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Negociação Empresarial Romulo Gomes Romulo gomes Doutorando em Administração de empresas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Mestre em administração de empresas pela Fucape Business School. Executivo formado pela Fundação Dom Cabral através dos programas de Desenvolvimento de Dirigentes PDD e pelo Executive MBA tendo mais de 10 anos de atuação com gestão de pessoas e negócios de tecnologia. Professor em diversas disciplinas de gestão e tecnologia nos cursos de graduação (Administração, Engenharia de Produção, Redes de Computadores) e pós graduação (Gerenciamento de Projetos, Liderança e Desenvolvimento Humano, Gestão Estratégica de Pessoas e Gestão Empresarial) pelas instituições de ensino superior Universidade Estácio, Fucape Business School, Faculdades Integradas de Aracruz -FAACZ, FAESA e Faculdade do Centro Leste - UCL. Pesquisador nas áreas de comportamento organizacional, identidade profissional e identificação social e diversidade no trabalho. Temas de Interesse: comportamento organizacional, sociabilidades, sentidos do trabalho, diversidade no trabalho, identidade social, redes sociais, estratégia empresarial, gestão do conhecimento, gerenciamento de projetos, prestação de serviços de TI, liderança e gestão com pessoas. Ementa A visão geral da Negociação empresarial; Negociação de conflitos organizacionais e estilos de negociação na solução de conflitos; Processo de Negociação Empresarial; Negociação internacional \ intercultural \ diversidade Indicações de Leitura (Disponíveis na Biblioteca virtual). LAMIN, Gustavo Paiva. Negociação: conceitos fundamentais e negociação internacional. Curitiba: Intersaberes, 2016. MARTINELLI, Dante Pinheiro. Negociação empresarial: enfoque sistêmico e visão estratégica. São Paulo: Manole, 2017. VANIN, Jorge Alexandre. Processos da negociação. Curitiba: Intersaberes, 2013. Conteúdo da disciplina Unidade I - Negociação: uma visão geral 1.1. A arte da negociação 1.2. Negociação e valores éticos 1.3. Negociação na administração: princípios e características 1.4 Tipos de negociação Unidade II - Negociação de conflitos organizacionais 2.1. Tipos de conflitos 2.2. Classificação dos estilos de negociação 2.3. Os papéis gerenciais do administrador na solução de conflitos Conteúdo da disciplina Unidade III - Processo de Negociação Empresarial 3.1. Níveis de negociação 3.2. Estratégias de negociação 3.3. Etapas do processo de negociação 3.4. Modalidades de tomadas de decisão e influências do poder 3.5. Aplicações práticas: Técnicas de negociação empresarial - estudos de caso, vídeos e artigos Unidade IV - Negociação internacional , intercultural e diversidade 4.1. Fatores pessoais e interpessoais na negociação internacional 4.2. A negociação empresarial internacional em um contexto global: America, Oriente e Europa. 4.3. Profissionais e empresas brasileiras como negociadores no ambiente competitivo mundial 4.4. Em busca da eficácia de uma negociação internacional: desenvolvendo o processo e acompanhando os resultados 4.5. Aplicações práticas: Técnicas de negociação internacional - estudos de caso, vídeos e artigos UNIDADE 1 - Negociação: uma visão geral NEGOCIAÇÃO GANHA-GANHA uma novidade no contexto da negociação ● A busca por relações duradouras nas negociações pode levar a novas negociações no futuro, além de manter e inclusive aperfeiçoar o contato já existente entre as partes no processo ● Um esforço para atender a várias partes envolvidas Utilização de uma visão sistêmica para negociar, ou seja, aplica-se uma visão ampliada, global acerca da negociação. Permite enxergar de maneira mais clara os diferentes envolvidos, seus principais interesses e as diversas alternativas possíveis para solucionar um conflito. Como “fazer” o ganha-ganha em uma negociação 1 - É necessário entender que alcançar a satisfação de ambos os lados é fundamental para o sucesso de qualquer negociação. 2 - Substituir a ideia antiga de que precisamos levar vantagem em tudo. 3 - Nessa visão moderna perseguimos construir relações duradouras. 4 - Para isso, faz-se necessário identificar interesses em comuns. Assim, explicitar as necessidades básicas das duas partes tornou-se o item mais importante de qualquer negociação. Exemplo ilustrativo A importância da comunicação Observem os conceitos de Negociação Outras características implícitas nas negociações ● Tempo - cada parte pode ter um limite de prazo diferente para tomar a decisão ● Poder - as partes podem ser desiguais em questão ao poder ● Informação - assimetria de informação é um elemento típico das negociações Esses elementos podem funcionar de maneira intercambiada. O tempo pode gerar poder, o poder pode gerar informação ou tempo, o tempo pode gerar informação. PODER Poderes pessoais - exercidos naturalmente, independente da hierarquia, como a habilidade de lidar com pessoas, poder da atitude, da persistência, da moralidade, da capacidade persuasiva. Poderes Circunstanciais - poder do especialista, da posição, poder de precedente, poder de conhecer as necessidades, poder de barganha. Um acordo! A negociação implica em um acordo e, assim, pressupõe a existência de afinidades, uma base comum de interesses que aproxime e leve as pessoas a conversar (Matos, 1989). Voltamos a importância do dialogo, do relacionamento da existência de interesses comuns para que se possa chegar a um acordo. Uma habilidade básica, porém para poucos Existem poucos negociações por três razões básicas: Tipos de Negociação Podem ser classificadas a partir dos seguintes elementos: a) compromisso; b) barganha; c) coerção; b) emoção; c) raciocínio lógico. O processo da negociação pode envolver Para MATOS (1989, p. 13) “o processo de uma negociação deve seguir seis passos básicos”: a) abordagem – que significa a confrontação positiva, prevenindo-se as costumeiras e desastrosas situações “eles e nós”, típicas da realidade das negociações “ganha x perde”; b) argumentação – refere-se ao conhecimento da situação, os “prós e os contras” para definir a linguagem adequada à negociação; c) superação de objeções – consiste em uma mudança de ênfase, de centrar-se em obstáculos e abismos (que ampliam diferenças e distâncias estimulando tensões e conflitos, reforçando a situação” ganha x perde”), para o esclarecimento de posições (em que se busca o equilíbrio de afirmações e concessões), em que todos perdem um porém ganham muito, em termos de acordos mutuamentecompensadores); O processo da negociação pode envolver d) acordo – passa-se da divergência improdutiva para a convergências de interesses e para à administração das oportunidades (ou seja, para o promissor ganha-ganha); e) reforço – significa a convicção na continuidade do processo e a confiança de que o sentimento de equipe e integração de esforços garantirão a prosperidade e construirão a prosperidade e construirão o futuro desejável; f) reabordagem – configura a certeza de que a negociação não é um acontecimento episódico e fugaz. A vida organizacional, conivência humana.” Para HODGSON (1996, p. 6), “o processo de negociar tem cinco etapas: a preparação, a discussão, a proposta, a barganha e o acordo”. Para a autora, não havendo acordo, pode-se voltar a qualquer um desses passos “se eu tivesse nove horas para cortar uma árvore levaria seis horas afiando o machado!”. Abraham Lincoln Planejamento de uma negociação 1) pré-formulação: nesta etapa é fundamental que se pense em todas as metas e estratégias, que se desenvolvam idéias pré-concebidas sobre a negociação, e que se busque conhecer o máximo sobre outro lado envolvido, e também que se mantenha a flexibilidade; 2) formulação: nesta etapa os negociadoresdevem buscar o máximo possível de informação sobre a outra parte, enquanto conversam sobre o processo. Lembrando também que a primeira declaração ou proposta deve ser feita cuidadosamente, sem improvisos, pois é elo que irá conduzir toda negociação; Planejamento de uma negociação 3) tempestade: essa é a fase das argumentações, na qual as opiniões são expressas, as diferenças nas percepções e nos julgamentos são identificadas e as questões do poder começam a aparecer, os argumentos nesta fase são apresentados de maneira cada vez mais intensa e começa se a desenvolver um certo calor na negociação. A confiança começa a assumir uma importância fundamental, pois já existe uma grande ansiedade para o final da negociação. A identificação do estilo de negociação da outra parte também torna-se vital, e os argumentos, devem ser apresentados já considerando-se essa questão. Também nesta etapa é muito importante ser analítico e controlar as emoções e os sentimentos; Planejamento de uma negociação 4) padronização: é a fase da barganha, em que as partes se preocupam em estabelecer regras para que a negociação funcione de maneira mais efetiva possível. Essa fase constitui-se em um período de conciliação em que se estabelecem alguns compromissos, procuram sintetizar alguns pontos, acomodando as posições de ambas as partes envolvidas e se utiliza ao máximo a sinergia trazendo o problema. É preciso lembrar que usar a criatividade e a intuição é primordial para a solução do problema; Planejamento de uma negociação 5) execução: é a fase dos acordos, na qual se buscam as implementações, e que os membros da equipe se consideram aptos para trabalhar juntos, desta forma os resultados são atingidos e o feedback são repassados a todo a equipe de forma contínua, o que proporciona a equipe revisar suas ações e modos de conduzir a negociação. Nesta etapa é fundamental identificar as bases comuns dos dois lados envolvidos, utilizando a construção do acordo; para isso é fundamental ir sumarizando, de tempos em tempos, os pontos já definidos no acordo inclusive para ir verificar a compreensão de ambas as partes. Os bons sentimentos devem ser compartilhados, pois se está levando os dois lados a ganharem simultaneamente; Planejamento de uma negociação 6) controle de desempenho: fase posterior as negociações, no qual as pessoas partem e experimentam a convivência independente. Trata-se do teste real para verificar se as partes realmente estão de acordo e comprometidos com que foi estabelecido. Nesta fase as decisões tomadas tem que ser efetivamente implementadas, de maneira a atender ambas as partes, e para isso é importante que continue havendo um acompanhamento do processo. É preciso também que se mantenha um contato com a outra parte, mesmo que esporadicamente. É um erro acreditar que a negociação já está encerrada fase de controle e avaliação, e muitas vezes, essa fase, de transformar os acordos em ações.” Negociação e Valores Éticos A Ética é um conjunto de valores e princípios que nos orientam a nossa conduta. Isso significa que a ÉTICA é o que nos auxilia a decidir. Decidir sobre “quero”, “devo” e “posso”. Nem tudo que eu desejo, eu devo, nem tudo que eu quero eu posso. Podemos dizer que a Ética analisa as regras e os princípios morais que são destinados a orientar a ação humana; ou seja, tem em si uma estrutura capaz de analisar diferentes opções para se ter referência sobre o que é ou não correto em determinado momento. Ética está ligada a princípios e valores gerais. Moral é o exercício prático destes valores. https://www.youtube.com/watch?v=iij2DCvgELg Situações que envolvem desafios éticos e definições sobre ética com Cortella. Andrade, Alyrio e Macedo (2007, p.18) relacionam tipos de comportamentos éticos e legais e chegam à seguinte conclusão: Há comportamentos que não sejam nem éticos e nem legais; Há comportamentos que são éticos, mas não legais; Há comportamentos considerados legais, mas não éticos; Há comportamentos legais e éticos, segundo padrões estabelecidos. Mello (2005, p.30) identifica três tipos de postura ética básica em negociações: a) A postura do jogador - negociadores que adotam essa postura consideram que a negociação, principalmente quando envolve aspectos comerciais e financeiros, é um jogo com suas regras próprias sem nenhuma relação com as regras sociais. b) Postura idealista - considera que a negociação é um aspecto da vida social. Logo, se socialmente é errado blefar e enganar, igualmente é incorreta a utilização desses artifícios na negociação. c) Postura pragmatista - é uma postura intermediária entre as duas anteriores. Considera que às vezes é importante o blefe e a dissimulação, mas também preza o comportamento ético nas negociações. Unidade II - Negociação de conflitos organizacionais 2.1. Tipos de conflitos 2.2. Classificação dos estilos de negociação 2.3. Os papéis gerenciais do administrador na solução de conflitos 2.4 Mediação e Arbitragem Conflitos Ao estudarmos negociação, é importante considerarmos que, praticamente todas as negociações se iniciam pela existência de um conflito e que, a negociação é um dos melhores e mais apropriados meios de solucionar os conflitos. A palavra conflito, no dicionário Aurélio é definida como: 1. Embate dos que lutam. 2. Discussão acompanhada de injúrias e ameaças; desavença. 3. Guerra. 4. Luta, combate. 5. Colisão. Como se dá o conflito 1. Segundo Hodgson (1996), para que haja conflito basta a existência de grupos. A simples existência de diferentes grupos já cria um potencial latente de conflitos. 2. Dado que as organizações são aglomerações de subgrupos e interesses, Salaman (1978, apud Hodgson, 1996) pondera que elas deveriam ser representadas por estruturas cooperativas e harmoniosas, nas quais os conflitos surgissem apenas excepcionalmente, em função de diferenças de personalidade ou mal-entendidos. 3. Segundo Hampton, (1991:297) o conflito pode surgir da experiência de frustração de uma ou ambas as partes, de sua incapacidade de atingir uma ou mais metas. A seguir a parte frustrada interpreta a situação, projetando suas conseqüências, passando a comportar-se à luz da situação imaginada. A outra parte envolvida reage a este comportamento, com base em suas próprias percepções e conceituações da situação, que podem ser bem diferentes daquelas imaginadas pela outra parte. Têm-se então, os resultados do conflito, que podem ser de natureza completamente diversa para cada um dos negociadores, ou seja, um ciclo de frustrações ocorre em virtude da má interpretação ou incompreensão dos interesses ou necessidades das partes, fazendo com que cada um interprete a situação a seu modo. 4. Outras causas dos conflitos podem ser as diferenças de personalidade, a existência de atividades interdependentes no trabalho, metas diferentes, recursos compartilhados, diferenças de informação e percepção, dentre outras (Martinelli, 2002). Atitudes perante os conflito Nossa cultura, em geral, leva a pensar numa negociação como contestação de alguma coisa. Assim, pensa-se numa negociação a partir de um conflito, criado a partir de posições antagônicas, em que cada um pensa isoladamente em seus interesses pessoais e assume posições rígidas pelas quais tenta lutar de todas as formas para vencer. A mudança de paradigma que estamos vivendo considera o mundo como uma rede de fenômenos interconectados e interdependentes. Na sociedade de redes, a tendência é aumentar os conflitos e não reduzi-los. Portanto, as habilidades de resolução não violenta de conflitos - por construção de consenso, mediação e arbitragem - serão cada vez mais necessárias. Principais fatores causadores de conflitos são o estresse ● A pressão cruel por resultados ● A sobrecarga de trabalho● Recursos escassos compartilhados ● O clima de competição predatória ● A insegurança e a instabilidade no emprego ● As ameaças e as críticas depreciativas Esse cenário é propício para o surgimento do que há de pior nas pessoas como a inveja, as intrigas, a rudeza e nesse território os conflitos destrutivos florescem. Outro fator que está na raiz da maioria dos conflitos são as distorções da comunicação que geram inúmeros mal entendidos. Considera-se que a solução de conflitos depende, em grande parte, da clareza e da eficácia da comunicação. Conflito Destrutivo X Construtivo Com relação ao modo de enxergar o conflito, Follet (Apud Hampton, 1991) afirma: “Nós não devemos ter medo do conflito, porém devemos reconhecer que existe um modo destrutivo e um modo construtivo de proceder em tais momentos. Na diferença em se tratar o conflito pode estar o sinal do saudável, uma profecia do progresso.” => Como algo prejudicial, devendo ser evitado a todo custo e, não se podendo evitá-lo, pelo menos dever-se-ia buscar minimizar seus efeitos. =>A segunda alternativa é a de encarar o conflito de maneira positiva, procurando verificar aquilo que pode trazer benefício, em termos de diferenças de opiniões e visões, bem como de possibilidades de aprendizagem e enriquecimento em termos pessoais e culturais. Conflito Destrutivo X Construtivo O que define o conflito como destrutivo ou construtivo é a nossa maneira de lidar com ele. O conflito pode resultar em brigas crônicas e em escalada da violência. Por outro lado, pode ser terra fértil para criar boas opções. Como desenvolver habilidades para transformar conflitos potencialmente destrutivos em caminhos construtivos para harmonizar diferenças e criar soluções satisfatórias para todos? No bom conflito, reconhecemos as diferenças entre as partes e procuramos satisfazer as suas necessidades. Transformar conflitos potencialmente destrutivos em caminhos construtivos ● Encarar que a diversidade de olhares sobre as mesmas questões pode resultar em maior criatividade, abrindo caminhos inovadores. ● O respeito pelas diferenças e a busca da área de interesses em comum que está logo abaixo das posições divergentes é o que permite transformar adversários em “sócios do problema” a ser atacado. ● Pode ser desenvolvendo a habilidade de separar as pessoas do problema, conforme sugerido por Willian Ury no método de Negociação Baseado em Princípios, atacando o problema sem atacar as pessoas. ● A escuta respeitosa é o principal recurso de comunicação porque nos permite ir mais fundo nas raízes do conflito. Considera-se que 50% da construção de acordos satisfatórios dependem da escuta. Negociação Baseada em princípios Transformá-los em terra fértil para soluções satisfatórias para todos os envolvidos Podemos seguir as seguintes orientações: Pesquisar os interesses subjacentes - necessidade de segurança, de reconhecimento, valores: não são negociáveis, mas, em geral, não são incompatíveis entre as partes; focalizar nos interesses e não nas posições - o que as pessoas dizem que querem, e isso é negociável; transformar adversários em aliados - sócios do problema; concentrar em criar alternativas - opções; construir o acordo. Mediação e arbitragem na solução de conflitos A participação de uma terceira pessoa, que não está diretamente envolvida com o problema poderá trazer muitas vantagens, como por exemplo: na presença de uma terceira parte, os ânimos exaltados são acalmados; esta pessoa pode orientar as partes a descobrirem quais seus reais interesses e como poderiam priorizá-los, determinando inclusive um cronograma com prazos para a chegada a um acordo; a comunicação e o clima da negociação poderão ser melhorados; dependendo do nível, problemas de relacionamentos poderão ser amenizados e até mesmo resolvidos de forma definitiva Burbridge et al. (2008), comenta que o terceiro lado, ou 3L, manifesta-se de diversas formas, conforme a Alternative Dispute Resolution (ADR): No primeiro, existe um árbitro ou comitê de arbitragem (sempre em número ímpar) que escuta ambos os lados e decide a questão. O resultado é uma sentença, como em um processo de litígio. A diferença é que a arbitragem é um processo particular (geralmente sigiloso) e, portanto, mais rápido e econômico. Não há apelação da sentença. A conciliação, muito usada em casos trabalhistas e em casos que envolvem valores menores, tem como foco a obtenção de um acordo rápido e eficaz. A mediação, que tem procedimentos próprios, tem como objetivo assistir as partes, buscando encontrar uma solução definitiva para o problema. Todos esses métodos constituem aliados potenciais na batalha para desentupir o sistema judiciário de sua imensa e, atualmente, pouco administrável carga de trabalho. (p.44) Mediação X Arbitragem A mediação é caracterizada pelo alto controle da terceira parte sobre o processo, porém baixo controle sobre os resultados. O mediador é uma figura neutra, especialista no campo em que a disputa está acontecendo, que possui autoridade outorgada pelas partes, tendo como objetivo ajudar as partes a negociarem de maneira efetiva, criando um senso de trabalho em equipe e um clima propício ao acordo. Já na arbitragem existe alto controle sobre os resultados, porém a terceira parte tem baixo controle sobre o processo. Os árbitros normalmente são escolhidos por serem justos, imparciais e sábios e, dessa forma, as soluções vêm de uma fonte respeitada e com crédito. Os processos de arbitragem normalmente são utilizados para solução de conflitos entre empresas, trabalhadores e em contratos de uma forma geral. As partes apresentam sua posição ao árbitro que, dependendo das regras estabelecidas pode ou não decidir com base nelas. Martineli (2004) aponta as seguintes desvantagens da participação de uma terceira pessoa em uma negociação: ● As partes se enfraquecem potencialmente ao chamar uma terceira pessoa, deixando uma imagem de certa incapacidade para resolver o conflito; ● Há também uma inevitável perda de controle do processo ou dos resultados (ou de ambos), dependendo do tipo de pessoa é chamado para ser a terceira parte (se um mediador ou um árbitro). ● Considerando as desvantagens, é importante que as partes analisem e reflitam bastante antes de decidirem sobre o uso de uma terceira parte para a solução do conflito. Tipos de Negociação ● Negociação Competitiva ● Negociação Cooperativa ou Colaborativa Negociação Competitiva Na negociação competitiva as partes assumem algum conflito de interesses. Esse tipo de negociação se identifica como um jogo de soma zero, ou seja, o ganho de um jogador é a perda de outro. Um exemplo é a negociação do preço de um produto entre um comprador e um vendedor, onde as duas partes possuem objetivos antagônicos: o comprador quer o menor preço e o vendedor persegue o maior. ATENÇÃO:Negociar de forma competitiva não significa necessariamente atrito, conflito aberto ou antagonismo entre os negociadores, apesar de existirem alguns casos em que isso acontece. Significa que eles decidiram negociar procurando extrair o máximo possível de concessões da outra parte, utilizando para isso toda a sua capacidade, competência, talento, táticas e poder. Exemplo Negociação Pode parecer o contrário, mas se você conseguir se enxergar de fora do contexto, você como consumidor e o dono da padaria que lhe vende o pão possuem, pelo menos, um objetivo em comum: os dois não querem que falte pão. Só que você quer o pão a preços baixos e ele quer vender caro para maximizar lucros e poder sobreviver com o negócio (objetivos opostos). Se você o respeita e o permite ter algum lucro, o objetivo principal (ter pão) é atingido, mas se você o antagoniza, olha só o preço e faz uma campanha no bairro para que ele reduza preços mais do quelhe é possível, isso pode levá-lo a ter prejuízos e desistir do negócio, prejudicando o objetivo principal. Negociação Cooperativa Defende que as partes estão trabalhando para um mesmo objetivo. Um exemplo deste tipo de negociação é quando diferentes departamentos de uma organização estão negociando recursos internos. Nesse caso, uma parte pode ceder recursos para a outra se houver lucro para a organização como um todo. Negociar de forma cooperativa não significa ingenuidade, abrir mão de suas metas e objetivos e muito menos ser “bonzinho”. Significa, sim, que os negociadores decidiram alcançar seus objetivos utilizando um processo diferente da negociação competitiva tradicional. A negociação cooperativa Ao contrário da forma tradicional competitiva, não envolve barganha de propostas e extração de concessões, sendo muito mais um processo de aprendizado e respeito mútuos. Para que tenha sucesso, é necessário que todos os negociadores que participam estejam atentos e tomem algumas atitudes que são essenciais. Essas atitudes são: · A troca de informações legítima; · A construção da relação de confiança; · A percepção correta do outro negociador; e · A atenção às concepções diferentes de justiça. Como avaliar o melhor tipo de negociação Percepção correta do outro lado. Atenção às concepções diferentes de justiça negociadores competitivos tendem a negociar sempre utilizando táticas competitivas, mesmo quando o outro é cooperativo, e assim perdem excelentes oportunidades de lucro, porque sequer consideram a possibilidade de parcerias e cooperação. a negociação deve ser vista do ponto de vista estratégico em função dos objetivos a serem alcançados. Assim, devemos negociar de forma competitiva ou cooperativa quando for conveniente usar um estilo ou outro. Naturalmente, não se deve negociar de forma cooperativa quando o outro negociador atuar de forma competitiva.
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