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Apostila higiene e segurança

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Higiene e Segurança do Trabalho Acidentes de Trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO 
COLEGIADO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AUTOR: Prof. Dr. FRANCISCO ALVES PINHEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juazeiro/BA, 2015 
ENGENHARIA DE
P rodução
Higiene e Segurança do Trabalho Introdução 
Francisco Alves Pinheiro 2 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO À HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
1.1. HISTÓRICO 
Não obstante o trabalho ter surgido na terra juntamente com o primeiro homem, as 
relações entre as atividades laborativas e a doença permaneceram praticamente ignoradas até 
há cerca de 250 anos atrás. 
Pelo que se tem notícia, a preocupação com o estudo das relações entre trabalho e 
saúde surgiu na Grécia Antiga, quando Hipócrates fez algumas referências aos efeitos do 
chumbo na saúde humana. 
Com o declínio da civilização grega, e a conseqüente ascensão de outras formações 
sociais, reduz-se o interesse pelo estudo deste tema. Este campo de conhecimentos só volta a 
progredir após a Revolução Mercantil (séc. XIV), graças às pesquisas de médicos como 
Ulrich Ellenbog (que detecta a ação tóxica do monóxido de carbono, do mercúrio e do ácido 
nítrico), Paracelso (que estuda as moléstias dos mineiros), George Bauer e outros. 
No ano de 1700, o médico italiano Bernardino Ramazzini publica seu livro “De 
Morbis Artificum Diatriba” (As Doenças dos Artesãos), com a descrição de 53 tipos de 
enfermidades profissionais. Por esta obra, Ramazzini passou a ser considerado o Pai da 
Medicina do Trabalho. 
Com o advento da Revolução Industrial, entre 1760 e 1830, e a expansão do 
capitalismo industrial, o número de acidentes do trabalho cresceu vertiginosamente, como 
conseqüência das péssimas condições de trabalho existentes nas fábricas daquela época. A 
situação se agravou a tal ponto que até mesmo a continuidade do processo de industrialização 
ficou ameaçado. 
Higiene e Segurança do Trabalho Introdução 
Francisco Alves Pinheiro 3 | P á g i n a 
 
Neste contexto, o saber acumulado na área de Medicina começou a ser empregado na 
redação de leis de proteção da saúde dos trabalhadores. Foram criadas algumas leis de 
proteção à saúde dos trabalhadores, como a Lei da saúde e Moral dos Aprendizes (1802) e a 
Lei das Fábricas (1833), ambas inglesas, que estabeleciam como restrição a jornada diária 
máxima de 12 horas e a idade mínima de 9 anos para os trabalhadores industriais. 
Posteriormente, já no século XX, verifica-se o desenvolvimento da chamada 
“Administração Científica”, de Taylor e outros estudiosos. Nesta nova forma de administrar, a 
preocupação com os acidentes do trabalho passou a ser incorporada também pelos gerentes 
industriais, por serem eventos que comprometiam a previsibilidade do sistema produtivo. 
Assim sendo, passou-se a lançar mão das técnicas de engenharia para a criação de sistemas de 
prevenção ou controle dos acidentes, tais como equipamentos de proteção individual, sistemas 
de ventilação industrial, etc. Este processo acabou por gerar uma habilitação específica dentro 
da engenharia, a qual é aqui designada por Engenharia de Segurança do Trabalho. 
 
 
1.2. OBJETIVOS E CAMPO DE ATUAÇÃO 
Define-se segurança do trabalho como “um conjunto de medidas técnicas, 
organizacionais, psicológicas, sociais e ecológicas destinadas à preservação da saúde dos 
trabalhadores e da natureza” (GUALBERTO, 1996). 
Para atender a esta definição, o engenheiro de segurança do trabalho deve 
desenvolver a sua competência através das várias possibilidades de ação que a profissão lhe 
permite, atuando como: engenheiro de organizações, projetista de sistemas produtivos, 
projetista de produtos de segurança, instrutor, assistente técnico de sindicatos e perito judicial. 
E o que terá que fazer é antecipar-se aos riscos, ou seja, chegar antes que ocorra a interação 
entre o indivíduo e o agente ambiental evitando assim, o desencadeamento do processo 
gerador do acidente. E o resultado esperado do seu trabalho é: 
 Pelo Trabalhador: preservação da sua saúde, boas condições de trabalho, incremento na 
sua produtividade e o conseqüente ganho financeiro; 
 Pela Empresa: lucratividade decorrente do controle de perdas; 
 Pela Sociedade e pelo Estado: preservação da saúde dos trabalhadores, e da natureza, bem 
como a redução dos custos sociais e financeiros decorrentes dos infortúnios laborais. 
Como visto acima, o campo da Engenharia de Segurança do Trabalho abriga uma 
série de conflitos de interesses de diferentes grupos sociais. Se esses conflitos de interesses já 
são uma fonte razoável de dificuldades para a EST, a nossa legislação contribui com essas 
Higiene e Segurança do Trabalho Introdução 
Francisco Alves Pinheiro 4 | P á g i n a 
 
dificuldades quando prevê que as empresas devam pagar adicionais (de insalubridade ou 
periculosidade) aos seus empregados, se os ambientes por elas oferecidos contiverem agentes 
patogênicos em concentração superior à permitida. O resultado dessa adição remuneratória, é 
que, não raro, os trabalhadores têm uma clara opção pela venda de sua saúde, preferindo 
receber os adicionais, mesmo que para isso eleve a probabilidade de se acidentarem ou de 
adoecerem. 
Outra dificuldade decorre da forma de inserção do engenheiro no problema. Segundo 
a Portaria 3.214/78, em sua Norma Regulamentadora 4, o engenheiro irá atuar, 
principalmente, nos SESMT’s, na qualidade de um empregado alocado à cúpula 
administrativa, que no geral, representa os interesses do empregador. 
Nessa conjuntura, o profissional de engenharia e segurança do trabalho deve se 
posicionar como um “gerente organizacional” e, ao mesmo tempo, um “gerente funcional”, 
visando atender aos objetivos tanto da organização quanto dos trabalhadores, não somente 
para obter conformidades à área de SMT, mas também integrando-a às ações e aos sistemas 
estratégicos e operacionais da organização. Isso significa que o profissional da SMT deve 
evoluir e adquirir competência organizacional. 
 
 
1.3. ENTIDADES ENVOLVIDAS COM A HST 
No esquema brasileiro de prevenção de acidentes, ou seja, a forma pela qual a sociedade 
brasileira se organiza e distribui encargos e responsabilidades, a responsabilidade pelo combate aos 
acidentes de trabalho, está distribuída entre três grupos sociais: os empregadores, os trabalhadores e 
o governo, embora se procurem mobilizar a coletividade em torno deste problema. Em outras palavras, 
o combate fica a cargo, de organismos internos, tais como, os SESMT’s e as CIPA’s. 
Estes combatentes são municiados por organismos externos que podem ou não ser 
representativos de classes, como os sindicatos (patronais ou trabalhistas). Além destas, existem outros 
organismos, não formalmente ligados a trabalhadores ou empregadores que auxiliam no combate aos 
acidentes,através do exercício de diferentes funções, a saber: 
 Normativa: o Congresso Nacional, a Presidência da República e os Ministérios Públicos; 
 Fiscalizadora: as Delegacias Regionais do Trabalho, como representação do Ministério do 
Trabalho nos Estados, encarregada de verificar o cumprimento das normas estabelecidas pelos 
órgãos acima citados; 
 Judicial: função monopolizada pelo Estado, através da Justiça do Trabalho, encarregada de dirimir 
as dúvidas em torno do assunto; 
Higiene e Segurança do Trabalho Introdução 
Francisco Alves Pinheiro 5 | P á g i n a 
 
 Assistencial: através do SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – dando 
apoio médico ou pecuniário àqueles que se vejam impossibilitados de continuar trabalhando em 
decorrência de acidente de trabalho; 
 Educativa: entidades como a Fundacentro, as Universidades, os centros de treinamento de mão-
de-obra (Senai/Senac), etc. com a função de pesquisa e disseminação dos conhecimentos 
prevencionistas. 
 
ENTIDADES ENVOLVIDAS COM A HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGENTES MEDIADORES 
Normativo Fiscalizador Judicial Assistencial Educativo 
Congresso 
 
Presidência da 
República 
 
Ministérios 
Delegacias 
 
Regionais 
 
Do 
 
Trabalho 
Justiça 
 
do 
 
Trabalho 
 
SINPAS 
Universidades 
 
Senai 
 
Senac 
EMPRESAS 
Empresários e Trabalhadores 
 CIPA SESMT 
Sindicatos Trabalhistas Sindicatos Patronais 
Higiene e Segurança do Trabalho Introdução 
Francisco Alves Pinheiro 6 | P á g i n a 
 
1.4. ASPECTOS LEGAIS DA HST 
1.4.1. Consolidação das Leis do Trabalho 
Aprovada pelo Decreto-lei 5.452 de 01/05/1943, a CLT afirma no seu art. 1º que a 
consolidação estatui as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho, 
nela previstas. 
Dividida em 10 títulos, precedida de uma introdução, que se subdividem em 
capítulos e seções, trata das seguintes matérias: 
1. Normas Gerais de Tutela e Trabalho; 
2. Normas Especiais de Tutela e trabalho; 
3. Contrato Individual de Trabalho; 
4. Organização Sindical; 
5. Contrato Coletivo de Trabalho; 
6. Processo de Multas Administrativas; 
7. Justiça do trabalho; 
8. Ministério público do Trabalho; 
9. Processo judiciário do trabalho; e 
10. Disposições Finais e transitórias. 
O Capítulo V do Título II trata da Segurança e Medicina do Trabalho, abrangendo os 
Art. 154 a 201 da CLT. Este capítulo trata das disposições gerais, inspeção prévia, embargo, 
interdição, serviços especializados em segurança e medicina, comissão de prevenção de 
acidentes de trabalho, equipamento de proteção individual, exames médicos, iluminação, 
conforto térmico, instalações elétricas, movimentação e armazenagem de materiais, máquinas 
e equipamentos, caldeiras, fornos, vasos de pressão, atividades insalubres e perigosas, 
prevenção da fadiga, outras medidas especiais de proteção e penalidades. 
 
1.4.2. Conceitos e institutos Trabalhistas 
As relações de trabalho reguladas pela CLT são as relações de trabalho subordinado 
ou por conta alheia, portanto relações de emprego, que entrelaça um empregado e seu 
empregador através de direitos e obrigações recíprocas. 
 
a. Empregador 
O art. 2º da CLT define empregador como sendo a pessoa individual ou coletiva, 
que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação 
pessoal de serviços. O § 1º do mesmo artigo diz que equiparam-se ao empregador, para 
Higiene e Segurança do Trabalho Introdução 
Francisco Alves Pinheiro 7 | P á g i n a 
 
efeitos de relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficiários, as 
associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitem trabalhadores 
como empregados. 
 
b. Empregado 
O art. 3º da CLT define empregado como sendo toda pessoa física que presta serviço 
de natureza não eventual a empregador sob dependência deste e mediante salário. 
 
1.4.3. Responsabilidade Civil, Penal, Acidentária, Trabalhista e Profissional 
A culpa no tocante aos acidentes de trabalho pode ser de responsabilidade exclusiva 
do empregador, exclusiva do empregado e concorrente, quando empregado, empregador e 
prepostos agem, cada qual, com parcela de culpa. Saliente-se que as responsabilidades civil, 
penal, acidentária e trabalhista são independentes. 
 
1.4.3.1. Responsabilidade Civil 
A CF-1988 afirma como direito dos trabalhadores o seguro contra acidentes do 
trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que está obrigado, quando 
incorrer em dolo ou culpa. Já o art. 121 da Lei 8.213/91 diz que o pagamento, pela 
previdência social, das prestações por acidente do trabalho, não exclui a responsabilidade civil 
da empresa ou outrem. 
Antes da atual constituição, exigia-se que o empregador agisse de forma dolosa ou 
com culpa grave. Com a CF-1988 não há a necessidade de culpa grave. A responsabilidade do 
empregador e prepostos é subjetiva, e basta a culpa simples para que os mesmos tenham que 
arcar com o ressarcimento dos danos provocados ao seu empregado. 
A responsabilidade civil tem natureza indenizatória (visa reparar o dano provocado). 
 
1.4.3.2. Responsabilidade Penal 
A responsabilidade penal se fundamenta no art. 132 do código penal que afirma 
“Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente” – pena – detenção de três 
meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
São passíveis de serem responsabilizados penalmente por acidentes do trabalho, 
empregadores e prepostos que expuserem seus empregados a perigo direto e iminente. 
 
 
Higiene e Segurança do Trabalho Introdução 
Francisco Alves Pinheiro 8 | P á g i n a 
 
1.4.3.3. Responsabilidade Acidentária 
A responsabilidade de pagamento de benefícios acidentários é do INSS, porém 
podendo propor ação regressiva contra aqueles que por culpa ou dolo provocaram ou 
contribuíram para a ocorrência do acidente do trabalho ou doença profissional. Ela é objetiva 
e independe de dolo ou culpa do empregador. 
A ação acidentária tem natureza alimentar e é compensatória, ou seja, compensa o 
salário recebido pelo acidentado. 
 
1.4.3.4. Responsabilidade Trabalhista 
Independente de outras responsabilidades, o empregador se obriga a cumprir os 
preceitos trabalhistas e, em particular, as medidas de proteção à saúde e segurança do 
trabalhador. 
O descumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho sujeita à 
empresa as sanções legais, tais como multas, embargos e/ou interdições. 
 
1.4.3.5. Responsabilidade Profissional 
O descumprimento das obrigações legais decorrentes do exercício profissionalpoderá sujeitar ao responsável as sanções aplicáveis pelos órgãos responsáveis pela 
fiscalização do exercício profissional (CREA, CRM). 
As punições poderão ir da advertência até a cassação do registro profissional. 
 
1.4.3.6. Responsabilidade Solidária 
A jurisprudência tem reconhecido a responsabilidade solidária da empresa 
contratante baseada no direito comum, pela indenização do acidente de trabalho sofrido pelo 
trabalhador da empresa contratada, nos casos em que seja também responsável pela segurança 
da obra ou se contratou empresa inidônea ou insolvente. 
 
 REFERÊNCIAS 
CARDELLA, B. Segurança do Trabalho e Prevenção de Acidentes; Uma abordagem holística. São 
Paulo, Atlas, 1999. 
GUALBERTO FILHO, A. Administração Aplicada à Engenharia de Segurança do Trabalho. In: 
Apostila da disciplina Gerência de Riscos do X Curso de Especialização em Engenharia de Segurança 
do Trabalho. João Pessoa: DEP/UFPB, 2004. 
RODRIGUES, Celso Luiz Pereira. Um estudo do esquema brasileiro de atuação em Segurança 
Industrial. (Dissertação de mestrado, Engenharia de Produção). Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, 1982.
Higiene e Segurança do Trabalho Acidentes de Trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 2 
 
 
 
 
ACIDENTES DE TRABALHO 
 
 
2.1. DEFINIÇÕES 
a. DEFINIÇÃO GERAL 
Segundo a legislação trabalhista brasileira, o acidente de trabalho é o que decorre do 
exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação 
funcional que cause a morte, ou a perda, permanente ou temporária, da capacidade para o 
trabalho. 
b. Definição Prevencionista 
Acidente de trabalho é todo evento inesperado e indesejável que interrompe a rotina 
normal de trabalho, podendo gerar perdas pessoais, de materiais, ou pelo menos de tempo. 
 
2.2. TEORIAS JURÍDICAS SOBRE O ACIDENTE DE TRABALHO 
As leis de proteção ao trabalhador seguiram três teorias jurídicas, a saber: 
a) Teoria da Culpa – entende o acidente do trabalho como um crime qualquer, assim, ela 
preconiza a existência de dois grupos de causas de acidentes: 
(i) os atos culposos cometidos pelo próprio empregado acidentado ou algum de seus colegas 
(atos inseguros); 
Higiene e Segurança do Trabalho Acidentes de Trabalho 
Francisco Alves Pinheiro 2 | P á g i n a 
 
(ii) os atos culposos cometidos pelo empregador, sejam por ação ou omissão (condições 
inseguras). 
b) Teoria do Risco Profissional – Esta teoria encara o acidente de trabalho não como um 
crime, mas como fruto do exercício de uma determinada atividade produtiva. Como esta 
atividade é explorada por um empresário, este deve arcar com os possíveis AT que venham a 
ocorrer. Nesta concepção, todos os AT passaram a ser indenizáveis, independente de ações 
jurídicas e/ou da identificação de culpados. 
c) Teoria do Risco Social – introduz uma mudança sutil, na qual os AT passaram a ser 
encarados como decorrências de processos produtivos necessários à reprodução/bem estar de 
toda a coletividade, e não apenas de interesse para algum grupo empresarial. Assim sendo, as 
indenizações continuaram a ser independentes de ações judiciais, mas o pagamento destas 
indenizações passou a ser encargo de um sistema previdenciário que reúne três grupos 
contribuintes compulsórios: os empregadores, os empregados e o Estado. Esta teoria é a base 
da atual legislação brasileira sobre acidentes do trabalho. 
 
 
2.3. TIPOS DE ACIDENTES 
Acidentes típicos – São os que provocam lesões imediatas, tais como, cortes, fraturas, 
queimaduras, etc., reduzindo a capacidade para o trabalho logo após o acidente. 
Doenças Profissionais – São doenças como a Silicose e o Saturnismo, inerentes a 
determinado ramo de atividade, paulatinamente contraídas em função da exposição 
continuada a algum agente agressor presente no local do trabalho. 
Acidente de trajeto – São os acidentes sofridos pelo empregado ainda que fora do local e 
horário de trabalho, como os ocorridos no percurso da residência para o trabalho ou deste para 
aquele. 
Tal classificação é questionável por exigir que haja uma lesão para que se 
caracterize a AT, quando se sabe, através de vários estudos, que existe um número muito 
maior de acidentes que ocorrem gerando apenas perda de tempo e de materiais. 
 
 
 
Higiene e Segurança do Trabalho Acidentes de Trabalho 
Francisco Alves Pinheiro 3 | P á g i n a 
 
2.4. CAUSAS DO ACIDENTE DE TRABALHO 
A concepção de AT apresentada pela teoria da confiabilidade de sistemas requer o 
surgimento de disfunções como agente disparador do AT. A princípio, todo e qualquer 
elemento que participe do processo de trabalho é, potencialmente, gerador de disfunções, o 
que nos permite listar as seguintes causas de acidentes: 
(i) o fator pessoal de insegurança; 
(ii) a condição ambiental de insegurança, devido aos materiais, equipamentos, instalações, 
edificações, métodos e organização do trabalho, tecnologia e macroclima. 
 
2.5. A IMPORTÂNCIA DO ACIDENTE DE TRABALHO 
Para se avaliar a importância do AT no Brasil, pode-se recorrer às estatísticas 
oficiais sobre o assunto. Em 1982, o Brasil recebeu o título de “campeão Mundial” de AT, já 
que para cada grupo de 1000 trabalhadores, quase 218 morreram em AT. As estatísticas 
brasileiras são subdimensionadas, uma vez que contemplam apenas; a) os casos legalmente 
reconhecidos, ou seja, os acidentes com vítimas; b) os acidentes urbanos (não mostrando os 
ocorridos em áreas rurais); 0s acidentes registrados (ignorando aqueles que não são 
notificados ao INSS). 
 
2.6. LEGISLAÇÃO ACIDENTÁRIA PREVIDENCIÁRIA 
As primeiras idéias da criação de um direito previdenciário surgiram no final do 
século XIX na Alemanha, de onde surgiram as primeiras leis que protegiam aqueles que 
sofriam enfermidades, acidentes de trabalho, ficavam inválida, etc. 
No Brasil, só em 1919 surge a primeira lei que tratava dos acidentes de trabalho. Em 
1923 é sancionada a Lei Eloy Chaves, criando as Caixas de Aposentadorias e Pensões nas 
ferrovias, e implantando o Sistema de Previdência Social. 
Apenas em 1946 é que surge na nossa constituição o termo previdência social. A 
Constituição de 1988 instituiu as bases da Seguridade Social, que contempla a Saúde, a 
Assistência Social e a Previdência Social. 
A organização da seguridade social deve observar os seguintes objetivos (Art. 194, 
da CF): 
I. Universalidade de cobertura e do atendimento; 
II. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; 
III. Seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços; 
IV. Irredutibilidade do valor dos benefícios; 
Higiene e Segurança do Trabalho Acidentes de Trabalho 
Francisco Alves Pinheiro 4 | P á g i n a 
 
V. Equidade na forma de participação no custeio; 
VI. Diversidade da base de financiamento; e, 
VII. Caráter democrático e descentralizado da administração mediante gestão quadripartite, 
com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo 
nosórgãos colegiados. 
A previdência Social é um sistema de seguro social que visa possibilitar meios de 
manutenção para aqueles que possam obtê-lo em virtude de incapacidade, desemprego 
involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares, reclusão e morte. 
A Seguridade Social está regida pela Lei 8.212/99 (a organização da seguridade e o 
plano custeio) e 8.213/99 (plano de benefícios). A elaboração destas Leis tomou por base os 
objetivos da Seguridade Social. 
Os benefícios são atribuídos àqueles que contribuem e aos seus dependentes. 
 
2.6.1. Beneficiários 
Os beneficiários da previdência social são as pessoas físicas, segurados e 
dependentes. São segurados obrigatórios: 
1. O cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado de qualquer condição 
menor de vinte e um anos ou inválido; 
2. Os Pais; 
3. O irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido. 
Os dependentes elencados no item 1 são dependentes por presunção, não havendo 
necessidade de provarem dependência econômica. 
Os servidores civis e militares estão excluídos do regime geral da previdência social, 
desde que estejam submetidos a regime próprio de previdência social. É regime próprio 
aquele que assegura pelo menos as aposentadorias e pensão por morte. 
 
2.6.2. Custeio 
O Art. 195 da CF estabelece que: a seguridade social será financiada por toda a 
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos, provenientes dos 
orçamentos da União e dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios e das seguintes 
contribuições sociais: 
I. Do empregador, da empresa e da entidade e ela equiparada na forma da lei, incidentes 
sobre: 
Higiene e Segurança do Trabalho Acidentes de Trabalho 
Francisco Alves Pinheiro 5 | P á g i n a 
 
a. A folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer 
título, á pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; 
b. A receita ou o faturamento; 
c. O lucro; 
II. do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição 
sobre aposentadoria e pensão concedidos pelo regime geral de previdência social de que 
trata o art. 201; 
III. sobre a receita do concurso de prognósticos; 
A Lei 8.212/91 relaciona outras fontes de receita da seguridade social (Ex. multas, 
doações, etc) 
 
2.6.3. Prestações Previdenciárias e Acidentárias 
As prestações se constituem em benefícios e serviços prestados aos beneficiários da 
previdência social. Os benefícios tratam de prestação pecuniária e os serviços tratam de 
“serviço social” e “habilitação e reabilitação profissional”. 
A causa do benefício previdenciário é a incapacidade para o trabalho por motivos 
alheios às atividades realizadas no trabalho. 
A causa do benefício acidentário está vinculada diretamente ao exercício do trabalho. 
O benefício acidentário decorre, logicamente, do acidente ou doença do trabalho. De modo 
geral, os benefícios acidentários dispensam a carência. 
 
2.6.4. Benefícios Acidentários 
a) Auxílio-Doença: o auxilio doença acidentário será devido ao acidentado que ficar 
incapacitado para seu trabalho por período superior a 30 dias consecutivos. O auxílio-doença 
será devido a partir do 16º dia seguinte ao afastamento, sendo os primeiros 30 dias pagos pela 
empresa. 
Regra Anterior Regra MP 664 
Valor calculado com base na média dos 80% 
maiores salários de contribuição 
Valor do benefício não poderá exceder a média das últimas 
12 contribuições 
A empresa paga ao empregado o salário integral 
durante os primeiros 15 dias de afastamento 
A empresa paga ao empregado o salário integral durante os 
primeiros 30 dias de afastamento 
Perícia realizada exclusivamente por médicos 
do INSS 
Previsão de convênios, sob supervisão do INSS, com 
empresas que possuem serviço médico, órgãos e entidades 
públicas 
 
 
Higiene e Segurança do Trabalho Acidentes de Trabalho 
Francisco Alves Pinheiro 6 | P á g i n a 
 
b) Auxílio-Acidente: o auxilio-acidente será devido quando, após consolidada as lesões 
decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar seqüela que implique: 
I. Redução da capacidade para o trabalho exercido; 
II. Redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia e exija maior esforço 
para o desempenho da mesma atividade que exercia à época do acidente; ou 
III. Impossibilidade de desempenho da atividade que exercia à época do acidente, porém 
permita o desempenho de outra, após processo de reabilitação profissional. 
c) Aposentadoria por invalidez: a aposentadoria por invalidez decorrente de acidente de 
trabalho será devida ao acidentado que for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível 
de reabilitação profissional para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. O 
benefício consiste numa renda mensal correspondente a cem por cento do salário-de-
benefício. 
d) Pensão: devida aos dependentes por morte do segurado, no valor de cem por cento do 
salário-de-benefício. 
Regra Anterior Regra MP 664 
Não há tempo mínimo de contribuição, nem prazo 
mínimo de casamento 
Tempo mínimo de 2 anos de contribuição para acesso 
à pensão previdenciária por morte 
• Exceção para casos de acidente de trabalho e doença 
profissional ou do trabalho 
Tempo mínimo de 2 anos de casamento ou união 
estável 
• Exceção para casos de acidentes de trabalho depois 
do casamento ou para cônjuge/companheiro 
incapaz/inválido 
A pensão é vitalícia independentemente da idade do 
beneficiário 
Concessão do benefício vitalício para cônjuges a partir 
de 44 anos Fim do benefício vitalício para cônjuges 
jovens. O critério será a expectativa de sobrevida em 
anos (projeção do IBGE) 
• Exceção para cônjuge inválido, que terá direito à 
pensão vitalícia independentemente da sua expectativa 
de vida 
O menor valor pago é de um salário mínimo 
 
O menor valor pago continua sendo de um salário 
mínimo 
Atualmente, 57,4% das pensões correspondem 
a um salário mínimo e não sofrerão alteração 
O(s) dependente(s) recebe(m) o valor integral do 
vencimento do segurado 
O valor mínimo recebido será de 60% da 
aposentadoria no caso de um dependente 
• 50% = cota familiar fixa 
• 10% por dependente (cônjuge, filhos etc.) até o 
limite de 100% 
Quem comete crime doloso que resulte na morte do 
segurado pode ter acesso à pensão por morte 
Exclusão do direito à pensão para dependente 
condenado pela prática de crime doloso que tenha 
resultado na morte do segurado 
O benefício é distribuído igualmente entre todos os 
dependentes 
 
Estabelecer cota fixa familiar de 50% e individual de 
10% por dependente (garante benefício mínimo de 
60%) 
Com o fim da dependência de um pensionista, seu 
benefício é redistribuído entre os demais 
A cota individual de 10% não será redistribuída com o 
fim da dependência 
• Exceção para órfãos de pai e mãe 
Higiene e Segurança do Trabalho Acidentes de Trabalho 
Francisco Alves Pinheiro 7 | P á g i n a 
 
2.6.5. Comunicação de Acidentedo Trabalho (CAT) 
Todo acidente deve ser comunicado pela empresa à previdência social até o primeiro 
dia útil seguinte ao da ocorrência e, havendo morte, de imediato, à autoridade, sob pena de 
multa. 
O acidentado e seus dependentes receberão cópia da CAT, bem como o sindicato da 
categoria profissional. Não ocorrendo comunicação por parte da empresa, podem formalizá-
la, o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical, o médico que o atendeu ou 
qualquer autoridade pública, não prevalecendo, neste caso, o prazo mencionado acima. 
 
 
 
2.7. ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES DO TRABLHO 
 
 
 
 
 
 
 
QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO POR CONSEQUÊNCIA 
Consequência 
Incapacidade Temporária 
Incapacidade 
Permanente 
Óbito 
REGIÕES 
Ano 2002 
Total 
Assistência 
Médica 
Total 
Menos de 15 
dias 
Mais de 
15 dias 
 
Brasil 410.502 61.177 331.398 175.640 155.758 15.029 2.898 
NORTE 13.797 2.126 10.797 5.389 5.408 685 189 
NORDESTE 35.806 6.517 26.844 13.030 13.814 2.030 415 
SUDESTE 237.917 38.742 189.694 107.832 81.862 8.050 1.431 
SUL 98.604 11.367 85.598 39.699 43.899 3.115 524 
CENTRO-
OESTE 
24.378 2.425 20.465 9.690 10.775 1.149 339 
 FONTE: DATAPREV, CAT. 
QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHOS REGISTRADOS PELO MOTIVO 
GRANDES REGIÕES E UNIDADES 
DA FEDERAÇÃO 
 
Ano 2002 Total Típico Trajeto Doença do Trabalho 
Brasil 387.905 320.398 46.621 20.886 
NORTE 12.829 10.496 1.510 823 
NORDESTE 33.098 25.746 4.441 2.911 
SUDESTE 225.078 184.619 27.923 12.536 
SUL 94.015 80.855 9.399 3.761 
CENTRO-OESTE 22.885 18.682 3.348 855 
 
Higiene e Segurança do Trabalho Acidentes de Trabalho 
Francisco Alves Pinheiro 8 | P á g i n a 
 
 
2.8. CUSTOS DE ACIDENTES DO TRABALHO 
Geralmente os dirigentes das empresas desconhecem os prejuízos que têm com os 
acidentes e, às vezes, nem imaginam em quanto os acidentes oneram seus empreendimentos. 
O custo total de um acidente é dado pela soma de duas parcelas, quais sejam: 
 1ª parcela – referente ao custo direto ou custo segurado; 
 2ª parcela – referente ao custo indireto ou não segurado. 
 
2.8.1. Custo direto ou segurado 
A Lei n.º 6.367 de outubro de 1976, regulamentada pelo n.º 79.037/76, dispõe sobre 
o seguro de acidentes do trabalho, a cargo do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), 
estabelece que esse seguro corresponde a uma contribuição, a cargo exclusivo da empresa, 
igual às percentagens listadas a seguir, da folha de salários-de-contribuição dos empregados: 
 0,4% - para a empresa em cuja atividade o risco de acidentes do trabalho seja considerado 
leve; 
 1,2% - para a empresa em cuja atividade o risco de acidentes do trabalho seja considerado 
médio; 
 2,5% - para a empresa em cuja atividade o risco de acidentes do trabalho seja considerado 
grave. 
Outros seguros que são considerados como custos diretos referem-se, genericamente, 
a: seguro incêndio, seguro transporte, seguro de responsabilidade civil, seguros de riscos de 
engenharia, etc. 
2.8.2. Custo indireto ou não segurado 
Engloba todas as despesas, geralmente não atribuíveis aos acidentes, mas que se 
manifestam como conseqüência indireta dos mesmos. 
Para a Fundacentro (1980), os principais itens dos custos indiretos são: 
 Salário pago ao trabalhador acidentado, não coberto pelo INSS, o salário correspondente 
ao dia do acidente e aos 15 dias seguintes é pago, por imposição legal, integralmente pelo 
empregador; 
 Salários pagos durante o tempo perdido por outros trabalhadores que não o acidentado 
(em geral, após o acidente, por menor que seja, os companheiros do acidentado deixam de 
produzir durante certo tempo, seja para socorrê-lo, seja para comentar o ocorrido, seja por 
Higiene e Segurança do Trabalho Acidentes de Trabalho 
Francisco Alves Pinheiro 9 | P á g i n a 
 
curiosidade, ou porque necessitam da ajuda do acidentado para a execução de sua tarefa, 
ou a máquina em que operavam ficou danificada no acidente); 
 Salários adicionais pagos aos trabalhadores em horas extras (em virtude do acidente, 
atrasos na execução dos serviços podem exigir trabalhos em horas extraordinárias), 
representando um adicional sobre o salário correspondente ao horário normal de trabalho; 
 Salários pagos a funcionários durante o tempo gasto na investigação do acidente; 
 Diminuição da eficiência do acidentado ao retornar ao trabalho (geralmente o acidentado 
de volta ao trabalho produz menos por receio de sofrer novo acidente, ou por 
desambientação, por falta de treinamento muscular, etc.); 
 Custo de material ou equipamento danificado no acidente; 
 Perda de material por parte de novos empregados, etc. 
 
2.8.3. Estimativa do custo de acidentes 
Pesquisa realizada pela Fundacentro entre 1982 – 1983 revelou a necessidade de 
modificar os conceitos tradicionais de custos de acidentes e propôs nova sistemática para 
apuração dos mesmos, com enfoque prático, denominada custo efetivo de acidentes. Esse 
custo é dado por: 
Ce = C – i 
Onde: 
Ce = custo efetivo do acidente; 
C = custo do acidente 
i = indenizações e ressarcimentos recebidos através de seguro ou de terceiros (valor líquido), 
e: 
C = C1 + C2 + C3 
Onde: 
C1 = custo correspondente ao tempo de afastamento (15 primeiros dias) em decorrência de 
acidente com lesão; 
C2 = custo referente aos reparos e reposições de máquinas, equipamentos e materiais 
danificados (acidentes com danos à propriedade); 
C3 = custos complementares relativos á lesão (assistência médica e primeiros socorros) e aos 
danos à propriedade (outros custos operacionais, como os resultados de paralisações, 
manutenção e lucros interrompidos). 
Higiene e Segurança do Trabalho Acidentes de Trabalho 
Francisco Alves Pinheiro 10 | 
P á g i n a 
 
O cálculo de C3 é fácil, já o de C2 e C3 depende da organização interna da empresa 
para o seu levantamento. Para facilitar o levantamento desses custos, a fundacentro propôs a 
adoção de duas fichas sistematizadas, uma para a comunicação do acidente e outra para o 
cálculo de seu custo, como mostram as figuras 1 e 2. 
 
 
Figura 1. Ficha de comunicação de acidentes. 
FICHA DE COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE 
 ACIDENTE COM LESÃO 
 ACIDENTE COM DANO À PROPRIEDADE 
1 UNIDADE 2 SETOR 3 LOCAL DO ACIDENTE 
4 TIPO DE ATIVIDADE 5 HORA DO ACIDENTE 
_______h _________ min 
6 DATA DO ACIDENTE 
______/_______/________ 
7 DESCRIÇÃO DO ACIDENTE 
 
 
 
 
8 EMPREGADOS ENVOLVIDOS NO ACIDENTE 
NOME 
___________________________ 
MATRÍCULA 
___________________________ 
FUNÇÃO 
__________________________ 
9 MÁQ., EQUIP., E MATERIAIS ABRANGIDOS 
________________________________________________________ 
10 EXTENSÃO DOS DANOS 
__________________________ 
11 PRINCIPAIS CAUSAS DO ACIDENTE 
 
 
 
12 INFORMANTES 
NOME 
___________________________ 
MATRÍCULA 
_________________________ 
FUNÇÃO 
__________________________ 
13 data do envio da ficha para o Setor de Segurança do Trabalho 
_________/ ____________/ ___________ 
14 Responsável pelo preenchimento 
Nome: _______________________ 
Função: ______________________ 
Assinatura: ____________________ 
Fonte: Tavares (1995). 
 
Higiene e Segurança do Trabalho Acidentes de Trabalho 
Francisco Alves Pinheiro 11 | 
P á g i n a 
 
Figura 2. Ficha de cálculo do custo efetivo de acidentes. 
FICHA PARA O CÁLCULO DO CUSTO EFETIVO DE ACIDENTE 
1 FICHA Nº ______/______ 
 ACIDENTE COM LESÃO 
 ACIDENTE COM DANO À PROPRIEDADE 
2 FICHA DE COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE 
a) Recebida em: ______/ _______/ _________ 
b) Unidade: ____________________________ 
c) Setor: _______________________________ 
3 LOCAL DO ACIDENTE 
______________________ 
4 HORA DO ACIDENTE 
_______ H ______ MIN 
5 DATA DO ACIDENTE 
________/ ________/ ________ 
6 ACIDENTE COM LESÃO 
a) Nome do acidentado: __________________________________________________________ 
b) Matrícula: ___________ c) Função: ______________________________________________ 
d) Principais causas do acidente: ___________________________________________________ 
e) Conseqüências do acidente: _____________________________________________________ 
f) Tempo de afastamento: __________ g) Salário por Hora (R$): __________________________ 
h) Custo relativo ao tempo de afastamento (15 primeiros dias): Salário (R$): ________________ 
 Encargos sociais (R$): _________ 
 Outros (R$): _________________ 
i) Observações: ___________________________________ Total 1 (R$): ________________ 
7 ACIDENTE COM DANO À PROPRIEDADE 
a) Máquina(s)/equipamento(s) danificados: ___________________________________________ 
b) Material(s) danificado(s): _______________________________________________________ 
c) Principais causas do acidente: ___________________________________________________ 
d) Custo dos reparos ou reposições: Máquina(s) e equipamento(s) (R$): ____________________ 
 Material(s) (R$): ___________________________________ 
e) Observações: ________________ Total 2 (R$): ___________________________________ 
8 CUSTOS COMPLEMENTARES 
a) Acidentes com lesão: Assistência médica (r$): ______________________________________ 
 Primeiros socorros (R$): ______________________________________ 
 Outros (R$): ________________________________________________ 
b) Acidentes com danos à propriedade: Outros custos operacionais (R$): ___________________ 
c) Observações: _________________ Total 3 (R$): ___________________________________ 
9 CUSTO DO ACIDENTE R$ ____________________ c = c1 + c2 + c3 
10 INFORMANTES 11 RESPONSÁVEIS PELO PREENCHIMENTO 
NOME FUNÇÃO DATA ASSINAT. NOME FUNÇÃO DATA ASSINAT. 
_________ ________ ______ __________ __________ ________ ________ _________ 
Fonte: Tavares (1995). 
REFERÊNCIAS 
CAMPOS, M. F. Legislação e Normas Técnicas. In: Apostila da disciplina Gerência de Riscos do X 
Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. João Pessoa: DEP/UFPB, 2003. 
RODRIGUES, Celso Luiz Pereira. Um estudo do esquema brasileiro de atuação em Segurança 
Industrial. (Dissertação de mestrado, Engenharia de Produção). Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, 1982. 
 
Higiene e Segurança do Trabalho Metodologia da Ação Prevencionista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 3 
 
 
 
AGENTES DE RISCOS PROFISSIONAIS 
 
 
 
3. AGENTES QUÍMICOS DE RISCOS 
Nas últimas décadas, o desenvolvimento industrial vem experimentando ritmos cada 
vez mais elevados, no que se referem às inovações tecnológicas, novos materiais, novos 
processos e novas formas de organização do trabalho. Estes avanços são guiados, de um lado 
pelos interesses das empresas e, do outro, pela aceitação da sociedade que, na maioria das 
situações são movidas por visões de curto prazo: lucro e desfrute da vida. 
Nesse casamento desigual entre empresas e sociedade, a ciência nem sempre é 
chamada a opinar sob o princípio da precaução, onde tudo que é disponibilizado à sociedade 
teria seus impactos previamente analisados: impactos sobre a saúde das pessoas, sobre a 
sociedade como um todo e sobre o ambiente. Os estudos dos impactos de um determinado 
produto, quase sempre são apontados após a aceitação do mercado, após serem introduzidos 
no ambiente global, na vida das pessoas e por vezes, em seus próprios corpos. 
A produção de sintéticos químicos é um exemplo desse quadro de irresponsabilidade 
científica em que estamos inseridos. Na maioria das vezes, os compostos químicos são 
inseridos no mercado sem os conhecimentos mínimos dos impactos que aquele composto 
pode causar aos seres humanos e ao meio ambiente. Nos últimos anos vêm surgindo 
Higiene e Segurança do Trabalho Agentes de Risco Profissional 
Francisco Alves Pinheiro 2 | P á g i n a 
 
organizações de consumidores, de vítimas de determinadas tecnologias e de defesa ambiental 
que vêm produzindo, organizando e divulgando conhecimentos sobre impactos tecnológicos 
nocivos. 
Esse tópico da disciplina Higiene e Segurança do Trabalho visa incutir no estudante 
de Engenharia de Produção conhecimentos acerca dos agentes de riscos químicos presentes 
no seu ambiente de trabalho, conscientizando-o de que ele pode ser um elemento gerador de 
riscos de acidentes de trabalho, e repassar conhecimentos para que ele possa evitá-los. 
 
 
3.1.1. Conceitos Básicos 
A. Risco químico 
 Risco foi definido pela Comisión Preparatória de la Conferencia de Las Naciones 
Unidas sobre medio humano, como uma freqüência esperada de efeitos indesejáveis derivados 
da exposição a um contaminante. 
 O risco que uma substância possa oferecer está diretamente relacionado com a 
toxicidade da referida substância e com a taxa de exposição à mesma. 
 
RISCO = TOXICIDADE x EXPOSIÇÃO 
 
RISCO TOXICIDADE EXPOSIÇÃO 
ALTO ALTA ALTA 
ALTO BAIXA ALTA 
BAIXO ALTA BAIXA 
BAIXO BAIXA BAIXA 
 
 Os riscos químicos são avaliados em relação à toxicidade da substância, ou seja, a 
capacidade inerente de se produzir um efeito deletério sobre um organismo vivo. 
B. Agente químico 
 Segundo a NR-9 (PPRA), agentes químicos são as substâncias, compostos ou 
produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, 
fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, 
possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão. 
 
Higiene e Segurança do Trabalho Agentes de Risco Profissional 
Francisco Alves Pinheiro 3 | P á g i n a 
 
C. Toxicidade 
 É a capacidade de um agente químico causar uma lesão num organismo vivo, 
representa a medida de incompatibilidade entre uma dada substância com o organismo vivo. 
D. Agente tóxicoAgentes tóxicos são substâncias quimicamente definidas que ao entrar em contato 
com o sistema biológico acarretam desde distúrbios leves, moderados, lesões graves ou a 
morte. Ex: a estricnina, o ácido cianídrico e o cloreto de sódio, enquanto se encontram em 
seus recipientes, armazenados, nada mais são do que porções dessas substâncias. Para que se 
caracterize o agente tóxico se faz necessário a interação agente-organismo, dando como 
resultado uma intoxicação (DIAS, 2003). 
E. Bioacumulação 
 A bioacumulação ou fator de acumulação é o fenômeno da acumulação de uma 
substância química num organismo. Quando o fenômeno da concentração de um agente 
tóxico acontece numa cadeia alimentar em quantidades distintas e crescentes denomina-se 
biomagnificação. 
F. Meia vida 
 A persistência ou longevidade que uma substância apresenta depende da relativa 
susceptibilidade e acessibilidade à degradação biológica, química ou fotoquímica. Geralmente 
é expressa em valores de meia vida, que significa o tempo para que a concentração do agente 
químico na matriz considerada se reduza á metade. 
 
3.1.2. Características dos riscos químicos 
A. Invisibilidade 
 A presença dos agentes químicos nos ambientes nem sempre é, imediatamente 
percebida pelas pessoas. Os sinais percebidos são os visuais e olfativos que criam padrões 
próprios e pessoais sobre o que pode ser danoso à saúde, nem sempre condizente com a 
realidade toxicológica. 
B. Transportabilidade 
 As ações dos agentes químicos não se limitam aos espaços imediatos de sua 
utilização. Seus efeitos podem ocorrer em ambientes distantes de sua primeira utilização. Ex: 
agrotóxicos 
Higiene e Segurança do Trabalho Agentes de Risco Profissional 
Francisco Alves Pinheiro 4 | P á g i n a 
 
C. Instabilidade 
 Os agentes químicos reagem com o meio e se transformam em outros agentes, que, 
em geral, apresentam toxicidade distinta do agente inicial. 
D. Iteratividade 
 Não só os agentes químicos reagem com o meio, mas o meio também reage aos 
agentes químicos e se alteram. Como o meio possui elementos minerais e vivos, as alterações 
são de natureza química, biológica e física. 
E. Acumulatividade 
 Ocorrem casos, como dos metais pesados e dos agrotóxicos organoclorados, dos 
organismos vivos acumularem as moléculas dos agentes tóxicos. Porém, ocorrem casos de 
acumulação dos efeitos das sucessivas exposições a agentes tóxicos sobre os organismos, 
mesmo sem haver constatação da acumulação molecular. 
 
3.1.3. Classificação dos agentes tóxicos 
A classificação clássica dos agentes químicos baseia-se na sua forma de apresentação 
(figura 1), ou em seus efeitos sobre a saúde humana. 
 
 
 
 
 
 
Fonte: ADISSI, P. J. (2001) 
Um particulado tóxico é todo aquele aerosol constituído por partículas de tamanho 
microscópico, diluídos no ar (aerodispersóides), podendo se encontrar no estado líquido 
(neblinas e névoas), e no estado sólido (poeiras e fumos). 
 
3.1.3.1. Gases e vapores 
Os gases são substâncias que, em condições normais de temperatura e pressão (25ºC 
e 760 mmHg), estão no estado gasoso. Ex: monóxido de carbono, eteno, etc. 
Os vapores constituem o estado aeriforme de certas substâncias que nas condições 
normais de temperatura e pressão se encontram no estado líquido. Ex: gasolina, cânfora, 
naftalina, etc. 
Agentes 
Químicos 
Particulados 
Gases e 
Vapores 
Sólidos 
Líquidos 
Poeiras e 
Fumos 
Névoas e 
Neblinas 
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Francisco Alves Pinheiro 5 | P á g i n a 
 
Os gases e vapores podem ser classificados segundo sua ação sobre o organismo 
humano em irritantes, anestésicos e asfixiantes. 
a) Gases e vapores irritantes: são substâncias em estado gasoso que produzem irritação nos 
tecidos em que entram em contato, como a pele, a conjuntiva ocular e as vias respiratórias. 
Ex: ac. Clorídrico, sulfúrico e muriático, anidrido sulfuroso, cloro, e os gases lacrimogênios. 
b) Gases e vapores anestésicos: causam efeito narcótico ou depressivo sobre o SNC. Podem 
ser divididos em: 
 anestésicos primários – hidrocarbonetos alifáticos (butano, propano, etano, etc.), ésteres, 
aldeídos e cetonas; 
 anestésicos de efeito sobre as vísceras (fígado e rins) – hidrocarbonetos clorados, como o 
tretacloreto de carbono, tetracloroetano, tricloroetileno e o percloroetileno; 
 anestésicos de ação sobre o SNC – neste grupo se encontram os álcoois metílico e etílico, 
ésteres de ácidos orgânicos e dissulfeto de carbono; 
 anestésicos de ação sobre o sistema formador do sangue – modificam a hemoglobina em 
metahemoglobina, como a anilina, nitrito e toluidina, além do benzeno. 
c) Gases e vapores asfixiantes: a principal característica de um agente tóxico é impedir que o 
oxigênio atinja os tecidos, ou seja, a interrupção ou redução da respiração celular. Assim 
sendo, os asfixiantes podem ser classificados em simples e químicos. 
Os asfixiantes simples têm sua atuação externamente ao organismo, isto é, sua 
presença na atmosfera provoca o deslocamento do oxigênio, reduzindo sua concentração no 
ambiente. Isso ocorre com o gás carbônico, o metano, o propano, o nitrogênio e o butano. 
Os asfixiantes químicos impedem a absorção do oxigênio presente no organismo 
pelos tecidos. Neste grupo, o mais conhecido é o monóxido de carbono, que por ter afinidade 
química com a hemoglobina superior ao oxigênio, forma a carboxihemoglobina e impede o 
transporte de oxigênio. 
 
3.1.3.2. Particulados sólidos 
a) poeiras – são partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de um sólido, em 
conseqüência de uma operação mecânica (moagem, trituração, polimento, etc.) ou de limpeza. 
As poeiras podem ser de origem mineral e orgânica. Exemplos: 
Poeiras minerais: 
 Sílica: as formas cristalinas, por serem mais compactas (0,05 a 5µm), são as mais nocivas 
ao homem. A silicose é uma doença causada pela poeira da sílica, podendo se desenvolver 
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Francisco Alves Pinheiro 6 | P á g i n a 
 
de forma rápida ou lenta. Na forma aguda, o surgimento de sintomas pode se dar de 8 a 18 
meses após a primeira exposição. Ocorre principalmente em trabalhadores de indústrias de 
sabão em pó, os expostos a processo de jateamento de areia, e os que trabalham escavando 
túneis que utilizam furadeiras de rocha de alta potência. Outros minerais utilizados em 
processos industriais também possuem sílica e podem afetar a saúde dos trabalhadores. É 
o caso do carvão mineral e da grafita; 
 Asbesto (amianto): é um mineral muito utilizado industrialmente, devido as suas ricas 
propriedades: alta resistência ao calor, ao fogo e à maioria das substâncias químicas. A 
asbestose, doença causada pela exposição a poeiras de amianto, leva, em geral, de 15 a 25 
anos para se manifestar, causando o endurecimento lento do pulmão. Essa doença, apesar 
de grave e de não ter cura, não é a doença de maior gravidade, e nem a mais comum, na 
exposição ocupacional ao amianto, já que este causa também, mesotelioma, câncer de 
pulmão, doenças pleurais e câncer de faringe e doaparelho digestivo; 
 Outras poeiras minerais: berilo – berilose; ferro – siderose; bário – baritose; estanho – 
estaniose. 
Poeiras orgânicas: 
 Algodão: a exposição à poeira do algodão produz uma enfermidade denominada 
bissinose. A bissinose também é produzida por outros tipos de poeiras vegetais, como as 
do linho e do cânhamo (SALIBA, 2000); 
 Bagaço de cana: produz uma enfermidade denominada bagaçose. Esta doença inicia-se 
subitamente, poucas horas após a exposição, provocando falta de ar, tosse e febre. A 
repetição das afecções pode levar à fibrose pulmonar; 
 Outras poeiras orgânicas: poeiras de feno, esporos de cogumelos, enzimas de detergente e 
fungos que contaminam ar condicionado de prédios e escritórios, podem causar 
enfermidades semelhantes á bagaçose. 
b) Fumos – são partículas sólidas resultantes da condensação de vapores ou reação química, 
geralmente após a volatilização de metais fundidos. Ex: operações de soldagem, fundições e 
aciarias, e pintura a pistola. 
Os principais fumos metálicos são: 
 Chumbo: o chumbo é encontrado nas tintas e nas operações de esmerilhamento. O 
chumbo orgânico ou chumbo tetraetila era usado até a década de 70, no Brasil, como 
antidetonante da gasolina e é facilmente absorvido pela pele e pela respiração, tendo sido 
substituído pelo álcool anidro. A inalação do chumbo pode provocar uma doença 
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denominada saturnismo. Essa doença provoca anemia, cólica intestinal dolorosa e neurite, 
levando ao comprometimento do cérebro; 
 Cádmio: a intoxicação industrial pode ocorrer quando metais revestidos por cádmio são 
queimados ou soldados, desprendendo-o em forma de fumos, ou quando está presente 
como uma impureza em outros metais. Devido a sua elevada toxicidade, os metais que 
contém cádmio são obrigados a serem rotulados; 
 Cromo: as lesões provocadas pelo cromo atingem a pele, as membranas nasais e, em 
menor freqüência, a laringe e os pulmões. As fossas nasais são extremamente sensíveis ao 
ácido crômico e ás nevoas de cromato, podendo ocorrer hemorragias, ulcerações e até 
perfuração do septo nasal; 
 Mercúrio: o percurso do mercúrio no organismo, que tem poucas condições de eliminá-lo, 
são os rins, fígado e cérebro. Neste último estágio produz efeitos de alta gravidade. No 
Brasil, é preocupante a persistente utilização do mercúrio nos garimpos junto aos rios 
ricos em ouro; 
 Borracha: a fabricação da borracha produz o negro de fumo, que causa efeitos nocivos ao 
pulmão. 
 
3.1.3.3. Particulados líquidos 
a) Névoas: são partículas líquidas (gotículas), resultantes da condensação de vapores de 
substâncias que são líquidas à temperatura ambiente. Ex: névoas de tintas na operação de 
pintura com pistola e as névoas de agrotóxicos, nas suas distintas formas de aplicação. 
b) Neblinas: são formadas pela condensação de vapores de substâncias líquidas que 
volatilizam. 
 Outra classificação bastante utilizada é dada pela DL50, que é a dose letal do agente 
tóxico (em mg do agente/kg de peso do organismo teste) que causa efeito tóxico a 50% dos 
organismos em teste, apresentada a seguir: 
Extremamente tóxico DL50 ≤ 1 mg/kg 
Altamente tóxicos 1 mg/kg < DL50 ≤50 mg/kg 
Moderadamente tóxico 50 mg/kg < DL50 ≤500 mg/kg 
Levemente tóxico 0,5 g/kg < DL50 ≤ 5 g/kg 
Praticamente não tóxico 5 g/kg < DL50 ≤ 15 g/kg 
Relativamente inócuos DL50 > 15 g/kg 
 
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3.1.4. Tipos de interações entre agentes químicos 
As interações geralmente ocorrem quando o homem está exposto a dois ou mais 
agentes químicos, resultando em alterações da toxicocinética e da toxicodinâmica que lhes são 
características. 
A. Ação independente: quando os agentes tóxicos têm distintas ações e produzem diferentes 
efeitos; 
B. Efeito aditivo: ocorre quando a magnitude do efeito produzido por dois ou mais agentes 
tóxicos são quantitativamente igual à soma dos efeitos produzidos individualmente. 
C. Sinergismo: ocorre quando o efeito a dois ou mais agentes tóxicos se produz de forma 
combinada e é maior que o efeito aditivo. 
D. potenciação: ocorre quando um agente tóxico tem seu efeito aumentado por agir 
simultaneamente com um agente não tóxico. 
E. Antagonismo: ocorre quando o efeito produzido por dois agentes tóxicos é menor que o 
efeito aditivo, um reduzindo o efeito do outro. 
Nas exposições ocupacionais a vários agentes químicos, as reações adversas 
produzidas no organismo são múltiplas, pois os mecanismos de ação são inúmeros. Os 
mecanismos envolvidos nos processos de interação agente tóxico-sistema biológico não são 
inteiramente conhecidos; entretanto, a intensidade da ação tóxica depende, entre outros 
fatores, da concentração do agente no local da ação, da reatividade do agente para com o 
organismo e da suscetibilidade orgânica aos efeitos adversos. 
 
3.1.5. Vias de penetração 
As substâncias químicas podem ser absorvidas pelo organismo humano pela pele, 
pelo nariz e pela boca. 
A. Via dérmica: a via dérmica (pele) é a mais importante para as exposições a agrotóxicos, 
representando cerca de 99% do total absorvido. Tem-se que ressaltar que no corpo humano o 
tecido dermal não é homogêneo, as mucosas (olhos, boca, narinas, ânus e genitálias), por 
exemplo, são bem mais absorventes que as demais áreas. 
B. Via respiratória: a via respiratória (nariz) é a principal preocupação da grande maioria dos 
casos de exposição química industrial. 
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C. Via oral: a via oral (boca) é decorrente de ingestões acidentais ou suicidas e, 
principalmente, de atos não recomendáveis, como fumar ou se alimentar durante o trabalho 
sem uma higienização de segurança. 
 
3.1.6. Efeitos dos agentes químicos 
O agente químico age de forma insidiosa sobre o organismo, acumulando-se e 
produzindo efeitos de médio e longo prazo. A observação dos efeitos dos agentes químicos 
sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente se reveste de uma alta complexidade 
científica, e requer, na maioria das vezes que se disponha de clínicas e laboratórios de alta 
complexidade, nem sempre disponível nos países em desenvolvimento. 
Tipos de efeitos tóxicos: 
A. Teratogênicos: produzem más formações congênitas – gases anestésicos, compostos 
orgânicos de mercúrio, radiações ionizantes, talidomida. 
B. Mutagênicos: causam alterações (mutações) no código genético, alterando o DNA – óxido 
de etileno, radiações ionizantes, peróxido de hidrogênio, benzeno e hidrazina. 
C. Carcinogênicos: provocam câncer – dibrometo de etileno, sulfato de metila, cloreto de 
vinila, dioxinas e furanos. 
O efeito tóxico de uma substância pode afetar diversos órgãos internos do ser 
humano, agindo nas formas descritas abaixo: 
 Toxicidade hepática – o fígado é sensível ao agente tóxico por dois motivos fundamentais.Em primeiro lugar, os agentes tóxicos quando absorvidos por via oral passam 
obrigatoriamente pelo fígado antes de chegar à circulação geral. Por outro lado por ser o 
lugar principal do metabolismo, pode originar produtos intermediários mais reativos e 
capazes de lesioná-lo; 
 Toxicidade renal – o rim é menos afetado pelos efeitos tóxicos dessas substâncias, já que 
estes são excretados normalmente na forma de metabólicos inativos. Contanto, existem 
substâncias químicas nefrotóxicas; 
 Toxicidade neurológica: muitas substâncias que são tóxicas em outras partes do 
organismo também podem afetar o SNC. 
O tempo entre a exposição a um determinado agente químico e a manifestação de 
uma enfermidade em decorrência dessa exposição pode levar alguns minutos ou mais de 30 
anos. Essa e outras características dos agentes químicos dificultam sobremaneira o 
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diagnóstico do nexo causal de uma enfermidade ocupacional decorrente da exposição 
química. 
 Segundo Lauwerys os agentes químicos atuam no organismo através de quatro fases, 
que ocorrem até o aparecimento de um caso de intoxicação, as quais são: 
 Fase de exposição: é representada pelo período em que o indivíduo fica exposto aos 
diversos componentes ambientais (ar, solo, água e alimentos), pelas diversas vias 
possíveis de absorção; 
 Fase toxicocinética: compreende a absorção da substância química através das 
diversas vias, sua distribuição, transformação, acumulação e eliminação pelo 
organismo; 
 Fase toxicodinâmica: é a fase correspondente à interação da substância química com 
moléculas específicas, podendo causar desde leves desequilíbrios até a morte. Esta 
fase é essencial ao processo de intoxicação, onde ocorre o aparecimento do efeito no 
organismo; 
 Fase clínica: sendo caracterizada pela exteriorização dos efeitos do agente tóxico, ou 
seja, o aparecimento de sinais e sintomas da intoxicação. 
 Os efeitos sobre a saúde humana dos principais agentes químicos estão relacionadas 
no quadro a seguir: 
AGENTE QUÍMICO EFEITOS SOBRE A SAÚDE 
INORGÃNICOS 
Arsênio 
A intoxicação aguda compromete o SNC, podendo levar ao 
coma e à morte. O envenenamento crônico caracteriza-se por 
fraqueza muscular, perda do apetite e náuseas. 
Cádmio 
Provoca desordens gastrintestinais graves, bronquite, 
enfisema, anemia e cálculo renal. 
Chumbo 
Provoca cansaço, ligeiros transtornos abdominais, 
irritabilidade e anemia. 
Cianetos Pode ser fatal em altas doses. 
Cromo 
Baixas doses causam irritação nas mucosas gastrintestinais, 
úlcera e inflamação da pele. Altas doses provocam doenças 
no fígado e nos rins, podendo ser fatal. 
Fluoretos 
Altas doses provocam doenças como a fluorose dental, 
alterações ósseas, inflamação no estômago e intestinos. 
Mercúrio 
Os principais efeitos da intoxicação por mercúrio são 
transtornos neurológicos e renais. Também causa efeitos 
tóxicos nas glândulas sexuais e possui efeitos mutagênicos. 
Nitratos 
Em crianças, provocam deficiência de hemoglobina no 
sangue, podendo ser fatal. 
Prata Provoca descoloração da pele, dos cabelos e das unhas. 
ORGÃNICOS 
Benzeno 
A exposição aguda provoca depressão do SNC. Existem 
evidências de anemia e leucopenia por exposição crônica ao 
benzeno. 
Clordano 
Provoca vômitos e convulsões. Foram reportados efeitos 
teratogênicos, carcinogênicos e mutagênicos em ratos de 
laboratório. 
Fonte: FONSECA, J. A. C. da (2003). 
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3.2. AGENTES FÍSICOS DE RISCO 
São os riscos gerados pelos agentes que têm capacidade de modificar as características 
físicas do meio ambiente. Por exemplo, a existência de um tear numa tecelagem introduz no 
ambiente um risco físico, já que tal máquina gera ruídos, isto é, ondas sonoras que irão alterar 
a pressão acústica que incide sobre os ouvidos dos operários. 
 Os riscos físicos se caracterizam por: 
a) Exigirem um meio de transmissão (em geral o ar) para propagarem sua nocividade; 
b) Agirem mesmo sobre pessoas que não têm contato direto com a fonte do risco; 
c) Em geral, ocasionarem lesões crônicas, mediatas. 
 Alguns exemplos de agentes físicos: ruído, iluminação, vibrações, calor, radiações 
ionizantes (raios-X) ou não ionizantes (radiação ultravioleta), pressões anormais, etc. 
Os agentes físicos estão contemplados na NR-15, que trata de atividades e operações 
insalubres. Esses agentes são: temperaturas extremas (frio e calor), pressões anormais, 
radiações ionizantes e não ionizantes, vibrações e iluminação, entre outros. 
3.2.1. Temperaturas extremas: 
A. Frio 
Um ambiente é considerado frio quando as temperaturas são inferiores àquelas que o 
corpo humano está acostumado a sentir quando em condições de conforto em seu ambiente de 
trabalho, ou seja, a sensação de frio varia de organismo para organismo. 
Cabe salientar que a falta de limites de tolerância não significa que qualquer exposição seja 
insalubre. A intensidade do agente e o tempo de exposição devem ser levados em conta no 
momento da avaliação. 
O agente físico frio (NR-15, anexo 9), é avaliado por critério qualitativo e envolve as 
atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas ou em locais que 
apresentem condições similares, que exponham o trabalhador ao frio, em temperaturas que 
chegam a 25 graus negativos. 
O frio pode causar danos locais nos tecidos bem como inúmeras doenças, como: 
congelamento, hipotermia, urticária, irritação cutânea, entre outras. 
 
 
 
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B. Calor 
A transmissão de calor entre o corpo e o ambiente engloba os seguintes processos: 
 Condução - pelo contato direto entre os corpos; 
 Radiação – é a transmissão do calor por meio de ondas. O calor do sol é transmitido por 
esse processo; 
 Convecção – é a transmissão do calor por meio de correntes circulatórias originadas na 
fonte. É a forma característica de transmissão de calor nos líquidos e gases. 
Para que se efetue a transferência total do calor do corpo, o calor metabólico deverá 
se encontrar balanceado com o ambiente, por meio dos processos de convecção, radiação e 
evaporação. Na evaporação o ser humano tem a capacidade de transpirar como meio de 
resfriar o seu corpo. A transpiração aumenta à medida que o corpo necessita aumentar o 
resfriamento para remover o calor. 
Para a avaliação da exposição ao calor existem vários índices, sendo que o índice 
adotado deve levar em conta os fatores ambientais, o metabolismo e o tempo de exposição. 
A NR-15, anexo 3, diz que a exposição ao calor deve ser avaliada através do Índice 
de Bulbo Úmido-Termômetro de Globo – IBUTG. Ela também prevê limites de tolerância 
para exposição ao calor em regime de trabalho intermitente com período de descanso no 
próprio local de trabalho ou fora dele. Cabe ressaltar que esses períodos de descanso são 
considerados tempo de serviço para todosos efeitos legais. Outro aspecto a ser considerado é 
que as medições devem ser realizadas no período mais desfavorável do ciclo de trabalho e no 
período de 60 minutos (alternância trabalho/descanso). 
Os efeitos de elevadas temperaturas e do calor ambiental sobre o ser humano são 
relacionados a doenças devido ao calor e a queimaduras de pele. 
C. Ruído 
É denominado ruído todo tipo de som desagradável para as pessoas que a ele são 
expostos. Constituem-se numa mistura de sons cujas freqüências não seguem nenhuma lei 
definida. 
Existem duas análises para se classificar o tipo de ruído a que um trabalhador está 
exposto: ruído contínuo ou intermitente e ruído de impacto. A NR-15 define como ruído de 
impacto aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a um segundo, a 
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intervalos superiores a um segundo. Já ruído contínuo ou intermitente é o contrário, ou seja, 
quando ocorrem impactos simultâneos em número superior a sessenta por minuto esse ruído é 
contínuo. É o caso de várias prensas funcionando simultaneamente. 
Os níveis de ruído contínuo ou intermitente, segundo a NR-15, devem ser medidos 
em decibéis (dB), por medidor de nível de pressão sonora operando no circuito de 
compensação “A” e circuito de resposta lenta (SLOW). As medidas devem ser feitas 
próximas ao ouvido do trabalhador. 
Analisando o quadro dos limites de tolerância da NR-15, observa-se que para cada 
nível de ruído há um tempo máximo de exposição diária permitida sem o uso de Equipamento 
de proteção Individual (EPI), protetor auricular. Segundo esse quadro, a exposição máxima 
diária permissível para 8 horas de trabalho é de 85 dB (A), e não é permitida uma exposição a 
níveis de ruído acima de 115 dB (A), fato que ofereceria risco grave e iminente. Como um 
protetor auricular atenua, em média, 20 dB (A), uma exposição de 8 horas acima de 115 dB 
(A), mesmo com protetor auricular não protege adequadamente o trabalhador, cabendo à DRT 
o embargo ou interdição do estabelecimento até regularização desta situação. 
Os níveis de ruído de impacto devem ser medidos em decibéis (dB), com medidor de 
nível de pressão sonora operando no circuito linear com circuito de resposta para impacto. O 
limite de tolerância para ruído de impacto é de 130 dB (LINEAR). Em caso de não se dispor 
de medidor com resposta para impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta 
rápida (FAST) e circuito de compensação “C”. Neste caso, o limite de tolerância será de 120 
dB (C). 
As atividades que exponham os trabalhadores sem proteção adequada, a níveis de 
ruído de impacto superiores a 140 dB (LINEAR), medidos no circuito de resposta para 
impacto, ou superiores a 130 dB (C), medidos no circuito de resposta rápida (FAST), 
oferecerão risco grave e iminente. 
D. Pressões anormais 
Pressões anormais são aquelas diferentes das existentes ao nível do mar. A pressão 
abaixo do nível do mar, dependendo da densidade da água, aumenta aproximadamente 1 atm. 
a cada 32 a 33 pés, respectivamente 9,60 a 9,90 m. 
O corpo humano pode tolerar mudanças de pressão dentro de uma faixa limitada. A 
lei de Dalton, ou das pressões parciais, estabelece que a pressão parcial de qualquer gás em 
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uma mistura é igual ao produto da pressão total multiplicado pela percentagem do gás na 
mistura, ou seja: 
P = Ptotal x % gás 
Onde: 
P = pressão parcial 
Ptotal = pressão total 
% = porcentagem norma do oxigênio, em torno de 21%. 
Os ambientes de trabalho sob altas pressões são os trabalhos sob ar comprimido e os 
trabalhos submersos, nas atividades de construção submarina e processos de mergulho. 
As baixas pressões são encontradas em ambientes que possuem pressão menor que a 
existente ao nível do mar. A pressão parcial do oxigênio afeta a capacidade do sangue de 
transportá-lo através do corpo. Essa diminuição do transporte de oxigênio afeta o 
metabolismo das células, levando à hipoxia. Um dos primeiros efeitos a serem percebidos é a 
perda da visão noturna, começando sua manifestação a partir de 1800 m de altitude. Acima 
desta começa a perda parcial de memória, julgamento e coordenação, euforia, síncope e 
morte. 
E. Radiações Ionizantes 
 A radiação ionizante é uma radiação eletromagnética ou particulada capaz de 
produzir íons quando interatua com átomos e moléculas. Os principais tipos de radiação 
ionizante são os raios X, raios gama, partículas alfa, beta e nêutrons, entre outros. 
As fontes de radiação ionizante são divididas em dois tipos: 
 Radiação natural – é encontrada em terrenos que emitem radiações gama e cósmica; 
 Radiação artificial – é encontrada em aparelhos de televisão, monitores de computador, 
diais luminosos de relógio e sinais luminosos. Fazem parte desse grupo os raios X, gama e 
beta, que são usados para diagnósticos de doenças. 
A avaliação da exposição a radiações ionizantes, para efeitos de insalubridade, deve 
obedecer aos limites de tolerância estabelecidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear 
(CNEN). Todavia o MTE, através da portaria 3.39/87, passou a considerar como perigosas 
todas as atividades envolvendo radiações ionizantes, independentes de limites de exposição. 
Por exemplo, um empregado que opera raios-X, cuja exposição à radiação é inferior ao limite 
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de exposição, não terá direito ao adicional de insalubridade. Todavia, terá direito ao adicional 
de periculosidade. Se o agente gerar direito aos dois adicionais, o trabalhador deverá optar por 
um deles, não podendo acumulá-los, segundo o art. 193, § 2º da CLT. 
F. Radiações Não Ionizantes 
 São as derivadas do espectro magnético, que é a distribuição das radiações 
eletromagnéticas em função do comprimento e longitude de onda. Divide-se em: 
 Radiações não ionizantes naturais, como o fogo e o sol; 
 Radiações não ionizantes artificiais, encontradas nos aparelhos de microondas, de raios 
laser, etc. 
A caracterização da insalubridade será por inspeção realizada no local de trabalho, 
por critérios qualitativos, levando-se em conta o tempo de exposição, a distância do 
trabalhador à fonte e o tipo de proteção usada. 
G. Vibrações 
As vibrações oriundas de máquinas ou equipamentos possuem como meio gerar 
choque, e a maioria induzem esses fenômenos como subprodutos indesejados. Existem 
basicamente 3 tipos de exposição a vibrações pelo corpo humano: 
 Vibração transmitida simultaneamente para todo o corpo, vindo da superfície. Ex: alta 
intensidade sonora no ar ou água excita vibrações do corpo; 
 Vibrações transmitidas para o corpo como um todo, através da superfície dos pés, na 
vertical ou pela bacia (sentado). Ex: vibrações causadas por veículos, construções e nas 
proximidades de máquinas de trabalho; 
 Vibrações aplicadas em partes particulares do corpo, tais como cabeça, e membros. 
Existem várias práticas para controlar

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