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A era dos direitos

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FACULDADES INTEGRADAS AGES
Campus de TUCANO
THEREZA ELIZABETH OLIVEIRA SANTOS
A ERA DOS DIREITOS
Fichamento apresentado no curso de Bacharelado em Direito, da Faculdade AGES de Tucano, como um dos pré-requisitos para obtenção da nota parcial da disciplina Teoria da Constituição.
Professor (a): Jailson Souza Santana.
Tucano 
2018
REFERÊNCIA DA OBRA
BOBBIO, Norberto, 1909 - A era dos direitos / Norberto Bobbio; tradução Carlos Nelson Coutinho; apresentação de Celso Lafer. Nova ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. - 7ª reimpressão.
CITAÇÕES DIRETAS REPRESENTATIVAS
“Neste ensaio, proponho-me a discutir três temas: a) qual é o sentido do problema que nos pusemos acerca do fundamento absoluto dos direitos do homem; b) se um fundamento absoluto é possível; c) se, caso seja possível, é também desejável.” (p. 12)
Da finalidade visada pela busca do fundamento, nasce a ilusão do fundamento absoluto, ou seja, a ilusão de que de tanto acumular e elaborar razões e argumentos — terminaremos por encontrar a razão e o argumento irresistível, ao qual ninguém poderá recusar a própria adesão. (p. 12)
“Essa ilusão já não é possível hoje; toda busca do fundamento absoluto é, por sua vez, infundada.” (p. 13)
“O problema fundamental em relação aos direitos do homem, hoje, não é tanto o de justificá-los, mas o de protegê-los. Trata-se de um problema não filosófico, mas político.” (p. 16)
“A Declaração Universal dos Direitos do Homem representa a manifestação da única prova através da qual um sistema de valores pode ser considerado humanamente fundado e, por tanto, reconhecido: e essa prova é o consenso geral acerca da sua validade.” (p. 17)
Ora, a Declaração Universal dos Direitos do Homem que é certamente, com relação ao processo de proteção global dos direitos do homem, um ponto de partida para uma meta progressiva, como dissemos até aqui — representa, ao contrário, com relação ao conteúdo, isto é, com relação aos direitos proclamados, um ponto de parada num processo de modo algum concluído. (p.20)
[...] a resistência compreende todo comportamento de ruptura contra a ordem constituída, que ponha em crise o sistema pelo simples fato de produzir-se, como ocorre num tumulto, num motim, numa rebelião, numa insurreição, até o caso limite da revolução; que ponha o sistema em crise, mas não necessariamente em questão. (p. 61)
“[...] a contestação se refere, mais do que a um comportamento de ruptura, a uma atitude de crítica, que põe em questão a ordem constituída sem necessariamente pô-la em crise.” (p. 61)
Jamais se pôs em dúvida que, entre as penas a infligir a quem violou as leis da tribo, ou da cidade, ou do povo, ou do Estado, estivesse também a pena de morte, ou mesmo que a pena de morte fosse a rainha das penas, aquela que satisfazia ao mesmo tempo as necessidades de vingança, de justiça e de segurança do corpo coletivo diante de um dos seus membros que se havia corrompido. (p. 68)
Não há dúvida de que, a partir de Beccaria, o argumento fundamental dos abolicionistas foi o da força de intimidação. Mas a afirmação de que a pena de morte teria menos força intimidatória do que a pena a trabalhos forçados era, na época, uma afirmação fundada em opiniões pessoais, derivadas, por sua vez, de uma avaliação psicológica do estado de espírito do criminoso, não sufragada por nenhuma comprovação factual. (p. 73)
“Para além das razões de método, pode-se aduzir em favor da tolerância uma razão moral: o respeito à pessoa alheia.” (p. 88)
TEXTO CRÍTICO
Norberto Bobbio aborda inicialmente sobre os fundamentos dos direitos do homem. Inicialmente o autor levanta a discussão de três temas: qual é o sentido do problema que nos pusemos acerca do fundamento absoluto dos direitos do homem; se um fundamento absoluto é possível; se, caso seja possível, é também desejável. A respeito do problema do fundamento, Bobbio relata que o fundamento absoluto protegido pelo jusnaturalismo não é uma possibilidade atual, sendo esta procura uma ilusão. 
Assim, o autor volta-se para a segunda discussão, onde apresenta quatro dificuldades acerca do pensamento absoluto: a expressão “direito do homem” é vaga; Os direitos do homem se estabelecem em classe variável e se modificam conforme o decorrer da história; Os direitos são diferentes, heterogêneos; Contraste de direitos fundamentais para categorias diferentes de pessoas. Podendo-se dizer, portanto, que o problema dos direitos fundamentais do homem não está em justificá-los, mas sim defendê-los, sendo este um problema jurídico e intrínseco ao desenvolvimento da sociedade. 
O autor afirma que há três modos de fundar os valores: deduzi-los por um objetivo constante; apreciar esses valores como verdades evidentes em si mesmas; e que valores são fundados em um consenso. Foi então com a Declaração Universal dos Direitos do Homem (1848), que todo o globo passou a ter valores reconhecidos como direitos. 
A expansão e universalização desses direitos se deram em um processo arrastado, sendo a Declaração apenas o início de um demorado processo de implementação de políticas eficientes para promover e garantir esses direitos. A partir daí, é que se entende que os direitos nascem como direitos naturais universais e crescem como direitos positivos particulares, para assim, tornarem-se direitos positivos universais. 
Bobbio segue dizendo que acredita que os debates entre líderes mundiais, através de seminários e conferências, serão de relevante valor para a progressiva composição e disseminação dos direitos do homem. Foi, então, com o fim da Segunda Guerra Mundial que as discussões acerca do tema ganharam nível internacional, pois essa internacionalização, junto com a positivação e a generalização, dos valores representou e acarretou relevante avanço para direitos.
Tendo em vista que os direitos fundamentais para as pessoas, bem como a implementação de leis nacionais e internacionais específicas, nota-se a relação com as informações passadas por Bobbio, percebendo-se o valor que a efetivação dos direitos do homem possui. Cumpre observar que a deficiência, por exemplo, pode implicar necessidades maiores para quem a possui e o cumprimento desses direitos ajuda no bem-estar físico e mental da pessoa.
Para não serem oprimidos por aqueles que detinham o poder, o homem exercia sua única opção, a resistência. Bobbio relata que a resistência deixa o sistema em crime, e apresenta assim a diferença desta para a contestação. A resistência é aquilo que rompe a ordem constituída, enquanto a contestação é um ato crítico que não traz crise ao sistema, tendo assim, violência na primeira e ideologias na segunda. 
Em seguida, o autor aborda a pena de morte, na qual esta era bastante utilizada por motivos de justiça, vingança e segurança, entrando somente depois de muitos anos em discussões políticas. Bobbio então traz os dizeres de Beccaria, que no período iluminista, debateu que as penas deveriam ser justas e que a força da intimidação tem mais poder que a pena de morte. 
A temática volta-se para o momento atual, e questiona-se se é moral e ilícito, o Estado, matar alguém. Para o autor, as duas únicas maneiras que se pode considerar a pena de morte é em estado de necessidade e em legítima defesa, fora isso, a pena de morte não carece existir em nenhum Estado. 
A respeito da tolerância, Bobbio traz seu conceito para quem sofre preconceito e discriminação por razões físicas ou sociais, apontando o intolerante como uma pessoa em convicções. A tolerância, desse modo, deve ser vista como um instrumento que atue contra a discriminação; assim, em uma declaração universal que vise a liberdade de pensamento para o indivíduo, deve do mesmo modo, impor a obrigação de respeitar a subjetividade de cada um, não permitindo qualquer forma de preconceito. 
Em vista disso, é necessário abordar a questão do preconceito e intolerância, que boa parte das pessoas na sociedade possui para com aqueles que têm deficiência. Mesmo após anos de direitosestabelecidos, é notória a dificuldade de inserção de pessoas com deficiência na sociedade, pois além dos problemas relacionados à acessibilidade, boa parcela da sociedade ainda carrega em si a falta de informação e o preconceito.

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