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1 POLÍTICAS PÚBLICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDU. BÁSICA Aula 7: A política educacional dos anos 90 A ideologia neoliberal, apresentada como única via para enfrentar a crise econômica nacional, ocupou paulatinamente credibilidade junto às elites brasileiras e tornou-se hegemônica a partir do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC). A política educacional brasileira dos anos 90 foi implementada através de um conjunto articulado de reformas, com orientação do Banco Mundial, de acordo com o que preconizava tal ideologia no que tange à educação. Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Compreender a política educacional dos anos de 1990; 2. Reconhecer o papel relevante da educação na reforma do Estado brasileiro; 3. Identificar a relação existente entre o Banco Mundial e as reformas educacionais dos anos de 1990. Quem é o Banco Mundial? 2 3 O Banco Mundial e a América Latina A crise do endividamento, vivida pelos países da América Latina a partir dos anos 80, possibilitou uma maior interferência do Banco na política interna dessas nações. Sob essa perspectiva, o Banco Mundial, no final dos anos 80, formulou um conjunto de reformas a serem aplicadas nos países endividados para atender às necessidades de expansão do capital internacional. Essas reformas, que ficaram conhecidas como “Consenso de Washington”, defendiam principalmente: a) o equilíbrio orçamentário mediante a redução dos gastos públicos; b) a abertura comercial; c) a liberalização financeira; d) a desregulamentação dos mercados internos; e) a privatização das empresas e dos serviços públicos. Embora esses países pudessem enfrentar recessão e aumento da pobreza num primeiro momento de implantação das reformas, só assim, afirmava o Banco, seria possível retomar o crescimento econômico. Enfim, retomar o desenvolvimento sustentável. Economia e política social 4 Política educacional: lógica neoliberal 5 Funcionamento da reforma educacional Nesse sentido, as Reformas Educacionais indicadas pelo Banco Mundial apresentaram basicamente dois eixos. O primeiro voltado para uma educação racional e eficiente, capaz de reduzir os custos, o que implica na divisão de responsabilidades entre o Estado e a sociedade. O segundo, centrado na qualidade do ensino em função do diagnóstico apresentado pelo Banco acerca dos principais problemas da educação. Tais problemas estão relacionados ao acesso e permanência dos alunos na escola, crescimento acelerado da demanda de educação secundária e superior, alfabetização de adultos e aprofundamento da distância entre países da OCDE (Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e da América Latina e Caribe. Para saber um pouco mais sobre a interferência do Banco Mundial: Sendo assim, o documento do Banco Mundial (1995) que apresenta a sua posição e a sua prioridade para esse setor propõe mudanças no financiamento e na gestão do sistema educativo, de maneira a melhorar o acesso, a equidade e a qualidade. 6 No Brasil, o Banco Mundial ampliou sua atuação a partir da década de 80, com um maior volume de empréstimos vinculados à interferência na elaboração dos projetos educacionais, como, por exemplo, o Projeto EDURURAL, ou Nordeste I, desenvolvido entre 1980 e 1987. Mas é na década de 90, com a incorporação das recomendações provenientes das Conferências Internacionais (1990, na Tailândia; 1993, em Nova Delhi) ao Plano Decenal Brasileiro para a Educação que vamos verificar, de fato, a importância que esse Organismo Internacional assume na política educacional brasileira. Política neoliberal para a educação A concepção neoliberal que passou a orientar essa política educacional tratou a educação não mais como um direito do cidadão, mas sim como uma mercadoria. Não seria por outro motivo que, Paulo Renato Souza, um economista que foi ministro da educação nos dois governos de Fernando Henrique, tenha ocupado uma vice-presidência no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A educação ocupou um papel relevante na reforma do Estado brasileiro. Para tanto, o primeiro governo de Fernando Henrique (1995-1998) sofreu uma profunda reformulação, tomando como base o conceito de equidade social (Por equidade podemos entender a possibilidade de estender certos benefícios obtidos por alguns grupos sociais à totalidade das populações, sem, contudo, ampliar na mesma proporção às despesas públicas para esse fim (cf. Oliveira, 1999:74).) da forma que aparece nos estudos produzidos pelos Organismos Internacionais ligados à ONU e promotores da Conferência de Jomtien. Descentralização do ensino ou da responsabilidade? A “Conferência de Educação para Todos” (Março de 1990, em Jomtien) estabeleceu como orientação priorizar o ensino fundamental em detrimento dos demais níveis de ensino. Ainda, defendeu que a tarefa de assegurar a educação é de todos os setores da sociedade. De acordo com essa postura, o dever do Estado foi relativizado. A teoria na prática O eixo descentralização/racionalização tem, na municipalização do ensino e na criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), 7 a principal articulação do governo federal para ampliar o atendimento ao ensino fundamental, sem aumentar os recursos destinados a esse nível de ensino. O governo federal repassa aos municípios, muitas vezes as unidades mais pobres da Federação, a responsabilidade com esse nível de ensino, como bem podemos observar no quadro a seguir: A política educacional desse modelo de Estado Capitalista, implantado no Brasil de forma dominante a partir do governo de Fernando Henrique Cardoso, tem na municipalização da educação e no FUNDEF os elementos fundamentais da atual política econômica. Com essa descentralização, o Estado repassa a responsabilidade do investimento na educação para outros setores da sociedade. Porém, a formulação e o controle da aplicação dessa política são altamente centralizados, o que não permitiu a participação da sociedade na sua elaboração. Na próxima aula, você vai estudar o processo de elaboração da atual LDBN – Lei 9394/96, palco de disputas de projetos, características, avanços, retrocessos e desafios.
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