (grossos). O Sarcômero é a menor unidade funcional do músculo e conseqüentemente de uma miofibrila. Cada sarcômero é composto por uma linha Z em sua extremidade, e ainda possui: • Uma banda I (zona clara) • Uma banda A (zona escura) • Uma zona H (no meio da banda A) • Uma segunda banda I 3.3 Filamentos de Actina e Miosina Segundo Wilmore e Costil (2001 p.33) cerca de dois terços das proteínas totais do músculo esquelético correspondem à miosina. Cada filamento contém várias cabeças de miosina/pontes cruzadas que durante a ação muscular vão se conectar com os sítios ativos da actina. Cada filamento de actina possui uma extremidade inserida numa linha Z e a extremidade oposta se estende em direção ao centro do sarcômero. Cada filamento de Actina é formado por três moléculas de proteínas diferentes que podem ser visualizadas na figura 3.5. • Actina • Tropomiosina • Troponina Figura 3.5 visão de um filamento de actina e suas moléculas Figura 3.5 retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p. 34 A Tropomiosina é uma proteína em formato de tubo que envolve a actina. A Troponina é considerada uma proteína mais complexa e se fixa em intervalos regulares tanto aos filamentos de tropomiosina como de actina. Como acontece a Ação da Fibra Muscular? 3.4 O Impulso Motor O Impulso Nervoso ou Impulso Neural se origina no cérebro ou na medula espinhal. Este impulso visto anteriormente percorre vários neurônios através do potencial de ação, ocasionando a despolarização destes até chegar ao motoneurônio. Quando o impulso chega até os terminais axônicos do motoneurônio ocorre o derrame de neurotransmissores na junção neuromuscular/sinapse/fenda sináptica, que como o próprio nome diz é o local de ligação entre o neurônio motor e a fibramuscular. Como nos neurônios estes não entram em contato físico, a passagem do impulso é feita pelos neurotransmissores em especial: acetilcolina, que entra em contato com os receptores que estão localizados no sarcolema da fibra muscular, esta descarga elétrica percorre toda a extensão do sarcolema realizando a despolarização da mesma. 24 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Este impulso elétrico percorre os túbulos T e o retículo sarcoplasmático indo para o interior da fibra muscular, fazendo com que o retículo sarcoplasmático libere grandes quantidades de cálcio que está armazenado no sarcoplasma. O cálcio se liga a troponina que está repousada sobre a actina, a troponina que tem uma forte afinidade com o cálcio retira a tropomiosina, liberando os sítios ativos da actina e permitindo que as pontes cruzadas da miosina se conectem com os sítios ativos da actina. Figura 3.6 mostra a seqüência de eventos que levam à ação muscular. Figura 3.6 retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.35 25 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 26 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 3.5 O Deslizamento dos Miofilamentos e o Movimento Muscular Os miofilamentos de actina são tracionados sobre os miofilamentos de miosina, causando a contração muscular e conseqüentemente o encurtamento do sarcômero muscular. Segundo Wilmore e Costil (2001 p.36) mesmo quando a fibra muscular não está se contraindo, a cabeça da miosina permanece em contato com a actina, mas esta ligação é enfraquecida ou bloqueada pelos miofilamentos de tropomiosina. Este processo de contração muscular, tracionamento dos filamentos de actina sobre os de miosina acontecem até o ponto em que a cabeça da miosina chegue à extremidade da linha Z em cada sarcômero. 3.7 Energia Para a Contração Muscular e Para o Término Desta Ação. A cabeça da miosina contém um sítio para ligação com a molécula de ATP (adenosina trifosfato), esta ligação é necessária, pois a ATP fornece a energia necessária para este processo. A enzima ATPase que está sobre a cabeça de miosina realiza a quebra da molécula de ATP produzindo o ADP (Adenosina Difosfato), P (Fosfato Inorgânico) esta energia é necessária para que ocorra a contração muscular. O término da ação muscular ocorre quando há a depletação de cálcio. Este íon é bombeado de volta para o retículo sarcoplasmático, que será liberado quando chegar um novo impulso nervoso que despolarize a membrana da fibra muscular. Este processo de retorno do cálcio para o retículo sarcoplasmático necessita de ATP. Portanto, tanto para a contração como para o relaxamento é necessário ATP. 4. FORMAS DE MANIFESTAÇÕES DA CONTRAÇÃO MUSCULAR DINÂMICA As características gerais que envolvem o treinamento de força podem ser divididas basicamente em dois grandes grupos: determinados em função das formas pelas quais as contrações musculares podem se manifestar. Neste contexto, o treinamento pode ser estático ou dinâmico. Esta última forma de manifestação será estudada neste curso e possui duas fases: excêntrica e concêntrica. Contração Excêntrica: nesta fase do movimento, chamada de fase negativa, existe o alongamento muscular, alongamento do sarcômero, os miofilamentos de actina e miosina se distanciam, sendo esta fase mencionada por muitos autores como a principal para que ocorra o processo de hipertrofia muscular, pois acontece uma desestruturação do sarcômero levando a danos estruturais. Figura 3.7 Ação muscular excêntrica Figura 3.7 retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.47 Contração Concêntrica: Nesta fase do movimento existe um “encurtamento” da musculatura, ou seja, os miofilamentos de actina são tracionados sobre os miofilamentos de miosina provocando um encurtamento de toda a estrutura do sarcômero muscular. Exemplo: em um exercício para bíceps (rosca direta) o peso se aproxima do centro do corpo. 27 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 3.8 ação muscular concêntrica Figura 3.8 retirada do livro Fisiologia do Exercício e do Esporte. Wilmore e Costil, 2001 p.47 IMPORTANTE. A maioria dos movimentos apresenta a combinação das contrações excêntricas e concêntricas. ------------------FIM DO MÓDULO I----------------- 28 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
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