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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E O GERENCIAMENTO DE CAPITAL AULA 1 Prof. Daniel Weigert Cavagnari 2 CONVERSA INICIAL A questão principal é que a Administração Financeira, apesar de tratar de todas as áreas que necessitam de controle financeiro, não tem relação direta com questões de finanças pessoais ou corporativas. Ou seja, quando tratamos de relações humanas, comerciais ou produtivas, a administração financeira não trata da dinâmica de cada uma delas, e sim, da parte quantitativa, tanto de viabilidade e lucratividade, quanto de prejuízo. Uma questão importante é a diferenciação das funções financeiras. Contas a pagar, fluxo de caixa e orçamentos, são ferramentas de decisão da administração financeira, que trata de propósitos objetivos, imediatos; ela vai além disso, pois trata, acima de qualquer coisa, do futuro. Isto, obviamente, não faz da administração financeira mais importante do que outras áreas, mas sim uma questão que também merece atenção especial e dedicação, tanto para funcionar corretamente, quanto para orientar outras áreas de suas funções financeiras. Por exemplo: quando abrimos uma empresa, as questões financeiras mais importantes são de distribuição do capital investido, pagamento de juros e amortização do capital de terceiros (empréstimos) e primeiros recursos financeiros. Embora se exija uma atenção especial para que esses recursos sejam melhor aplicados, é necessária uma programação futura para garantia de continuidade do empreendimento. É como planejarmos nosso futuro com base em objetivos e metas a serem cumpridos e que muitas vezes exigem cuidado especial. Lógico que muitas vezes é difícil perceber a qualidade ou necessidade dessa prática administrativa, levando as empresas muitas vezes à visão errônea de que a administração financeira se limita a controle de gastos e acúmulo de capital. Assim, calculadoras e livros a tiracolo, e mãos à obra! 3 CONTEXTUALIZANDO Os 10% da discórdia do Fundo de Garantia O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é reconhecido pelo trabalhador como uma espécie de poupança, embora tenha uma aplicação social que vai muito além do patrimônio individual. Criado em setembro de 1966, o FGTS surgiu como uma forma de flexibilizar as relações entre empregadores e trabalhadores. Até então, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) estabelecia que empregados com mais de 10 anos de registro em carteira teriam estabilidade no emprego, só podendo ser demitidos em casos de falhas graves. “A lei, no entanto, levava ao efeito contrário: as empresas acabavam demitindo os funcionários ao completarem nove anos na empresa para evitar a estabilidade”, explica o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn. Para equilibrar os dois lados, contemplando o pleito das empresas sem prejudicar o trabalhador, foi criado o FGTS, que imputava às empresas o depósito mensal de 8% sobre o salário na conta vinculada ao empregado. A medida flexibilizou as relações de trabalho, garantindo recursos em situações como demissão sem justa causa, que ainda exige do empregador o pagamento de 40% do total depositado na conta do FGTS. “Ao longo do tempo, uma empresa pode crescer ou diminuir. Nesse sentido, é fundamental que disponha do direito de contratar e demitir, adequando sua força de trabalho ao tamanho de seu negócio”, detalha Bohn, explicitando que a solução beneficiou ambos os lados. Em quase cinco décadas, desde que foi adotado, o FGTS compôs recursos não só para atender individualmente os trabalhadores, mas também gerando aporte a outras áreas, especialmente a habitação. Em 2006, quando o fundo completou 40 anos, já haviam sido aplicados mais de R$ 80 bilhões nas áreas de habitação, saneamento e desenvolvimento urbano, gerando aproximadamente 11 milhões de vagas e financiando de mais de 6 milhões de habitações até então. Em quatro décadas, o fundo contabilizava cerca de 370 milhões de saques realizados pelos trabalhadores, que resultaram em um montante de R$ 250 bilhões injetados na economia brasileira. Apesar dos números positivos, o fundo passou por um período crítico de déficit, decorrente dos planos econômicos das décadas de 1980 e 1990. O FGTS registrava um rombo de R$ 42 bilhões em 2001. A partir de uma grande articulação entre governo e empresas, foram aprovadas e instituídas pela Lei Complementar 110/2001, duas contribuições adicionais para sanar as contas, uma de 0,5% incidente sobre a remuneração mensal do trabalhador, com prazo de 60 meses (compreendendo o período de janeiro de 2002 a janeiro de 2007), e outra de 10% sobre o saldo individual do FGTS no caso de demissão sem justa causa (sem prazo estabelecido). Assim, a partir de 2002, os empregadores passaram a depositar mensalmente 8,5% do salário nas contas de seus funcionários e, nos casos de demissão sem justa causa, além da multa de 40% sobre o saldo do fundo, mais 10% incidente sobre o mesmo montante. O equilíbrio financeiro do FGTS foi alcançado em 2012, segundo a Caixa Econômica Federal, porém a cobrança dos 10% adicionais permanece até hoje, embora seja questionada e combatida pela classe empresarial. Continue a leitura em: <http://www.sitecontabil.com.br/noticias/artigo.php?id=577>. Todos nós temos uma boa noção do que significa o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), principalmente quando começamos a trabalhar ou mudamos pela primeira vez de emprego. 4 O que não sabemos, ou melhor, não percebemos, pode estar bem diante dos nossos olhos, ofuscado pela tradição do senso comum em condicioná-lo como a única garantia de futuro na perda do emprego. Nossa visão como analistas financeiros começa por aqui, olhando para nós mesmos e respondendo a algumas questões, que clareiam conforme nos conformamos com a realidade. 1.1 Pesquise Com base no FGTS, pesquise, reflita e responda às seguintes questões: Se seu chefe se aproximasse de você e dissesse que aumentará seu salário em 10%, independentemente de qualquer ajuste sindical ou inflacionário previsto, desde que você abrisse mão de seu FGTS, e em caso de demissão, em vez de receber 40% a mais sobre os depósitos do FGTS, receberia apenas 15% sobre os valores extras dos 10% de aumento. Você aceitaria? Justifique sua resposta. Se sua resposta foi “sim”, o que o faria mudar de opinião? Se sua resposta foi “não”, o que você poderia mudar em seu pensamento (ou comportamento) para aceitar a proposta? Nossa jornada ao pensamento administrativo financeiro começa aqui. Após essa discussão, você estará preparado para pensar em dinheiro não apenas como meio de compra, mas como riqueza. Está preparado? Ao final da atividade, apresentaremos justificativas e iniciaremos um debate acerca dos ganhos e perdas. TEMA 1 – CONCEITOS GERAIS Todos sabemos que a Matemática é uma ciência precisa, lógica. Isso significa que, para a Administração Financeira, dois mais dois sempre serão quatro, independentemente dos valores implícitos que algo possa sugerir, como é o caso de apostar em mercados futuros, ou de coisas que ainda não amadureceram. Obviamente, e ainda dentro da lógica, incluímos esses valores, somando-os quando as variáveis são positivas e subtraindo quando o risco é eminente. No entanto, não podemos esquecer do fundamental: a paridade dos valores. Se de um lado alguém está ganhando, de outro com certeza haverá quem perca. 5 Figura 1 – HP-80 – Primeira calculadora financeira de bolso no mundo (1973) Fonte: <http://www.hpmuseum.org/3qs/803q.jpg>.Há muitas vertentes que nos levam a pensar financeiramente e a tomar decisões importantes referentes ao passado, ao presente ou ao futuro, como: Empréstimos para investimento: pagamento desses empréstimos; Receitas de vendas: controle de fluxos; Investimentos de capital: retorno desses investimentos. O mais importante é que o administrador financeiro tenha noção do valor do dinheiro no tempo. Não é só da imaginação do quanto valeria determinado capital investido, em poupança ou qualquer outro canal, mas de seu valor por sua liquidez. Um exemplo: mês de dezembro, dois dias para recebimento do salário. Algum problema se o chefe disser que o pagamento será feito apenas no dia 27/12? Pois então: a noção do valor do dinheiro no tempo é essa, não pela sua possibilidade de aplicação ou de amortização de dívidas, mas pela sua liquidez imediata. Hoje, R$ 100,00 podem valer duas vezes mais do que R$ 100,00 daqui a um ano. Não nos referimos ainda aos juros empregados. Apesar de a sensação de que R$ 100,00 hoje vale apenas R$ 50,00 um ano depois ser real, não há qualquer aplicação que pague 100% de juros reais. Vejamos outro exemplo: você recebe uma bolada de R$ 50.000,00 e aplica tudo em um fundo de longo prazo, como o Tesouro Direto por exemplo, por aproximadamente 10 anos. O rendimento será imenso, mas pense em outras questões por conta disso: Você leva o dobro do tempo para visitar seus clientes por não ter carro; 6 Precisa fazer uma operação que seu plano não cobre de imediato; Encontrou uma casa pela metade do preço de mercado, entre outros. Para Keynes (1936) por exemplo, o principal motivo da necessidade de liquidez é a garantia de recursos líquidos, para enfrentar as emergências, dificuldades e crises existentes. Enfim, se os R$ 50.000,00 eram tudo o que você possuía, o mais certo realmente seria aplicar tudo, porém, em carteiras diferenciadas, no tempo. O tempo: aliado do administrador financeiro, ou então, o grande vilão da liquidez e da segurança. Quanto mais o tempo passa, mais o dinheiro aplicado rende, e mais caro pode ser o risco de não o possuir quando precisar. TEMA 2 – O ADMINISTRADOR FINANCEIRO Agora que já temos a noção de que o administrador financeiro é o ator principal da Gestão Financeira, vejamos algumas das suas principais funções: Tomada de decisões que maximizem a riqueza do empreendimento; Redução ao mínimo possível de risco do negócio; Orientação da receita ao volume, mais do que as próprias margens de lucros; Obtenção de lucros reais, variável essa, como vimos, ligada ao tempo. Lucro: medida pontual dos resultados. Riqueza: criação de valor ao longo do tempo. Uma questão importante: quanto maior o lucro marginal, maior a riqueza? Observe este exemplo: Digamos que uma determinada empresa, fabricante de embalagens plásticas, decida-se por aumentar seus lucros no menor prazo possível. Suas opções são: Mudar de fornecedor; Reduzir custos e despesas diversas; Aumentar o preço do seu produto; Planejar a ampliação da sua receita. 7 2.1 Mudança de fornecedor Acarreta na maioria das vezes em custos com qualificações e retrabalho, o que prolonga em muito o investimento no curto prazo. No entanto, é uma opção importante e deve ser contínua, tanto para o progresso da empresa, como da qualificação do produto. JBS fornecerá hambúrguer para rede McDonald’s O hambúrguer nosso de cada dia do McDonald’s já não é mais o mesmo. Literalmente. Sem alarde para não causar melindres, a rede de lanchonetes mais popular do planeta decidiu ampliar sua cadeia de fornecedores no Brasil. Depois de meses de testes severos e exaustivos, a JBS foi escolhida para dividir com a Marfrig o abastecimento de hambúrgueres para o grupo. Uma fonte da coluna informa que esse movimento foi reflexo do plano de expansão do McDonald’s no país. A ideia é não ficar dependente de apenas um frigorífico. A parte da JBS será produzida na fábrica de Campo Grande, que custou R$ 55 milhões, tem capacidade para processar 64 toneladas de carne por dia e foi criada apenas para produzir "super- gelados". Ou seja: almôndega, quibe e hambúrguer. O frigorífico comandado por Wesley Batista já é fornecedor do Burger King. McDonald’s e JBS optaram por não dar muita visibilidade para essa parceria. Fonte: VENCESLAU, P. JBS fornecerá hambúrguer para rede McDonald’s Brasil Econômico, 4 jul. 2012. Disponível em: <https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/agronegocio-na-midia/25047/jbs- fornecera-hamburguer-para-rede-mcdonald%E2%80%99s.htm>. Acesso em: 12 maio 2017. 2.2 Redução de custos e despesas Corte de funcionários: inviável, pois onera a produtividade ao longo do tempo, tanto em sobrecarga de trabalho, como em especialização do trabalho. Corte de processos ou de matéria-prima: no curto prazo, um aumento nos lucros; no longo prazo, uma redução na receita com pouca possibilidade de retorno. Apresenta risco de sacrifício na qualidade do produto. Redução na manutenção de máquinas e equipamentos: o mesmo que corte de processos. Mudança em embalagens e prêmios: embalagens mais baratas, acompanhamentos do produto, entre outros. 8 2.3 Aumento do preço A concorrência agradece: o preço é determinação do mercado, e apenas naqueles mercados puramente monopolistas, o empresário tem condições de determinar o preço ou fazer ajustes conforme suas necessidades. Mesmo assim, deve-se respeitar os limites do mercado, pois no fim, novamente o consumidor definirá se aceita, se está disposto e se tem condições de pagar um preço maior. 2.4 Ampliação da receita É a opção mais viável, pois a riqueza é a soma de todos os lucros da empresa ao longo do tempo, e não apenas a margem de lucro (mark-up) em um determinado período. Um lucro baixo e uma receita alta acarretam em lucros frequentes. Temos então, o aumento da riqueza. Lembremos da fórmula da receita total (faturamento): RT = Quantidade x Preço Observe este exemplo: digamos que em um determinado mês tenhamos o seguinte processo produtivo em uma fábrica de embalagens plásticas: Quantidade produzida: 10.000 unidades Preço de mercado: R$ 5,00 por unidade RT = 10.000 x 5 = R$ 50.000,00 Custo total (fixos e variáveis): R$ 40.000,00 Calculando nossos lucros totais (LT) teremos: LT = RT – CT LT = 50000 – 40000 = R$ 10.000,00 Vejamos um ajuste no lucro da empresa na “redução dos custos e despesas”: Redução de despesas de R$ 5.000. Logo: LT = 50000 – 35000 = R$ 15.000,00 9 Teremos então um aumento de R$ 5.000,00 nos lucros, porém, no curto prazo. Vejamos agora o resultado dessa redução de custos no longo prazo: Redução na venda do produto (qualidade sacrificada pelas mudanças) de 10.000 unidades para 7.000 unidades. RT = 7.000 un x R$ 5,00 = R$ 35.000,00 LT = R$ 35.000 – 32.000 = R$ 3.000,00 Temos então no curto prazo um aumento nos lucros totais de R$ 10.000,00 para R$ 15.000,00. No longo prazo teremos uma redução de R$ 15.000 para R$ 3.000,00 nesses mesmo lucros. Agora uma projeção para o aumento da receita. Lembrando que para tanto é necessário um projeto de ampliação do negócio, o que envolve desde contratos com novos fornecedores até a contratação de funcionários. No curto prazo: RT = 10.000 x 5,00 = R$ 50.000,00 CT = R$ 48.000,00 (aumento de R$ 8.000,00 nos custos por conta dos novos investimentos) LT = R$ 50.000,00 – R$ 48.000,00 = R$ 2.000 No longo prazo, um aumentonas vendas, resultado dos investimentos: RT = 17.000 un x 5,00 = R$ 85,000,00 LT = R$ 85.000,00 – R$ 48.000,00 = R$ 37.000,00 Um prazo mais longo ainda: RT = 21.000 un x 4,50 = R$ 94.500,00 LT = R$ 94.500,00 – R$ 45.000,00 = R$ 49.500,00 O financiamento do projeto de ampliação se dispersa e permanecem apenas os custos a mais da ampliação. Logo, percebe-se que não há um milagre na ampliação dos lucros; o que faz com que os ativos de uma empresa cresçam são os ativos investidos, e não os manipulados. 10 Sob essa ótica, os empresários estão em melhor situação quando as decisões tomadas influenciam o melhoramento dos seus empreendimentos. Vale pesar ainda que o maior lucro não é o volume em unidade monetária e sim, o tempo. Leitura obrigatória CHIAVENATO, Idalberto. Gestão financeira: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. p. 1 a 29. TEMA 3 – FERRAMENTAS DE CÁLCULO FINANCEIRO Você já deve ter ouvido falar que o dinheiro tem seu valor no tempo, que tem preços diferentes e que se multiplica. Quando é muito, é bom para os credores e problemático para devedores. Assim, uma das principais abordagens que veremos aqui é o uso da matemática como aliada das decisões financeiras. Para tanto, contaremos ainda com o uso de calculadoras financeiras para otimizar nosso tempo nos cálculos e nos trazer resultados precisos: dados precisos, decisões precisas. Antes de utilizarmos as ferramentas necessárias, vejamos algumas fórmulas conceituadas anteriormente. Observe que em alguns casos a nomenclatura da fórmula pode ser diferente, dependendo da abordagem de cada autor, o que, no entanto, não altera os resultados obtidos. O intuito aqui é que nos familiarizemos com essas nomenclaturas e as reconheçamos em qualquer aparato, como calculadoras e planilhas eletrônicas. 3.1 Capitalização simples e composta A capitalização simples é uma capitalização baseada apenas no valor original, ou seja, esse tipo de capitalização incide apenas no capital emprestado ou devido. É conhecido também como juros simples e capitalização linear. São ainda chamados de juros ordinários ou juros reais. A capitalização composta (ou comercial) é mais comum em empréstimos financeiros, como aplicações financeiras (ex.: a poupança). Diferente dos juros simples, a incidência da taxa recai sobre o capital acumulado em vez de apenas recair sobre o capital inicial. 11 Tabela 1: Exemplo de capitalização simples e capitalização composta Período (meses) Capitalização simples Juros simples (2% am) Capitalização composta Juros compostos (2% am) 01 1.000,00 x 0,02 (2%) 20,00 1.000,00 20,00 02 1.000,00 x 0,02 20,00 1.020,00 x 0,02 (1.000 + 20,00) 20,40 03 1.000,00 x 0,02 20,00 1.040,40 x 0,02 20,81 04 1.000,00 x 0,02 20,00 1.061,21 x 0,02 21,22 Total 80,00 Total 1.082,43 x 0,02 82,43 3.2 Simbologia tradicional C = Capital (capital investido ou aplicado, ou valor principal). Conhecido também por VA (valor atual), VP (valor presente), ou, PV (Present Value). O capital é base de cálculos que serão compostos e pode ser percebido em valores originais, ou valores nominais. Pode ainda ser entendido como “valor de face” quando impresso em um título de crédito (boleto, cheque, título, entre outros). M = Montante: valor que se resgata a partir do capital investido (capital + juros). Também conhecido por VF (valor futuro) ou FV (future value). i = Taxa de juros (sempre em %). J = Valor dos juros ou juros calculados (valor obtido pela taxa e período sobre o capital) n = Total de períodos correntes dos juros (meses, anos, dias, semanas etc.). 3.3 Períodos (n) financeiros ou comercial Na matemática financeira os períodos são compreendidos em valores fixos e comuns, embora nem sempre compreendam a realidade do calendário; são mais precisos do que isso. Quando trabalhamos com período ordinário (ou comercial), compreendemos que, se um mês tem 30 dias e um ano 12 meses, logo, um ano comercial tem 360 dias. Quando aplicamos os períodos comerciais à taxa de juros referida, chamamos os juros calculados de juros ordinários. 12 Quando a taxa aplicada atenta para nosso calendário (365/366 dias = 1 ano), chamamos de juros exatos. Tabela 2: Períodos ordinário e exato PERÍODOS ORDINÁRIO EXATO (*) SEMANA 7 7 MÊS 30 365 / 12 BIMESTRE 60 365 / 6 TRIMESTRE 90 365 / 4 SEMESTRE 180 365 / 2 ANO 360 365 (*) Nota: essa lógica só é aplicada quando não é conhecido o período real. Ex: 01/07/2016 a 20/09/2016 = 82 dias. Note que nos justos exatos usamos a forma de fração para não desperdiçar a precisão máxima do cálculo, ou seja, ao utilizarmos a fração no cálculo, a calculadora utilizará toda sua precisão. Para a matemática financeira, isso é fundamental. Arredondamento comercial ou financeiro Se o primeiro dígito a ser abandonado estiver entre 0 e 4, simplesmente ignoramos. Se o primeiro dígito a ser abandonado estiver entre 5 e 9, somamos 1 ao último dígito que permanecer. Ex.: Se o valor for de R$ 3.189,9928: para duas casas decimais (abandonamos o 2 e o 8 finais), sendo o primeiro dígito a ser abandonado igual a 2 (entre 0 e 4) o valor ficará: R$ 3.189,99. Porém, se o valor for R$ 3.189,995: o primeiro dígito a ser abandonado é o 5 (entre 5 e 9), somamos um ao último que ficou. Assim: R$ 3.190,00. Obs.: As calculadoras fazem isso automaticamente. 13 Quadro 1 – Fórmulas para cálculo de juros simples M = C * (1 + i * n) J = C * i * n J = M – C C = 𝐌 𝟏 + 𝐢 ∗ 𝐧 C = 𝐉 𝐢 ∗ 𝐧 –– n = 𝐌 𝐂 ∗ 𝐢 – 1 n = 𝐌−𝐂 𝐂 ∗ 𝐢 n = 𝐉 𝐂 ∗ 𝐢 i = 𝐌 𝐂 ∗ 𝐧 – 1 i = 𝐌−𝐂 𝐂 ∗ 𝐧 i = 𝐉 𝐂 ∗ 𝐧 Nota: i (taxa de juros); n (número de períodos); C (capital ou valor presente); M (montante ou valor futuro); J (valor dos juros); Para capitalização simples, qualquer calculadora, com o uso das fórmulas, possibilita os cálculos necessários. Para a capitalização composta também podemos utilizar as fórmulas específicas. Observe: Quadro 2 – Fórmulas para cálculo de capitalização composta M = C * (1 + i)n C = M (1+i)n J = C * [(1+i)n – 1] PMT = 𝑃𝑉 (𝟏+𝒊)𝒏.𝒊 (𝟏+𝒊)𝒏−𝟏 C = J (1 + i)n − 1 i = ( 𝑴 𝑪 ) 𝑛 – 1 i = √ 𝑴 𝑪 𝒏 − 𝟏 Nota: PMT = Payment (prestação); PV = Present Value (valor presente) TEMA 4 – CALCULADORAS FINANCEIRAS: A HP 12C Existem calculadoras com funções específicas para as fórmulas financeiras. São as calculadoras (não científicas) que apresentam como principal característica as seguintes teclas de dados: n i PV PMT FV 14 A calculadora que utilizaremos para nossos cálculos e exemplos é a HP- 12C, mais comum e tradicional dentre as comercializadas. Observamos que todas as calculadoras financeiras têm essa ordem e nomenclatura nas teclas dessas funções. Vejamos algumas funções básicas para cálculo de juros compostos dessa calculadora: PV: valor presente (valor inicial, valor atual); FV: valor futuro (valor final, montante); PMT: prestação (parcela paga em cada unidade de período); i: taxa de juros em %; n: número de períodos; CHS: mudança de sinal (+ / -); CLX: apaga o registro atual; ENTER: insere dados para uso no formato RPN de cálculos; STO + EEX (aparecerá um "C" na parte inferior do display, para aumento na precisãode cálculos de juros compostos). Como vemos, não são muitas as funções; estas substituem todas as demais fórmulas de juros compostas que conhecemos. A HP-12C tem uma forma particular de efetuar seus cálculos. É o RPN (reverse polish notation ou “notação polonesa inversa”) de cálculo. Inversa, porque se baseia em registradores (memorizações) que agilizam o cálculo. Embora pareça complicado, a princípio há uma necessidade de adaptação ao método, mas em poucos usos a prática se estabelece. Vejamos: Ex.: Soma de 2 + 2: 2 [Enter] (registra o número 2 na memória) 2 [+] (soma o número 2 ao último registrado na memória) Resultado imediato: 4 Outro exemplo: VP = 100 x (1 + 0,23) x 5 100 [Enter] (memorizado o número ‘100’ e reservado). 1 [Enter] (memorizado o número 1). 0,23 [ X ] (multiplica o 0,23 por ‘1’. Note os parênteses) 15 (resulta em ‘1,23’ e permanece na memória) [ X ] (multiplica o resultado 1,23 pelo ‘100’ que estava na memória) (resulta em 123) 5 [ X ] (multiplica o ‘5’ pelo resultado ‘123’ que aparece) Resultado final: 615. Esse método também facilita compreender os cálculos pelas teclas de função financeira. Observe o exemplo a seguir: Custos de capital de dois equipamentos: O equipamento X tem um preço de R$ 900.000,00; O equipamento Y custa R$ 1.800.000,00; Ambos têm vida útil de 20 anos; O custo de capital é de 18% a.a. Com esses dados, qual o custo de capital anual de ambos os equipamentos? Anotações: Cx = 900.000,00 nx = 20 Cy = 1.800.000,00 ny = 20 i = 18% a.a. Tradicionalmente poderíamos utilizar a fórmula de juros compostos para prestação (custo anual): PMT =PV . (1+𝑖)𝑛.𝑖 (1+𝑖)𝑛−1 PMT =900000 . (1+0,18)20.0,18 (1+0,18)20−1 PMT = 900000 . 4,930746229 26,3930346 = R$ 168.137,98 Mas como operamos uma HP 12C, faríamos: 900000 CHS PV 20 n 18 i 0 FV PMT Resultado: R$ 168.137,98 16 Na HP 12C não é necessário calcular a fórmula: basta preencher, nas funções financeiras que possuímos com os valores, e teclar a função da qual se deseja o resultado. Leitura complementar Leia o capítulo “A Calculadora Financeira HP 12C”. In: GIMENES, Cristiano Marchi. Matemática financeira com HP 12C e Excel: uma abordagem descomplicada. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2009. (p. 31 a 47). Disponível em: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576055662/pa ges/32>. TEMA 5 – FERRAMENTAS DE PROJEÇÃO FINANCEIRA Figura 2: Tabela Price formulada no Microsoft Excel Da mesma forma como utilizamos calculadoras financeiras para obter resultados imediatos de valores financeiros no tempo, contamos com outras ferramentas tecnológicas que nos auxiliam na planificação de resultados. 17 A mais tradicional é a planilha eletrônica Microsoft Excel. Com ela é possível a extração e transformação de todos e quaisquer números, os quais podem gerar novas informações importantes para analisarmos. Observe a planilha a seguir e note o quadro de financiamento no sistema Price (sistema francês de amortização, criado por Richard Price), no qual as parcelas (ou prestações) são constantes e a amortização da dívida é crescente. Nas 12 parcelas poderíamos vislumbrar, mês a mês, os resultados dos juros e amortizações pela calculadora financeira. Porém, não poderíamos apreciá-las todas de uma vez, avaliando e comparando o progresso da dívida. Por outro lado, pela planilha financeira, vemos essa planificação com facilidade. Tabela 3: Prestação dividida em 12x – Sistema Price Valor Taxa Mensal Parcelas 150.000,00 1,7% 12 t Prestação Juros Amortização Saldo devedor 0 - - - -150.000,00 1 13.923,91 2.550,00 11.373,91 -138.626,09 2 13.923,91 2.356,64 11.567,26 -127.058,83 3 13.923,91 2.160,00 11.763,91 -115.294,92 4 13.923,91 1.960,01 11.963,89 -103.331,03 5 13.923,91 1.756,63 12.167,28 -91.163,75 6 13.923,91 1.549,78 12.374,12 -78.789,62 7 13.923,91 1.339,42 12.584,48 -66.205,14 8 13.923,91 1.125,49 12.798,42 -53.406,72 9 13.923,91 907,91 13.015,99 -40.390,72 10 13.923,91 686,64 13.237,27 -27.153,46 11 13.923,91 461,61 13.462,30 -13.691,16 12 13.923,91 232,75 13.691,16 0,00 As fórmulas financeiras que utilizaríamos para compô-la, em uma planificação simples (sem o uso do Excel), seriam as seguintes: 1)1( .)1( . n n i ii PVPMTpost tt JPMTAmort ii i iPMTJ tn tn t .)1( 1)1( .. 1 1 ii i PMTSD tn tn .)1( 1)1( . 18 É claro que por meio de uma calculadora financeira o trabalho seria mais ameno, mas quando utilizamos uma planilha, o trabalho de desenhá-la é único e futuros resultados seriam instantâneos. 5.1. Funções no Excel As funções no Excel podem ser escritas diretamente nas células (=FUNÇÃO(parâmetros)). Cada função que inserimos em uma tabela, ela própria apresenta os parâmetros possíveis dessa função, a cada instrução. Vejamos a seguir as funções financeiras disponíveis no Excel. Função: PGTO (taxa;numeroperíodos;valorpresente;valorfuturo;tipo) Ex.: célula C3: = PGTO(10,5; 6; 100000; 0; 0) [Taxa: 10,5%; Períodos: 6 meses; Valor Presente: 100.000,00; Valor Futuro: Zero; Tipo: 0 (Begin)] Tabela 4 – Funções financeiras – Microsoft Excel em português FUNÇÃO Descrição ACCRINT Retorna os juros acumulados de um título que paga uma taxa periódica de juros ACCRINTM Retorna a taxa de juros acumulados de um título que paga juros no vencimento AMORDEGRC Retorna a depreciação para cada período contábil usando o coeficiente de depreciação AMORLINC Retorna a depreciação para cada período contábil COUPDAYBS Retorna o número de dias do início do período de cupom até a data de liquidação COUPDAYS Retorna o número de dias no período de cupom que contém a data de quitação COUPDAYSNC Retorna o número de dias da data de quitação até a data do próximo cupom COUPNCD Retorna a próxima data de cupom após a data de quitação COUPNUM Retorna o número de cupons pagáveis entre as datas de quitação e vencimento COUPPCD Retorna a data de cupom anterior à data de quitação CUMIPMT Retorna os juros acumulados pagos entre dois períodos CUMPRINC Retorna o capital acumulado pago sobre um empréstimo entre dois períodos BD Retorna a depreciação de um ativo para um período especificado, usando o método de balanço de declínio fixo BDD Retorna a depreciação de um ativo para um período especificado usando o método de balanço de declínio duplo ou algum outro método especificado (continua) 19 (continuação da Tabela 4) DISC Retorna a taxa de desconto de um título DOLLARDE Converte um preço em formato de moeda, na forma fracionária, em um preço na forma decimal DOLLARFR Converte um preço, apresentado na forma decimal, em um preço apresentado na forma fracionária DURATION Retorna a duração anual de um título com pagamentos de juros periódicos EFFECT Retorna a taxa de juros anual efetiva VF Retorna o valor futuro de um investimento FVSCHEDULE Retorna o valor futuro de um capital inicial após a aplicação de uma série de taxas de juros compostas INTRATE Retorna a taxa de juros de um título totalmente investido IPGTO Retorna o pagamento de juros para um investimento em um determinado período TIR Retorna a taxa interna de retorno de uma série de fluxos de caixa ÉPGTO Calcula os jurospagos durante um período especificado de um investimento MDURATION Retorna a duração de Macauley modificada para um título com um valor de paridade equivalente a R$ 100 MTIR Calcula a taxa interna de retorno em que fluxos de caixa positivos e negativos são financiados com diferentes taxas NOMINAL Retorna a taxa de juros nominal anual NPER Retorna o número de períodos de um investimento VPL Retorna o valor líquido atual de um investimento com base em uma série de fluxos de caixa periódicos e em uma taxa de desconto ODDFPRICE Retorna o preço por R$ 100 de valor nominal de um título com um primeiro período indefinido ODDFYIELD Retorna o rendimento de um título com um primeiro período indefinido ODDLPRICE Retorna o preço por R$ 100 de valor nominal de um título com um último período de cupom indefinido ODDLYIELD Retorna o rendimento de um título com um último período indefinido PGTO Retorna o pagamento periódico de uma anuidade PPGTO Retorna o pagamento de capital para determinado período de investimento PRICE Retorna a preço por R$ 100 de valor nominal de um título que paga juros periódicos PRICEDISC Retorna o preço por R$ 100 de valor nominal de um título descontado PRICEMAT Retorna o preço por R$ 100 de valor nominal de um título que paga juros no vencimento VP Retorna o valor presente de um investimento TAXA Retorna a taxa de juros por período de uma anuidade RECEIVED Retorna a quantia recebida no vencimento de um título totalmente investido DPD Retorna a depreciação em linha reta de um ativo durante um período SDA Retorna a depreciação dos dígitos da soma dos anos de um ativo para um período especificado (continua) 20 (continuação da Tabela 4) TBILLEQ Retorna o rendimento de um título equivalente a uma obrigação do Tesouro TBILLPRICE Retorna o preço por R$ 100 de valor nominal de uma obrigação do Tesouro TBILLYIELD Retorna o rendimento de uma obrigação do Tesouro BDV Retorna a depreciação de um ativo para um período especificado ou parcial usando um método de balanço declinante XIRR Fornece a taxa interna de retorno de um programa de fluxos de caixa não necessariamente periódico XNPV Retorna o valor presente líquido de um programa de fluxos de caixa não necessariamente periódico YIELD Retorna o rendimento de um título que paga juros periódicos YIELDDISC Retorna o rendimento anual de um título descontado. Por exemplo, uma obrigação do Tesouro YIELDMAT Retorna o rendimento anual de um título que paga juros no vencimento Fonte: Microsoft Excel 2013. Além das funções, as planilhas eletrônicas nos permitem avaliar graficamente as informações, sintetizando uma visão do todo e ilustrando com maior clareza os resultados. Com base na nossa planilha de exemplo anterior, com projeção de financiamento em 12 meses, vejamos o gráfico típico formado pela amortização e saldo devedor: Gráfico 1 – Amortização da Tabela 2 Os gráficos podem ser de diversos tipos, desde linhas e barras, à fracionadas (gráfico de pizza) e em 3D, cada um com sua especificação. -100% -80% -60% -40% -20% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 AMORTIZAÇÃO CRESCENTE Amortização Saldo Devedor 21 O uso de planilhas financeiras é fundamental para otimizar o trabalho do administrador financeiro, não requerendo, muitas vezes, uma habilidade extraordinária para isso. O fator preponderante da formação dessas planilhas está na capacidade de apreciar valores importantes e convertê-los em números mais precisos. Figura 3 – Planilha avançada (Microsoft Excel) Fonte: CMA Consultores Associados Um dos principais usos das planilhas eletrônicas está na geração de dados compostos pelo administrador financeiro para obtenção de informações imediatas que, embora possam ter dados extraídos de SIGs (Sistemas de Informações Gerenciais), nem sempre esses dados estarão completos, como se espera. 22 No exemplo apresentado na Figura 2, apenas 8 das 26 colunas, são parte de dados de um sistema corporativo. As dezoito restantes foram alinhadas e elaboradas com base em informações, de certa forma, básicas. É comum por exemplo, usar planilhas eletrônicas na elaboração de projetos e orçamentos que não podem ser contemplados – pelo menos em detalhes – em sistemas corporativos. Na Tabela 5, a seguir, podemos verificar o desenho de um fluxo de caixa, elaborado baseado em dados inseridos em diversas pastas do Microsoft Excel, que resultaram em dados de resultados do projeto. Tabela 5 - Fluxo de caixa projetado DISCRIMINAÇÃO Pré- Oper. ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 (+) Capital social inicial 101.341 - - - - (+) Aporte novos recursos de capital social - 4.610 4.933 9.615 61.641 (+) Empréstimos de curto prazo - - - - - (+) Empréstimos de longo prazo 210.000 - - - - Total de aporte e empréstimos 311.341 4.610 4.933 9.615 61.641 Vendas à vista - 2.639.585 3.248.009 4.034.028 5.056.654 Vendas a prazo - - - - - Recebimento das vendas 2.639.585 3.248.009 4.034.028 5.056.654 Duplicatas a receber (+) Duplicatas a receber / saldo ano anterior - - - - - Duplicatas a receber - - - - Pagamentos fornecedores (-) Compras pagas do ano - 1.315.856 1.515.298 1.582.176 1.636.412 (-) Compras pagas do ano anterior - 11.058 38.854 98.011 Pagamentos a fornecedores 1.315.856 1.526.356 1.621.030 1.734.423 Pagamento de ISS + CPP (-) ISS + CPP - 300.913 370.273 459.879 576.459 Pagamento de ISS + CPP 300.913 370.273 459.879 576.459 Outros impostos (-) PIS - 13.462 16.565 20.574 25.789 (-) COFINS - 56.751 69.832 86.732 108.718 (-) CSSL - 18.477 22.736 28.238 35.397 (-) Imposto de renda - 19.005 23.386 29.045 36.408 (continua) 23 (continuação Tabela 5) Pagamento de outros impostos 107.695 132.519 164.588 206.311 Despesas administrativas (-) Pessoal 950 104.400 112.752 124.027 196.391 (-) Encargos sobre pessoal 507 55.666 60.119 66.131 104.715 (-) Despesas operacionais 6.090 261.737 280.058 302.463 329.685 Despesas administrativas 7.547 421.803 452.930 492.622 630.791 Despesas com vendas (-) Pessoal - 13.200 14.256 15.682 35.127 (-) Encargos sobre pessoal - 7.038 7.601 8.361 18.730 (-) Publicidade - 158.375 194.881 242.042 303.399 (-) Comissões - 39.594 48.720 60.510 75.850 (-) Encargos sobre comissões - 21.111 25.978 32.264 40.443 Despesas com vendas 239.319 291.436 358.859 473.549 Saldo operacional 254.000 474.497 937.050 1.435.122 Outros pagamentos (-) Pagamento de juros curto prazo - - - - - (-) Amortização de empréstimos curto prazo - - - - - (-) Um mês de compras à vista 99.518 - - - - (-) Pagamento de juros longo prazo - 21.210 14.808 7.760 - (-) Amortização de empréstimos longo prazo - 63.383 69.784 76.833 - (-) Compra de imobilizado 204.276 4.610 4.933 9.615 61.641 Outros pagamentos 303.795 89.203 89.526 94.208 61.641 Saldo operacional líquido - 164.797 384.971 842.842 1.373.480 Saldo de caixa do ano - 164.797 389.904 852.457 1.435.122 Saldo de caixa ano anterior - - 164.797 554.701 1.407.158 Saldo de caixa acumulado - 164.797 554.701 1.407.158 2.842.280 Enfim, daqui em diante e por toda nossa disciplina, faremos uso das planilhas eletrônicas (Microsoft Excel), para nos familiarizarmos com essa ferramenta e aprimorarmos o conteúdo abordado. Gráfico 2 – Receitas e Lucros – Base DRE (Demonstrativo de Resultados no Exercício) DISCRIMINAÇÃO ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 Vendas brutas 2.268.459 2.791.339 3.466.8434.345.688 Lucro bruto 1.011.384 1.252.823 1.794.113 2.519.013 Lucro operacional 318.589 476.269 909.893 1.381.168 Lucro líquido após impostos 259.896 415.339 844.850 1.309.364 24 Leitura complementar Leia o capítulo “Noções Básicas sobre o Excel”. In: GIMENES, Cristiano Marchi. Matemática financeira com HP 12C e Excel: uma abordagem descomplicada. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2009. (p. 49 a 66). Disponível em: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576055662/pa ges/50>. TROCANDO IDEIAS Pesquise na empresa em que você trabalha – ou de qualquer outra na internet – um fluxo de caixa, de preferência resumido (que não muito extenso) e o transcreva em uma planilha Excel. Na sequência, desenhe um gráfico dos resultados (totais) e escreva um breve texto acerca desses resultados. Não se trata de uma análise do fluxo de caixa, mas um treino e discussão acerca das primeiras impressões. 25 NA PRÁTICA A empresa XY S/A está estudando a compra de dois equipamentos. O equipamento A tem um preço de R$ 100.000,00 e custos operacionais de R$ 50.000,00 por ano; o equipamento B custa R$ 190.000,00, porém seus custos operacionais são de R$ 30.000,00 por ano. Ambos têm vida útil de 10 anos. Qual seria a melhor escolha para empresa se o seu custo de capital é de 12% a.a.? Respostas Equip A: R$ 17.698,42 a.a. + R$ 50.000,00 a.a. = R$ 67.698,42 a.a. Equip. B: R$ 33.626,99 a.a. + R$ 30.000,00 a.a. = R$ 63.626,99 a.a. FINALIZANDO Objetivo proposta nesta aula era conhecer as bases dos conceitos da administração financeira, bem como o perfil desse administrador, sua função financeira e de tomador de decisões nas corporações. Com relação a isso, observamos algumas ferramentas essenciais para suporte e apoio da administração financeira: ferramentas essas para cálculos, projeções e planificações dos dados, utilizando planilhas e calculadoras específicas para essa função e essenciais para dinamizar e garantir os resultados esperados. 26 REFERÊNCIAS 6 FERRAMENTAS para fazer o planejamento estratégico do próximo ano. Endeavor Brasil, 6 nov. 2015. Disponível em: <http://revistapegn.globo.com/Dia-a-dia/noticia/2015/11/6-ferramentas-para- fazer-o-planejamento-estrategico-do-proximo-ano.html>. Acesso em: 15 maio 2017. ANDRICH, E. G.; CRUZ, J. A. W. Gestão financeira moderna: uma abordagem prática. Curitiba: InterSaberes, 2013. ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2008. CARTÃO BNDES. BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Disponível em: <https://www.cartaobndes.gov.br/cartaobndes>. Acesso em: 15 maio 2017. CASTANHEIRA, N. P. Matemática financeira aplicada. 3. ed. Curitiba: Ibpex 2010. CAVAGNARI, D. W. Pequenas e médias empresas no Brasil. Curitiba: Aymará, 2008. CAVAGNARI, D. W. Projeto fábrica de software. Curitiba: UTP, 2002. CHIAVENATO, I. Gestão financeira: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. CONHECENDO a calculadora HP-12C. Portal Administração. Disponível em: <http://www.portal-administracao.com/2014/02/conhecendo-calculadora- hp12c.html>. Acesso em: fev. 2016 FINAME. BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/finame>. Acesso em: 15 maio 2017. 27 GIMENES, C. M. Matemática financeira com HP 12C e Excel: uma abordagem descomplicada. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2009. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2006. LAM, C. 6 planilhas essenciais para sua empresa. Exame, 27 mar. 2013. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/pme/noticias/6-planilhas-essenciais- para-sua-empresa>. Acesso em: 15 maio 2017. OS 10% da discórdia do Fundo de Garantia. Site Contábil. <http://www.sitecontabil.com.br/noticias/artigo.php?id=577>. Acesso em: 15 maio 2017. REHDER, M. Indústria paga caro por empréstimos. Remade. Disponível em: <http://www.remade.com.br/noticias/1924/industria-paga-caro-por- emprestimos>. Acesso em: 15 maio 2017. SANDRONI, P. Novíssimo dicionário de Economia. 6. ed. São Paulo: Best Seller, 2001. SAVYTZKY, T. Meio ambiente e competitividade. Curitiba: Juruá, 2010. SILVA, B. W. Objetivos da administração financeira. Comunidade ADM. 7 mar. 2013. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e- financas/objetivos-da-administracao-financeira/69169/> Acesso em: 15 maio 2017. SILVA, J. P. da. Análise financeira das empresas. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2008. VENCESLAU, P. JBS fornecerá hambúrguer para rede McDonald’s. Scot Consultoria, 4 jul. 2012. Disponível em: <https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/agronegocio-na-midia/25047/jbs- fornecera-hamburguer-para-rede-mcdonald%E2%80%99s.htm>. Acesso em: 15 maio 2017. WESTON, J. F.; BRIGHAM, E. F. Fundamentos da administração financeira. 10. ed. São Paulo: Makron Books, 2004. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E O GERENCIAMENTO DE CAPITAL AULA 2 Prof. Daniel Weigert Cavagnari 2 CONVERSA INICIAL Vimos na aula anterior que o papel do administrador financeiro se embasa no conhecimento, na prática e nas ferramentas que opera. Portanto, a prática e a experiência são as maiores aliadas das finanças. A exemplo disso, algumas escolhas de dirigentes, sem informações precisas, seguem um senso comum, pois estes acreditam que o melhor analista ou gestor financeiro é aquele que tem maior habilidade com cálculos complexos. Este é um erro típico de sociedades emergentes, que contratam profissionais despreparados para o cargo financeiro, achando que apenas o fato de se terem formação em ciências exatas ou complexas estarão mais habilitados para o cargo de gestor financeiro, como engenheiros, médicos, entre outros. Podemos ver que isso não é verdade pela quantidade de empreiteiras e hospitais que seguem em funcionamento, mesmo já estando falidos. O administrador financeiro, portanto, tem habilidades especiais sim, pois conhece bem as ferramentas e os mecanismos que o apoiam; sua formação é de bacharel em Administração; ele conhece bem o cotidiano administrativo, a história, as teorias e a ciência corretamente aplicada. Qualquer outro profissional que se aventure nesse meio, tem a necessidade de se preparar. Não é à toa que os melhores administradores financeiros do mundo são graduados em Administração, ou ao menos têm formação em ciência correlata (economia, contabilidade ou marketing), com alguma especialização sólida (em Administração ou MBA) na área. CONTEXTUALIZANDO Os recursos que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibilizava aos bancos comerciais tinham taxas de juros maiores que a do próprio BNDES, porque os riscos avaliados eram de responsabilidade dos próprios bancos, com a diferença, no entanto, de que o dinheiro não era do banco, e os lucros não eram considerados. Em meados do ano de 2004, em uma palestra com Luiz Ferreira Xavier Borges, gerente executivo da área jurídica do BNDES, ouvimos algumas palavras interessantes acerca de empréstimos da entidade.3 Na época, ele dizia que, para pequenas e médias empresas, os recursos de financiamento de projetos do BNDES saíam diretamente dos bancos comerciais, ou seja, bancos comuns nos quais temos contas correntes com altos juros de empréstimo ou de cheque especial. Esses bancos possuem uma conta tipo “conjunta” no BNDES, ou seja, bancos comerciais tinham até, aproximadamente, R$ 1,5 milhão em recursos disponíveis para repassarem às empresas de menor porte. Por isso é que existem programas de financiamento com juros menores aos do mercado comum disponíveis em bancos comerciais. O BNDES, assim como qualquer instituição de financiamento, considera risco qualquer fator que possa tornar o negócio inviável. Se a empresa terá compradores, ou se é possível e viável a construção do empreendimento, e se ela tiver outros tipos de cobertura – como capital próprio. Na média, o percentual de risco é do próprio BNDES. Quanto ao risco, há outros meios para avaliá-lo: são considerados diversos fatores pré-determinados, que vão desde a estrutura física, instalações da empresa etc., até o perfil do indivíduo – por exemplo: um cidadão mais velho pode ter mais dificuldade em obter um empréstimo do que um mais jovem por sua expectativa de vida. No longo prazo, o BNDES segue a lógica do plano de negócio, onde o prazo de financiamento se baseia dentro do payback (tempo de retorno do capital investido) do projeto, oferecendo um prazo um pouco menor do que o previsto para o investimento. Pesquise Você ou algum conhecido seu já pensou em abrir um negócio? Sabe por onde começar? Com base nesta questão: Escolha um negócio dos seus sonhos (ou apenas de exemplo); Determine que tipo de negócio é e em que tipo se enquadra (comércio, indústria, serviços); Pesquise no Google o termo “Mais BNDES” ou acesse diretamente o link: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Orientador/>. Acompanhe passo a passo o Guia do BNDES e, escolhendo a opção financiamento de “projeto” determine: 4 As taxas que serão cobradas pelo empréstimo (composições); O capital máximo de apoio do BNDES (em %); As parcelas e prazos de pagamento. TEMA 1 – DECISÕES FINANCEIRAS NAS CORPORAÇÕES 1.1 Questões fundamentais Quando tratamos de finanças objetivando a maximização da riqueza, precisamos de atenção e cautela para alcançar alguns objetivos, a partir de decisões essenciais na empresa. Todo e qualquer investimento – mesmo se nomeado como de curto prazo – compreende um longo prazo, principalmente pelo retorno. As incertezas são tantas que um planejamento cuidadoso é fundamental. Caso contrário, o que era para ser um investimento (empenho de valores almejando riqueza), passa a ser um pesadelo. Para tanto, precisamos buscar respostas a quatro perguntas fundamentais: Onde investir? Quanto investir? Como financiar o investimento? Como distribuir os resultados? 1.2 Onde investir? Dentre as várias opções disponíveis para investimento, qual é a melhor? Podemos por exemplo: Ampliar as instalações; Especializar a mão de obra; Investir em tecnologia; Investir em ações; Abrir uma nova filial. Para se definir a melhor alternativa haverá a necessidade de um projeto para que a decisão seja mais precisa. Note que a escolha do investimento almeja um crescimento na receita da empresa acima de tudo. A escolha pode estar nas oportunidades disponibilizadas no mercado ou uma nova ideia. 5 É neste momento – o da escolha do investimento – que passamos à seguinte questão. 1.3 Quanto investir? Sem uma projeção exata do que podemos fazer e do que o mercado nos oferece, não há como mensurar valores precisos. Sem projeto não há viabilidade, e um projeto mal elaborado, poderemos incorrer em prejuízo. Uma das principais variáveis que determinam a viabilidade do investimento é o valor investido. Para tanto, o quanto investir depende de planificações e de um orçamento bem elaborado: este último é uma das etapas nas quais mais se busca contornar os riscos de qualquer projeto. Não é apenas parte do projeto, mas sim o seu controle. Imagine que uma pequena cidade do interior possui R$ 5 milhões em recursos para obras de infraestrutura. Ao projeto, calcula o gasto desse recurso em R$ 3 milhões. Se o orçamento for mal elaborado, seu gasto será de R$ 7 milhões, e a obra poderá ser concluída somente no ano seguinte. A questão não é que esse projeto custava R$ 7 mi originalmente em vez de R$ 3 mi; no entanto, tendo-se um orçamento desequilibrado, as compensações apontarão as falhas e incitarão gastos além do planejado. É como se você separasse R$ 15,00 para fazer um lanche em determinado lugar após o cinema, e ao chegar lá, a lanchonete estava fechada e você teve de desembolsar R$ 25,00, tendo de voltar para casa a pé. Uma vez determinado o valor do investimento, só nos resta captar recursos. Mais um motivo para mensurar bem os gastos: quanto maior estes forem, menores serão os lucros. 1.4 Como financiar o investimento? Uma vez definido onde e quanto investir, é necessário saber como financiar o negócio. A escolha pode ser por capital próprio ou por capital de terceiros, ou ainda, por ambos. 1.4.1 Capital próprio Neste caso, os recursos vêm dos próprios dos sócios ou acionistas. 6 O investimento é a melhor decisão, desde que o capital deixe uma margem de segurança para quem aplica. Os investidores dificilmente investem tudo o que possuem, dado o risco de o retorno demorar além do previsto, ou até mesmo não haver retorno. Imagine-se desempregado; então, você utiliza todo seu fundo de garantia para adquirir uma barraca de cachorro-quente. Alguns meses depois, o negócio não dá certo e você tem que vender a barraca para se livrar das dívidas. Quanto lhe sobrou para sua sobrevivência? Nada. 1.4.2 Capital de terceiros Qual o custo e o montante disponível para esse investimento? Ou seja: você tem essas informações dentro de seu planejamento de forma correta? Você tem como comprovar esses dados? Todo e qualquer valor que você pense em arrecadar para seu projeto que vislumbre uma fonte de recursos, exige que você apresente da forma mais completa os custos exigidos. Você pode pensar: “se o risco de redução dos lucros é um problema meu, por que as financeiras ou investidores exigem tanto o meu empenho no projeto?” Simples: todo e qualquer lucro reduzido, aumenta a chance de o negócio não dar certo. Se há risco para o sucesso do negócio, há risco para o pagamento de eventuais empréstimos. Uma das principais medidas de empréstimos e que determina o preço ao qual se pagará por captação de recursos de terceiros, são as taxas de juros. Saiba mais Taxa de juros geral da economia – a Selic Para refletirmos um pouco mais sobre taxas de juros e investimentos, e também para reforçar nosso entendimento sobre juros de mercado propriamente dito, vejamos como funciona o mercado mediante essas taxas em relação à taxa maior, a Selic1. Uma taxa de juros geral na economia poderia reduzir a capacidade de investimento da iniciativa privada, tanto no curto como no longo prazo, mas isso dependeria tanto do tipo de empresa quanto da atual e geral situação da economia no país e no mundo. 7 Mas se a visão do aumento da taxa de juros da economia é de controle, e não simplesmente de frear o crescimento, investimentos podem ser realizados, porém, igualmente mais reduzidos. Para entender um pouco mais sobre a influência da Selic nos investimentos, leia o artigo “Indústriapaga caro por empréstimos”, disponível em: <http://www.remade.com.br/noticias/1924/industria-paga-caro-por-emprestimos>. 1 Selic: Iniciais de “Sistema Especial de Liquidação e Custódia”, que significa uma forma de registro escritural de débitos e créditos de operações financeiras utilizado pelos bancos de liquidação de títulos depósitos de cheques etc. (SANDRONI, 2001). A Selic é de responsabilidade exclusiva do Banco Central (Veja maiores detalhes sobre a Selic acessando: <http://www.bcb.gov.br/?SELICTAXA>). 1.5 Como distribuir os resultados? Das operações de um projeto ou uma empresa, decorre o faturamento. Porém, para custear suas operações, a empresa incorre em custos operacionais fixos e variáveis. Subtraindo do faturamento os custos operacionais, obtemos o resultado operacional bruto. LUCRO = RECEITA – CUSTOS Com o resultado operacional bruto, devemos: Pagar aos credores pelo uso do capital de terceiros; Recolher os impostos; Realizar os reinvestimentos necessários; Pagar dividendos aos sócios. O faturamento pode ser ou não suficiente para a realização desses pagamentos, pelo menos no curto prazo. Se a empresa ou o projeto for capaz de distribuir os resultados esperados pelos credores e pelos sócios, haverá lucro; caso contrário, prejuízo. Exatamente como vimos no exemplo no início desta rota. 8 Saiba mais Leia o artigo “6 ferramentas para fazer o planejamento estratégico do próximo ano”, produzido pela Endeavor Brasil e publicado no site Pequenas Empresas Grandes Negócios. Disponível em: <http://revistapegn.globo.com/Dia-a- dia/noticia/2015/11/6-ferramentas-para-fazer-o-planejamento-estrategico-do- proximo-ano.html> TEMA 2 – PROJEÇÕES DE RECEITA São inúmeros os instrumentos que utilizamos para administrar financeiramente as empresas. Embora muitas possam ser de exclusividade de um empreendimento ou outro, abordaremos aqui aquelas que são mais conhecidas, uma vez que ao longo da disciplina usaremos constantemente, seja para aplicação da teoria e prática, seja para ilustração de resultados que serão analisados. Como princípio, vejamos uma simples projeção de faturamento (receita operacional bruta) de uma empresa, da qual nos valemos dos totais para composição de outras planilhas mais avançadas. Essa projeção é simples, mas já podemos compreender a forma como é composta e a gama de informações que sua variação pode nos conceder. Dados: Venda de potes de sorvete de 1,5 litro. Sabor único (napolitano); Demanda potencial total da região de atuação: 100.000 potes; Capacidade produtiva mensal máxima da fábrica: 30.000 potes; O mês é composto de dias úteis, de segunda à sábado (excluir domingos e feriados), em 2016; O pico de venda da produção máxima (100%) ocorre entre dezembro e fevereiro (verão); No período de junho a agosto (inverno), usa-se apenas 50% da capacidade produtiva. O preço aumenta em 30% por pote, em relação ao preço do verão; Nos demais meses a fábrica atua com 70% da capacidade produtiva. O preço é 10% mais alto em relação ao verão. O preço por pote de sorvete, no verão, é de R$ 15,00. 9 Com esses dados, podemos projetar nossa receita e planificá-la de forma que os dados fiquem organizados e claros. Vejamos: Tabela 1 – Projeção da receita Mês Demanda Potencial de Venda/ Produção Dias úteis Preço Receita Potencial Receita Efetiva Receita diária Ociosi- dade Perda Potencial Jan 30.000 30.000 20 15,00 450.000,00 450.000,00 22.500,00 0% – Fev 30.000 30.000 21 15,00 450.000,00 450.000,00 21.428,57 0% – Mar 21.000 30.000 22 16,50 495.000,00 346.500,00 15.750,00 30% 148.500,00 Abr 21.000 30.000 20 16,50 495.000,00 346.500,00 17.325,00 30% 148.500,00 Maio 21.000 30.000 22 16,50 495.000,00 346.500,00 15.750,00 30% 148.500,00 Jun 15.000 30.000 22 19,50 585.000,00 292.500,00 13.295,45 50% 292.500,00 Jul 15.000 30.000 21 19,50 585.000,00 292.500,00 13.928,57 50% 292.500,00 Ago 15.000 30.000 23 19,50 585.000,00 292.500,00 12.717,39 50% 292.500,00 Set 21.000 30.000 21 16,50 495.000,00 346.500,00 16.500,00 30% 148.500,00 Out 21.000 30.000 20 16,50 495.000,00 346.500,00 17.325,00 30% 148.500,00 Nov 21.000 30.000 20 16,50 495.000,00 346.500,00 17.325,00 30% 148.500,00 Dez 30.000 30.000 22 15,00 450.000,00 450.000,00 20.454,55 0% – TOTAIS 261.000 360.000 254 16,50 6.075.000,00 4.306.500,00 16.954,72 28% 1.768.500,00 TEMA 3 – RECEITA E SAZONALIDADE Sabemos que o mundo dos negócios não é exatamente mágico, ou um território que, a partir de uma fórmula mágica, podemos determinar como será o consumo de nosso produto. A esse respeito, vejamos o conceito de sazonalidade: SAZONALIDADE (Variação Estacional) é a variação que ocorre numa série temporal nos mesmos meses do ano, mais ou menos com a mesma intensidade. Embora o termo seja associado às estações do ano, é utilizado de maneira mais livre para indicar variações que podem ocorrer em períodos mais curtos como meses, quinzenas, semanas e até fins de semana. (SANDRONI, 2001) É possível prever a receita da empresa – tanto potencial, quanto efetiva – mas a cada ano e apesar do potencial permanecer constante, os períodos de receita da empresa podem ser modificados estruturalmente (alteração da sazonalidade) por diversos acontecimentos: Novas tecnologias ou concorrentes; Novos produtos ou acontecimentos; Mudança do perfil da sociedade; 10 Outros fatores. A exemplo disso, lembremos dos períodos de Copa do Mundo, Olimpíadas e até mesmo o do surgimento do smartphone. Mudanças de hábitos e de ambientes demonstram bem essas condições. Vejamos então a receita potencial de uma empresa e sua respectiva sazonalidade (Projeção da Tabela 1). Gráfico 1 – Receita e sazonalidade Note que os dados apresentados foram planificados para possibilitar a análise dos dados informados. Se as informações previam uma projeção básica da receita para o ano, apontando dados conforme o perfil do mercado e sazonalidade, cada instrução deve ser aproveitada e trabalhada de acordo com o perfil. Segundo os dados, chegamos a algumas conclusões rápidas com a tabela. Embora esteja óbvio de que no verão as vendas são mais superiores, precisamos raciocinar que se trata da venda diária dos meses de dezembro a fevereiro. Como empatam nas vendas, o que pode diferenciá-los dos outros períodos em uma realidade efetiva, é o número de dias úteis disponíveis. Embora a venda diária em dezembro e fevereiro seja menor, dada a quantidade de dias úteis ser maior nesses meses do que em janeiro, na prática as vendas poderão - 100.000,00 200.000,00 300.000,00 400.000,00 500.000,00 600.000,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Receita e Sazonalidade Receita Potencial Receita Efetiva 11 ser superiores justamente por conta destes dias úteis a mais. Que fique claro também que isso depende de cada caso. Casualidades e particularidades à parte, a condição principal dessa tabela é demonstrar a variação da receita em relação às particularidades de períodos sazonais. Se estes se confirmarem, significa que a empresa acertou na previsão. Ferramentas de estatística também são muito importantes nesses casos. Outra questão envolve o que fazer com a ociosidade da empresa. Muitas vezes o aproveitamento da infraestrutura pode ser difícil, dada a necessidade de adaptações a cada ciclo. As empresas com capacidade de escopo maior, trabalham essas questões mais facilmente. TEMA 4 – PROJEÇÕES DO BALANÇO FINANCEIROE FLUXO DE CAIXA Da mesma forma que podemos projetar nossas receitas, dados os critérios, podemos elaborar um fluxo de receitas com base no balanço, ou seja, nas receitas previstas da forma como trabalhamos nosso faturamento. 4.1 Projeção do balanço financeiro A partir de alguns dados históricos e presumidos, orientamos a construção de uma tabela. Vejamos um exemplo: Uma empresa planejou uma projeção trimestral para ano de 2016, com base nas vendas a serem realizadas no referido período. Tal empresa sempre realizou e vai continuar realizando suas vendas da seguinte maneira: 40% da receita é por pagamento à vista; 40%, faturados para 30 dias; 20% da receita, para 60 dias. As vendas projetadas pela empresa para o referido trimestre deverão ser as seguintes: R$ 40.000,00 em janeiro/2017; R$ 60.000,00 em fevereiro/2017; R$ 80.000,00 em março/2017. Saldo do “Contas a receber” no balanço de dezembro de 2016: R$ 20.000,00; R$ 80.000,00 em março/2017; 12 Tabela 2: Projeção do balanço PROJEÇÃO Janeiro/2017 Fevereiro/2017 Março/2017 Abril/2017 Maio/2017 Dez/2016 (R$ 20.000) Saldo 2016 20.000,00 – – – – Jan/2017 (R$ 40.000) 40% à vista 16.000 40% 30 dias 16.000 20% 60 dias 8.000 – – Fev/2017 (R$ 60.000) – 40% à vista 24.000 40% 30 dias 24.000 20% 60 dias 12.000 – Mar/2017 (R$ 80.000) – – 40% à vista 32.000 40% 30 dias 32.000 20% 60 dias 16.000 TOTAL DAS RECEITAS 36.000 40.000 64.000 44.000 16.000 140.000 60.000 Na tabela, observe os resultados apresentados para previsão em cada um dos meses. Em janeiro (fundo verde), R$ 36.000,00 recebidos à vista. Em vermelho, R$ 40.000,00 para fevereiro (30 dias a partir de janeiro). Março (em azul), R$ 64.000,00 – 60 dias a partir de janeiro. Por fim (em cinza), R$ 44.000,00 (90 dd) para abril e R$ 16.000,00 (120 dd) para recebimento em maio. 4.2 Fluxo de caixa Vejamos agora uma projeção com dados de contas a receber e a pagar (ou recebidas e pagas) desenhando nosso fluxo de caixa. Como exemplo, tomemos o ano de 2017 com rateio dos totais para o primeiro trimestre do ano: Saldo do caixa em dezembro de 2016: R$ 1.100,00; Vendas em dezembro de 2016: R$ 5.121,05 (efetivo); Vendas em janeiro de 2017: R$ 2.277,05; R$ 7.657,55; R$ 8.453,54; Vendas em fevereiro de 2017: R$ 13.214,00; R$ 18.134,00; Vendas em março de 2017: R$ 21.848,00; R$ 14.887,40; Despesas de escritório (estimativa mensal): R$ 1.500,00; Salários: R$ 8.560,00; Outras despesas (estimativa mensal): R$ 2.800,00; Empréstimos: R$ 3.000,00 (valor da prestação: 6 x R$ 526,58); Capital de giro: 40% das vendas do período anterior; Pró-labore: R$ 6.800,00; 13 Impostos de vendas: 15%. Tabela 3: Fluxo de caixa Discriminação Janeiro/2017 Fevereiro/2017 Março/2017 Totais (Horizontal) Rateio % Saldo Anterior 1.100,00 11,56 1.059,51 Vendas 18.388,14 31.348,00 36.735,40 86.471,54 96,6% Empréstimos 3.000,00 – – 3.000,00 3,4% Total 22.488,14 31.359,56 37.794,91 89.471,54 100,0% Escritório 1.500,00 1.500,00 1.500,00 4.500,00 5,0% Salários 8.560,00 8.560,00 8.560,00 25.680,00 28,5% Despesas 2.800,00 2.800,00 2.800,00 8.400,00 9,3% Circulante 2.048,42 7.355,26 12.539,20 21.942,88 24,3% Pró-labore 6.800,00 6.800,00 6.800,00 20.400,00 22,6% Impostos 768,16 2.758,22 4.702,20 8.228,58 9,1% Financiamento – 526,58 526,58 1.053,16 1,2% Total 22.476,58 30.300,06 37.427,98 90.204,61 100,0% SALDO 11,56 1.059,51 366,93 Perceba, na tabela do Fluxo de Caixa, algumas características típicas, como a apresentação das receitas e saldos anteriores antes das despesas. Note ainda que os totais fechados na horizontal apresentam um rateio em percentagem, demonstrando a participação para receitas e para despesas. A despesa de maior peso, são os salários, capital circulante e pró-labore. Note também que o empréstimo de R$ 3.000,00 efetivado em janeiro de 2017 reflete em prestações de R$ 526,58 a partir do mês seguinte (postecipado) – ainda que o empréstimo de R$ 3.000,00 tenha sido fundamental para a saúde financeira da empresa. A questão principal do fluxo de caixa é que se trata de uma das projeções mais realistas do dia a dia do analista financeiro. Resume e destaca os valores que merecem uma atenção especial e que não admitem decisões de longo prazo. No entanto, pode ser uma armadilha se usado apenas para “tapar buracos”. O mais importante aqui é identificarmos essas pequenas particularidades, que, embora pequenas dado o exemplo simples, podem ser de maior complexidade em ambientes de maior fluxo e detalhes. 14 Leitura Complementar Leia o capítulo “Contexto Geral do Fluxo de Caixa” (p. 68 a 89). In: ANDRICH, E. G.; CRUZ, J. A. W. Gestão financeira moderna: uma abordagem prática. Curitiba: InterSaberes, 2013. Disponível em: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582128947/pa ges/69>. TEMA 5 – A FUNÇÃO FINANCEIRA NAS EMPRESAS A função financeira nas empresas é o conjunto de atividades ligadas à gestão dos fundos movimentados por todas as áreas, com duas principais responsabilidades: Obtenção dos recursos necessários às atividades. Formulação de uma estratégia voltada para a otimização do uso desses recursos. Figura 1: Otimização de recursos Fonte: <http://revistapegn.globo.com/Revista/Pegn/foto/0,,66036822,00.jpg>. Ou seja, a função financeira na empresa está ligada à apropriação de parte do lucro para seu funcionamento e desenvolvimento. Ainda, caso não haja esse recurso, uma alternativa é buscar terceiros para o financiamento, da forma mais responsável possível. Caso contrário, o que era para ser uma solução, passa a ser um problema. 15 Essa função financeira possui um papel fundamental no desenvolvimento de todas as atividades da empresa, o que pode (ou não) garantir o sucesso do negócio. E quando a empresa está iniciando, a atenção deve ser maior ainda. Uma estratégia voltada para o melhor uso dos recursos, não só dos possíveis desperdícios, são as ferramentas que cada empresa possui de antemão. Além disso, as finanças lidam com o processo, com as instituições, com os mercados e com os instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre pessoas, empresas e governos. Antes de progredir, vejamos uma perspectiva diferente da corporativa. 5.1 Finanças pessoais Finanças pessoais dizem respeito a como cada um de nós investe seus recursos ao longo do tempo. Basicamente envolvem: Quanto de nossa renda atual deve se destinar ao consumo? Quanto devemos poupar? Como devemos investir as economias? Quando e como devemos usar o dinheiro de terceiros? Para o consumo? Para investimento? Como podemos garantir a saúde e o bem-estar no presente e no futuro? É claro que a lógica é a mesma, mas isso não significa que as contas também sejam. Da mesma forma que administramos nossos recursos pessoais, devemos conciliar os recursos da empresa. O detalhe é que na empresa, temos um terceiro (ou terceiros) que administram os recursos da pessoa jurídica. Antes de misturar os conceitos, imagine o seguinte: você recebe seu salário e outra pessoa (seu esposo ou esposa, por exemplo) se encarrega de administrar os recursos dessa renda. Uma vez que outra pessoa administra os recursos, isso não faz dela a “dona” desses recursos, ou seja, ela não vai pegar sua renda e sair por aí pagando seus própriosgastos. Em uma empresa não é diferente: ser o fundador ou administrador da empresa não o torna o dono dos recursos, fazendo com que você use o dinheiro da empresa para questões pessoais. Vejamos a seguir a perspectiva corporativa das finanças, para entender melhor. 16 5.2 Finanças corporativas As finanças corporativas formam o ramo das finanças que trata das decisões financeiras das empresas, geralmente com fins lucrativos ou, como no caso de fundações e organizações sem fins lucrativos (ONGs), em pelo menos um progresso contínuo. Similar às decisões financeiras pessoais temos: a. Onde investir os ativos de natureza permanentes? Evidentemente, o tipo e as proporções de ativos de que a empresa necessita decorrem da natureza de sua atividade. São comuns as expressões orçamento de capital, decisões de investimento de capital ou ainda dispêndio de capital para descrever o processo de realização e de gestão de aplicações em ativos de longo prazo. b. Como levantar dinheiro para custear os dispêndios de capital? Esta é uma questão que diz respeito às despesas da empresa. Sua resposta pode envolver decisões de estrutura de capital ou de financiamento a longo prazo, pois indica as proporções de financiamento com capital próprio e capital de terceiros. c. Como gerir o fluxo de caixa no curto prazo? Temos as receitas à vista, de curto e de longo prazo. Além disso, em cada investimento temos um período operacional, o qual exige investimento, mas sem equilíbrio de caixa. Durante as atividades operacionais da empresa, as entradas e saídas de caixa não são sincronizadas. Além disso, a magnitude e a distribuição dos fluxos de caixa são incertas. Este é o período de gestão do capital de giro mais relevante. d. Como alocar o resultado líquido da empresa? Esta questão refere-se à destinação dos lucros da empresa, ou seja, à proporção destinada ao reinvestimento, ou à retenção de lucros e, em muitos casos, à tão esperada distribuição dos lucros. 17 Essa última – uma das mais importantes – é a decisão de distribuição dos dividendos. Nesse caso seria necessária uma nova avaliação para retenção dos lucros ou investimentos diferenciados. e. Reter lucros ou não reter? Eis a questão. Um projeto de reinvestimento seria necessário para cada ano fiscal? Não exatamente, mas isso deveria estar previsto no projeto inicial. O reinvestimento, como um plano de vida, mas corporativo. f. Quando então seria necessário um reinvestimento na empresa? Quando o projeto atual não condiz à realidade atual da empresa. Ou seja: Estabilidade no crescimento da empresa; Novas oportunidades no mercado, principalmente à concorrência; Decrescimento ou sensibilidade a crises econômicas; Conjuntura favorável a curto prazo (ex.: redução do IPI). Embora tenhamos funções e obrigações claramente similares às das pessoas e empresas sejam inclusive chamadas de “pessoa” jurídica, não significa que podemos alterar seus processos em meio a decisões particulares. A questão principal é o foco: se não formos um mínimo eficientes ou definirmos claramente os objetivos, não traremos confiança nem ao mercado, nem a todos os interessados, isto é, desde o investidor (bancos, terceiros, sócios), até nossos empregados e colaboradores. A maior dificuldade da questão financeira é justamente essa: quando temos um problema na produção, este pode estar relacionado à engenharia ou até mesmo ao processo. Se temos problemas com pessoal, o RH traz o melhor diálogo. Entretanto, em qualquer área, se o problema forem os recursos, todos serão afetados. Enfim, a questão principal dos recursos de uma empresa é que eles têm um objetivo mais definido do que os de um indivíduo, e se referem à estratégia, ao desenvolvimento e ao caráter social. Melhor dizendo, à criação de mais recursos, dependentes do próprio crescimento e desenvolvimento e mais ainda, mantenedores daqueles que se dedicam e trabalham nesta organização. 18 Leitura Obrigatória Leia o capítulo “O Papel da Gestão Financeira no Sucesso Empresarial” (p. 125 a 134). In: CHIAVENATO, I. Gestão financeira: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. Disponível em: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520439104/page s/125>. TROCANDO IDEIAS “A educação começa em casa”. Claro que não nos referimos à educação como um todo, de responsabilidade dos pais, mas da educação financeira da família toda. Antes de analisarmos e projetarmos, temos que ter em mente a necessidade de controlarmos corretamente nossas finanças. Como vimos, é claro que há grandes diferenças entre finanças pessoais e corporativas, mas precisamos acima de tudo avaliar tudo desde o seu princípio. Pensando assim, formule duas planilhas distintas para controle das finanças pessoais da seguinte forma (considere um período de seis meses de controle): Receitas: nessa coluna devem constar todos os tipos de receita que você pode possuir, desde salário, bonificações, presentes (em dinheiro) e devoluções; Despesas: aqui, coloque todos os tipos de pagamento que deve fazer. O detalhe é que será necessário projetar valores médios, principalmente para contas como de luz, água e telefone; Não se esqueça dos gastos comuns em supermercado, entre outros; Ao final, estabeleça o quanto lhe sobra ou falta; Determine quais as mudanças devem ser feitas para que haja uma melhora em seu desempenho financeiro; Verifique a projeção dos seus colegas para ver se incluiu tudo o que seria necessário. 19 NA PRÁTICA Estudo de Caso: Financiando uma empresa de software comercial Nelson é um ex-analista de sistemas da IBM, que após se aposentar resolveu criar seu próprio negócio, pequeno, mas acreditando que, com seus conhecimentos no ramo, implementaria boas soluções. Da ideia de criar um negócio, pensou na possibilidade de produzir programas para computador, de controle de finanças pessoais. Para isso, foi necessário um levantamento, por meio de pesquisa de mercado, com a finalidade de conhecer as necessidades dos consumidores e da oferta dos produtos concorrentes no mercado. Primeiramente, Nelson iniciou uma pesquisa para saber de que tipo de controle de finanças pessoal o mercado mais teria necessidade, e apesar de existirem muitos programas de computador nesta modalidade, a carência ainda era grande. Desta pesquisa já foi possível saber que conteúdo faria do seu sistema um produto mais atrativo. Em segundo, Nelson fez pesquisas sobre a aceitação do consumidor para este tipo de produto, apresentando-lhes os principais pontos de decisão para um consumo, como preço, tipo, qualidade, entre outros. Em terceiro, pesquisou o mercado concorrente, com questionários pré-elaborados, e com a intenção de conhecer as dificuldades e necessidades do processo produtivo. Em quarto e último, pesquisou que produtos similares existiam no mercado, o que e como seus futuros concorrentes demonstravam as qualidades e utilidades desses produtos. Das pesquisas efetuadas, Nelson conseguiu eliminar diversas dificuldades do projeto – como: que material utilizar no processo; mão de obra; tempo de inversões; entre outros. A coleta dos dados financeiros e dados econômicos, apesar de terem sido o levantamento mais cuidadoso do projeto, trouxeram um resultado mais do que satisfatório. De acordo com o projeto elaborado por Nelson e os cálculos de viabilidade financeira, o capital necessário para abrir o negócio, se bem distribuído, teria um retorno rápido e bem remunerado,
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