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Crimes contra a Organização do Trabalho

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Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
 Página 1 
 
CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO: 
 
Esses crimes estão previstos nos artigos 197 a 207 do Código Penal. 
 
1. Objetividade jurídica: 
 
Os crimes contra a organização do trabalho têm dupla objetividade jurídica. Isso porque 
protegem os direitos individuais e coletivos dos trabalhos, e ainda, a organização do trabalho em si 
mesma, ou seja, a própria organização das organizações trabalhistas, que é bem comum, da 
coletividade. 
 
2. Competência para processo e julgamento: 
 
A regra geral é que, se o crime atingir direitos coletivos dos trabalhadores, a competência é 
da Justiça Federal. Mas, atingindo interesse individual do trabalhador, a competência será da 
Justiça Estadual. 
 
Crimes em espécie: 
 
3. Atentado contra a liberdade de trabalho – art. 197: 
 
Atentado contra a liberdade de trabalho 
Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça: 
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo 
período ou em determinados dias: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência; 
II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou paralisação de atividade 
econômica: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
3.1. Sujeito ativo: 
 
Trata-se de crime comum, não exigindo sujeito especial para sua prática. 
 
3.2. Sujeito passivo: 
 
No inciso I, é o trabalhador. 
No inciso II, são sujeitos passivos, o proprietário do estabelecimento e os trabalhadores do 
estabelecimento reflexamente prejudicados pelo crime. 
 
3.3. Objeto Jurídico: 
 
Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
 Página 2 
 
É a proteção da liberdade de trabalho, inclusive a liberdade de escolher a espécie de 
trabalho que quer exercer; além da integridade física e psíquica da vítima. 
Daí que, esse tipo penal do art. 197 pode ter como vítima a pessoa que já trabalha e é 
impedida de trabalhar, e também a pessoa que não trabalha e é impedida de exercer o trabalho 
que escolheu. 
 
3.4. Tipo objetivo: 
 
A conduta é constranger, que significa a coação ilegal à liberdade física ou psíquica. O 
crime somente existirá se houver violência física ou grave ameaça. Esse artigo se caracteriza com a 
conduta de constranger, mas constranger com violência ou grave ameaça. 
 O constrangimento pode ser para que a vítima: 
 Exerça arte, ofício ou profissão; 
 Não exercer arte ofício ou profissão. 
 Trabalhar ou não trabalhar em determinado período ou em dias determinados. Ex. toque 
de recolher estabelecido por traficantes, de sábado até segunda feira. 
 Abrir ou fechar seu estabelecimento de trabalho. Ex. traficante que determina fechamento 
de estabelecimento em período determinado. 
 Participar de parede ou paralisação de atividade econômica. 
Obs.: Essa última forma de conduta foi revogada pela Lei 4.330/64 que, por sua vez, foi 
revogada pela Lei 7.783/89 – Lei da Greve. 
O tipo penal tutela qualquer tipo de trabalhador, inclusive o profissional liberal. 
Temos uma modalidade especial de constrangimento ilegal acrescida de finalidade 
específica que pode ser alguma das condutas retro citadas. Daí que tal dispositivo prevalece em 
relação ao crime de constrangimento ilegal. 
 
3.5. Elemento subjetivo: 
 
É o dolo, assim como todos os demais crimes contra a organização do trabalho. 
 
3.6. Consumação e tentativa: 
 
O crime se consuma quando a vítima, constrangida, realizada uma das condutas exigidas 
pelo infrator. O crime se consuma quando a vítima atende a exigência do infrator, praticando ou 
omitindo o comportamento exigido. 
É possível a tentativa quando a vítima é constrangida, mas não cede a exigência, ou seja, 
não pratica a ação ou omissão exigidas. 
Esse crime pode ser praticado mediante violência ou grave ameaça, e, nessa hipótese, o 
agente irá responder por esse crime do art. 197 + o crime relativo a violência. É o que diz o 
preceito sancionador do tipo penal: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
 Página 3 
 
É o que a doutrina denomina de concurso material obrigatório ou necessário. Alguns 
afirmam que se trata de concurso formal, por apenas ser uma conduta. 
 
4. Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta: 
 
Aqui temos dois crimes em um mesmo tipo penal. 
Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta 
Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não 
fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
4.1. Sujeito ativo: 
 
É qualquer pessoa. Crime comum. 
 
4.2. Sujeito passivo: 
 
É o trabalhador, no caso de atentado contra a liberdade de trabalho; e fornecedor ou 
adquirente de matéria prima, produto industrial ou agrícola no caso de boicotagem violenta. 
Pessoa jurídica pode ser vítima do crime de boicotagem violenta? 
1ª Corrente: Capez e Luiz Regis Prado afirmam que sim. Que pode ser a pessoa jurídica 
impedida de adquirir, ou fornecer matéria prima, produto industrial ou agrícola. 
2ª Corrente: a pessoa jurídica não pode ser vítima, pois esse crime exige violência ou grave 
ameaça contra alguém, o que pressupõe violência pessoa física. Nesse sentido, Cezar Roberto 
Bittencourt. 
Sílvio concorda com a primeira corrente, afirmando que a pessoa jurídica pode ser vítima 
no aspecto patrimonial, como no crime de extorsão, apesar de não poder sofrer constrangimento 
relativo a violência ou grave ameaça. 
 
4.3. Objeto jurídico: 
 
É a proteção da liberdade de trabalho e a proteção da liberdade de contratar, além da 
integridade física e psíquica da pessoa, incluída a vida. 
 
4.4. Tipo objetivo: 
 
A conduta é constranger, mediante violência ou grave ameaça, idem o art. 197 do CP. O 
constrangimento da vítima pode ser para: 
 Celebrar contrato de trabalho: atenção para o fato de que, o tipo penal não prevê a 
conduta de constranger a não celebrar contrato de trabalho. Constranger a vítima a não 
celebrar contrato de trabalho configura o crime do art. 146 (constrangimento ilegal) ou, 
para alguns, o do art. 197, I do CP. 
Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
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 A não fornecer matéria prima ou produto industrial ou agrícola (crime de boicotagem): não 
se pune a conduta de constranger a vítima a fornecer, pelo que, nessa hipótese será 
configurado o crime do art. 146 do Código Penal. 
 Não adquirir matéria prima, produto industrial ou agrícola: o tipo penal não pune adquirir 
tais coisas, pelo que restará configurado, nessa hipótese, o constrangimento ilegal. 
 
4.5. Consumação e tentativa: 
 
A consumação ocorre quando a vítima, constrangida, celebra o contrato ou deixa de 
fornecer ou adquirir a matéria prima ou produto. 
Daí que, temos um crime material, exigindo para a consumação, resultado naturalístico 
(celebração do contrato, fornecimento ou aquisição). 
No que tange a tentativa, essa é possível nas três hipóteses, ocorrendo quando a vítima é 
constrangida, mas não atende às exigências do infrator. Ex. é constrangida a celebrar contrato e 
não o faz. 
Havendo violência, o agente responderá pelo crime correspondente à violência. 
 
5. Atentado contraa liberdade de associação - art. 199, CP: 
 
Atentado contra a liberdade de associação 
Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar de 
determinado sindicato ou associação profissional: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
5.1. Sujeito ativo: 
 
É qualquer pessoa, ainda que não seja ligada ao sindicato ou associação. Ex. vizinho 
ameaça de morte outro caso ele se filie a determinado sindicato. 
 
5.2. Sujeito passivo: 
 
É qualquer pessoa, sindicalizada ou não, associada ou não. 
 
5.3. Objeto jurídico: 
 
É a liberdade de associação e de sindicalização, garantidos pela Constituição, pois essa diz 
que ninguém é obrigado a filiar-se ou manter-se filiado. 
Há ainda proteção da integridade física e psíquica da vítima, incluindo a vida. 
 
5.4. Tipo objetivo: 
 
É constranger a vítima a: 
Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
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 Participar ou deixar de participar (filiar-se ou desfiliar-se) de sindicato; 
 Participar ou deixar de participar de associação profissional: não sendo associação que 
engloba integrantes de profissão, não engloba o crime. Ex. associação de amigos do bairro 
� não haverá crime contra a organização do trabalho, mas sim constrangimento ilegal. É 
necessário que a associação seja de categoria profissional. 
 
A violência ou grave ameaça pode ser exercida contra a própria vítima ou contra terceira 
pessoa. Ex. infrator ameaça a filha de um sindicalista, caso ele não se desfilie do sindicato. 
 
5.5. Consumação e tentativa: 
 
A consumação dá-se quando a vítima pratica ou omite a conduta exigida pelo infrator. A 
tentativa é possível se a vítima é constrangida, mas não cede as exigências do infrator. 
No caso de violência, o agente responde pelo crime do art. 199, mais o crime 
correspondente a violência (idem art. 197). 
 
6. Paralisação de trabalho seguida de violência ou perturbação da ordem: 
 
Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem 
Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou 
contra coisa: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
Parágrafo único - Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é indispensável o concurso de, pelo 
menos, três empregados. 
 
6.1. Sujeito ativo: 
 
O sujeito ativo pode ser: 
 Empregados 
 Empregadores 
Isso é pacífico na doutrina. Daí que, o tipo penal pune a paralisação de empregados 
(greve), como também a paralisação de empregadores (lock out). 
 No caso de empregados, somente há o crime, se a conduta for praticada por, pelo menos, 
três empregados, nos termos do disposto no parágrafo único do artigo: 
Parágrafo único - Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é indispensável o concurso de, pelo 
menos, três empregados. 
 Assim, estamos diante de crime plurissubjetivo ou de concurso necessário, no caso dos 
empregados. 
 Na hipótese de empregadores, o tipo penal não exige número mínimo. Porém, de acordo 
com a doutrina, o verbo participar, pressupõe que o crime deva ser praticado por duas ou mais 
pessoas. 
 
Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
 Página 6 
 
6.2. Sujeito passivo: 
 
É qualquer pessoa física ou jurídica. Aqui é certeza que o sujeito passivo possa ser pessoa 
jurídica. Essa é uma posição unânime, pois, uma das formas de praticar crime é danificando coisas, 
que podem pertencer a pessoa jurídica. 
 
6.3. Tipo objetivo: 
 
A conduta punível é participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando 
violência. A simples suspensão ou paralisação por si só, não configura crime, sendo direito 
constitucional assegurado – greve. 
 Para que haja o crime é necessário que essa paralisação ou abandono seja praticada com 
violência contra a pessoa ou contra coisa. 
 
Obs.: 
1. A violência pode ser exercida contra outros empregados. Ex. um grupo de empregados 
que aderiu a greve agride cinco empregados que não aderiram à grave. Pode ser exercida 
ainda, contra empregadores, ou contra terceiras pessoas estranhas à relação de trabalho. 
Ex. seguranças particulares, pedestres. 
2. Há o crime, independentemente de a greve ser legal ou ilegal, pois o que se pune, não é a 
greve, mas sim, a violência contra a pessoa ou contra a coisa, praticada durante a greve. 
3. Atenção: o tipo penal não menciona a grave ameaça ���� daí que, participar de suspensão 
ou paralisação de trabalho com grave ameaça à pessoa não configura esse crime. Pode 
configurar o crime de constrangimento ilegal, tentativa de homicídio, lesão corporal, 
conforme o caso. Ex. 10 trabalhadores em greve ameaçam de morte 05 trabalhadores 
que não querem participar da greve ���� constrangimento ilegal. 
 
6.4. Objeto jurídico: 
 
Esse tipo penal tutela a liberdade de trabalho, a integridade física (vida) das pessoas e o 
patrimônio alheio. 
 Isso porque, uma das formas de se praticar o crime é danificando coisas. A violência pode 
ser contra a pessoa ou contra coisa. Ex. grevistas quebram as máquinas da empresa durante a 
greve. 
 
6.5. Consumação e tentativa: 
 
O crime se consuma com a prática da violência durante a paralisação ou suspensão. A 
tentativa é perfeitamente possível, se os agentes não conseguem exercer a violência contra a 
pessoa ou contra a coisa, por circunstâncias alheias à sua vontade. 
Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
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Obs.: havendo violência contra a pessoa, o agente responderá pelo crime do art. 200, mais o 
crime correspondente à violência. Ex. homicídio, lesão corporal. 
 Na hipótese de violência contra a coisa, o agente responde pelo art. 200 + o crime de 
dano, ou apenas pelo crime de dano? Sobre a matéria há duas correntes: 
1ª Corrente: o agente responde pelo crime do art. 200 + crime de dano. Isso porque, o crime fala 
em violência de forma genérica, sem especificar se é violência contra a pessoa ou contra a coisa. 
Daí que, para tal corrente, o agente responde por ambos os delitos. Nesse sentido, Luiz Regis 
Prado e Capez. 
2ª Corrente: diz que se a violência for contra a coisa, o agente só responde pelo art. 200, e não 
responde pelo crime de dano. Nesse sentido, Mirabete. 
 
7. Paralisação do trabalho de interesse coletivo – art. 201: 
 
Paralisação de trabalho de interesse coletivo 
Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra pública 
ou serviço de interesse coletivo: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
Aqui não há violência, o que se pune é o fato de ser atingido trabalho de interesse coletivo. 
 
7.1. Sujeito ativo: 
 
Pode ser praticado o crime tanto por empregados – greve – quanto por empregadores – 
lockout. Há punição de suspensão ou abandono coletivo de empregados ou de empregadores. 
 
7.2. Sujeito passivo 
 
É a coletividade. 
 
7.3. Objeto jurídico: 
 
É o direito da coletividade aos serviços essenciais. 
 
7.4. Tipo objetivo: 
 
A conduta é participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho. 
É necessário observar que, como o núcleo do tipo penal é participar, a doutrina entende 
que esse crime exige duas ou mais pessoas. Até porque, a suspensão ou abandono deve ser 
coletivo. 
 Estamos pois, diante de crime plurissubjetivo ou de concurso necessário. 
Só há o crime se a suspensão ou abandono do trabalho provocar: 
1. Interrupção de obra pública; 
2. Interrupção de serviço de interesse coletivo.Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
 Página 8 
 
Não sendo qualquer dessas hipóteses, não há o crime. 
 
7.5. Consumação e tentativa: 
 
A consumação se dá com a efetiva interrupção da obra ou serviço de interesse coletivo. 
A tentativa é possível quando os integrantes da paralisação não conseguem interromper a 
obra ou serviço. Ex. se forem imediatamente substituídos por outros trabalhadores na obra. Mas 
observe-se que é a tentativa de difícil ocorrência prática. 
 
Obs.: Esse dispositivo foi recepcionado pela CF? 
1ª Corrente: esse artigo não foi recepcionado pela CF, não mais se aplicando. O fundamento 
dessa corrente é que o art. 9º, §1º da CF permite greve em serviços essenciais, nos termos da lei. 
A lei de greve regulamenta esse dispositivo constitucional, prevendo a greve em serviços 
públicos essenciais. Daí que, não há sentido a constituição e a lei permitirem a greve em serviços 
essenciais e o CP considerar essa conduta como crime. O direito de greve nos serviços 
essenciais, atente-se, existe inclusive para os funcionários públicos que também têm direito de 
greve garantido pela CF. É corrente adotada por Roberto Delmanto e Luiz Regis Prado. 
2ª Corrente: é corrente adotada por Mirabete. Entende que o art. 201 do CP continua em vigor, 
mas apenas para os casos de paralisações ou abandonos que possam colocar em perigo a 
sobrevivência, a saúde, ou a segurança da população. 
 
8. Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Sabotagem – art. 202, CP: 
 
Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Sabotagem 
Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou 
embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes 
ou delas dispor: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
8.1. Sujeito ativo: 
 
É qualquer pessoa. 
 
8.2. Sujeito passivo: 
 
É qualquer pessoa física ou jurídica. 
 
8.3. Objeto jurídico: 
 
Direito ao trabalho e patrimônio alheio. 
 
8.4. Tipo objetivo: 
Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
 Página 9 
 
São quatro as condutas puníveis: 
 Invadir estabelecimento industrial, comercial ou agrícola 
 Ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. A ocupação pode ser praticada 
inclusive por pessoas que já estejam dentro do estabelecimento. Ex. empregados ocupam 
sala dos diretores. 
 Danificar o estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Ex. danificar loja, prédio de 
indústria. 
 Dispor de coisas existentes no estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Ex. doar 
máquinas da indústria. 
Esse crime somente existe se uma dessas quatro condutas for praticada com o fim de 
impedir ou embaraçar ao curso normal do trabalho. Ausente essa finalidade, haverá outro crime, 
como por exemplo, violação de domicílio, crime de dano, de apropriação indébita. 
 
8.5. Consumação e tentativa: 
 
Aqui há certa divergência, mas prevalece que, a consumação dá-se com a invasão, 
ocupação, danos ou disposição das coisas, mesmo que a finalidade pretendida não seja alcançada. 
Ou seja, mesmo que os infratores não consigam impedir ou embaraçar curso normal dos 
trabalhos. 
A tentativa é perfeitamente possível, se os agentes não conseguem sequer, invadir, ocupar, 
ou dispor de coisas presentes no estabelecimento. 
 
9. Frustração de direito assegurado por lei trabalhista – art. 203, CP: 
 
Frustração de direito assegurado por lei trabalhista 
Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho: 
Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela 
Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
§ 1º Na mesma pena incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o 
desligamento do serviço em virtude de dívida; (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por meio da retenção de 
seus documentos pessoais ou contratuais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena 
ou portadora de deficiência física ou mental. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
 
9.1. Sujeito ativo: 
 
Pode ser qualquer pessoa, não somente o empregador. Pode ser empregador, outro 
empregado ou terceira pessoa, estranha à relação de trabalho. 
 
9.2. Sujeito passivo: 
 
Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
 Página 10 
 
É o trabalhador, titular do direito violado. 
 Esse crime não exige, necessariamente, relação de trabalho entre sujeito ativo e sujeito 
passivo. 
 
9.3. Objeto jurídico: 
 
São os direitos trabalhistas da vítima. 
 
9.4. Tipo objetivo: 
 
A conduta é frustrar direito assegurado pela legislação trabalhista. Ou seja, violar direitos 
previstos nas leis trabalhistas. 
Esse crime é norma penal em branco, complementada pela lei trabalhista que prevê o 
direito violado. Se o direito frustrado estiver previsto na legislação civil, não há esse crime do art. 
203. Poderá existir outro crime, mas não esse, que exige que haja violação de lei trabalhista. 
 
9.5. Formas de execução: 
 
Esse crime pode ser praticado mediante fraude ou violência. 
Se houver violência o infrator responde pelo crime do art. 203 + o crime correspondente à 
violência. 
Se houver fraude, esse crime prevalece sobre o crime de estelionato. Aplica-se aqui o 
Princípio da Especialidade. 
Podemos citar como exemplos desse crime: 
 Obrigar a vítima a assinar pedido de demissão. 
 Obrigar a vítima a assinar recibo dando quitação de verbas trabalhistas não recebidas; 
 Coagir o funcionário a assinar recibo de valor superior ao salário realmente recebido; etc. 
 
9.6. Consumação e tentativa: 
 
A consumação se dá no momento em que o direito do trabalhador é violado. A tentativa é 
perfeitamente possível. 
 
9.7. Formas equiparadas: 
 
§ 1º Na mesma pena incorre quem: (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o 
desligamento do serviço em virtude de dívida; (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por meio da retenção de 
seus documentos pessoais ou contratuais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
 
Inicialmente, é necessário diferenciar o art. 203, §1º, I do art. 149, caput do CP: 
Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
 Página 11 
 
Art. 203, §1º, I, CP Art. 149, CP (redução a condição análoga a de 
escravo) 
§ 1º Na mesma pena incorre quem: (Incluído pela 
Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de 
determinado estabelecimento, para impossibilitar o 
desligamento do serviço em virtude de dívida; 
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de 
escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a 
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições 
degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer 
meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o 
empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 
10.803, de 11.12.2003) 
O infrator obriga a vítima a consumir 
mercadorias de determinado estabelecimento 
para, assim, contrair dívidas e não poder se 
desligar do serviço.Ex. fazendeiro obriga empregados da fazenda a 
comprar produtos alimentícios no mercado da 
fazenda, a custos elevados, e que superam o 
salário dos empregados, ao final do mês. 
O infrator restringe a liberdade do trabalhador 
em razão de dívida contraída com o 
empregador ou preposto. 
Nesse caso a dívida já existe, e o infrator 
restringe a liberdade, em razão da dívida. 
Ex. funcionário da fazenda que tem dívidas com 
o mercado do fazendeiro, diz que quer ir 
embora. Mas o fazendeiro manda os capangas 
não deixar o empregado a sair da fazenda, 
enquanto não paga a dívida. 
É possível concurso material entre esses crimes, pois o do art. 203 protege a liberdade nas 
relações trabalhistas, enquanto o do art. 149 protege a liberdade de locomoção. 
 
O inciso II não se confunde o art. 149, §1º, II do CP: 
 
Art. 203, §1º, II, CP Art. 149, §1º, II CP 
§ 1º Na mesma pena incorre quem: (Incluído pela 
Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de 
determinado estabelecimento, para impossibilitar o 
desligamento do serviço em virtude de dívida; 
II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer 
natureza, mediante coação ou por meio da retenção de 
seus documentos pessoais ou contratuais. (Incluído pela 
Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
§ 1
o
 Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela 
Lei nº 10.803, de 11.12.2003) 
I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por 
parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de 
trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) 
II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho 
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do 
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. 
(Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) 
O infrator impede a vítima de se desligar do 
serviço, retendo seus documentos pessoais ou 
contratuais. 
O infrator, aqui, atua com a finalidade de 
impedir que a vítima deixe o local de trabalho, 
apoderando-se dos documentos pessoais, ou 
objetos pessoais. 
 
10. Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho – art. 204, CP: 
 
Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho 
Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
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As constituições de 1937 e de 1967/69 estabeleciam regras sobre a nacionalização do 
trabalho. A nacionalização do trabalho era a limitação de trabalhadores estrangeiros no Brasil. A 
nacionalização do trabalho tinha como finalidade que os estrangeiros tivessem maior acesso que 
os nacionais no mercado de trabalho. 
Ocorre que, a atual constituição federal não prevê mais a chamada nacionalização do 
trabalho. Pelo contrário, a atual CF diz que brasileiros e estrangeiros têm igual direito ao trabalho. 
Daí que, para alguns autores, o art. 204 do CP não foi recepcionado pela Constituição de 
1988. Nesse sentido, Mirabete. 
 
10.1. Sujeito ativo: 
 
Qualquer pessoa. 
 
10.2. Sujeito passivo: 
 
O Estado. 
 
10.3. Objeto jurídico: 
 
A nacionalização do trabalho. Ou seja, que o trabalho, no Brasil seja exercido apenas por 
brasileiros. 
 
10.4. Tipo subjetivo: 
 
É frustrar normas relativas a nacionalização do trabalho. Referidas normas estão na CLT, 
pelo que temos aqui, uma norma penal em branco. 
O crime deve ser cometido mediante fraude ou violência. No caso de violência, o agente 
responde pelo crime do art. 204 + o crime correspondente à violência. 
 
10.5. Consumação e tentativa: 
 
A consumação se dá com a efetiva frustração da obrigação legal, e a tentativa é 
perfeitamente possível. 
 
11. Exercício de atividade com infração de decisão administrativa – art. 205, CP: 
 
Exercício de atividade com infração de decisão administrativa 
Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 
 
11.1. Sujeito ativo: 
Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
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Trata-se de crime próprio, podendo ser praticado apenas por quem esteja impedido de 
exercer a atividade em razão de decisão administrativa. 
 
11.2. Sujeito passivo: 
 
É o Estado. 
 
11.3. Objeto jurídico: 
 
É o respeito às decisões administrativas, relativas ao trabalho. 
 
11.4. Tipo objetivo: 
 
A conduta punível é exercer atividade durante o período de impedimento. 
 
11.5. Elemento normativo do tipo: 
 
Está na expressão decisão administrativa. Ou seja, só há o crime se o impedimento está 
declarado em decisão administrativa. 
Obs.: Para a maioria da doutrina, a expressão decisão administrativa, inclui a decisão de 
qualquer órgão da administração pública e também as decisões administrativas das entidades 
reguladoras de profissões liberais. Ex. decisão administrativa da OAB, do CRM. 
 Daí que, se o advogado atua como tal, estando impedido por decisão administrativa da 
OAB, está cometendo esse crime. 
 Apesar desse entendimento da doutrina, há várias decisões no STJ e no STF no sentido de 
que o advogado que atua durante o impedimento está cometendo a contravenção penal de 
exercício ilegal da profissão, do art. 47 da Lei de Contravenções Penais. 
 
11.6. Consumação e tentativa: 
 
A consumação se dá com o exercício habitual da atividade durante o período de 
impedimento. Estamos, pois diante de crime habitual, que não admite a tentativa. 
Obs.: se o impedimento foi declarado em decisão judicial e não administrativa, haverá o crime 
do art. 259 do CP – desobediência à ordem judicial. 
 
12. Aliciamento para o fim de emigração – art. 206, CP: 
 
Aliciamento para o fim de emigração 
Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro. (Redação 
dada pela Lei nº 8.683, de 1993) 
Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
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Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.683, de 1993) 
 
12.1. Sujeito ativo: 
 
Qualquer pessoa. 
 
12.2. Sujeito passivo: 
 
Estado, e, secundariamente, os trabalhadores enganados. 
 
12.3. Objeto jurídico: 
 
Diz a doutrina que é o interesse do Estado em manter os trabalhadores no território 
nacional. 
 
12.4. Tipo objetivo. 
 
O crime é recrutar mediante fraude. Se não há fraude, não há crime algum. Ex. recrutar 
três moças para trabalhar como modelos na Europa, e, na verdade, levá-las para exercer 
prostituição. 
 
12.5. Elemento subjetivo: 
 
É o dolo, acrescido da finalidade específica de levar o trabalhador para o estrangeiro. 
 
12.6. Consumação e tentativa: 
 
A consumação se dá com o simples recrutamento fraudulento, ainda que a finalidade não 
seja alcançada. 
A tentativa é possível. 
Recrutar único trabalhador configura o crime? Para a doutrina, é fato atípico, pois o tipo 
penal usa a palavra, trabalhadores, no plural. 
 
13. Aliciamento de trabalhadores de um local para outro, no território nacional – art. 207, 
CP: 
 
Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional 
Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade do território nacional: 
Pena - detenção de um a três anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de execução do trabalho, dentro do 
território nacional, mediante fraude ou cobrançade qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar 
condições do seu retorno ao local de origem. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
Direito Penal IV - Crimes contra a organização do Trabalho 
 
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§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena 
ou portadora de deficiência física ou mental. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
13.1. Sujeito ativo: 
 
Qualquer pessoa. 
 
13.2. Sujeito passivo: 
 
Estado, que tem o interesse em manter a organização do trabalho. 
 
13.3. Objeto jurídico: 
 
Interesse do Estado, em manter os trabalhadores em seu estado de origem. 
 
13.4. Tipo objetivo: 
 
É aliciar. Aliciar significa convencer. 
 O tipo penal usa a expressão trabalhadores, daí que, se for apenas um trabalhador, é fato 
atípico. 
 
13.5. Elemento subjetivo: 
 
É o dolo de aliciar, acrescido da finalidade específica de levar o trabalhador para outra 
região do país. 
Luiz Regis Prado diz que a localidade deve ser bem distante. Pois sendo próxima, não há 
ofensa ao bem jurídico. 
Obs.: Nesse tipo penal não se exige a fraude. Basta o aliciamento, sem fraude. 
 
13.6. Consumação e tentativa: 
 
Idem art. 206, CP.

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