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Apostila de Direito de Família Parte II 54 páginas

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Profª Maria Cremilda Silva Fernandes 
Especialista em Direito Privado 
 
 58
 
EXTINÇÃO DO CASAMENTO 
Referência legislativa: art. 226 da CF; arts. 1.562 e 1.571 a 1.582 do CC; Lei 6.515/77; Lei 
8.408/92; Lei 7.841/89; Lei 968/49 e Lei 5.478/68. 
CAPÍTULO X 
Da Dissolução da Sociedade e do vínculo Conjugal 
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: 
I - pela morte de um dos cônjuges; 
II - pela nulidade ou anulação do casamento; 
III - pela separação judicial; 
IV - pelo divórcio. 
§ 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, 
aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente. 
§ 2o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter 
o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação 
judicial. 
Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de 
algum dos seguintes motivos: 
I - adultério; 
II - tentativa de morte; 
III - sevícia ou injúria grave; 
IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo; 
V - condenação por crime infamante; 
VI - conduta desonrosa. 
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade 
da vida em comum. 
Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícito 
aos cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo. 
Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o direito de terceiros, adquirido antes e 
durante o estado de separado, seja qual for o regime de bens. 
Profª Maria Cremilda Silva Fernandes 
Especialista em Direito Privado 
 
 59
Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de 
usar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a 
alteração não acarretar: 
I - evidente prejuízo para a sua identificação; 
II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união 
dissolvida; 
III - dano grave reconhecido na decisão judicial. 
§ 1o O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer 
momento, ao direito de usar o sobrenome do outro. 
§ 2o Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado. 
Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos. 
Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá importar 
restrições aos direitos e deveres previstos neste artigo. 
Art. 1.580. Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver decretado a 
separação judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos, 
qualquer das partes poderá requerer sua conversão em divórcio. 
§ 1o A conversão em divórcio da separação judicial dos cônjuges será decretada por 
sentença, da qual não constará referência à causa que a determinou. 
§ 2o O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges, no caso de 
comprovada separação de fato por mais de dois anos. 
Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens. 
Art. 1.582. O pedido de divórcio somente competirá aos cônjuges. 
Parágrafo único. Se o cônjuge for incapaz para propor a ação ou defender-se, poderá fazê-lo 
o curador, o ascendente ou o irmão. 
XV. Da Dissolução da Sociedade e do vínculo Conjugal 
Uma das características do casamento é a sua indissolubilidade 
No entanto, há fatores que podem importar em sua extinção, sejam eles imputáveis ou 
não às partes. 
 
 
Rompe-se o casamento: 
 
 
 
a) por fato natural (morte); 
 
b) nos casos de invalidade e ineficácia do matrimônio, que 
são, a bem da verdade, fatores anteriores ao próprio 
casamento civil; 
 
Profª Maria Cremilda Silva Fernandes 
Especialista em Direito Privado 
 
 60
 
c) pela vontade de uma ou de ambas as partes, através da 
separação judicial ou do divórcio. 
 
 
A separação de corpos se dará por: 
 
 
 
1. Abandono do lar 
conjugal 
 
 
Quando um dos cônjuges resolve deixar de manter domicílio 
naquele fixado pela entidade familiar, dá-se o abandono do lar 
conjugal. Trata-se de conduta incompatível com o cumprimento 
dos deveres de assistência imaterial e materiais decorrentes do 
casamento civil, que se caracteriza pela simples saída do 
domicílio, com indícios de que não mais haverá retorno a ele. 
 
 
2. Saída do domicílio por 
motivos justificáveis 
 
 
 
O cônjuge que sai do domicílio por motivos justificáveis 
pode regularizar tal ato, obtendo autorização judicial para 
tanto. 
 
A jurisprudência considera como motivos razoáveis 
ou justificáveis agressões físicas, atentado contra a vida 
e assim por diante. 
 
A ausência de motivo justo, acarreta 
responsabilidade, podendo ser imputada em seu 
desfavor à culpa pela extinção do casamento. 
 
A separação de corpos pode ser requerida 
cautelarmente, como forma de saída autorizada do lar 
conjugal e de liberação dos deveres matrimoniais. 
 
 
3. Outras hipóteses de separação de corpos 
 
A separação de corpos poderá, ainda, ser requerida ao juiz de direito nas seguintes 
hipóteses: 
 
• Antes da ação de nulidade do casamento; 
• Antes da ação anulatória de casamento; 
• Antes da separação judicial; 
• Antes da dissolução da união estável. 
 
A separação de corpos pode ser deduzida como pedido processual cumulado com o de 
retirada do outro cônjuge do lar conjugal, a pretexto de proteção da integridade física do 
requerente ou de seus filhos. 
 
O CC autoriza a conversão da separação de corpos em divórcio – art. 1.580. 
 
Decorrido mais de um ano do trânsito em julgado da decisão que concedeu a 
separação de corpos, qualquer dos interessados poderá requerer a sua conversão em 
divórcio. 
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Especialista em Direito Privado 
 
 61
 
 
4. Separação Judicial 
 
a) separação consensual ou amigável 
 
 
Há o acordo de vontades entre os nubentes, 
para extinção da sociedade conjugal, para 
tanto, os cônjuges deverão estar casados há 
mais de um ano. 
 
Não há nesta modalidade de separação 
nenhum litígio a ser dirimido entre os 
cônjuges, e os termos constantes da petição 
inicial, devidamente assinadas por ambos os 
interessados e seu procurador, devem ser 
submetidos à apreciação do MP e do Poder 
Judiciário. 
 
 
Casos da não homologação da separação consensual: 
• os interesses dos filhos porventura existentes não estão sendo preservados; e 
• os interesses de um dos cônjuges não estão sendo preservados. 
 
A recusa judicial da homologação poderá ser posteriormente suprida, mediante o 
atendimento da alteração dos termos integrantes da separação amigável. 
 
 
 
4.1 Separação judicial e o divórcio de acordo com a Lei n.º 11.441/07 
 
A alteração mais recente, como produto da reforma processual, foi introduzida pela Lei n.º 
11.441, de 04 de janeiro de 2007 a qual, alterando dispositivos da Lei n.º 5.869/73 – Código de 
Processo Civil, admitiu a realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio 
por via administrativa. 
 
 O referido diploma legal foi recebido com entusiasmo pela comunidade jurídica, sobretudo 
porque tem por objetivo promover uma sensível desobstrução dos canais do Judiciário 
brasileiro e proporcionar à sociedade uma célere opção para a resolução de situações de 
direito, que versem sobre as relações pessoais, em que propriamente não haja um litígio, mas 
sim uma convergência de interesses. 
 
 Deste modo, a repercussão da lei n.º 11.441 foi manifestada especialmente nos institutos 
da separação consensual, do divórcio consensual, da realizaçãodo inventário e da partilha, ao 
passo que conferiu às partes interessadas a possibilidade de, pela via administrativa, realizar 
tais atos mediante escritura pública lavrada no Tabelionato de Notas. 
 
 Todavia, a admissão de tal procedimento exige, especialmente, dois requisitos cumulativos, 
que devem ser observados com cautela pelas partes interessadas, no caso: 
 
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 62
(a) exige-se a consensualidade entre as partes, ou seja, os interessados devem estar 
de comum acordo acerca do conteúdo das disposições a serem tomadas com relação à 
separação, ao divórcio, ao inventário e à partilha; 
 
(b) em qualquer das hipóteses, isto é, em se tratando de separação, divórcio, partilha e 
inventário, não poderá coexistir interesses de menores ou incapazes, o que impede, por 
exemplo, que casais com filhos menores ou incapazes, ainda que a separação seja 
consensual, optem pela via administrativa – no Cartório de Ofício de Notas. 
 
 
 Devido às nuances que envolvem as relações pessoais, o Direito de Família, assim como o 
Direito das Sucessões, sofrem uma significativa ingerência do Estado, que procura regular e, 
na maioria das vezes, proteger os interesses daqueles cuja capacidade jurídica, ainda que 
temporariamente, encontra-se comprometida. 
 
 Tal fato justifica a preocupação legislativa no tocante aos interesses dos menores ou 
incapazes como necessária, sobretudo porque, trata-se de um interesse indisponível, melhor 
dizendo, irrenunciável, e por esta razão sua apreciação é reservada, exclusivamente, à tutela 
do judiciário com o consentimento do Ministério Público. 
 
 Por outro lado, a exigência de consensualidade para a prática do ato, no caso, separação, 
divórcio, partilha e inventário, é um requisito que se compatibiliza com o Estado Democrático 
de Direito, pelo qual, apenas o Poder Judiciário, constitucionalmente reconhecido, pode se 
manifestar, em caráter vinculativo e definitivo, com relação a conflito de interesses. Em uma 
palavra, trata-se de uma intervenção judicial obrigatória, assim como do Ministério Público que, 
por missão institucional, atua como fiscal da lei, garantindo a lisura e segurança do 
procedimento. 
 
 Com efeito, satisfeitos tais requisitos, a lei reconhece a possibilidade de realização de 
inventário, partilha, separação e divórcio por via administrativa. 
 
 A opção pela via administrativa reconhece que tais relações pessoais, especialmente 
aquelas inerentes ao Direito de Família, poderão se submeter a um procedimento mais célere, 
mediante escritura pública lavrada no Tabelionato de Notas, a qual será considerada título 
hábil para o registro de imóveis e o registro civil, dispensando, na hipótese, eventual 
homologação judicial. 
 
 Neste procedimento administrativo, inaugurado pela Lei n.º 11.441/2007, é exigido que as 
partes sejam assistidas por advogado comum ou representantes de cada uma delas. Tal 
exigência afigura-se como requisito de existência, validade e eficácia da escritura pública a ser 
lavrada no Tabelionato de Notas, pelo que não pode ser dispensada. 
 
 Ademais, a lei, ratificando as disposições inerentes ao Código Civil, manteve, para tal 
procedimento, os mesmos requisitos legais específicos relativos à separação e ao divórcio. 
Desta forma, para que os cônjuges possam se separar devem estar casados há mais de 
um ano. 
 
 No caso do divórcio sobrevêm duas situações: 
 
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 63
(a) os cônjuges poderão se divorciar acaso tenha decorrido um ano do trânsito em julgado 
da sentença que homologou a separação judicial, ou, um ano da separação formalizada por 
meio de escritura pública; 
 
(b) os cônjuges poderão se divorciar se o casal comprovar estar separado de fato por mais 
de dois anos. 
 
 Registre-se ainda a preocupação legislativa constante do artigo 3º da Lei 11.441/2007, 
que deu nova redação ao artigo 1.124-A do Código Civil e passou a reconhecer a gratuidade 
da escritura pública e demais atos notariais àqueles que se declararem pobres sob as penas 
da lei (artigo 3º, §3º da Lei n.º 11.441/2007). 
 De outro lado, para aqueles que não se beneficiarem pela gratuidade constante daquela 
previsão normativa, sujeitam-se às custas inerentes à elaboração da escritura pública, a qual 
sofrerá variação de acordo com o Estado em que for formalizada. 
 
 Frise-se, por fim, que a escritura pública relativa à separação e ao divórcio será o ato 
formal no qual restará consignada todas as disposições em que convergiram os interesses dos 
cônjuges, especialmente aquelas referentes à pensão alimentícia, se houver, à partilha dos 
bens comuns, à retomada do nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado na 
oportunidade da celebração do casamento. 
 
 Esta mesma particularidade, quanto à relevância do conteúdo/alcance da escritura 
pública, deve ser ressalvada no caso de partilha e inventário, em especial, no tocante à 
disposição dos bens. 
 
 Por fim, é importante ressaltar que a opção pela via administrativa, formalizada através de 
escritura pública, especialmente no tocante à partilha e inventário, não afasta eventual 
responsabilidade tributária dos beneficiários os quais estarão submetidos ao 
recolhimento do Imposto de Transmissão – ITD cuja disciplina é reconhecida à 
competência de cada Estado. 
 
 
Separação em conta 
OAB-DF reduz honorários para divórcio em cartório 
A seccional da OAB do Distrito Federal reduziu em 50% a tabela de honorários 
cobrados em casos de separação, divórcio e inventário consensuais feitos diretamente 
nos cartórios. A decisão foi tomada pelo Conselho Seccional para adequar a tabela à 
nova lei — PLS 155/2004 — que altera dispositivos do Código Civil e do Código do 
Processo Civil. 
Antes, os casos de separação judicial consensual sem bens a partilhar correspondiam 
a 40 Unidades de Referência de Honorários (URH), ou R$ 4.058,00. Com a decisão, 
esse valor cai para R$ 2.029,00, ou 20 URHs. O valor de cada URH fixado para 
fevereiro é de R$ 101,45. 
Já nos casos de divórcio direto judicial consensual, sem bens a partilhar, os honorários 
foram reduzidas de 60 URH (R$ 6.087,00) para 30 URH (R$ 3.043,50). Nos dois 
casos, havendo bens a partilhar, o acréscimo de 5% foi reduzido também para 2,5%. 
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No Distrito Federal, os custos de processos na Justiça podem variar de R$ 100,58 a 
R$ 148,70. No cartório, por sua vez, o casal gastará entre R$ 87,41 e R$ 655,92. 
O autor do voto, conselheiro seccional Leonardo Mundim reconheceu a redução do 
volume de serviços nos casos de separação em cartórios, mas destacou a 
necessidade de o advogado orientar o cliente, bem como organizar a documentação, 
gerenciar e acompanhar os procedimentos de registro cartorário. “Perdura, desse 
modo, a responsabilidade do profissional pelos atos que pratica e pela assinatura em 
documentos”, afirmou. 
Reunião particular 
O Tribunal de Justiça do DF expediu nesta quinta-feira (8/2) recomendação aos 
cartórios, com cópia à OAB, para que os estabelecimentos disponham de sala 
privativa para tratar dos casos. O objetivo é dar mais privacidade ao casal. 
b) separação litigiosa ou contenciosa 
 
 
 
Na qual não há prévio acordo entre os 
cônjuges para a dissolução da sociedade 
conjugal. Em contrapartida, não se exige o 
período mínimo de um ano de casamento 
para se propor a demanda que objetiva a 
separação contenciosa. 
 
 
5. Motivos ou causas da separação 
 
a) separação judicial por força da ação do tempo 
 
A ruptura pela ação do tempo é causa para a separação judicial a partirde um ano do 
término da vida em comum devidamente comprovado. 
b) Ruptura da sociedade conjugal por culpa e por conduta desonrosa 
Tradicionalmente, se um cônjuge imputa ao outro a culpa pela dissolução do 
matrimônio, diante de grave violação de um dos deveres conjugais ou por uma conduta 
desonrosa, ao cônjuge inocente é permitido postular em juízo a dissolução da sociedade 
conjugal. 
 
Os fundamentos legais para o pedido de separação formulado por um dos cônjuges 
são os seguintes: 
 
a) fato desonroso; 
b) o descumprimento dos deveres de assistência material ou imaterial; 
c) a ruptura da sociedade conjugal; e 
d) a enfermidade física ou mental grave. 
 
Fato desonroso é aquele que expõe o nome do cônjuge ou da família ao ridículo, 
ofendendo a sua honra, o respeito ou a privacidade. Podemos, ainda, citar: a torpeza, a 
corrupção, a criminalidade, a embriaguez contumaz, o uso de entorpecentes e as práticas 
sexuais anormais. 
 
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 65
Descumprimento dos deveres de assistência material ou imaterial – exemplos: o 
adultério, a injúria grave, os maus-tratos e o abandono de lar. 
 
Enfermidade física ou mental grave é aquela que possui cura improvável, o cônjuge 
enfermo deverá estar nesta condição, no mínimo,por 2 anos (no CC/16 era no mínimo por 5 
anos). 
 
5.1 Separação remédio 
Diante do reconhecimento da insuportabilidade da vida em comum ou da impossibilidade 
de reconstituição da sociedade conjugal. 
 
5.2 Causas de insuportabilidade da vida em comum: 
 
 
a) o adultério, que importa em violação da vida em comum; 
b) a tentativa de morte contra o outro cônjuge; 
c) a sevícia, ou seja, o castigo físico (tapa, espancamento etc.), ou a prática de 
injúria grave contra o outro cônjuge. 
 
Os mais recentes julgados, apontam, ainda: 
 
d) a embriaguez habitual; 
e) uso abusivo de morfina; 
f) ciúme despropositado; 
g) o pedido de interdição por insanidade inexistente; 
h) o descumprimento do débito conjugal; 
i) trocar a fechadura do domicílio, impedindo a entrada do outro cônjuge; 
j) o abandono voluntário do domicílio conjugal por um ano contínuo; 
k) a condenação por crime infamante; 
l) a conduta desonrosa; 
m) e por outros motivos reconhecidos pelo juiz de direito. 
 
Em qualquer hipótese de separação judicial, são inerentes à sentença que extingue o 
vínculo matrimonial: 
• a separação de corpos; 
• o fim dos deveres de coabitação; 
• a fidelidade mútua; 
• a partilha dos bens. 
 
A partilha dos bens, no entanto, não precisa ser prévia, podendo ser postergada para 
depois do divórcio. 
 
Profª Maria Cremilda Silva Fernandes 
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 66
6. Reconstituição do casamento 
 
Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícito aos 
cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo. 
Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o direito de terceiros, adquirido antes e 
durante o estado de separado, seja qual for o regime de bens. 
 
Reconstituição do casamento é a desistência da pretensão de divórcio. 
 
 
 
O assunto em comento prevê o restabelecimento da sociedade conjugal; essa 
possibilidade é o que marca a separação judicial como medida que tanto pode conduzir ao 
divórcio, quanto permitir a reconciliação. 
 
Não se trata de mero fato; requer a lei ato regular em juízo, vale dizer, intervenção do 
Estado-Juiz chancelando o restabelecimento. Demais disso, com o fim de proteger a boa-fé de 
terceiros, em face da eficácia jurídica da separação, são colocados a salvo tais direitos. 
 
Interessante anotar que para o restabelecimento não importa a causa da separação, quer 
tenha sido consensual, quer litigiosa. 
O requerimento deve ser formulado por ambos os cônjuges, perante o juízo competente, 
que é o da separação judicial, sendo reduzido a termo assinado pelos cônjuges e homologado 
por sentença, depois da manifestação do MP. Com a reconciliação, os cônjuges voltarão a 
usar o nome que usavam antes da dissolução da sociedade conjugal. 
 
Não haverá alteração no regime de bens, porém, se o casal se divorciou, poderá unir-se 
novamente (novo casamento) com outro regime de bens. É possível, todavia, em caso de 
separação judicial, a alteração do regime de bens por ocasião da reconciliação, mediante 
autorização judicial, se houver “pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a 
procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros” (CC, art. 1.639, § 2º). 
 
O art. 101 da Lei dos Registros Públicos, aludida no item anterior, que o ato de 
restabelecimento da sociedade conjugal será também averbado no Registro Civil, com as 
mesmas indicações e efeitos. 
 
O artigo 1.579 proclama a inalterabilidade dos direitos e deveres dos pais com relação aos 
filhos, em decorrência do divórcio ou do novo casamento de qualquer um deles. A obrigação 
alimentar, fruto tanto dos laços de parentesco quanto em decorrência do poder familiar, não 
sofre qualquer modificação com a mudança do estado civil do alimentante (quem paga 
alimentos). No entanto, está-se consolidando corrente jurisprudencial que permite a revisão do 
valor dos alimentos quando estabelece o alimentante novo vínculo afetivo ou ocorre o 
nascimento de outros filhos. 
 
7. Conversão da separação em divórcio – art. 1.580 
 
Profª Maria Cremilda Silva Fernandes 
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Apenas o divórcio importa no rompimento do vínculo matrimonial, em caráter definitivo. 
 
O divórcio pode ser obtido por meio indireto ou via conversão, decorrido um ano do 
trânsito em julgado da sentença que houver decretado a separação judicial, ou da decisão 
concessiva da medida cautelar de separação de corpos. 
 
A ruptura do vínculo pode dar diretamente, prevendo-se que o divórcio poderá ser 
requerido, por um ou por ambos os cônjuges, no caso de comprovada a separação de fato por 
mais de 2 anos. 
 
8. Divórcio Indireto 
 
A separação (a judicial ou aquela concessiva tão-só da separação de corpos) como 
estágio intermédio entre o casamento e a ruptura do vínculo, na modalidade do divórcio 
indireto. 
 
9. Divórcio 
 
Divórcio é a completa ruptura da sociedade conjugal e do vínculo matrimonial, que 
torna o divorciado livre para a celebração de novo casamento civil. 
 
O divórcio veio a ser permitido no Brasil a partir da Emenda Constitucional n.º 9, de 
28.6.1977, antes o casamento somente poderia ser extinto por morte ou mediante desquite, o 
que não rompia o liame conjugal e permitia tão-somente a separação do casa; 
impossibilitando-se, pois, novas núpcias. 
O divórcio direto está previsto no segundo parágrafo do artigo 1.580. O artigo 1.581 
dispensa a partilha dos bens para a sua decretação e o art. 1.582 identifica os legitimados para 
propor a demanda. 
 
9.1 Efeitos da separação e do divórcio 
 
A separação e o divórcio acarretam efeitos sobre a pessoa e o patrimônio dos cônjuges, 
assim como sobre os demais membros da família. 
 
9.2 Nome de casado 
 
No regime jurídico anterior, apenas a mulher poderia adotar o patronímico do marido, 
hoje, dado ao princípio da igualdade entre o homem e a mulher, ambos podem. Porém, nosso 
país, não tem essa tradição. 
 
Como exceção à regra à regra, no caso de separação litigiosa, estipulou que a mulher 
não poderia continuar utilizando o nome do marido, se julgada culpada pela separação. 
 
O que tem acontecido: tratando-se de separação ou divórcio litigioso, o evictor perderá 
o direito de usar o nome do outro, se expressamente requerido pelo vencedor e sua alteração 
não ocasionar: 
 
• prejuízo evidente à sua identificação; 
• manifesta diferença entre o seu nomede família e o dos seus filhos; 
• grave dano reconhecido judicialmente. 
 
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Quadro síntese dos prazos para separação judicial consensual, litigiosa e divórcio 
Separação judicial 
consensual 
Após um ano da celebração do casamento, por ambos os cônjuges 
Separação 
judicial 
litigiosa 
motivada A qualquer tempo, por qualquer um dos cônjuges, desde que prove 
conduta desonrosa ou falta a dever conjugal por parte do outro. 
Separação 
judicial 
litigiosa 
imotivada Por qualquer um dos cônjuges, sem a necessidade de apresentar 
qualquer motivo, desde que prove a separação de fato há pelo 
menos um ano e a impossibilidade de recompor o lar, ou dois anos 
de doença mental grave do outro, tornando a vida insuportável. 
Divórcio Direto Após dois anos de separação de fato, por qualquer um dos 
cônjuges, ou após um ano da decisão concessiva de medida 
cautelar de separação de corpos. 
Divórcio Indireto Por qualquer um dos cônjuges, por conversão da separação judicial 
que tenha ocorrido há pelo menos um ano, contado do trânsito da 
sentença da separação. 
 
 
QUADRO RESUMO 
 
Separação 
judicial 
 
Finalidades 
- dissolver a sociedade conjugal, sem romper o 
vínculo matrimonial, o que impede que os 
consortes convolem novas núpcias. 
- Constituir-se como uma medida preparatória do 
divórcio. 
 
Separação 
judicial 
 
Espécies (lei n.º 
6.515/77, arts. 4º, 5º e 
39) 
Separação consensual ou por mútuo consenso 
dos cônjuges casados há mais de 1 ano (CC, arts. 
1.574); 
Separação litigiosa ou não-consensual, 
efetivada por iniciativa de vontade unilateral de 
qualquer um dos cônjuges ante as causas legais. 
 
 
Separação 
judicial 
 
 
Separação consensual 
- Procedimento (CPC, arts. 1.120 a 1.124; Lei n.º 
6.515/;77, art. 34, §§ 1º , 3º e 4º; arts. 4º, 9º 10, 15, 
20, 22; Lei n. 6.015/73, arts. 101, 167, II, n.14). 
- Eficácia jurídica só com a homologação judicial 
(Lei n. 6.515, art. 34, § 2º) por ser a separação 
consensual um ato judicial complexo, visto que a 
vontade dos cônjuges só produz efeito liberatório 
quando houver homologação do órgão judicante, 
que tem eficácia com a reconciliação (Lei n. 
6.515/77, art. 46; Lei n.º 6.015/73, art. 101; CC, art. 
1.574, parágrafo único). 
 
 
 
 
 
 
 
a) separação litigiosa como sanção 
(CC, arts. 1.572 e 1.573), que ocorre 
quando um dos cônjuges imputar ao outro 
qualquer ato que importe em grave 
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 69
 
Separação 
judicial 
 
Separaçã
o litigiosa 
 
Modalidades 
violação dos deveres matrimoniais. 
b) Separação litigiosa como falência, 
que se dá quando um dos cônjuges 
provar a ruptura da vida em comum há 
mais de um ano consecutivo e a 
impossibilidade de sua reconstituição 
(CC, arts. 1.572, § 1º). 
c) Separação litigiosa como remédio, 
que se efetiva quando um cônjuge a pedir 
ante o fato de estar o outro acometido de 
grave doença mental, manifestada após o 
casamento, que impossibilite a 
continuação da vida em comum, desde 
que, após uma duração de 2 anos, a 
enfermidade tenha sido reconhecida de 
cura improvável (CC, arts. 1.572, § 2º). 
 
Separação 
judicial 
 
Separaçã
o litigiosa 
 
Procedimento 
- Pode ser precedida de separação de 
corpos (CC, art. 1.575); 
- Obedece a rito ordinário; 
- Foro competente é o do domicílio da 
mulher (Lei n.º 6.515. art. 52); 
Há possibilidade de reconciliação (Lei n.º 
6.515, art. 46, parágrafo único). 
 
 
 
 
 
Separação 
judicial 
 
 
 
 
 
Efeitos da 
separação 
judicial 
 
 
 
 
 
Efeitos pessoais 
em relação aos 
consortes 
- Pôr termo aos deveres recíprocos do 
casamento (CC, art. 1.576); 
- Impedir o cônjuge de continuar a usar o 
sobrenome do outro se declarado culpado 
na separação litigiosa, desde que isso 
seja requerido pelo cônjuge inocente e 
não se configure os casos do art. 1.578, I 
a III, do CC. Ao passo que na separação 
consensual tem opção de usar ou não o 
sobrenome de casado. 
- Impossibilitar realização de novo 
casamento; 
Autorizar a conversão em divórcio, 
cumprido 1 ano de vigência de separação 
judicial ou da decisão concessiva de 
separação de corpos; 
- Proibir que sentença de separação 
judicial de empresário ou ato de 
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 70
reconciliação sejam opostos a terceiros 
antes de arquivados ou averbados no 
Registro Público de Empresas Mercantis 
(CC, art. 980). 
 
 
 
 
 
Separação 
judicial 
 
 
 
 
 
Efeitos da 
separação 
judicial 
 
 
 
 
 
Efeitos 
patrimoniais 
relativamente aos 
cônjuges 
- Por fim ao regime matrimonial de bens, 
sendo que a partilha será feita mediante 
proposta dos cônjuges, homologada pelo 
juiz (na separação consensual) ou por ele 
deliberada (na litigiosa); 
- Substituir o dever de sustento pela 
obrigação alimentar (Lei n.º 6.515, arts. 
19, 21, §§ 1º e 2º, 22, parágrafo único, 
23, 29 e 30; CC, arts. 1.701, 1700, 1.699, 
1.707, 1708 e 1709). 
Dar origem, se litigiosa a separação, à 
indenização por perdas e danos ante 
prejuízos morais ou patrimoniais sofridos 
pelo cônjuge inocente; 
- Suprimir direito sucessório entre os 
consortes em concorrência ou na falta de 
descendente e ascendente (CC, arts. 
1.829, 1.830 e 1.838); 
- Impedir que ex-cônjuge de empresário 
separado judicialmente exija desde logo a 
parte que lhe couber na quota social, 
permitindo que concorra à divisão 
periódica dos lucros, até que a sociedade 
se liquide (art. 1.027, CC); 
 
 
 
 
Efeitos quanto 
aos filhos 
- Não altera o vínculo de filiação; 
- Passa-os à guarda e companhia de um 
dos cônjuges, ou, se houver motivos 
graves, de terceiro. 
- Assegura ao genitor, que não tem a 
guarda da prole, o direito de visita, de tê-
la temporariamente em sua companhia 
nas férias e dias festivos e de fiscalizar 
sua manutenção e educação; 
- Garante aos filhos menores ou maiores 
inválidos pensão alimentícia; 
- Possibilita que ex-cônjuges separados 
judicialmente, adotem em conjunto 
criança, desde que preenchidos os 
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 71
requisitos legais (CC, art. 1.622, 
parágrafo único). 
 
Divórcio Conceito É a dissolução do casamento válido, que se opera mediante 
sentença judicial, habilitando as pessoas a contrair novas 
núpcias. 
 
 
 
 
 
Divórcio 
 
 
 
 
 
Modalidades 
 
 
 
 
 
Divórcio 
indireto 
Divórcio consensual indireto ocorre quando um 
dos cônjuges com o consenso do outro pede a 
conversão da prévia separação judicial 
(consensual ou litigiosa) em divórcio (Lei n. 6.515, 
art. 35), desde que tal separação tenha mais de 1 
ano (CF, art. 226, § 6º, e CC, art. 1.580 e § 1º). 
Divórcio litigioso indireto, obtido mediante 
sentença judicial proferida em processo de 
jurisdição contenciosa ("tem por objetivo a 
composição e solução de um litígio."), em que um 
dos consortes, judicialmente separado há mais de 
1 ano, havendo recusa do outro, pede ao juiz que 
converta a separação judicial (consensual ou 
litigiosa) em divórcio; 
Procedimento: Lei n. 6.515, arts. 31, 35, parágrafo 
único, 47, 48, 37, §§ 1º e 2º, 36 e parágrafo único, 
I e II, 32; Lei n. 7.841/89, art. 2º; CPC, art. 82, II. 
Divórcio Modalidades Divórcio 
direto 
(CC, art. 
1.580) 
Divórcio consensual direto – decorre do mútuo 
consentimento dos cônjuges que se encontram 
separados de fato há mais de 2 anos (CF/88, art. 
226,§ 6º; Lei n. 6.515, art. 40, com redação da Lei 
n.º 7.841/89, art. 2º), seguindo o procedimento do 
CPC, arts. 1.120 a 1.124, e da Lei n. 6.515, art. 40, 
§ 2º. 
 
 
 
Divórcio 
 
 
Modalidades 
 
 
Divórcio direto 
(CC,art.1.580) 
 
 
Divórcio 
litigioso 
direto 
Conceito: É o que se 
apresenta quando perdido por 
um dos consortes separados de 
fato há mais de 2 anos. 
Procedimento: Lei n.º 6.515, 
art. 40, § 3º, que não tem mais 
eficácia, embora tenha 
vigência. 
 
 
 
 
- Dissolução do vínculo conjugal civil e cessação dos efeitos civis do 
casamento religioso inscrito no Registro Público (art.24, Lei n. 6.515) 
- Cessação dos deveres recíprocos dos cônjuges; 
- Extinção do regime matrimonial, procedendo a partilha conforme o regime; 
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 72
 
 
 
 
 
Efeitos do 
divórcio 
- Possibilidade de novo casamento ao divorciado; 
- Inadmissibilidade de reconciliação (Lei n.º 6.515, art. 33); 
- Pedido de divórcio sem limitação numérica (Lei n.º 7.841/89, art. 3º); 
- Término do regime de separação de fato, se se tratar de divórcio direto; 
- Conversão da separação judicial em divórcio, se for indireto; 
- Possibilidade de adoção conjunta de criança pelos ex-cônjuges divorciados 
(CC, art. 1.622 e parágrafo único); 
- Direito a 1/3 do FGTS quando o ex-cônjuge for demitido ou vier a se 
aposentar; 
- Inalterabilidade dos direitos e deveres dos pais em relação aos filhos (Lei n. 
6.515, art. 27 e parágrafo único), embora possa modificar as condições do 
exercício do poder familiar e guarda dos filhos. Quanto aos alimentos 
devidos pelos pais à prole observam-se os arts. 28 da Lei n.º 6.515 e 1.699 
do CC. Os filhos herdam os bens de seus pais (Lei n.º 6.515, art. 51, que 
alterou a Lei n.º 883/49, art. 2º; CF/88, art. 227, § 6º); 
- Continuação do dever de assistência por parte do cônjuge que moveu ação 
de divórcio, nos casos legais; 
- Extinção da obrigação alimentar do ex-cônjuge devedor se o ex-cônjuge 
credor contraiu novo casamento (Lei n.º 6.515, arts. 29 e 30); 
- Direito ao uso do nome do ex-consorte, salvo se o contrário estiver disposto 
na sentença (CC, art. 1.571, § 2º). 
CAPÍTULO XI 
Da Proteção da Pessoa dos Filhos 
Art. 1.583. No caso de dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal pela separação 
judicial por mútuo consentimento ou pelo divórcio direto consensual, observar-se-á o que os 
cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos. 
Art. 1.584. Decretada a separação judicial ou o divórcio, sem que haja entre as partes acordo 
quanto à guarda dos filhos, será ela atribuída a quem revelar melhores condições para exercê-la. 
Parágrafo único. Verificando que os filhos não devem permanecer sob a guarda do pai ou da 
mãe, o juiz deferirá a sua guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, 
de preferência levando em conta o grau de parentesco e relação de afinidade e afetividade, de 
acordo com o disposto na lei específica. 
Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separação de corpos, aplica-se quanto à guarda 
dos filhos as disposições do artigo antecedente. 
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 73
Art. 1.586. Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, 
regular de maneira diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a situação deles para com 
os pais. 
Art. 1.587. No caso de invalidade do casamento, havendo filhos comuns, observar-se-á o 
disposto nos arts. 1.584 e 1.586. 
Art. 1.588. O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não perde o direito de ter consigo os 
filhos, que só lhe poderão ser retirados por mandado judicial, provado que não são tratados 
convenientemente. 
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los 
em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como 
fiscalizar sua manutenção e educação. 
Art. 1.590. As disposições relativas à guarda e prestação de alimentos aos filhos menores 
estendem-se aos maiores incapazes. 
XVI. GUARDA DOS FILHOS 
 
 
Guarda dos filhos é o direito potestativo (direito-dever) conferido àquele que permanecer 
na posse da prole ou de parte dela. 
 
Desde o advento da lei do divórcio, que os cônjuges podem acordar sobre a guarda dos 
filhos. Somente, se houver fato grave, o juiz modificará a guarda dos menores. 
 
Vigora na guarda o princípio do melhor interesse do menor, que pode prevalecer, sobre 
os interesses do seus próprios genitores, conforme a conclusão judicial extraída a partir do 
caso concreto. 
 
A guarda pode ser originária ou derivada. 
 
Entende-se por guarda originária aquele decorrente da proteção ao recém-nascido, quer 
pelos genitores ou por terceiros. 
 
Guarda derivada é aquela que uma pessoa obtém de forma superveniente, mesmo que 
o genitor não tenha sido despojado a título provisório ou definitivo do poder familiar. 
A guarda pode ser obtida de forma provisória, por qualquer pessoa capaz, mediante 
procedimento cautelar ou por decisão liminar inaudita altera parte em processo que tramita 
perante a Vara de Família e Sucessões. Quando a guarda versar, no entanto, sobre menor 
abandonado ou órfão, a questão será dirimida pela Vara da Infância e da Juventude. 
 
Considera-se guarda definitiva aquela que se obtém por força de uma sentença judicial 
transitada em julgado. 
 
As disposições acerca da guarda são aplicáveis tanto para o menor de idade como para 
maior incapaz, observando-se a incapacidade dele é ampla ou não (lembre-se, por exemplo, 
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 74
que o pródigo somente é considerado incapaz de forma relativa e para praticar atos de 
disposição patrimonial). 
 
 
2. Guarda unilateral 
Sendo determinada a guarda do filho incapaz em prol de apenas um dos cônjuges, há 
guarda unilateral. 
 
Não é correto usar o termo posse dos filhos, porque posse é para bens e não para 
pessoas. 
 
A guarda unilateral enseja o dever de vigilância a ser observado pelo guardião. 
Quando o menor estiver sob os cuidados do outro cônjuge em virtude do exercício do direito 
de visitar, haverá a exclusão da responsabilidade do guardião, sujeitando-se o visitante aos 
efeitos jurídicos do dano porventura sofrido pelo visitado. 
 
A alteração do domicílio do guardião não pode ser encarada como um obstáculo ao 
exercício do direito de visitar que o outro cônjuge possui. Sua conveniência, de qualquer sorte, 
pode ser questionada perante o Poder Judiciário, porém não possui o condão de levar o 
visitante a pleitear a modificação da guarda. Deve-se sempre atender ao bem-estar do menor. 
Em caso de discórdia entre os pais, o Juiz requererá avaliação psicológica. 
 
É nula a cláusula de separação9 ou divórcio que estabelece a modificação automática 
da guarda em virtude da alteração de domicílio do guardião. 
 
3. Guarda compartilhada 
Mantendo-se a guarda a ambos os cônjuges por força da sentença judicial de 
separação ou divórcio, ocorre a continuidade da guarda compartilhada, isto é, ambos os 
genitores poderão, embora separados ou divorciados um do outro ter a guarda do mesmo 
filho. 
 
A guarda compartilhada pode ser exercida de forma concomitante ou alternada, esta 
última a modalidade mais comum quando da ocorrência da separação ou do divórcio. 
 
Na guarda compartilhada alternada, há um rodízio entre os guardiães, cada qual 
devendo arcar com os deveres inerentes à guarda tão-somente durante o período para o qual 
forem encarregados. 
 
As responsabilidades dos pais permanecem quando da guarda e se alternam entre 
eles quando estiverem com os filhos menores.A guarda do filho será confiada ao cônjuge que possa melhor atender aos interesses 
do menor. Isso não significa que o incapaz ficará sob a guarda de quem possui melhor 
situação financeira para sustentá-lo, preferindo-se que a guarda se dê em favor daquele que 
melhor se relaciona com o incapaz. 
 
A regra é que a guarda dos filhos seja conferida à mãe, quanto mais quando se tratar 
de criança de tenra idade, salvo se o julgador considerar mais benéfico à formação da prole 
que outra solução seja dada ao caso. 
 
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 75
Em caráter excepcional, o juiz poderá conceder a guarda ao pai ou a terceiro que seja 
membro da família de qualquer um dos cônjuges. 
 
Somente em caráter excepcionalíssimo, o juiz de direito concederá a guarda a pessoa 
que não possua o poder familiar. Esta se dará obedecendo ao grau de parentesco, a afinidade 
e a afetividade. 
 
 
4. Modificação da guarda 
 
A modificação da guarda é procedimento de natureza excepcional, não se justificando 
quando há, por si sós, problemas de ordem econômica do guardião. 
 
 
5. Direito de visitar e direito de ser visitado 
 
Direito de visitas é aquele conferido a quem não detém a guarda do filho menor, e, 
deve ser exercido em conformidade com o determinado na sentença judicial de separação, em 
dia, hora, duração e local. 
 
Em princípio, é razoável que o direito de visitas seja exercido com a retirada do menor 
de seu domicílio, para que fique na companhia do visitante, por algumas horas ou durante os 
dias estabelecidos pelo juiz. 
 
O menor possui o direito de ser visitado, e, este deve ser exercido, sem que qualquer 
hipótese de conflito de interesses, entre os envolvidos, possa prejudicar. 
 
O genitor visitante deve respeitar, a educação e a boa formação que vêm sendo dadas 
ao incapaz pelo seu guardião, não embaraçando o exercício de suas atividades habituais, 
imprescindíveis à sua integração social e à confirmação de sua identidade. 
 
Quando caberá a suspensão do direito de visitar: 
 
• a prática, pelo visitante, de ato incompatível com a moral ou os bons costumes; 
• o abuso de direito, devolvendo-se ou entregando-se o menor em horários e 
datas não ajustadas quando da separação ou do divórcio; 
• a ameaça contra a vida ou a integridade física daquele que detém a guarda do 
filho; 
 
Em hipóteses de gravidade, o juiz poderá proceder à restrição do exercício do direito 
de visitas a algumas poucas horas no domicílio do menor e acompanhado. Poderá, ainda, 
suspender temporariamente o direito de visitas, em tutela antecipatória do mérito. 
Dependendo, do pedido, poderá determinar a perda do direito de visitas. 
 
 
XVII. ALIMENTOS – ARTS. 1.694 A 1.710 DO CC 
 
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os 
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, 
inclusive para atender às necessidades de sua educação. 
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 76
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e 
dos recursos da pessoa obrigada. 
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de 
necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. 
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens 
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se 
reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. 
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo 
a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de 
outros. 
Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a 
ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais. 
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em 
condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; 
sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção 
dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser 
chamadas a integrar a lide. 
Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem 
os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as 
circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo. 
Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na 
forma do art. 1.694. 
Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou 
dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua 
educação, quando menor. 
Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do 
cumprimento da prestação. 
Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido 
de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os critérios 
estabelecidos no art. 1.694. 
Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente 
contribuirão na proporção de seus recursos. 
Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, 
será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido 
declarado culpado na ação de separação judicial. 
Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não 
tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será 
obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência. 
Art. 1.705. Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o 
genitor, sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de qualquer das partes, que a ação se 
processe em segredo de justiça. 
Art. 1.706. Os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei 
processual. 
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 77
Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a 
alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. 
Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o 
dever de prestar alimentos. 
Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver 
procedimento indigno em relação ao devedor. 
Art. 1.709. O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação constante 
da sentença de divórcio. 
Art. 1.710. As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas segundo 
índice oficial regularmente estabelecido. 
 
1. Conceito 
 
O dever de prestar alimentos, disciplinado no Direito de Família, é imposto por lei para 
que se possam garantir as necessidades vitais do alimentando. Relaciona-se, pois, com o 
direito à vida, com a preservação da dignidade da pessoa humana, com os direitos da 
personalidade. 
 
Trata-se de matéria em que transparece o interesse social. O direito a alimentos é 
personalíssimo, não pode ser cedido a outrem; ademais, é impenhorável, imprescritível, e não 
pode ser objeto de renúncia. As regras deste subtítulo são de ordem pública, cogentes, 
imperativas. 
 
Segundo Orlando Gomes, alimentos são prestações para satisfação das necessidades 
vitais de quem não pode provê-las por si. Compreende o que é imprescindível à vida da 
pessoa como alimentação, vestuário, habitação, tratamento médico, dentário, transporte, 
diversões, e, se a pessoa alimentada for menor de idade, ainda verbas para sua instrução e 
educação (CC, art. 1.701),incluindo parcelas despendidas com sepultamento, por parentes 
legalmente responsáveis pelos alimentos. 
 
Arnoldo Wald estabelece que os alimentos constituem uma obrigação decorrente da 
solidariedade econômica. 
 
Yussef Cahali entende por alimentos a obrigação de prestar as necessidades vitais de 
uma pessoa. 
 
Os alimentos podem ter origem na relação de parentesco, ou subseqüentes do 
rompimento do casamento ou da convivência. 
 
2. A obrigação alimentar pode ser originar: 
 
a) Da lei, como as verbas de natureza alimentar pagas pelo poder público. 
Exemplos: pensão por morte, aposentadoria por invalidez. 
b) Da vontade humana, mediante o negócio jurídico ou, ainda, o legado (cláusula 
testamentária que beneficia determinado sucessor, que pode ser pessoa 
estranha à família ou não); 
c) De sentença judicial. 
 
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 78
Os alimentos devem ser fixados em favor do integrante da família que deles necessite 
para subsistir, em face do princípio da solidariedade familiar. 
 
O art. 1.694 do CC expressamente possibilita a fixação de alimentos a serem pagos 
entre parentes, cônjuges e companheiros, contemplando a hipótese de obrigação fixada em 
desfavor de qualquer um desses membros da família. 
 
Luiz Edson Fachin entende que os alimentos devem ser pagos pelos parentes em linha 
reta e, na sua falta, pelos de linha colateral. Exclui, contudo, o dever em desfavor de parentes 
por afinidade. 
 
Arnoldo Wald, de igual modo, entende que a obrigação alimentar não é devida pelo 
parente por afinidade porque os afins, a rigor, não são parentes. 
 
3. Pressupostos da obrigação alimentar 
 
São três os pressupostos para que se configure a obrigação de prestar alimentos 
(Gomes, Orlando. Direito de Família, 2001, p. 429): 
• Existência de determinado vínculo de família entre o alimentando e a pessoa 
obrigada a suprir alimentos; 
• Estado de necessidade do alimentando; 
• Possibilidade econômico-financeira da pessoa obrigada a prestar alimentos; 
 
Presentes tais requisitos, os alimentos devem ser fixados guardando a proporção entre o 
binômio necessidade-possibilidade, de modo que a prestação seja suficiente para suprir as 
necessidades do alimentando e seja possível de ser prestada pelo alimentante. 
4. Modos de satisfação da obrigação alimentar e pessoas envolvidas na relação de 
alimentos 
 
Os alimentos podem ser supridos (art. 1.701, CC): 
 
• Por meio de pensão ao alimentando; 
• Por meio de hospedagem e sustento, sem prejuízo ao necessário à educação, 
quando menor; 
 
Cabe ressaltar que quem é obrigado a prestar também pode exigir seu recebimento, pois 
o direito à prestação de alimentos é recíproco entre as pessoas definidas em lei10. 
 
Pela redação do artigo 1.697 do CC, pode-se observar que estão envolvidos nessa 
relação de obrigação-direito: os ascendentes, os descendentes e os irmãos germanos e 
unilaterais. Já o art. 1.700 traz a transmissibilidade da obrigação alimentar aos herdeiros, 
lembrando que somente é transmissível até a força da herança. 
 
Conforme a pessoa que necessita de alimentos na família, um ou outro integrante 
poderá ser compelido ao pagamento das prestações imprescindíveis à subsistência. Devem 
ser observados os seguintes critérios: 
 
 
10
 Silvio Rodrigues. Direito Civil – Direito de Família, 2002, p. 422). 
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• Se os alimentos devem ser concedidos em favor de uma criança ou de um 
adolescente, o devedor será o ascendente imediato ou de 1º grau e, na sua 
impossibilidade, o de 2º grau; 
 
Avô 
Pai 
 João 
 
O parentesco entre João e seu avô: relação de parentesco em linha reta de 2º grau 
ascendente; 
A relação de parentesco entre João e o Pai é de 1º grau na linha ascendente. 
 
• Se os alimentos devem ser concedidos em favor do idoso, o devedor será o 
ascendente imediato ou de 1º grau e, na impossibilidade dele, o de 2º grau; 
 
Avô 
Pai 
João (neto) 
 
Desta forma, o filho deve alimentos ao pai, quando este for idoso e não puder 
garantir a sua subsistência. Caso o filho não possa pagar alimentos, o avô pode 
solicitar ao neto João, no nosso exemplo. 
 
• Não há impedimento legal, por exemplo, para um tio ser compelido a pagar 
alimentos em prol de seu sobrinho, que se tornou órfão, desde que presentes 
os elementos viabilizadores da fixação de pensão alimentícia. 
 
 
É possível a responsabilidade conjunta de duas ou mais pessoas ao pagamento de 
pensão alimentícia. Não se trata de obrigação alimentar solidária, porém de obrigação conjunta 
Avô 
Pai Tio 
João João é parente em 1º grau de 
seu pai, de 2º grau de seu avô e 
de 3º grau de seu tio. 
 
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ao pagamento de pensão. Os devedores comuns respondem conjuntamente, e desse modo, 
asseveram Orlando Gomes e Yussef Cahali, instaura-se o concurso de devedores. 
 
No concurso de devedores, primeiramente verifica-se a possibilidade de cada co-
alimentante ao pagamento da prestação, sempre levando-se em consideração a necessidade 
do credor. Cada qual poderá ser compelido ao pagamento segundo a proporção de sua 
possibilidade, não havendo razões para se impedir, em princípio, a divisão igualitária da 
obrigação (poderá ser um avô e um tio da criança). 
 
 
5. Os alimentos podem ser: 
 
a) alimentos naturais, que são aqueles devidos para a subsistência do organismo 
humano, tais como: alimentação, remédios, vestuário e habitação; 
b) alimentos civis, aqueles que englobam outras necessidades, como as intelectuais e 
morais, ou seja, educação, instrução, assistência e recreação. 
 
Na fixação da prestação de alimentos deve-se observar o binômio necessidade do 
alimentando e possibilidade do prestador. 
 
Portanto, o devedor poderá ser obrigado ao pagamento de alimentos, em valor que não 
comprometa a sua subsistência. 
 
6. Características: 
 
• Os alimentos são irrenunciáveis, pois o credor pode abrir mão de seu exercício, 
mas não do direito; 
• Os alimentos são insuscetíveis de cessão ou compensação; 
• Os alimentos são impenhoráveis; 
• A obrigação de prestar alimentos é transmissível aos herdeiros do devedor, até a 
força da herança; 
• Os alimentos não são reembolsáveis, ainda que tenha ocorrido a extinção de sua 
necessidade; 
• O direito aos alimentos é imprescritível, embora prescreva em dois anos a 
pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se 
venceram (art. 206, § 2º, CC). 
 
7. Obrigação de alimentos ao cônjuge 
 
O cônjuge não foi citado na ordem acima descrita porque o fundamento da obrigação é 
outro, isto é, não decorre da relação de parentesco, mas sim do dever de mútua assistência 
em decorrência da dissolução da sociedade conjugal, tendo o devedor de pagá-los a quem 
necessita (cf. Mariia Helena Diniz, Curso de Direito Civil brasileiro, v. 5, 2002, p.480). 
 
A obrigação, por sua, vez, não cessa se o cônjuge devedor se casar novamente, 
devendo ainda prestá-lo ao cônjuge necessitado. Se, contudo, o cônjuge credor contrair nova 
união, perde o direito a receber alimentos do antigo consorte. 
 
Inovou a legislação civil ao prever no artigo 1.704, parágrafo único: 
 
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 81
Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, 
será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido 
declarado culpado na ação de separação judicial.Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não 
tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será 
obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência. 
 
Para muitos, essa previsão é uma injustiça, pois a culpa de que se trata é da quebra dos 
deveres do casamento, o que nos faz analisar que, embora ofendido ou magoado o cônjuge 
inocente, apresentando-se o quadro acima descrito, ainda deverá socorrer em suas 
necessidades o cônjuge culpado. 
 
Ressalta-se, todavia, que ao cônjuge culpado só serão devidos os alimentos 
indispensáveis à sobrevivência, isto é, os naturais11, também o chamado de alimentos 
humanitários, conforme Jones Figueiredo Alves. 
 
Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de 
recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia fixada pelo magistrado, atendendo aos 
critérios do art. 1.694 do CC, esta é a inteligência do artigo 1.702 do CC. 
Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e 
desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, 
obedecidos os critérios estabelecidos no art. 1.694. 
Logo, o inocente terá direito à mesma condição social de que desfrutava durante o 
casamento, mantendo-se seu padrão de vida (RT, 720:101); deste modo, o dever de alimentar 
não será considerado apenas a título de dever de socorro. Trata-se dos alimentos 
indenizatórios concedidos necessarium personae, abrangendo as necessidades básicas para 
a preservação da vida e as despesas relativas à sua condição social, como as concernentes 
ao lazer, à cultura etc. 
 
Vejamos alguns julgados: 
 
 
CIVIL E PROCESSO CIVIL. DIVÓRCIO. ALIMENTOS ACORDADOS ENTRE OS 
CÔNJUGES POR PERÍODO CERTO DE TEMPO (13 MESES). RECLAMAÇÃO DE 
CONTINUIDADE DOS PAGAMENTOS. NECESSIDADE-POSSIBILIDADE. FALTA DE 
RENÚNCIA EXPRESSA. 
1. Somente a renúncia expressa em termos inequívocos impossibilita que o cônjuge-virago, que 
quando do divórcio, concordou em perceber alimentos do cônjuge-varão durante 13 (meses), 
venha a reclamar a prorrogação do acordo. Desse modo, atendido o duplo requisito 
possibilidade-necessidade, e não tendo renúncia expressa, mas apenas eventual dispensa, 
assiste razão à autora a reclamar a continuidade dos pagamentos, máxime quando 
superveniente doença que a impossibilita de promover o próprio sustento. 
2. Apelo provido. Sentença reformada. Maioria. 
(20030610042647APC, Relator CRUZ MACEDO, 4ª Turma Cível, julgado em 22/08/2005, DJ 
 
11
 alimentos naturais, que são aqueles devidos para a subsistência do organismo humano, tais como: 
alimentação, remédios, vestuário e habitação; 
 
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18/10/2005 p. 155) 
 
 
AÇÃO DE ALIMENTOS PROPOSTA PELO EX-MARIDO. ALIMENTOS PROVISÓRIOS 
FIXADOS EM DEZ POR CENTO DOS RENDIMENTOS DA EX-ESPOSA. AGRAVO DE 
INSTRUMENTO PRETENDENDO A SUSPENSÃO DA DECISÃO. PRELIMINAR DE 
ILEGITIMIDADE PASSIVA DA EX-MULHER REJEITADA. ALEGAÇÃO DE QUE OS 
ALIMENTOS FORAM DISPENSADOS POR OCASIÃO DA HOMOLOGAÇÃO DA 
SEPARAÇÃO JUDICIAL. FATO QUE NÃO IMPEDE O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. RECURSO 
DESPROVIDO. 
1. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro 
obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, segundo está expresso no artigo 
1.704 do Código Civil. É evidente que para a fixação dos alimentos o juiz apreciará o binômio 
necessidade/capacidade dos cônjuges. Sendo assim, o cônjuge-varão tem o direito de pedir 
alimentos à ex-mulher, e o juiz, ao receber a petição inicial da ação de alimentos, poderá desde 
logo fixar os alimentos provisórios, ainda que na homologação do acordo da separação judicial 
os cônjuges tenham dispensado os alimentos. No caso em apreço, a decisão que fixou os 
alimentos provisórios em dez por cento dos rendimentos brutos da ex-mulher, abatidos os 
descontos compulsórios, está correta, porque há informações nos autos de que o cônjuge-
varão foi interditado em razão de doença mental, que não possui qualquer renda e que vive na 
companhia de sua genitora que percebe pensão mensal do INSS no valor de um salário 
mínimo, enquanto a ex-mulher do agravado é funcionária pública federal, lotada na 
Procuradoria Geral da Justiça Militar, onde percebe remuneração líquida mensal superior a três 
mil e duzentos reais. 
2. Para que o ex-cônjuge varão postule alimentos, não é preciso que primeiro ajuíze a ação de 
alimentos contra os seus parentes para só depois, se estes não tiverem condições de prestá-
los, mover a ação em desfavor da ex-mulher. O artigo 1.704 do Código Civil é claro nesse 
sentido. Assim, não é carecedor de ação o ex-cônjuge que primeiro ajuíza a ação de alimentos 
contra a ex-mulher. Se esta não tiver condições, daí sim poderá o ex-cônjuge mover a ação em 
desfavor de seus parentes, com fundamento no artigo 1.694 do Código 
Civil.(20050020008731AGI, Relator ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, 3ª Turma Cível, 
julgado em 16/05/2005, DJ 30/08/2005 p. 118) 
 
 
SEPARAÇÃO JUDICIAL LITIGIOSA - ALIMENTOS PROVISIONAIS - PRESENÇA DOS 
REQUISITOS - DEFERIMENTO. 
Correto se revela provimento jurisdicional que, em sede de ação de separação judicial litigiosa, 
defere alimentos provisionais ali postulados, eis que efetivamente demonstrada a necessidade da 
esposa, que vem se submetendo a tratamento médico decorrente de violência física perpetrada 
pelo marido, o qual, por seu turno, ostenta renda salarial privilegiada, não se revelando o valor 
arbitrado em empeço ao desfrute, por parte dele, de um bom padrão de vida.(20030020035432AGI, 
Relator ADELITH DE CARVALHO LOPES, 2ª Turma Cível, julgado em 16/10/2003, DJ 19/11/2003 
p. 32) 
 
7.1. Renúncia ao exercício do direito à pensão alimentícia 
 
De acordo com o já estudado, os alimentos são irrenunciáveis, você pode abrir mão do 
seu exercício, mas não do direito, porém temos julgados dispares com relação ao assunto. 
 
Entende-se que se a mulher, por ex., renunciou ao exercício do direito à pensão 
alimentícia, posteriormente carecerá de ação para pleitear alimentos ao seu ex-marido, ante a 
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insubsistência do vínculo matrimonial, mesmo que alegue alteração de sua situação 
econômica (RT, 620;167; EJSTJ, 20:133, 16;56); todavia tem havido decisão em contrário (JB, 
162:314; RT, 776;224). 
 
Vejamos julgados do DF: 
 
 
FAMÍLIA, CIVIL E PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE ALIMENTOS PROPOSTA CONTRA EX-
MARIDO. DIVÓRCIO. RENÚNCIA EXPRESSA. CONDIÇÕES DA AÇÃO. IMPOSSIBILIDADE 
JURÍDICA DO PEDIDO. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. CERCEAMENTO DE 
DEFESA. INEXISTÊNCIA. 
1. Comprovada a efetiva renúncia ao direito de receber alimentos na oportunidade do acordo 
de separação judicial consensual, posteriormente convertido em divórcio, impõe-se o 
reconhecimento da impossibilidade jurídica do pedido. Precedentes desta Corte e do 
colendo Superior Tribunal de Justiça. 
2. Inexiste cerceamento de defesa quando o magistrado indefere a produção de provas 
sabidamente inócuas para o desate da querela, eis que seu convencimento dispensa a 
realização de todas as diligências requeridas pelas partes. 
3. Recurso desprovido.(20030710215909APC, Relator MARIO-ZAM BELMIRO, 3ª Turma 
Cível, julgado em 03/10/2005, DJ 02/02/2006 p. 99) 
 
 
EMBARGOS INFRINGENTES - CONVERSÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO EM DIVÓRCIO 
CONSENSUAL - AUSÊNCIA DE CLÁUSULA REFERENTE À OBRIGAÇÃO ALIMENTÍCIA 
POR PARTE DO EX-CÔNJUGE COM RELAÇÃO AO OUTRO - ROMPIMENTO DA 
SOCIEDADE CONJUGAL - INEXISTÊNCIA DE DEVER QUANTO À PRESTAÇÃO DE 
ALIMENTOS. 
1. O art. 1571, IV, do Código Civil dispõe que a sociedade conjugal terminapelo divórcio, 
cessando, por conseqüência, qualquer obrigação alimentícia por parte do cônjuge com relação 
ao outro. 
2. A ausência de renúncia expressa com relação ao recebimento dos alimentos não 
implica a obrigação por parte de um dos ex-cônjuges em pagar pensão alimentícia ao 
outro, seja pelo fato de que tal obrigação inexistia à época da consumação do divórcio, 
seja pelo fato de que a exceção é que deveria estar expressa no termo de acordo. 
3. Providos os embargos infringentes. Unânime.(20030610042647EIC, Relator J.J. COSTA 
CARVALHO, 2ª Câmara Cível, julgado em 21/08/2006, DJ 19/09/2006 p. 115) 
 
 
CIVIL. ALIMENTOS. DIVÓRCIO CONSENSUAL, DISPENSA MOTIVADA QUE NÃO SE 
CONFUNDE COM RENÚNCIA. OBRIGAÇÃO QUE SUBSISTE, COM BASE CONTRATUAL, 
SE EXSURGE DOS TERMOS DO ACORDO. 
A dispensa motivada da pensão, por parte de um dos cônjuges, sem a intenção da renúncia ao 
direito aos alimentos, não inibe futura demanda em que venham a ser reclamados, se 
modificadas as circunstâncias. A intenção dos cônjuges de emprestar diferentes significados 
aos termos "renúncia" e "dispensa" resta evidente, se ambos foram empregados na petição do 
acordo sobre o divórcio, aludindo a hipótese diversas, inserindo-se a primeira, e apenas ela, em 
um contexto de definitividade. A renúncia não pode ser presumida e abarcada pela simples 
dispensa. 
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(APC4249596, Relator ANA MARIA DUARTE AMARANTE, 5ª Turma Cível, julgado em 
15/05/1997, DJ 19/11/1997 p. 28.382) 
 
AÇÃO DE ALIMENTOS - ACORDO HOMOLOGADO NA SEPARAÇÃO JUDICIAL - 
DISPENSA DOS ALIMENTOS PELO EX-CÔNJUGE - PRETENSÃO DE RECEBÊ-LOS 
POSTERIORMENTE - SENTENÇA - PROCEDÊNCIA DO PEDIDO - RECURSO - RENÚNCIA 
- NAMORO - RECURSO DESPROVIDO. 
O cônjuge que dispensa os alimentos por ocasião da separação judicial pode requerê-los 
posteriormente, caso demonstre a existência do binômio necessidade/possibilidade. Não 
representa renúncia do direito aos alimentos, mas sim dispensa provisória e momentânea. 
O fato de a mulher manter relacionamento afetivo com outro homem não representa causa 
suficiente para eximir o alimentante de prestar alimentos à mesma, hipótese possível caso tal 
relacionamento representasse união estável. 
(20030410065330APC, Relator LÉCIO RESENDE, 3ª Turma Cível, julgado em 15/08/2005, DJ 
22/09/2005 p. 93). 
 
8. Classificação dos alimentos quanto à finalidade: 
 
• Definitivos ou regulares – Aqueles de caráter permanente, estabelecidos pelo 
juiz na sentença ou em acordo das partes devidamente homologado, embora, 
segundo o artigo 1.699 do CC, possam ser revistos em caso de mudança na 
situação financeira do devedor ou do credor de alimentos. 
• Provisórios – aqueles fixados liminarmente (initio litis) na própria ação de 
alimentos, de rito especial, estabelecido na Lei n. 5.478/68, exigindo-se, para 
tanto, prova pré-constituída de parentesco, casamento ou união estável. 
• Provisionais acautelatórios ou ad litem. Aqueles determinados em medida 
cautelar (ex.: separação de corpos) preparatória ou incidental de ação de 
separação judicial, de divórcio, de anulação ou nulidade de casamento ou 
mesmo de alimentos. Destinam-se a manter o litigante, bem como a custear as 
despesas com o processo, na pendência da lide, daí a nomenclatura ad litem, 
para a lide. (Cf. Silvio Rodrigues. Direito Civil – Direito de Família, 2002, p. 430; 
Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 5, 2002, p. 476). 
 
9. Quanto à causa jurídica 
 
• Voluntários – Aqueles que resultam de declaração de vontade, inter vivos ou 
causa mortis; 
• Ressarcitórios – Aqueles destinados a indenizar as vítimas de ato ilícito; 
• Legítimos – Aqueles impostos por lei em virtude do fato de existir entre as 
pessoas um vínculo familiar. 
 
10. Ação de alimentos. Alimentos provisórios e definitivos 
 
A legitimidade ativa ad causam é do credor, por se tratar de natureza intuitu personae. 
Por isso, tratando-se de credor incapaz poderá suceder a sua representação ou assistência, 
consoante o grau da sua incapacidade. 
 
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O absolutamente incapaz12 – será representado pelo detentor do poder familiar ou, na 
sua falta, pelo tutor ou curador; 
 
O relativamente incapaz13 – será assistido pelo detentor do poder familiar ou, na 
ausência deste, por seu tutor ou curador. 
 
O suprimento do exercício do poder familiar, no caso de incapacidade por idade, é feito por 
meio da nomeação judicial de um tutor. Às demais incapacitâncias, a hipótese é de curatela. 
 
O foro competente para processar e julgar a ação ordinária de alimentos é o da 
comarca do domicílio do alimentando. 
 
A petição inicial pode conter pedido de fixação provisória de alimentos14, que não se 
confundem com os provisionais15, nem com os definitivos16. 
 
A ação de alimentos é o meio técnico de reclamá-los desde que se configurem os 
pressupostos jurídicos; é imprescritível, mas para exercer a pretensão à execução de 
alimentos, cujo pagamento está atrasado, o prazo prescricional17 é de 2 anos (CC, art. 
206, § 2º). Como já vimos, o foro competente é o do domicílio do alimentando. (CPC, art. 100, 
II; RT, 492:106). Requer, ainda, a intervenção do MP (RT, 501:110, 503:87; 509:140; 518:279). 
Nela há uma fase preliminar de conciliação (Lei n.º 968/49, arts. 1º e 6º), na qual o magistrado 
empregará todos os meios para que as partes entrem num acordo sobre o direito ou sobre o 
quantum dos alimentos (CPC, art. 448). É uma ação de estado, ordinária, seguindo o rito 
especial e sumário, estabelecido pela Lei n.º 5.478/68 (Lei de Alimentos); afastam-se assim 
as dificuldades processuais que retardavam a concessão de recursos aos necessitados que, 
por laços de parentesco, tinham direito de haver de seus parentes. Reza tal lei no seu art. 4º 
que o juiz, ao despachar o pedido inicial, fixará alimentos provisórios (na base de 1/3 dos 
rendimentos do devedor, sendo de salientar-se que a lei não estabelece nenhum critério) a 
serem pagos pelo devedor, salvo se o credor declarar, expressamente, que deles não 
necessita. 
 
Os alimentos provisórios poderão ser revistos a qualquer tempo, se houver alteração na 
situação econômica das partes (art. 13, § 1º), sendo devidos até a decisão final ou julgamento 
do recurso extraordinário (art. 13, § 3º). 
 
A sentença que conceder alimentos retroage nos seus efeitos à data da citação inicial, a 
partir de quando as prestações serão exigidas ou devidas (art. 13, § 2º); não transitando em 
julgado, pode a qualquer tempo ser revista, se houver modificação da situação econômica-
financeira dos interessados (art. 15) ou deterioração monetária provocada pela inflação (Lei 
6.515/77, art. 22). 
 
O mestre Cahali nos ensina que, na execução da sentença que fixa a prestação 
alimentícia, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 dias, efetuar o pagamento, provar que o 
fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo; se o devedor não pagar, nem se escusar, o 
 
12
 Que não tem capacidade legal; inábil. [Diz-se daquele a quem a lei priva de certos direitos ou exclui de certas funções]. 
 
13
 Os menores de 18 anos e maiores de 16 anos; os ébrios, os toxicômanos; os excepcionais, os pródigos, etc. 
14
 Alimentos provisórios são aqueles fixados incidentalmente no curso de um processo de cognição. 
15
 Os alimentos provisionais somente podem ser fixados em processo cautelar. 
16
 Alimentos definitivos são aqueles estabelecidos por sentença judicial. 
17
 Perda da ação atribuída a um direito, que fica assim juridicamente desprotegido, em conseqüência do não uso dela durante 
determinado tempo. [Cf., nesta acepç., decadência (5).] 
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 86
magistrado decretará sua prisão civil (Lei n. 5.478/68, arts. 19 e 21) até 60 dias, em regra, 
se os alimentos devidos estiverem fixados, em definitivo, por sentença ou acordo (RJSTF, 
51:363, 61:379; RT, 786:217, 601:240, 585:262) e, em se tratando de alimentos provisórios ou 
provisionais, pelo prazo de 1 a 3 meses18 (CPC, art. 733, § 1º), salvo se realmente 
impossibilitado de fornecê-lo (RT, 139:166; RF, 108:345; EJSTJ, 15:236; RSTJ 87:323; Ciência 
Jurídica, 56:194 e 200), sendo uma das exceções a de que não há prisão por dívidas (CF/88, 
art. 5º, LXVII). 
 
O Código Penal, art. 244, com a redação dada pelo art. 21 da Lei n.º 5.478, prevê pena de 
detenção de 1 a 4 anos e multa de 1 a 10 vezes o maior salário mínimo vigente no Brasil 
àquele que, sem justa causa, deixa de prestar alimentos; trata-se de crime de abandono 
material. 
 
Os alimentos pretéritos, ou seja, aqueles vencidos, há mais de três meses, 
perdem, segundo a jurisprudência, a natureza alimentar, passando a ter 
características tipicamente reparatórias de despesas já efetivadas, não justificando, 
por isso, o decreto da prisão. É que, “por se tratar de verba que visa atender à própria 
sobrevivência, ela deve ser exigida imediatamente após a existência e o nascimento 
da obrigação. Bem por isso, doutrina e jurisprudência firmaram entendimento de que 
se o alimentando não cobra os alimentos, deixando passar o tempo e permitindo a 
acumulação de parcelas vencidas, é porque, efetivamente, não necessita dos 
alimentos, pelo menos em caráter sobrevivencial. E, por essa razão, vem se 
entendendo, nesses casos, que a execução das prestações alimentícias atrasadas 
somente pode se processar na forma do artigo 733 do CPC, até o limite das três 
últimas, devendo as mais antigas, se existentes, serem cobradas na forma do artigo 
732 do mesmo Código, em ordem a afastar a possibilidade do decreto de prisão, 
nesses casos, de forma coativa”. (veja o capítulo - DA EXECUÇÃO POR QUANTIA 
CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE). 
DA EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA 
Art. 732. A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação 
alimentícia, far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título. 
Parágrafo único. Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de embargos não 
obsta a que o exeqüente levante mensalmente a importância da prestação. 
Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o 
juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou 
justificar a impossibilidade de efetuá-lo. 
§ 1o Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo 
de 1 (um) a 3 (três) meses. 
§ 2 º O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações 
vencidas ou vincendas; mas o juiz não lhe imporá segunda pena, ainda que haja 
inadimplemento posterior. 
§ 2o O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações 
vencidas e vincendas. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977) 
 
18
 Cahali esclarece que a prisão civil não é bem uma pena, mas, como diz Bellot, meios eficaz para coagir o alimentante 
recalcitratante a pagar dívida alimentar. 
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 87
§ 3o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de 
prisão. 
Art. 734. Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou gerente de 
empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o juiz mandará descontar em 
folha de pagamento a importância da prestação alimentícia. 
Parágrafo único. A comunicação será feita à autoridade, à empresa ou ao empregador 
por ofício, de que constarão os nomes do credor, do devedor, a importância da prestação e o 
tempo de sua duração. 
Art. 735. Se o devedor não pagar os alimentos provisionais a que foi condenado, pode o 
credor promover a execução da sentença, observando-se o procedimento estabelecido no 
Capítulo IV deste Título. 
10.1 Do valor da pensão alimentícia 
 
Importante ressaltar que a pensão pode ser estipulada em percentual (em torno de 10 a 
40%, não existe uma determinação legal) sobre os rendimentos auferidos pelo devedor, 
considerando-se somente as verbas de caráter permanente, como o salário recebido no 
desempenho de suas atividades empregatícias, o 13º salário e outras, excluindo-se as 
recebidas eventualmente, como as indenizações por convenção de licença-prêmio ou férias 
em pecúnia (dinheiro), o levantamento do FGTS, as eventuais horas extras, o reembolso de 
despesas de viagem, etc. 
 
Vejamos alguns julgados: 
 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO DE ALIMENTOS - QUANTUM - ESCLARECIMENTO - 
POSSIBILIDADE - DIPLOMATA - ÍNDICE DE REPRESENTAÇÃO NO EXTERIOR - IREX - 
CARÁTER INDENIZATÓRIO - PENSÃO ALIMENTÍCIA - NÃO INCIDÊNCIA. 
O esclarecimento acerca da extensão do desconto pactuado em juízo a título de alimentos é 
perfeitamente possível de ser feito nos autos da ação de alimentos. 
Pactuando as partes que o alimentando faria jus a 15% dos ganhos do alimentante, 
abatendo-se para efeito dos cálculos apenas os descontos compulsórios, tal percentual 
deve incidir sobre a remuneração do genitor, seja ela em reais ou dólares. 
Qualquer pretensão de modificação do valor pactuado a título de alimentos deve ser buscada em 
ação revisional. 
A Indenização de Representação do Exterior - IREX é verba de cunho indenizatório, e não 
remuneratório, razão pela qual não pode incidir sobre a mesma pensão alimentícia (art. 17 do 
Decreto 71.733/73) 
(20020020039665AGI, Relator SÉRGIO BITTENCOURT, 4ª Turma Cível, julgado em 12/12/2002, 
DJ 12/03/2003 p. 75) 
 
CIVIL - AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS - NOVA FAMÍLIA - GRATIFICAÇÕES E 
INCORPORAÇÕES - BASE DE CÁLCULO DA PENSÃO - PERCENTUAL DE 10% ADEQUADO. 
Com a constituição de nova família e, conseqüentemente, aumento de gastos, há inegavelmente 
alteração da capacidade contributiva do alimentante, motivo pelo qual deverá o valor da pensão ser 
revisado. 
Porém, se a menor possui problemas de saúde, o que pressupõe maiores gastos com 
medicamentos, justifica-se o tratamento desigual em relação ao irmão. 
As parcelas extraordinárias, compreendendo, na hipótese, as gratificações e incorporações na 
remuneração do alimentante, não podem ser excluídas da base de cálculo da pensão, sob pena de 
reduzi-la a valor ínfimo, insuficiente para prover as necessidades da menor. 
 
(19980310015300APC, Relator SANDRA DE SANTIS, 5ª Turma Cível, julgado em 04/05/2000, DJ 
Profª Maria Cremilda Silva Fernandes 
Especialista em Direito Privado 
 
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28/06/2000 p. 41) 
 
PENSÃO ALIMENTÍCIA. CORRETA A DECISÃO RECORRIDA, AO FIXAR EM 15% SOBRE 
OS VENCIMENTOS LÍQUIDOS DO PAI ALIMENTANTE A PENSÃO DEVIDA AO FILHO 
MENOR, DE 03 ANOS DE IDADE. REJEITADA A PRELIMINAR DE PRONUNCIAMENTO 
CITRA-PETITA. NO MÉRITO, NEGOU-SE PROVIMENTO AO RECURSO. UNANIMEMENTE. 
(APC2928392, Relator EDMUNDO MINERVINO, 1ª Turma Cível, julgado em 19/08/1993, DJ 
09/03/1994 p. 2.155) 
 
ALIMENTOS. CASAL SEPARADO JUDICIALMENTE HÁ VÁRIOS ANOS. FILHOS COMUNS 
SOB A GUARDA DA MÃE. ALIMENTOS FIXADOS PARA OS MENORES NA AÇÃO DE 
SEPARAÇÃO JUDICIAL LITIGIOSA TRANSFORMADA EM CONSENSUAL. MAIORIDADE 
DOS FILHOS. EXONERAÇÃO CONCEDIDA. MULHER DESAMPARADA. INEXISTÊNCIA DE 
CLÁUSULA QUE IMPLIQUE RENÚNCIA, SEQUER DISPENSA, DA MULHER AOS 
ALIMENTOS. APELO PROVIDO. 
Se quando da separação do casal a mulher não renunciou aos alimentos, lícito pleiteá-los quando 
deles necessitar desde que não rompido o vínculo conjugal. 
Verifica-se que, na hipótese que o casal tinha seis filhos menores, ficaram sob a guarda da mãe e 
o pai obrigou-se a prestar, aos filhos, alimentos no valor equivalente a 40% de seus 
rendimentos,

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