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A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL PRETTO, Débora1 ORIENTADOR, Professor2 Resumo As experiências dos primeiros anos de vida de uma criança definem como será o adulto do futuro. É na infância que o indivíduo começa a descobrir o mundo, a construir relações sociais e a moldar sua personalidade. Nesse processo, o ato de brincar tem papel fundamental, por isso, o estudo apresentado neste artigo foi desenvolvido com o intuito de avaliar a importância do brincar na educação infantil, buscando identificar os benefícios da prática para o desenvolvimento das crianças. Para tanto, fez-se uso da metodologia de revisão bibliográfica, buscando-se em plataformas digitais, estudos que tratassem do tema e pudessem contribuir com a discussão proposta. A investigação permitiu concluir que, de fato, o brincar é indispensável na educação infantil, pois as brincadeiras beneficiam o desenvolvimento social, físico, cognitivo e emocional, além de fomentar a imaginação e a criatividade das crianças. Por outro lado, identificou-se que alguns professores ainda não conseguem perceber a brincadeira como uma ferramenta de desenvolvimento infantil, tratando a hora de brincar das escolas, simplesmente como um momento de lazer e distração dos alunos. Assim sendo, concluiu-se que o brincar traz inúmeros benefícios para as crianças, principalmente nos seus primeiros seis anos de vida, sendo fundamental a formação continuada e treinamento de professores da pré-escola, para que os mesmos utilizem as brincadeiras a seu favor, e as tornem, de fato, mediadoras do aprendizado e do crescimento físico e intelectual das crianças. Palavras-chave: Desenvolvimento infantil. Educação Infantil. Brincar. 1 INTRODUÇÃO As vivências da infância de um indivíduo marcam sua trajetória, e as brincadeiras têm papel fundamental no desenvolvimento pessoal. O brincar é algo natural da criança, podendo ser entendido como uma forma particular de descobrir o mundo, refletir sobre ele, e entender-se como parte de uma realidade (DALLABONA; MENDES, 2004). 1 Aluna do curso de Segunda Licenciatura em Pedagogia do Centro Universitário Internacional UNINTER. Relatório apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso. 1º semestre – 2019. 2 Professor orientador no Centro Universitário Internacional UNINTER. 2 O espaço e o tempo para a brincadeira são elencados como itens básicos determinantes para o crescimento físico e emocional saudável, de acordo com pesquisa da Universidade de NotreDame (PEREIRA, 2017), ou seja, o ato de brincar é indispensável para que se tenha qualidade de vida ao longo dos anos. Teixeira e Volpini (2014) enfatizam que é durante a infância que a criança inicia sua interação com o mundo, sendo que boa parte desta interação que gera, por consequência, o aprendizado, acontece por meio das brincadeiras. Os mesmos autores ainda relembram o conhecido dito popular de que “se aprende brincando”, demonstrando a relação intrínseca que existe entre a educação e o brincar. Nesse contexto, o estudo apresentado neste artigo foi desenvolvido com o objetivo geral de avaliar a importância do ato de brincar para as crianças nos primeiros anos escolares, buscando identificar os benefícios das brincadeiras, bem como discutir sua relação com o aprendizado e o desenvolvimento de aspectos físicos e psicológicos. Embora seja um tema bastante discutido na psicologia e na pedagogia, dada a importância do mesmo, investigar os benefícios e a importância de a criança brincar durante o período da educação infantil mostra-se pertinente, pois a pesquisa permitirá o aprofundamento no tema, trazendo reflexões e perspectivas para professores de educação infantil, pois estudar sobre o brincar pode trazer contribuições a respeito do entendimento de cada criança, em diferentes contextos sociais, como enfatiza Nunes (2002). Para alcançar os objetivos supracitados, o artigo foi estruturado em quatro tópicos principais: a fundamentação teórica, que apresenta a contextualização de temas relacionada ao assunto pesquisado, fornecendo embasamento teórico para as discussões; a metodologia, que relata o roteiro de construção da pesquisa; os resultados e discussões, parte principal do artigo, onde apresentam-se as informações pertinentes e os dados científicos relacionados ao assunto e, por fim, tem-se as considerações finais, que realizam o fechamento e apontam as principais conclusões obtidas com a pesquisa. 3 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 EDUCAÇÃO INFANTIL: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA A história da educação infantil mistura-se com o contexto histórico, social e cultural. Por muitas décadas, as crianças eram tratadas como adultos, diferenciando-se deles apenas pelo tamanho e pela força, sendo que a infância não era tratada como um período de fragilidade (NEVES, 2019). Esta percepção sobre a infância começou a mudar somente em meados do século XX e, no Brasil, as primeiras atividades voltadas à educação infantil foram influenciadas pelo desejo de modernizar o país seguindo os moldes europeus. Tal anseio fez com que a elite social, composta por médicos, juristas e intelectuais, inspirados nas novas ideias pedagógicas do primeiro mundo, passassem a ver a infância como um problema social, sobretudo entre os mais pobres. A solução deste problema, por sua vez, era considerada fundamental para o desenvolvimento do país, pois assim acreditava-se que era possível construir uma nação culta, moderna e civilizada (NASCIMENTO, 2015; UJIIE; PIETROBON, 2008). Kuhlmann Jr (2000, apud UJIIE; PIETROBON, 2008) indica que a ideia principal, dentro dos princípios pedagógicos europeus, era o de preservar a infância, o que desencadeou a construção de projetos com foco nas crianças, que passaram a ser tratadas como promessas para o futuro. Com esse pensamento, instituições nacionais e internacionais, como o Departamento Nacional da Criança, UNICEF e UNESCO, elaboraram políticas para a educação e infância, voltadas sobretudo para áreas educacionais de saúde, assistência e previdência social (NOGUEIRA, 2011). Neves (2019) ressalta que, apesar dos esforços, a educação infantil que se via na sociedade brasileira era elitizada: apenas crianças pertencentes às classes mais altas eras assistidas em instituições particulares. Esse cenário perdurou até 1988, quando em virtude da pressão popular, a educação e as pré-escolas foram reconhecidas como um dever do Estado, assegurado pela nova Constituição Federal, em seu artigo 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será provida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988). 4 A educação infantil, hoje, após inúmeras discussões, conta com a Lei de Diretrizes e Bases – LDB, e o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, que de acordo com Oliveira (2008) e Silva (2013), permitem que a criança receba acolhimento, segurança, desenvolvasua sensibilidade, suas habilidades sociais e expressões, possibilitando o desenvolvimento pleno do indivíduo em aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais. 2.2 O QUE É BRINCAR? Divertir, aproveitar, jogar e imaginar podem ser considerados sinônimos de brincar. O ato de brincar é intrínseco à criança, porém, não se caracteriza como um simples passatempo ou distração: de acordo com Rodrigues (2009), ao brincar, a criança estimula sua imaginação, e a realidade e fantasia interagem, promovendo novas experiências e novas formas de construção de relações sociais, sendo um instrumento não só de entretenimento, mas de aprendizagem (ROLIM; GUERRA; TASSIGNY, 2008). Para Rolim, Guerra e Tassigny (2008, p.176), “a brincadeira é o lúdico em ação”, onde a criança expressa sua própria linguagem e, por isso, deve ser tratada com seriedade. O brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimento e aprendizagem. Ele envolve complexos processos de articulação entre o já dado e o novo, entre a experiência, a memória e a imaginação, entre a realidade e a fantasia, sendo marcado como uma forma particular de relação com o mundo, distanciando-se da realidade da vida comum, ainda que nela referenciada. A brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil, na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. O brincar não só requer muitas aprendizagens como também constitui um espaço de aprendizagem (RODRIGUES, 2009, p.19). Machado (2003) reitera que o ato de brincar é uma importante ferramenta para o aprendizado, pois ao brincar, a criança pensa e reflete sobre o mundo a sua volta, entendendo suas necessidades e aprendendo com elas. Para Borba (2006), o brincar é uma ação que identifica e diversifica os indivíduos em diferentes espaços e em diferentes tempos, sendo um importante meio de construção social. É no brincar que a criança apreende e incorpora muitos aspectos do seu mundo. Devido a isso precisamos pensar na criança como criança, com seu modo de pensar, agir e brincar. Conhecer e compreender melhor o universo infantil nos aproxima mais do que é próprio das crianças, da cultura que lhes é peculiar. A compreensão contemporânea de infância como produtora 5 de culturas, portanto, instiga novos olhares para o campo da educação no sentido de passarmos a entender a brincadeira não como atividade imposta ou interventiva, e sim como legítima linguagem infantil (ALMEIDA, 2017, p. 44). 2.3 BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS: UMA INFINIDADE DE POSSIBILIDADES O brinquedo, em si, de acordo com Cordazzo e Vieira (2007), pode ser entendido como um objeto que tem por função estimular a brincadeira e atrair a criança para brincar. Santana, Alcantara e Porto (2017) definem o brinquedo como o objeto que dá vida às brincadeiras. Brougère e Wajskop (1997, apud CORDAZZO; VIEIRA, 2007) ressaltam, no entanto, que o brinquedo não possui uma função específica, pois o simbolismo sobressai à função. Os autores exemplificam o fato expondo que um cabo de vassoura, simbolicamente, é transformado em um cavalo pela imaginação de uma criança, mesmo que sua função propriamente dita, seja outra completamente distinta. Em virtude de a imaginação das crianças ter o poder de transformar qualquer objeto em brinquedo, não é possível precisar quando surgiram os primeiros brinquedos e as primeiras brincadeiras. O que se pode afirmar, é que a história de ambos se mistura com a história da humanidade, variando de acordo com a região e a cultura de cada povo (EBC, 2014). Supõem-se que os primeiros brinquedos foram criados no ambiente familiar, artesanalmente e, muitos deles, criados pelas primeiras civilizações, ainda fazem parte do cotidiano de muitas crianças: do antigo Egito, herdou-se o jogo-da-velha e as bonecas e da China, o dominó e as pipas, por exemplo (EBC, 2014). A diversidade de brinquedos e brincadeiras é imensurável. Entretanto, Barreto (2017) indica que em cada fase da infância observam-se algumas atividades que se mostram mais adequadas ou mais atrativas, como apresentado no Quadro 1. Silva (2016), entretanto, ressalta que o uso dos brinquedos exige habilidade e agilidade, pois durante o brincar, podem surgir situações inesperadas, e estar atento a elas é fundamental para extrair do brinquedo ou da brincadeira o máximo proveito. 6 Quadro 1 – Brinquedos e brincadeiras para crianças por faixa etária. Faixa etária Brinquedos e brincadeiras 0 a 2 anos Musicais, carrinhos de puxar e empurrar, massa de modelar. 3 a 5 anos Quebra-cabeça, brincadeiras de roda, pular corda, esconde- esconde 6 a 10 anos Brinquedos de montar, corda, desenho, escorregador, balanço. Fonte: Adaptado de Barreto (2017). 2.4 A BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Segundo Souza (2007), brincadeira é a palavra que indica o ato de brincar, correspondendo a um comportamento espontâneo, sem regras fixas. Para Kishimoto (2002, p. 139), “a brincadeira é uma atividade que a criança começa desde seu nascimento no âmbito familiar”. A brincadeira é uma das principais maneiras de a criança ser e se expressar na infância, de tal modo que se pode afirmar que a criança, sobretudo, nos primeiros anos de vida, é em grande medida, um ser brincante (SAVIO, 2017, p. 15). As crianças desenvolvem as brincadeiras com o intuito de lazer e recreação, mas, indiretamente, proporcionam a elas a interação com os pais, colegas e com o ambiente ao seu redor (QUEIROZ; MACIEL; BRANCO, 2006).Brougère (1998, apud QUEIROZ; MACIEL; BRANCO, 2006) destaca que é nos primeiros seis anos de vida que uma criança desenvolve com mais entusiasmo a brincadeira, sendo, por isso, considerada por Savio (2017), um ser brincante que se expressa por meio da brincadeira. De acordo do Kishimoto (2002), por muito tempo a brincadeira foi vista simplesmente como uma forma de recreação para as crianças, contudo, no período renascentista, filósofos e educadores passam a entender o brincar como uma ferramenta auxiliar no desenvolvimento intelectual, e o incluem como instrumento de aprendizagem. Schultz e Souza (2015) indicam que o uso da brincadeira como método de ensino no Brasil, ganhou força com o advento das Leis de Diretrizes e Bases, que, dentro outros aspectos, passou a caracterizar a educação infantil como obrigatória, 7 atendendo crianças de zero a seis anos, buscando satisfazer suas necessidades pedagógicas, não somente tratando-as com assistencialismo. Entretanto, Barros (2009) destaca que: O brincar, atividade essencial para o desenvolvimento infantil, não pode ser visto somente como fins didáticos para a alfabetização. Tem que ser percebido como uma atividade essencial e potencializadora do desenvolvimento, e que proporciona à criança durante seu processo a capacidade de ler o mundo adulto, opinando e criticando (BARROS, 2009, p.38). A educação infantil é um processo de formação humana, que toma como ponto de partida os conhecimentos que a criança possui e os trabalha, de forma adequada, para ampliar e proporcionar novos conhecimentos. Assim, o brincar está diretamente ligado ao processo de aprendizagem pois, quando brinca, a criança relaciona ideias, conceitos e habilidades para construir seu saber individual (SCHULTZ; SOUZA, 2015). 3 METODOLOGIA A metodologia aqui utilizada foi a de revisão bibliográfica, que, de acordo com Fonseca (2002), se caracteriza como um processo de levantamento de informações e colocações de vários autores, para que se entenda e se discuta um determinado assunto. Fonseca (2002) também ressalta que a revisão pode ser construída com os mais variados tipos de materiais: artigos científicos, livros, revistas (online ou impressos), páginas da web, etc. Assim, a revisão bibliográfica foi a ferramenta escolhida para identificar e discutir a importância do brincar na educação infantil, bem como para elencar os benefícios das brincadeiras para o desenvolvimento das crianças. Ainda, o estudo proposto é de caráter exploratório, pois busca em outros estudos familiaridade com o tema pesquisado, permitindo a percepção e discussão de ideias (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). As informações utilizadas para a discussão proposta foram colhidas em plataformas de pesquisa científica –Scielo e Google Acadêmico. No primeiro, fez-se uso da busca avançada com os descritores “brincar”, “infância” e “educação infantil”, 8 enquanto que no segundo, a busca foi baseada na frase que intitula este estudo, “a importância do brincar na educação infantil”. Para leitura, foram selecionados artigos científicos publicados em periódicos nacionais ou em anais de congresso, e trabalhos de conclusão de curso de graduação em pedagogia, sendo incluídas publicações realizadas dentro do espaço de tempo de duas décadas (1998 a 2018), que se encontravam disponíveis de forma gratuita, e cujos objetivos assemelhavam-se aos estabelecidos para esta pesquisa. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO As discussões envolvendo a importância do brincar na educação infantil são realizadas por diversos autores, sendo desenvolvidas principalmente por profissionais das áreas de pedagogia e psicologia educacional. Lev Vygotsky, psicólogo russo, é um dos mais renomados pesquisadores do assunto, sendo citado em praticamente todos os estudos consultados, enquanto que TizukoMorchidaKishimoto, pedagoga doutora em Educação, é uma das mais citadas nos estudos mais recentes, assim como é uma das autoras mais ativas nas publicações a respeito da educação infantil nos últimos anos. Na literatura, encontra-se uma enormidade de estudos com a temática, com discussões construídas em datas que variam desde meados de 1800 até os dias atuais, revelando que o tema é amplamente discutido ao longo da história da humanidade e mistura-se com o contexto histórico, cultural e social. A grande quantidade de publicações recentes encontradas também nos revela que o tema estudado está em constante atualização/evolução, principalmente pelo fato de que o modo de brincar das crianças sofre alterações ao longo dos anos. Exemplo claro e abordado por alguns autores, é a introdução maciça de equipamentos e brinquedos eletrônicos no cotidiano das crianças, que na grande maioria das vezes, se mostram mais atrativos do que os brinquedos lúdicos, trazendo o desafio para a educação infantil de se atualizar e utilizar a tecnologia a favor do desenvolvimento infantil. 9 De forma geral, o material disponível nas plataformas eletrônicas proporcionou um excelente embasamento teórico, servindo como base para a construção das discussões e para o alcance dos objetivos deste estudo. 4.1 BENEFÍCIOS DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL Os benefícios do brincar na educação infantil, de acordo com os estudos consultados nesta pesquisabibliográfica, são diversificados, sendo observada concordância entre os autores. Buscou-se na pesquisa bibliográfica estudos de caso que possuíssem na metodologia a observação, para que, de fato, fossem identificados os benefícios do brincar no cotidiano da educação infantil. O Quadro 2, apresentado a seguir, reúne os principais benefícios elencados pelos autores consultados. No geral, os benefícios do brincar relacionam-se com o desenvolvimento de variados aspectos das crianças e este é o ponto chave para se entender a importância do brincar na educação infantil, pois como afirmam Cordazzo e Vieira (2007, p.96) “uma criança que apresenta déficits em algum aspecto do desenvolvimento pode ser incentivada, através da brincadeira, a estimular estes aspectos”. Quadro 2 – Benefícios do brincar na educação infantil, segundo pesquisa bibliográfica. Benefício Descrição Autor(es) Desenvolvimento e convívio social A brincadeira promove a interação de dupla ou grupo, estimula a conversação, desafia e ensina a criança a respeitar o semelhante e a conviver com as diferenças, sendo uma das melhores formas de estimular relacionamentos. Além disso, algumas brincadeiras possuem regras, facilitando o entendimento das regras de convivência social. Ainda, a brincadeira é uma oportunidade para as crianças criarem vínculos afetivos e fazerem amigos. Silva, 2018;Lima, 2013; Lira, 2011; Rolim, Guerra e Tassigny, 2008; Cordazzo e Vieira, 2007. 10 Benefício Descrição Autor(es) Desenvolvimento físico-motor Brincadeiras que exijam esforço física, como pega-pega e esconde-esconde, auxiliam as crianças a entender e conhecer seus corpos e suas possíveis limitações. Silva, 2018; Lima, 2013; Silva, 2013; Cordazzo e Vieira, 2007. Desenvolvimento cognitivo Brincadeiras e brinquedos específicos estimulam a memória, raciocínio, pensamento crítico e outros fatores envolvidos no cognitivo da criança. Silva, 2018; Santos, 2016; Silva, 2013. Desenvolvimento emocional Por meio da brincadeira, a criança tem oportunidade de resolver conflitos internos, permitindo que ela expresse seus sentimentos e, com o tempo, crie a capacidade de controlar e lidar com o ambiente a sua volta, que pode lhe deixar com raiva, com angústia ou com medo Silva, 2018; Chaves, 2015. Estímulo à criatividade Crianças tendem a ser muito criativas, mas durante o brincar a criatividade é bastante exercitada relaciona-se muito com a imaginação. Silva, 2018; Santos, Costa e Martins, 2015. Facilitador do aprendizado O aprendizado inicia muito antes da criança frequentas a escola. Nesse sentido, as brincadeiras, principalmente do tipo jogos, podem ser adaptadas para as mais diversas situações, podendo transmitir conhecimento sobre qualquer assunto. O brincar, que é natural da criança, dissolve e dinamiza o ambiente de ensino, tornando-o mais acolhedor e atrativo, contribuindo diretamente para a construção do saber. Santos, Costa e Martins, 2015; Oliveira, 2010; Rolim, Guerra e Tassigny, 2008. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Enlaçando todas as colocações apontadas pelos autores consultados, finalizando esta sessão, transcreve-se a colocação de Kishimoto (2010), que afirma que: Para a criança, o brincar é a atividade principal do dia-a-dia. É importante porque dá a ela o poder de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo, de repetir ações prazerosas, de partilhar, expressar sua individualidade e identidade por meio de diferentes linguagens, de usar o corpo, os sentidos, os movimentos, de solucionar problemas e criar. Ao brincar, a criança experimenta o poder de 11 explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-lo e expressá-lo por meio de variadas linguagens. Mas é no plano da imaginação que o brincar se destaca pela mobilização dos significados. Enfim, sua importância de relaciona com a cultura da infância, que coloca a brincadeira como ferramenta para a criança de expressar, aprender e se desenvolver (KISHIMOTO, 2010, p. 01). 4.2 RELAÇÃO ENTRE O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA A pesquisa bibliográfica revela que o exercício da brincadeira está diretamente ligado ao desenvolvimento das crianças, nos mais diversos aspectos, sendo este um dos benefícios do brincar mais citados pelos autores. Santana, Alcântara e Porto (2017) indicam que qualquer jogo ou brincadeira pode contribuir para o desenvolvimento da criança, desde que feitos de forma lúdica, instigando a imaginação. Segundo os mesmos autores, o conjunto formado pelas manifestações do imaginário e pelas atividades de aprendizagem, possibilitam o desenvolvimento integral da criança. Algumas observações in loco relatadas nos estudos consultaram indicaram que as brincadeiras livres, nos horários de lazer da educação infantil, também contribuem significativamente para o processo de desenvolvimento das crianças. Como exemplo desta situação, Gomes e Santos (2018) destacam o progresso observado em crianças de uma determinada escola infantil que, ao brincarem em grupo, desenvolveram aspectos cognitivos e afetivos, além de aprender a interagir, enfrentar desafios e vencer medos. Assim sendo, “o brincar para a criança não é apenas uma questão de diversão, mas também de educação, construção, socialização e desenvolvimento de suas potencialidades” (TEIXEIRA; VOLPINI, 2014, p. 83). 4.3 DESAFIOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Embora a importância do brincar na educação infantil tenha sido consenso entre os estudos consultados, alguns autores destacaram que existem muitas dificuldades a serem enfrentadas na pré-escola, e muitos professores não trabalham o brincar de forma adequada. Silva (2018) verificou, em sua observação, que o professor interagia pouco com seus alunos, utilizando a hora da brincadeira das crianças para organizar e 12 planejar as próximas aulas, ou seja, em muitos casos, o brincar ainda é visto como uma forma de distrair os pequenos e mantê-los ocupados. Lira (2011) corrobora com o exposto quando afirma que: [...] o que geralmente se verifica nas escolas é um brincar dirigido ou um “deixar brincar”, ambos pouco contribuindo para o prazer das crianças. Estas comumente apresentam desinteresse e desmotivação pelas experiências oferecidas, que não oferecem desafios, novidades e materiais interessantes para manuseio e invenção/reinvenção/construção. O que se observa, por exemplo, nas instituições de educação infantil, é que as crianças ficam mudando de um grupo para outro sem demonstrar real interesse, empenho ou concentração nas brincadeiras. Revelam-se apáticas, caladas, à espera de estímulos e /ou objetos que não aparecem (LIRA, 2011, p. 14.770). Navarro (2009) também expõe um ponto muito importante: em muitas escolas públicas, a falta de recursos impede a aquisição de brinquedos adequados, o que dificulta o uso dos mesmos como instrumento de aprendizagem e desenvolvimento. Contudo, essa dificuldade poderia ser superada com atividades e brincadeiras planejadas ou inventadas pelos professores, com objetos alternativos, no entanto, o mesmo autor verificou, em observação, pouca iniciativa por parte dos professores de promover brincadeiras novas. Ainda para Navarro (2009), mesmo com o esforço dos profissionais, muitas vezes o que se identifica é a falta de conhecimento teórico, pois a formação dos professores na graduação não é suficiente ou não é capaz, por si só, de repassar aos futuros profissionais a importância do brincar, fazendo com que a relação entre professor, brincadeiras e alunos, fique debilitada. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo de revisão bibliográfico desenvolvido e aqui apresentado permitiu identificar os inúmeros benefícios que o brincar na educação infantil traz para as crianças, mostrando-se um tema pertinente e amplamente discutido nas áreas da psicologia e pedagogia. A educação é um direito assegurado pela constituição, e tendo em vista que as experiências da infância moldam a personalidade e influenciam em aspectos psicológicos dos indivíduos, proporcionar à criança uma experiência agradável nos primeiros anos escolares é de suma importância. 13 O brincar, muito mais do que um ato natural da criança, é uma ferramenta de aprendizado indispensável para o desenvolvimento infantil. Aos professores de educação infantil, cabe o desafio de sempre buscar formas lúdicas de transmitir conhecimento, de tornar a sala de aula um ambiente aconchegante e convidativo. Às escolas, cabe a responsabilidade de incentivar seus professores a buscarem conhecimento, oferecendo cursos de planejamento e treinamento, para que os mesmos possam aprimorar, adequar e ou otimizar seus métodos de ensino, utilizando o lúdico da melhor forma possível. Cada criança é única, assim como cada brinquedo e cada brincadeira possuem características e finalidades específicas, portanto, tratar o brincar na educação infantil com seriedade é indispensável para que, de fato, os primeiros anos escolares cumpram o papel de preparar as crianças para a longa jornada da vida. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. T. P. O brincar, a criança e o espaço escolar. In: A criança e obrincar nos tempos e espaços da escola. 236 p. Luciane Maria Schlindwein, IlanaLaterman, Leila Peters (Organizadoras). Florianópolis: NUP, 2017. BARRETO, J. A importância do brincar. Central Nacional UNIMED, 2017. Disponível em: <https://www.centralnacionalunimed.com.br/en/viver-bem/pais-e- filhos/a-importancia-do-brincar>. Acesso em: 25 fev. 2019. BARROS, F. C. O. M. Cadê o brincar? Da educação infantil para o ensino fundamental. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. BORBA, A. M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. 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