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Instituto Federal de Educação, Ciência, e Tecnologia Goiano IF-GOIANO Assistente em Administração Edital Nº 35/2018 DZ067-2018 DADOS DA OBRA Título da obra: Instituto Federal de Educação, Ciência, e Tecnologia Goiano - IF-GOIANO Cargo: Assistente em Administração (Baseado no Edital Nº 35/2018) • Língua Portuguesa • Matemática • Informática • Conhecimentos Específicos Gestão de Conteúdos Emanuela Amaral de Souza Diagramação/ Editoração Eletrônica Elaine Cristina Thais Regis Produção Editorial Leandro Filho Capa Joel Ferreira dos Santos APRESENTAÇÃO CURSO ONLINE PARABÉNS! ESTE É O PASSAPORTE PARA SUA APROVAÇÃO. A Nova Concursos tem um único propósito: mudar a vida das pessoas. Vamos ajudar você a alcançar o tão desejado cargo público. Nossos livros são elaborados por professores que atuam na área de Concursos Públicos. Assim a matéria é organizada de forma que otimize o tempo do candidato. Afi nal corremos contra o tempo, por isso a preparação é muito importante. 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SUMÁRIO Língua Portuguesa 1. Interpretação textual: efeitos de sentido, hierarquia dos sentidos do texto, situação comunicativa, pressuposição, inferência, ambiguidade, ironia, figurativização, polissemia, intertextualidade, linguagem não-verbal. .............................. 01 2. Modos de organização do texto: descrição, narração, exposição, argumentação, diálogo e esquemas retóricos (enumeração de ideias, relações de causa e consequência, comparação, gradação, oposição etc.). ................................... 01 3. Estrutura textual: progressão temática, parágrafo, período, oração, pontuação, tipos de discurso, mecanismos de estabelecimento da coerência, coesão lexical e conexão sintática. ................................................................................................... 36 4. Gêneros textuais: editorial, notícia, reportagem, resenha, crônica, carta, artigo de opinião, relatório, parecer, ofício, charge, tira, pintura, placa, propaganda institucional/educacional etc. ........................................................................................... 58 5. Estilo e registro: variedades linguísticas, formalidade e informalidade, formas de tratamento, propriedade lexical, adequação comunicativa. ....................................................................................................................................................................................63 6. Língua padrão: ortografia, regência, concordância nominal e verbal, flexão verbal e nominal, pronome, advérbio, adjetivo, conjunção, preposição. ....................................................................................................................................................................... 73 Matemática 1. Conjuntos Numéricos: Números naturais e números inteiros: operações, relação de ordem, divisibilidade, máximo divisor comum e mínimo múltiplo comum; Números fracionários e decimais: operações, relação de ordem, propriedades e valor absoluto. .......................................................................................................................................................................................................01 2. Razão e Proporção: Grandezas diretamente e inversamente proporcionais; Regra de três simples e composta; Porcentagem; Juros simples e composto. ...................................................................................................................................................... 11 3. Funções: Conceito e representação gráfica de funções afim, quadrática e modular. ............................................................. 25 4. Sistemas de equações lineares com duas incógnitas: Resolução, discussão e representação geométrica. ................... 33 5. Geometria: Figuras geométricas planas: ângulos, retas, polígonos, circunferências e círculos; Relações métricas nos polígonos; Perímetro de polígono e comprimento de circunferência; Área de polígono e do círculo. ................................ 38 6. Noções de Estatística: Apresentação de dados estatísticos: tabelas e gráficos. Medidas de centralidade: média aritmética, média ponderada, mediana e moda ......................................................................................................................................... 70 7. Geometria Espacial: Poliedros e Corpos Redondos, Relações métricas nas formas geométricas espaciais ................... 80 8. Geometria Analítica: Ponto e Reta................................................................................................................................................................ 87 9. Análise Combinatória: Princípio Fundamental da Contagem, Arranjo Simples, Permutação Simples, Combinação Simples. ........................................................................................................................................................................................................................95 10. Probabilidade. ....................................................................................................................................................................................................95 Informática 1. Sistemas operacionais Windows: recursos básicos de utilização: janelas, menus, atalhos, ajuda e suporte gerenciamento de pastas e arquivos; pesquisas e localização de conteúdo; gerenciamento de impressão; instalação e remoção de programas; configuração no Painel de Controle; configuração de dispositivos de hardware; configuração de aplicativos. ............................................................................................................................................................................................................01 2. Aplicativos para edição de textos, planilha eletrônica e editor de apresentação por meio de software livre e de software comercial: ambiente do software; operações básicas com documentos; edição e formatação do texto; tratamento de fontes de texto; verificação ortográfica e gramatical; impressão; utilização de legendas, índices e figuras. ...................... 21 3. Navegadores de Internet e serviços de busca na Web: redes de computadores e Internet; elementos da interface dos principais navegadores de Internet; navegação e exibição de sítios Web; utilização e gerenciamento dos principais navegadores de Internet. ......................................................................................................................................................................................55 4.Hardware, periféricos e conhecimentos básicos de informática: tipos de computador; tipos de conectores para dispositivos externos; dispositivos de entrada, saída, armazenamento e comunicação de dados. ........................................ 01 SUMÁRIO ConhecimentosEspecíficos Fundamentos da Administração: processo administrativo (planejamento, organização, direção e controle); desempenho organizacional (produtividade, eficiência, eficácia e efetividade); ....................................................................................................... 01 Rotinas administrativas e de escritório; .......................................................................................................................................................... 10 Comunicação organizacional; organização, sistemas e métodos; stakeholders da organização; ........................................... 11 Ética na administração; responsabilidade social e ambiental; conceitos básicos de sustentabilidade organizacional. .. 20 Documentação e Arquivo: organização de arquivo; modelos de arquivos; técnicas e métodos de arquivamento. ........ 26 Noções sobre tecnologias da informação. .................................................................................................................................................... 50 Funções Organizacionais: gestão de pessoas; orçamento e finanças; patrimônio; materiais; compras no serviço público e logística. ...................................................................................................................................................................................................................50 Gestão da Qualidade. .............................................................................................................................................................................................72 Gestão de Serviços. .................................................................................................................................................................................................90 Gestão Financeira. .................................................................................................................................................................................................100 Gestão de Recursos Humanos. .........................................................................................................................................................................101 Gestão de Recursos Materiais. ..........................................................................................................................................................................105 Comunicação Organizacional. ..........................................................................................................................................................................107 Noções de Contabilidade. ..................................................................................................................................................................................115 Orçamento Público. ..............................................................................................................................................................................................116 Classificação de despesas e receitas. .............................................................................................................................................................124 Administração Pública: princípios; ..................................................................................................................................................................125 Atos e poderes da administração pública....................................................................................................................................................129 Legislação: Lei n. 8.112/1990 - Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais e Lei n. 11.091, de 12 de janeiro de 2005 e alterações posteriores; ..............................................................147 Lei n. 8.666/93 - normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços (inclusive de publicidade), compras, alienações e locações no âmbito dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; ...............................................................................................................................................................................................................186 Decreto n. 5.450/2005 e Lei n. 10.520/2002 - Aquisições e contratações por Pregão Eletrônico; ........................................218 Decreto n. 7.892/2013 - Sistema de Registro de Preços. .......................................................................................................................225 Redação empresarial e oficial. ..........................................................................................................................................................................230 Administração Geral. ............................................................................................................................................................................................253 Correspondência. ...................................................................................................................................................................................................230 LÍNGUA PORTUGUESA 1. Interpretação textual: efeitos de sentido, hierarquia dos sentidos do texto, situação comunicativa, pressuposição, inferência, ambiguidade, ironia, figurativização, polissemia, intertextualidade, linguagem não-verbal. .............................. 01 2. Modos de organização do texto: descrição, narração, exposição, argumentação, diálogo e esquemas retóricos (enumeração de ideias, relações de causa e consequência, comparação, gradação, oposição etc.). ................................... 01 3. Estrutura textual: progressão temática, parágrafo, período, oração, pontuação, tipos de discurso, mecanismos de estabelecimento da coerência, coesão lexical e conexão sintática. ................................................................................................... 36 4. Gêneros textuais: editorial, notícia, reportagem, resenha, crônica, carta, artigo de opinião, relatório, parecer, ofício, charge, tira, pintura, placa, propaganda institucional/educacional etc. ........................................................................................... 58 5. Estilo e registro: variedades linguísticas, formalidade e informalidade, formas de tratamento, propriedade lexical, adequação comunicativa. ....................................................................................................................................................................................63 6. Língua padrão: ortografia, regência, concordância nominal e verbal, flexão verbal e nominal, pronome, advérbio, adjetivo, conjunção, preposição. ....................................................................................................................................................................... 73 1 LÍNGUA PORTUGUESA 1. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL: EFEITOS DE SENTIDO, HIERARQUIA DOS SENTIDOS DO TEXTO, SITUAÇÃO COMUNICATIVA, PRESSUPOSIÇÃO, INFERÊNCIA, AMBIGUIDADE, IRONIA, FIGURATIVIZAÇÃO, POLISSEMIA, INTERTEXTUALIDADE, LINGUAGEM NÃO-VERBAL. 2. MODOS DE ORGANIZAÇÃO DO TEXTO: DESCRIÇÃO, NARRAÇÃO, EXPOSIÇÃO, ARGUMENTAÇÃO, DIÁLOGO E ESQUEMAS RETÓRICOS (ENUMERAÇÃO DE IDEIAS, RELAÇÕES DE CAUSA E CONSEQUÊNCIA, COMPARAÇÃO, GRADAÇÃO, OPOSIÇÃO ETC.). Leia o texto abaixo de Franz Kafka, O silêncio das sereias: Prova de que até meios insuficientes - infantis mesmo podem servir à salvação: Para se defender da sereias, Ulisses tapou o ouvidos com cera e se fez amarrar ao mastro. Naturalmente - e desde sempre - todos os viajantes poderiam ter feito coisa semelhante, exceto aqueles a quem as sereias já atraíam à distância;mas era sabido no mundo inteiro que isso não podia ajudar em nada. O canto das sereias penetrava tudo e a paixão dos seduzidos teria rebentado mais que cadeias e mastro. Ulisses porém não pensou nisso, embora talvez tivesse ouvido coisas a esse respeito. Confiou plenamente no punhado de cera e no molho de correntes e, com alegria inocente, foi ao encontro das sereias levando seus pequenos recursos. As sereias entretanto têm uma arma ainda mais terrível que o canto: o seu silêncio. Apesar de não ter acontecido isso, é imaginável que alguém tenha escapado ao seu canto; mas do seu silêncio certamente não. Contra o sentimento de ter vencido com as próprias forças e contra a altivez daí resultante - que tudo arrasta consigo - não há na terra o que resista. E de fato, quando Ulisses chegou, as poderosas cantoras não cantaram, seja porque julgavam que só o silêncio poderia conseguir alguma coisa desse adversário, seja porque o ar de felicidade no rosto de Ulisses - que não pensava em outra coisa a não ser em cera e correntes - as fez esquecer de todo e qualquer canto. Ulisses no entanto - se é que se pode exprimir assim - não ouviu o seu silêncio, acreditou que elas cantavam e que só ele estava protegido contra o perigo de escutá-las. Por um instante, viu os movimentos dos pescoços, a respiração funda, os olhos cheios de lágrimas, as bocas semiabertas, mas achou que tudo isso estava relacionado com as árias que soavam inaudíveis em torno dele. Logo, porém, tudo deslizou do seu olhar dirigido para a distância, as sereias literalmente desapareceram diante da sua determinação, e quando ele estava no ponto mais próximo delas, já não as levava em conta. Mas elas - mais belas do que nunca - esticaram o corpo e se contorceram, deixaram o cabelo horripilante voar livre no vento e distenderam as garras sobre os rochedos. Já não queriam seduzir, desejavam apenas capturar, o mais longamente possível, o brilho do grande par de olhos de Ulisses. Se as sereias tivessem consciência, teriam sido então aniquiladas. Mas permaneceram assim e só Ulisses escapou delas. De resto, chegou até nós mais um apêndice. Diz-se que Ulisses era tão astucioso, uma raposa tão ladina, que mesmo a deusa do destino não conseguia devassar seu íntimo. Talvez ele tivesse realmente percebido - embora isso não possa ser captado pela razão humana - que as sereias haviam silenciado e se opôs a elas e aos deuses usando como escudo o jogo de aparências acima descrito. (KAFKA, Franz. O silêncio das sereias. In. http:// almanaque.folha.uol.com.br/kafka2.htm) O que nos diz Franz Kafka a respeito do silêncio das sereias? Por que o silêncio seria mais mortal do que o seu canto? Ler um texto é muito mais do que decodificar um código, entender seu vocabulário. Isso porque o conjunto de palavras que compõem um texto são organizados de modo a produzir uma mensagem. Há várias formas de se ler um texto. Iniciamos primeiramente pela camada mais superficial, que é justamente o início da “tradução” do vocabulário apresentado. Compreendidas as palavras, ainda nesse primeiro momento, verificamos qual tipo de texto se trata: matéria de jornal, conto, poema. Entretanto, ainda assim não lemos esse conjunto de palavras em sua plenitude, isso porque ler é, antes de mais nada, interpretar. A palavra interpretação significa, literalmente, explicar algo para si e para o outro. E explicar, outra palavra importante numa leitura, consiste em desdobrar algo que estava dobrado. Assim sendo, podemos entender que ler um texto é interpretá-lo, e para tanto se faz necessário desdobrar suas camadas, suas palavras, até fazê-las suas, para assim chegar a uma camada mais profunda do que a inicial – a da mera “tradução” das palavras. Um texto é sempre escrito por alguém. Um autor, quando lança as palavras num papel, faz na intenção de passar uma mensagem específica para o leitor. Muitas vezes temos dificuldades em captar qual a mensagem ele está tentando nos dizer. Entretanto, algo é sempre importante lembrar: textos são feitos de palavras, e todas as ferramentas para se entender o texto estão no próprio texto, no modo como o autor organizou as palavras entre si. Tudo isso pode ser resumido numa simples frase: texto é uma composição estruturada em camadas de sentido. Da mesma forma que para conhecer uma casa é preciso adentrá-la e entender sua estrutura, compreender um texto é decompô-lo, camada a camada, desde o conhecimento da autoria até o sentido final. Isso requer uma atitude ativa do leitor, e não meramente passiva. Você já se perguntou por que em concursos públicos e vestibulares é sempre exigida interpretação textual? Pense. Não basta apenas conhecer as regras gramaticais de uma língua, também é importante entender os sentidos que essa 2 LÍNGUA PORTUGUESA língua pode expressar. Se não conseguimos interpretar um texto, como conseguiremos interpretar o mundo em que vivemos? Assim sendo, ler o texto se faz da mesma forma que se lê o mundo: a partir de suas peculiaridades, ultrapassando a camada mais ingênua da vida e do texto, entendo as entrelinhas da mensagem, ou seja, o que está subentendido. Quando falamos de leitura, falamos antes de níveis de leitura, pois é a partir desse processo que alcançamos uma interpretação efetiva. Vejamos: 1 – Níveis de leitura a) Primeiro Nível – é o mais superficial e consiste em iniciar o aprendizado dos significados das palavras. É o próprio ato de decodificação de uma língua. Nesse nível ainda não é possível realizar a interpretação de um texto, já que não se possui ainda familiaridade com os sentidos de uma palavra. b) Segundo Nível – é o contato mais familiar com um texto, através do conhecimento de qual gênero se trata (notícia, conto, poema), do seu autor e dos benefícios que essa leitura poderia trazer. Imagine você uma livraria. Há vários exemplares para escolher. Então você analisa o título do livro, o autor, lê rapidamente a contracapa e também um trecho do livro. O segundo nível da leitura diz respeito a essa primeira familiarização com um texto. c) Terceiro Nível – é o momento da leitura propriamente dita. O primeiro passo é entender em qual gênero se encontram as palavras. Se forem textos de ficção (como conto, romance) devemos nos atentar às falas e ações das personagens. Caso se trate de uma crônica ou texto de opinião, é importante prestar atenção no vocabulário utilizado pelo autor, pois nestes gêneros as palavras são escolhidas minuciosamente a fim de explicitar um determinado sentido. Quando se tratar de um poema, também é importante analisar o vocabulário do poeta, lembrando-se que na poesia a mensagem sempre diz mais do que parece dizer. No momento de interpretar um texto, geralmente ultrapassamos o terceiro nível da leitura, chegando ao quarto e quinto, quando precisamos reler o material em questão, centrando-se em partes específicas. Frente as perguntas de interpretação, cuidado com as opções muito generalizadoras, estas tentam confundir o leitor, já que representam apenas leituras superficiais do assunto. Por isso mesmo, sempre muita atenção no momento da leitura, para que não caia nas famosas “pegadinhas” dos avaliadores. 2) Ideia central Um texto sempre apresenta uma ideia central e, muitas vezes, na primeira leitura não a captamos. Assim, algumas estratégias são válidas para atingir esse propósito. 1) Qual o gênero textual? 2) O texto poderia ser resumido numa frase, qual? 3) A frase representa a ideia central, qual é essa ideia? 4) Como o autor desenvolve essa ideia ao longo do texto? 5) Quais as palavras mais recorrentes nesse texto? Caso você consiga responder essas perguntas certamente você terá as ferramentas necessárias para interpretar o texto. Utilizemos como exemplo o texto de FranzKafka citada anteriormente. Leia o texto novamente. Agora responda as questões: 1) Qual o gênero textual? Trata-se de um conto, ou seja, um texto de ficção. 2) O texto poderia ser resumido numa frase, qual? Utilizando as palavras do autor: As sereias entretanto têm uma arma ainda mais terrível que o canto: o seu silêncio 3) A frase representa a ideia centra, qual é essa ideia? O autor parece nos dizer que o silêncio é mais mortal que a própria fala, ou seja, pode ferir mais. 4) Como o autor desenvolve essa ideia ao longo do texto? a) Muitos já escaparam do canto das sereias, nunca do seu silêncio; b) Quando o herói Ulisses passa pelas sereias, elas não cantam, precisam de uma arma maior; c) Ulisses foi mais astuto que as sereias – frente o silêncio mortal que elas lançavam, ele o ignorou, usando a mesma arma do inimigo para enfrentá-lo. 5) Quais as palavras mais recorrentes no texto? Silêncio, canto, sereias, Ulisses, herói, astucioso. Assim sendo, o texto que inicialmente parecia enigmático, após as respostas das perguntas sugeridas, parece mais claro. Ou seja, Franz Kafka se utiliza da ficção para nos dizer que a indiferença é uma arma mais mortal que o próprio enfrentamento. Analisemos agora um poema, um dos mais conhecidos da literatura brasileira, No meio do caminho, de Carlos Drummond de Andrade: No Meio do Caminho – Carlos Drummond de Andrade No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra (ANDRADE, Carlos Drummond de. No meio do caminho. In. http://www.revistabula.com/391-os-dez- melhores-poemas-de-carlos-drummond-de-andrade/) 3 LÍNGUA PORTUGUESA A mensagem parece simples, mas se trata de um poema. Quando precisamos interpretar esse tipo de gênero, é essencial perceber que as palavras dizem mais do que o senso comum, por isso se faz importante interpretá- las com cuidado. Vamos às perguntas sugeridas: 1) Qual o gênero textual? Poema 2) O texto poderia ser resumido numa frase, qual? Tinha uma pedra no meio do caminho 3) A frase representa a ideia central, qual é essa ideia? Pedra no caminho é uma frase de sentido popular que significa dificuldade. O poeta parece usar uma frase banal num poema para indicar que pedra é muito mais do que pedra, é uma dificuldade. 4) Como o autor desenvolve essa ideia ao longo do texto? Através da repetição da frase “tinha uma pedra no meio caminho”. Escrito diversas vezes, soa como uma lição a ser aprendida. 5) Quais as palavras mais recorrentes nesse texto? Pedra, meio, caminho Quando realizamos essas perguntas, paramos para refletir sobre a mensagem do texto em questão. E mais, quando precisamos interpretar um texto, após a leitura inicial, é necessário ler detalhadamente cada parte (seja parágrafo, estrofe) e assim construir passo a passo o “desdobramento” do texto. 3) Dicas importantes para uma interpretação de texto - Faça uma leitura inicial, a fim de se familiarizar com o vocabulário e o conteúdo; - Não interrompa a leitura caso encontre palavras desconhecidas, tente inicialmente fazer uma leitura geral; - Faça uma nova leitura, tentando captar as entrelinhas do texto, ou seja, a intenção do autor ao escrever esse material; - Lembre-se que no texto não estão as suas ideias, e sim as do autor, por isso cuidado para não interpretar segundo o seu ponto de vista; - Nas questões interpretativas, atente para as alternativas generalizadoras, as que apresentam palavras como sempre, nunca, certamente, todo, tudo, geralmente tentem confundir aquele que realiza uma leitura mais superficial; - Das alternativas propostas, haverá uma completamente sem sentido (para captar o leitor mais desatento) e duas mais convincentes. Para escolher a correta, procure no texto indícios que a fundamente. EXERCÍCIOS 1. De acordo com o ditado popular “invejoso nunca medrou, nem quem perto dele morou”, a) o invejoso nunca teve medo, nem amedronta seus vizinhos; b) enquanto o invejoso prospera, seus vizinhos empobrecem; c) o invejoso não cresce e não permite o crescimento dos vizinhos; d) o temor atinge o invejoso e também seus vizinhos; e) o invejoso não provoca medo em seus vizinhos. 2. Leia e responda: “O destino não é só dramaturgo, é também o seu próprio contra-regra, isto é, designa a entrada dos personagens em cena, dá-lhes as cartas e outros objetos, e executa dentro os sinais correspondentes ao diálogo, uma trovoada, um carro, um tiro.” Assinale a alternativa correta sobre esse fragmento deD. Casmurro, de Machado de Assis: a) é de caráter narrativo; b) é de caráter reflexivo; c) evita-se a linguagem figurada; d) é de caráter descritivo; e) não há metalinguagem. 3. “Tão barato que não conseguimos nem contratar uma holandesa de olhos azuis para este anúncio.” No texto, a orientação semântica introduzida pelo termo nem estabelece uma relação de: a) exclusão; b) negação; c) adição; d) intensidade; e) alternância. Texto para a questão 4. – Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não? – Esquece. – Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o certo é “esquece” ou “esqueça”? Ilumine-me. Mo diga. Ensines-lo-me, vamos. – Depende. – Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes-o. – Está bem. Está bem. Desculpe. Fale como quiser. (L. F. Veríssimo,Jornal do Brasil, 30/12/94) 4. O texto tem por finalidade: a) satirizar a preocupação com o uso e a colocação das formas pronominais átonas; b) ilustrar ludicamente várias possibilidades de combinação de formas pronominais; c) esclarecer pelo exemplo certos fatos da concordância de pessoa gramatical; 4 LÍNGUA PORTUGUESA d) exemplificar a diversidade de tratamentos que é comum na fala corrente. e) valorizar a criatividade na aplicação das regras de uso das formas pronominais. 5. Bem cuidado como é, o livro apresenta alguns defeitos. Começando com “O livro apresenta alguns defeitos”, o sentido da frase não será alterado se continuar com: a) desde que bem cuidado; b) contanto que bem cuidado; c) à medida que é bem cuidado; d) tanto que é bem cuidado; e) ainda que bem cuidado. Texto para as questões 6 e 7. “Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com um mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor, seu grande mistério é a simplicidade. Considerei, por fim, que assim é o amor, oh minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz do teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.” (Rubem Braga,200 Crônicas Escolhidas) 6. Nas três “considerações” do texto, o cronista preserva, como elemento comum, a idéia de que a sensação de esplendor: a) ocorre de maneira súbita, acidental e efêmera; b) é uma reação mecânica dos nossos sentidos estimulados; c) decorre da predisposição de quem está apaixonado; d) projeta-se além dos limites físicos do que a motivou; e) resulta da imaginação com que alguém vê a si mesmo. 7. Atente para as seguintes afirmações: I - O esplendor do pavão e o da obra de arte implicam algum grau de ilusão. II - O ser que ama sente refletir em si mesmo um atributo do ser amado.III - O aparente despojamento da obra de arte oculta os recursos complexos de sua elaboração. De acordo com o que o texto permite deduzir, apenas: a) as afirmações I e III estão corretas; b) as afirmações I e II estão corretas; c) as afirmações II e III estão corretas; d) a afirmação I está correta; e) a afirmação II está correta. Texto para as questões 8 e 9. “Em nossa última conversa, dizia-me o grande amigo que não esperava viver muito tempo, por ser um “cardisplicente”. – O quê? – Cardisplicente. Aquele que desdenha do próprio coração. Entre um copo e outro de cerveja, fui ao dicionário. – “Cardisplicente” não existe, você inventou – triunfei. – Mas seu eu inventei, como é que não existe? – espantou-se o meu amigo. Semanas depois deixou em saudades fundas companheiros, parentes e bem-amadas. Homens de bom coração não deveriam ser cardisplicentes.” 8. Conforme sugere o texto, “cardisplicente” é: a) um jogo fonético curioso, mas arbitrário; b) palavra técnica constante de dicionários especializados; c) um neologismo desprovido de indícios de significação; d) uma criação de palavra pelo processo de composição; e) termo erudito empregado para criar um efeito cômico. 9. “– Mas se eu inventei, como é que não existe?” Segundo se deduz da fala espantada do amigo do narrador, a língua, para ele, era um código aberto: a) ao qual se incorporariam palavras fixadas no uso popular; b) a ser enriquecido pela criação de gírias; c) pronto para incorporar estrangeirismos; d) que se amplia graças à tradução de termos científicos; e) a ser enriquecido com contribuições pessoais. Texto para as questões 10 e 11. “A triste verdade é que passei as férias no calçadão do Leblon, nos intervalos do novo livro que venho penosamente perpetrando. Estou ficando cobra em calçadão, embora deva confessar que o meu momento calçadônido mais alegre é quando, já no caminho de volta, vislumbro o letreiro do hotel que marca a esquina da rua onde finalmente terminarei o programa-saúde do dia. Sou, digamos, um caminhante resignado. Depois dos 50, a gente fica igual a carro usado, é a suspensão, é a embreagem, é o radiador, é o contraplano do rolabrequim, é o contrafarto do mesocárdio epidítico, a falta da serotorpina folimolecular, é o que mecânicos e médicos disseram. Aí, para conseguir ir segurando a barra, vou acatando os conselhos. Andar é bom para mim, digo sem muita convicção a meus entediados botões, é bom para todos.” (João Ubaldo Ribeiro,O Estado de S. Paulo, 6/8/95) 10. No período que se inicia em “Depois dos 50...”, o uso de termos (já existentes ou inventados) referentes a áreas diversas tem como resultado: a) um tom de melancolia, pela aproximação entre um carro usado e um homem doente; b) um efeito de ironia, pelo uso paralelo de termos da medicina e da mecânica; 5 LÍNGUA PORTUGUESA c) uma certa confusão no espírito do leitor, devido à apresentação de termos novos e desconhecidos; d) a invenção de uma metalinguagem, pelo uso de termos médicos em lugar de expressões corriqueiras; e) a criação de uma metáfora existencial, pela oposição entre o ser humano e objetos. 11. Na frase “Aí, para conseguir ir segurando a barra, vou acatando os conselhos...”. Aí será corretamente substituído, de acordo com seu sentido no texto, por: a) Nesse lugar b) Nesse instante c) Contudo d) Em conseqüência e) Ao contrário 12. A prosopopéia, figura que se observa no verso “Sinto o canto da noite na boca do vento”, ocorre em: a) “A vida é uma ópera e uma grande ópera.” b) “Ao cabo tão bem chamado, por Camões, de ‘Tormentório’, os portugueses apelidaram-no de ‘Boa Esperança’.” c) “Uma talhada de melancia, com seus alegres caroços.” d) “Oh! eu quero viver, beber perfumes, Na flor silvestre, que embalsama os ares.” e) “A felicidade é como a pluma...” 13. Folha: De todos os ditados envolvendo o seu nome, qual o que mais lhe agrada? Satã: O diabo ri por último. Folha: Riu por último. Satã: Se é por último, o verbo não pode vir no passado. (O Inimigo Cósmico, Folha de S. Paulo, 3/9/95) Rejeitando a correção ao ditado, Satã mostra ter usado o presente do indicativo com o mesmo valor que tem em: a) Romário recebe a bola e chuta. Gooool! b) D. Pedro, indignado, ergue a espada e dá o brado de independência. c) Todo dia ela fez tudo sempre igual. d) O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos. e) Uma manhã destas, Jacinto, apareço no 202 para almoçar contigo. 14. Reflita sobre o diálogo abaixo: X – Seu juízo melhorou? Y – Bom... é o que diz nosso psiquiatra. Em Y: (1)Bomnão se classifica como adjetivo. (2)éedizestão conjugados no mesmo tempo. (3)oé pronome demonstrativo. (4)psiquiatraé o núcleo do sujeito. Somando-se os números à esquerda das declarações corretas com referência a Y, o resultado é: a) 6 b) 7 c) 8 d) 9 e) 10 15. “(...) a gíria desceu o morro e já ganhou rótulo de linguagem urbana. A gíria é hoje o segundo idioma do brasileiro. Todas as classes sociais a utilizam.” (Rodrigues, Kanne. Língua Solta.O Povo. Fortaleza, 30/12/93. Caderno B, p. 6) Assinale a letra em que não se emprega o fenômeno lingüístico tratado no texto. a) A linguagem tida como padrão, galera, é a das classes sociais de maior prestígio econômico e cultural b) Gíria não é linguagem só de marginal, como pensam alguns indivíduos desinformados. c) Apesar de efêmera e descartável, a gíria é um barato que enriquece o idioma. d) “A gíria enriquece tanto a linguagem como o poder de interação entre as comunidades. Sacou?!” e) O economista começou a falar em indexação, quando rolava um papo super cabeça sobre babados mil. (Exercícios retirados de http://soldosana.blogspot.com. br/2012/03/simulado-portugues-iii-20-questoes-com.html) GABARITO 01. C 02. B 03. B 04. A 05. E 06. C 07. D 08. C 09. E 10. B 11. C 12. C13. E 14. E 15. B PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS. Texto: “Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um des- ses craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ainda tem um longo caminho a trilhar (...).” Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15. Esse texto diz explicitamente que: - Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são cra- ques; - Neto não tem o mesmo nível desses craques; - Neto tem muito tempo de carreira pela frente. O texto deixa implícito que: - Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos craques citados; - Esses craques são referência de alto nível em sua es- pecialidade esportiva; - Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz respeito ao tempo disponível para evoluir. 6 LÍNGUA PORTUGUESA Todos os textos transmitem explicitamente certas infor- mações, enquanto deixam outras implícitas. Por exemplo, o texto acima não explicita que existe a possibilidade de Neto se equiparar aos quatro futebolistas, mas a inclusão do advérbio ainda estabelece esse implícito. Não diz tam- bém com explicitude que há oposição entre Neto e os ou- tros jogadores, sob o ponto de vista de contar com tempo para evoluir. A escolha do conector “mas” entre a segunda e a primeira oração só é possível levando em conta esse dado implícito. Como se vê, há mais significados num texto do que aqueles que aparecem explícitos na sua superfície. Leitura proficiente é aquela capaz de depreender tanto um tipo de significado quanto o outro, o que, em outras pa- lavras, significa ler nas entrelinhas. Sem essa habilidade, o leitor passará por cima de significados importantes ou, o que é bem pior, concordará com ideias e pontos de vista que rejeitaria se os percebesse. Os significados implícitos costumam ser classificados em duas categorias: os pressupostos e os subentendidos. Pressupostos: são ideias implícitas que estão implica- das logicamente no sentido de certas palavrasou expres- sões explicitadas na superfície da frase. Exemplo: “André tornou-se um antitabagista convicto.” A informação explícita é que hoje André é um antitaba- gista convicto. Do sentido do verbo tornar-se, que significa “vir a ser”, decorre logicamente que antes André não era antitabagista convicto. Essa informação está pressuposta. Ninguém se torna algo que já era antes. Seria muito estra- nho dizer que a palmeira tornou-se um vegetal. “Eu ainda não conheço a Europa.” A informação explícita é que o enunciador não tem co- nhecimento do continente europeu. O advérbio ainda dei- xa pressuposta a possibilidade de ele um dia conhecê-la. As informações explícitas podem ser questionadas pelo receptor, que pode ou não concordar com elas. Os pressupostos, porém, devem ser verdadeiros ou, pelo me- nos, admitidos como tais, porque esta é uma condição para garantir a continuidade do diálogo e também para forne- cer fundamento às afirmações explícitas. Isso significa que, se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem cabimento. Assim, por exemplo, se Maria não falta nunca a aula nenhuma, não tem o menor sentido dizer “Até Maria compareceu à aula de hoje”. Até estabelece o pressuposto da inclusão de um elemento inesperado. Na leitura, é muito importante detectar os pressupos- tos, pois eles são um recurso argumentativo que visa a levar o receptor a aceitar a orientação argumentativa do emissor. Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressu- posto, o enunciador pretende transformar seu interlocutor em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta em discus- são, e todos os argumentos explícitos só contribuem para confirmála. O pressusposto aprisiona o receptor no sistema de pensamento montado pelo enunciador. A demonstração disso pode ser feita com as “verdades incontestáveis” que estão na base de muitos discursos po- líticos, como o que segue: “Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será resolvido o problema da seca no Nordeste.” O enunciador estabelece o pressuposto de que é certa a mudança do curso do São Francisco e, por consequên- cia, a solução do problema da seca no Nordeste. O diálogo não teria continuidade se um interlocutor não admitisse ou colocasse sob suspeita essa certeza. Em outros termos, ha- veria quebra da continuidade do diálogo se alguém inter- viesse com uma pergunta deste tipo: “Mas quem disse que é certa a mudança do curso do rio?” A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emissor permite levar adiante o debate; sua negação compromete o diálogo, uma vez que destrói a base sobre a qual se cons- trói a argumentação, e daí nenhum argumento tem mais importância ou razão de ser. Com pressupostos distintos, o diálogo não é possível ou não tem sentido. A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, pode ser embaraçosa ou não, dependendo do que está pressu- posto em cada situação. Para alguém que não faz segredo sobre a mudança de emprego, não causa o menor embara- ço uma pergunta como esta: “Como vai você no seu novo emprego?” O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se dirigisse a uma pessoa que conseguiu um segundo empre- go e quer manter sigilo até decidir se abandona o anterior. O adjetivo novo estabelece o pressuposto de que o inter- rogado tem um emprego diferente do anterior. Marcadores de Pressupostos - Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo Julinha foi minha primeira filha. “Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras nasceram depois de Julinha. Destruíram a outra igreja do povoado. “Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além da usada como referência. - Certos verbos Renato continua doente. O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no momento anterior ao presente. Nossos dicionários já aportuguesaram a palavrea co- pydesk. O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copidesque não existia em português. - Certos advérbios A produção automobilística brasileira está totalmente nas mãos das multinacionais. O advérbio totalmente pressupõe que não há no Brasil indústria automobilística nacional. 7 LÍNGUA PORTUGUESA - Você conferiu o resultado da loteria? - Hoje não. A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limitado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo (hoje) é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da loteria. - Orações adjetivas Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc. O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se im- portam com a coletividade. Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc. Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se importam com a coletividade. No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restritiva. As explicativas pressupõem que o que elas ex- pressam se refere à totalidade dos elementos de um con- junto; as restritivas, que o que elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjunto. O produtor do tex- to escreverá uma restritiva ou uma explicativa segundo o pressuposto que quiser comunicar. Subentendidos: são insinuações contidas em uma fra- se ou um grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa estivesse em visita à casa de outra num dia de frio glacial e que uma janela, por onde entravam rajadas de vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse “Que frio terrível”, poderia estar insinuando que a janela deveria ser fechada. Há uma diferença capital entre o pressuposto e o su- bentendido. O primeiro é uma informação estabelecida como indiscutível tanto para o emissor quanto para o re- ceptor, uma vez que decorre necessariamente do sentido de algum elemento linguístico colocado na frase. Ele pode ser negado, mas o emissor coloca o implicitamente para que não o seja. Já o subentendido é de responsabilidade do receptor. O emissor pode esconder-se atrás do sentido literal das palavras e negar que tenha dito o que o receptor depreendeu de suas palavras. Assim, no exemplo dado aci- ma, se o dono da casa disser que é muito pouco higiênico fechar todas as janelas, o visitante pode dizer que também acha e que apenas constatou a intensidade do frio. O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor protegerse, para transmitir a informação que deseja dar a conhecer sem se comprometer. Imaginemos, por exemplo, que um funcionário recémpromovido numa empresa ou- visse de um colega o seguinte: “Competência e mérito continuam não valendo nada como critério de promoção nesta empresa...” Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita: “Você está querendo dizer que eu não merecia a pro- moção?” Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um su- bentendido, poderia responder: “Absolutamente! Estou falando em termos gerais.” SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS – SEMÂNTICA As palavras, na origem da linguagem humana, surgi- ram para se referir às coisas que preenchem o mundo. Para cada ser havia uma expressão correspondente, pois este é o princípio da comunicação, fazer referência aos objetos através das palavras. Entretanto, já que o ser humano pos- sui criatividade em todos os seus atos, no processo de evo- lução da língua foram criadas mais de uma palavra para se referir ao mesmo ser. Além disso, outras expressões, por se- rem pouco usadas, podem nos confundir, remetendo a um sentido contrário do que pensávamos. Todas essas ques- tões fazem parte da área da gramática chamada Semân- tica, a qual busca investigar o significado das palavras. Nesse sentido, a semântica apresenta como foco alguns tópicos de estudo: a) Sinonímia e Antonímia b) Homonímia e Paronímiac) Polissemia e Monossemia d) Denotação e Conotação e) Hiperonímia e Hiponímia a) Sinonímia e Antonímia Quando as palavras apresentam significados semelhan- tes afirmamos que elas são sinônimas, já que apresentam relação de sinonímia. Vejamos alguns sinônimos: 1) prosperidade: sucesso, bonança, ventura, fortuna 2) casa: vivenda, morada, lar, moradia, domicílio 3) acesso: admissão, ingresso, entrada 4) prestação: pagamento, conta, amortização 5) misantropo: antissocial, impopular, solitário, reser- vado 6) inexorável: rígido, firme, implacável 7) égide: abrigo, suporte, defesa, resguardo 8) vicissitude: inconstância, instabilidade, mutabilidade 9) ímpio: descrente, incrédulo, impiedoso 10) bélico: guerreiro, belicoso, combatente Quando os vocábulos indicam sentidos opostos consi- deramo-nos antônimos, pois está numa relação de anto- nímia: 1. livre: cativo, refém, acorrentado 2. tristeza: alegria, felicidade, contentamento 3) beleza: fealdade, feiura 4) quente: frio, gelado 5) aprovação: negação, desaprovação 6) forte: fraco, frágil, medroso 7) pobreza: fortuna, riqueza, abastança 8) esforçado: preguiçoso, pusilânime, fraco 8 LÍNGUA PORTUGUESA b) Homonímia e Paronímia Muitas palavras apresentam mesma grafia ou mesmo som. Vejamos: - Fui ao concerto ontem. (espetáculo) - Levei o carro ao conserto. (reparo) - A colher está sobre o prato. (utensílio) - Se eu colher a flor ela morrerá. (verbo) À princípio podemos imaginar que a semelhança gráfica ou fonética indica uma equiparação semântica, mas se obser- varmos os exemplos citados acima percebemos que é um equívoco. Palavras homônimas são aquelas que apresentam grafia ou som semelhantes, mas com significados distintos. Elas são divididas em: * Homônimas Perfeitas: apresentam grafia e som idênticos, mas significados distintos: cedo (verbo ceder) cedo (advérbio de tempo) rio (curso de água) rio (verbo rir) * Homônimas Homófonas: apresentam som semelhante, mas grafias distintas. Conserto - reparo Concerto - espetáculo Acender – colocar fogo Ascender - subir Laço - nó Lasso - frouxo Insipiente - ignorante Incipiente - principiante Espiar - observar Expiar - sofrer Incerto - impreciso Inserto - inserido Russo – da Rússia Ruço - pardo Estático - imóvel Extático – em êxtase * Homônimas Homógrafas: apresentam grafia idêntica, mas pronúncia distinta. Colher - verbo Colher - utensílio Almoço - alimentação Almoço – verbo, 1º pessoa do singular Choro – pranto, ato de chorar Choro – verbo, 1º pessoa do singular Paronímia Palavras que apresentam grafias parecidas, mas com sentidos diferentes. Geralmente nos confundem devido a essa semelhança. Vejamos: 9 LÍNGUA PORTUGUESA absolver (perdoar, inocentar) absorver (aspirar, sorver) apóstrofe (figura de linguagem) apóstrofo (sinal gráfico) aprender (tomar conhecimento) apreender (capturar, assimilar) arrear (pôr arreios) arriar (descer, cair) ascensão (subida) assunção (elevação a um cargo) bebedor (aquele que bebe) bebedouro (local onde se bebe) cavaleiro (que cavalga) cavalheiro (homem gentil) comprimento (extensão) cumprimento (saudação) deferir (atender) diferir (distinguir-se, divergir) delatar (denunciar) dilatar (alargar) descrição (ato de descrever) discrição (reserva, prudência) descriminar (tirar a culpa) discriminar (distinguir) despensa (local onde se guardam mantimentos) dispensa (ato de dispensar) docente (relativo a professores) discente (relativo a alunos) emigrar (deixar um país) imigrar (entrar num país) eminência (elevado) iminência (qualidade do que está iminente) eminente (elevado) iminente (prestes a ocorrer) estada (permanência em um lugar) estadia (permanência temporária em um lugar) flagrante (evidente) fragrante (perfumado) fluir (transcorrer, decorrer) fruir (desfrutar) imergir (afundar) emergir (vir à tona) inflação (alta dos preços) infração (violação) infligir (aplicar pena) infringir (violar, desrespeitar) mandado (ordem judicial) mandato (procuração) precedente (que vem antes) procedente (proveniente; que tem fundamento) ratificar (confirmar) retificar (corrigir) recrear (divertir) recriar (criar novamente) soar (produzir som) suar (transpirar) sortir (abastecer, misturar) surtir (produzir efeito) sustar (suspender) suster (sustentar) tráfego (trânsito) tráfico (comércio ilegal) vadear (atravessar a vau) vadiar (andar ociosamente) (http://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman7.php) EXERCÍCIOS 1)Assinale a alternativa correta, considerando que à direita de cada palavra há um sinônimo. a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) c) delatar = expandir; dilatar = denunciar d) deferir = diferenciar; diferir = conceder e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação 10 LÍNGUA PORTUGUESA 2) Indique a letra na qual as palavras completam, corre- tamente, os espaços das frases abaixo. Quem possui deficiência auditiva não consegue ______ os sons com nitidez. Hoje são muitos os governos que passaram a combater o ______ de entorpecentes com rigor. O diretor do presídio ______ pesado castigo aos prisio- neiros revoltosos. a) discriminar - tráfico - infligiu b) discriminar - tráfico - infringiu c) descriminar - tráfego - infringiu d) descriminar - tráfego - infligiu e) descriminar - tráfico - infringiu 3) No ______ do violoncelista ______ havia muitas pes- soas, pois era uma ______ beneficente. a) conserto - eminente - sessão b) concerto - iminente - seção c) conserto - iminente - seção d) concerto - eminente - sessão 4)Indique o item em que o antônimo da palavra ou ex- pressão em destaque está corretamente apontado. a) duradouro sucesso - efêmero b) fama em ascendência - excelsa c) elegante região - carente d) sala lotada - desabitada 5) A palavra tráfico não dever ser confundida com tráfe- go, seu parônimo. Em que item a seguir o par de vocábulos é exemplo de homonímia e não de paronímia? a) estrato / extrato b) flagrante / fragrante c) eminente / iminente d) inflação / infração e) cavaleiro / cavalheiro 6)(FMPA- MG)Assinale o item em que a palavra desta- cada está incorretamente aplicada: a) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. b) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros. c) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. d) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever. e) A cessão de terras compete ao Estado. 7)Levando em consideração o contexto atribuído pelos enunciados, empregue corretamente um dos termos pro- postos pelas alternativas entre parênteses. a) O atacante aproveitou a jogada distraída e deu o ___________ no adversário. (cheque/xeque) b) O visitante pôs a _____________ no cavalo, despediu-se de todos e seguiu viagem. (cela/sela) c) No presídio, todos os ocupantes foram trocados de _____________. (cela/sela) d) O filme a que assisti pertence à ______ das dez. (se- ção/sessão/cessão) 8)Em “o prefeito deferiu o requerimento do contribuin- te”, o termo grifado poderia perfeitamente ser substituído por: a) apreciou; b) arquivou; c) despachou favoravelmente; d) invalidou; e) despachou negativamente. 9)Leia as frases abaixo: 1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi; 2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em Marte. 3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas de humor. 4 - ___________ dias que não falo com Alfredo. Escolha a alternativa que oferece a seqüência correta de vocábulos para as lacunas existentes: a) concerto – há – a – cessões – há; b) conserto – a – há – sessões – há; c) concerto – a – há – seções – a; d) concerto – a – há – sessões – há; e) conserto – há – a – sessões – a . 10) Indique a alternativa que contém a seqüência ne- cessária para completar as lacunas abaixo: “A ______ de uma guerra nuclear provoca uma grande _______ na humanidade e a deixa_______com relação ao fu- turo da vida na terra.” a) espectativa – tensão – exitante; b) espectativa – tenção – hesitante; c) expectativa – tensão – hesitante; d) expectativa – tensão – hezitante; e) espectativa – tenção – exitante. 11)Complete as lacunas, com a expressão necessária, que consta nos parênteses: É necessário ________ (cegar-segar) os galhos salientes do _______ (bucho-buxo), de modo a que se possa fazer _____ (xá-chá) com as folhas mais novas.” a) segar – buxo – chá; b) segar – bucho – xá; c) cegar – buxo – xá; d) cegar – bucha – chá; e) segar – bucha – xá. 12)Marque a alternativa que se completa corretamente com o segundo elemento do parênteses: a) O sapato velho foi restaurado com a aplicação de algumas ________ (tachas-taxas); b) Sílvio _________ na floresta para caçar macacos (imer- giu-emergiu); c) Para impedir a corrente de ar, Luís _______ a porta (cerrou-serrou); d) Bonifácio ________ pelo buraco da fechadura (expia- va-espiava); e) Quando foi realizado o último ________ ? (censo-sen- so). 11 LÍNGUA PORTUGUESA 13) (AGENTE DE TRÂNSITO - CESGRANRIO - 2005) Mar- que a opção em que a palavra entre parênteses éINACEI- TÁVELpara completar a frase. (A) O _______________ às vezes pode parecer monótono. (quotidiano) (B) O _______________ desta divisão está errado. (cociente) (C) No trânsito todos têm uma _______________ de res- ponsabilidade. (quota) (D) Já dirige há _______________ anos. (cinqüenta) (E) Enguiçamos a _______________ quilômetros do posto de gasolina (douze) (Exercícios retirados de http://tudodeconcursoseves- tibulares.blogspot.com.br/2013/01/paronimos-homoni- mos-questoes-vestibular.html) GABARITO 1) A 2) A 3) D 4) A 5) A 6) C 7)a) xeque b) sela c) cela d) sessão 8) C 9) D 10) C 11) A 12) D 13) E c) Polissemia e Monossemia Palavras são criadas pelo homem para realizar a comu- nicação, e a própria palavra “comunicação” implica a noção de comunidade. Inicialmente uma palavra pode referir-se a um único ser, entretanto, a língua é tão viva quão vivo é o homem e, por isso mesmo, o vocábulo pode acabar re- metendo a sentidos diversos, dependendo dos usos e das situações. À princípio, todas as palavras são monossêmicas, ou seja, possuem um único sema, significado. Com o hábito, muitas delas vão tomando outros significados e podem se tornar polissêmicas, com vários sentidos distintos. Apesar da criatividade inerente à atividade humana, muitas expressões permanecem monossêmicas, principal- mente as ligadas à conteúdo mais objetivo e formal: Ex.: décimo, salário, monossílabo, hospedagem. Entretanto, qualquer palavra, por mais objetiva que seja, quando usada por um poeta num poema, tem sem sentido automaticamente modificado. Atente a este poe- ma da poetisa carioca Ana Cristina César: “Tenho ciúmes desde cigarro que você fuma. Tão dis- traidamente.” Podemos interpretar literalmente todas as expressões contidas nesse poema e acreditar nas palavras da autora. Ou, como se trata de um poema, podemos desconfiar de suas palavras e entender “cigarro”, “ciúmes” ou “distraida- mente” de maneira mais criativa. Polissemia Polissemia é um fenômeno comum a qualquer palavra, pois ao longo de sua história uma expressão vai adquirindo sentidos diferentes. Quando um vocábulo pode ser inter- pretado de formas múltiplas, denominamos tão ocorrência de polissemia. Veja um exemplo: 1) Comprei uma cabeça de alho. 2) Ele é o cabeça da equipe. 3) Cortei a cabeça no treino. 4) José tem cabeça boa para matemática. Se “cabeça” se referia apenas a uma parte do corpo hu- mano, no processo de socialização e comunicação adquiriu sentidos diferentes. É essencial entendermos tal distinção semântica, já que estas ocorrências fazem parte também do que chamamos interpretação de texto e de mundo. Ve- jamos algumas: João é cabo da marinha. (posto militar) Quebrou o cabo da vassoura. Sente-se! O banco é confortável. (assento) Vou sacar o dinheiro no Banco do Brasil. (instituição fi- nanceira) A manga está muito doce. (fruta) Sua manga está rasgada. (parte da roupa) Meu pé está inchado. (parte do corpo) O pé do sofá está rachado (parte de um móvel, base) Iremos a uma peça semana que vem. (espetáculo tea- tral) Falta uma peça neste brinquedo (parte) João é uma peça! (figura) Luciano não come muito frango (carne animal) O gol do empate foi um frango do goleiro. (falha) Esse brinquedo precisa de pilha (bateria) Até a divulgação do resultado Maria estará numa pilha de nervos. (soma) Para que essa pilha de livros sobre o sofá? (montante) d) Denotação e conotação Continuando o estudo a respeito da significação das palavras, outro ponto importante é a direção pela qual a mensagem é enviada. Pode-se enviar todo tipo de men- sagem, as mais sérias e formais; e as mais emotivas e pes- soais. Quando selecionamos o tipo de mensagem que deseja- mos enviar, automaticamente haverá uma escolha de voca- bulário que irá garantir a intenção deseja. Por isso mesmo, no tocante a esse envio, a semântica divide a linguagem em duas direções: a linguagem denotativa e a conotativa. 12 LÍNGUA PORTUGUESA Linguagem denotativa A linguagem denotativa está ligada à mensagem mais clara e objetiva, sem riscos de ambiguidade ou problemas de interpretação. Seu foco é uma comunicação impessoal, de modo a não cometer prejuízo de sentido. Usamos esse tipo de linguagem em situações mais formais ou informa- tivas, como também nos textos jornalísticos e científicos. Atente ao exemplo abaixo: “Apósantecipar o pagamento do último lote das contas inativas do FGTSpara quem nasceu em dezembro, aCaixa Econômica Federalvai abrir todas as agências no dia 10 de julho, segunda-feira, 2 horas antes para paga- mento exclusivo do benefício. Nas regiões em que os ban- cos abrem às 9h, as agências daCaixaabrirão às 8h e terão o horário de atendimento prorrogado em 1 hora. SAIBA MAIS SOBRE OS SAQUES DAS CONTAS INA- TIVAS Além disso, cerca de 2 mil agências daCaixaabrirão no sábado (8), entre 9h e 15h –clique aqui para ver a lista de agências. As agências selecionadas terão atendimento exclusivo para realizar pagamento de contas vinculadasF- GTS, solucionar dúvidas, promover acertos de cadastro dos trabalhadores e emitir senha do Cartão Cidadão. Prevista inicialmente para começar no dia 14, a quinta e última fase foi antecipada para o próximo sábado, dia 8. Assim, em vez de apenas 18 dias para conseguir sacar o dinheiro, os beneficiários nascidos em dezembro terão 24 dias para fazer os saques.” (http://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/ apos-antecipar-pagamento-de-ultimo-lote-do-fgts-inati- vo-caixa-vai-abrir-agencias-mais-cedo.ghtml) Percebemos que o texto acima apresenta uma lingua- gem clara, chegando mais diretamente a todo tipo de lei- tor, evitando interpretações equivocadas. Linguagem Conotativa Muitas vezes a objetividade da linguagem denotativa não é suficiente para o que se deseja expressar. Isso por- que em momentos de emoção e subjetividade, o emissor não procurar filtrar sua mensagem a fim de torná-la mais impessoal. Quando a linguagem privilegia um modo pes- soal de envio, seleciona um vocabulário próprio, a partir de metáforas e usos individuais de certos vocábulos. Cha- mamos de linguagem conotativa esse modo de expressão mais poético, criativo e subjetivo da linguagem: Ex.: “Ainda me lembro da primeira vez em que te vi, naque- le momento eu tive a certeza de você era mesmo o Amor da minha vida! Desde aquele dia não consegui tirar você do meu pensamento, mesmo sem saber quem você era, sabia que seria minha (meu). Eu me apaixonei por você, desde o primeiro momento em que te vi! Eu quase não acreditei quando ouvi você dizer sim, quando você aceitou ser minha namorada, minha! Foi um momentomágico! E ainda é mágico poder estar com você todos os dias, poder te abraçar, te tocar, sentir teu cheiro, provar do teu sabor, beijar você. Como é mágico poder te amar! Saber que você é minha, que os teus carinhos são meus, que teus melhores beijos são para mim e saber que o seu amor é só meu! Eu nem poderia imaginar que a nossa história seria assim, repleta de amor e felicidade! Eu nem poderia imaginar que eu saberia amar desta maneira, com todo o meu ser. E esse amor é teu, somente teu. Eu Te Amo Muito meu Amor. Você é tudo pra mim!” (http://www.amor.com.br/cartas-de-amor.html) Nas cartas de amor, mensagens pessoais, diálogos en- tre próximos testemunhamos em grande parte a presença da linguagem conotativa. Esta é a mais humana das lingua- gens e, por isso, mesmo, pode dar origem à ambiguidade e interpretações equivocadas. e) Hiperônimos e Hipônimos Quanto tratamos da significação das palavras, é im- portante recordar que cada termo não está independente, pelo contrário, faz parte de um grupo semântico. Isso por- que os vocábulos, por mais que representem um ser, tam- bém integram uma categoria maior. Por exemplo, temos a palavra “gato”, a qual se refere a um determinado animal. Entretanto, além disso, podemos realocar tal expressão dentro de uma categoria mais abrangente, a dos “mamífe- ros”. Podemos concluir, assim, que um aspecto importante dentro do estudo significativo da linguagem é a diferença entre os hiperônimos e hipônimos, termos que se referem a grupos semânticos gerais ou mais específicos. Hiperônimos: palavras que indicam grupos semânticos genéricos, de maior abordagem, aqueles que atraem sub- categorias. Vejamos: Mamíferos é hiperônimo de gato e cachorro Frutos é hiperônimo de maçã e banana Alimento é hiperônimo de salada e feijoada Legume é hiperônimo de chuchu e beterraba Doença é hiperônimo de resfriado e anemia Animais é hiperônimo de gato e pato Hipônimos: palavras que constituem esse grupo maior chamado hiperônimo, seu raio de significação é mais restri- to e específico, já que se refere a seres particulares: Margarida é hipônimo de flor Gato é hipônimo de felino Lagartixa é hipônimo de réptil Homem é hipônimo de mamífero Alicate é hipônimo de ferramenta Sabiá é hipônimo de ave. 13 LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS 1. Foram insuficientes as ....... apresentadas, ....... de se esclarecerem os ....... a) escusas - a fim - mal-entendidos b) excusas - afim - mal-entendidos c) excusas - a fim - malentendidos d) excusas - afim - malentendidos e) escusas - afim - mal-entendidos 2. Este meu amigo .......... vai ..........-se para ter direito ao título de eleitor. a) extrangeiro - naturalizar b) estrangeiro - naturalisar c) extranjeiro - naturalizar d) estrangeiro - naturalizar e) estranjeiro - naturalisar 3. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão corretamente grafadas: a) quiseram, essência, impecílio b) pretencioso, aspectos, sossego c) assessores, exceção, incansável d) excessivo, expontâneo, obseção e) obsecado, reinvidicação, repercussão 4. O orador “ratificou” o que afirmara. O termo destaca- do pode ser substituído sem prejuízo de sentido por: a) negou b) corrigiu c) frisou d) confirmou e) enfatizou 5. “A ............... de uma guerra nuclear provoca uma gran- de .............. na humanidade e a deixa ............... quanto ao fu- turo.” a) espectativa - tensão - exitante b) espectativa - tenção - hesitante c) expectativa - tensão - hesitante d) expectativa - tenção - hezitante e) espectativa - tenção - exitante 6. Assinale a alternativa que possa substituir, pela or- dem, as partículas de transição dos períodos abaixo, sem alterar o significado delas: “Em primeiro lugar, observemos o avô. Igualmente, lancemos um olhar para a avó. Também o pai deve ser observado. Todos são altos e morenos. Con- seqüentemente a filha também será morena e alta.” a) primeiramente, ademais, além disso, em suma b) acima de tudo, também, analogamente, finalmente c) primordialmente, similarmente, segundo, portanto d) antes de mais nada, da mesma forma, por outro lado, por conseguinte e) sem dúvida, intencionalmente, pelo contrário, com efeito 7. Estava ....... a ....... da guerra, pois os homens ....... nos erros do passado. a) eminente, deflagração, incidiram b) iminente, deflagração, reincidiram c) eminente, conflagração, reincidiram d) preste, conflaglação, incidiram e) prestes, flagração, recindiram 8. Indique a alternativa correta: a) O ladrão foi apanhado em flagrante. b) Ponto é a intercessão de duas linhas. c) As despesas de mudança serão vultuosas. d) Assistimos a um violenta coalizão de caminhões. e) O artigo incerto na Revista das Ciências foi lido por todos nós. 9. “A solidão é um retiro de ......., mas ninguém vive sem- pre em trégua, .......só, ....... o preguiçoso, eternamente em repouso.” a) descanço, tampouco, exceto b) descanso, tãopouco, exceto c) descanço, tão pouco, esceto d) descanso, tampouco, exceto e) descanso, tão pouco, esceto 10. “Durante a .......... solene era .......... o desinteresse do mestre diante da.......... demonstrada pelo político.” a) seção - fragrante - incipiência b) sessão - flagrante - insipiência c) sessão - fragrante - incipiência d) cessão - flagrante - incipiência e) seção - flagrante - insipiência 11. Em “Repare bem o braço que ninguém sabe de onde circunda o busto da moça e a quer levar para um lugaresconso.” A palavra sublinhada só não pode conotar a ideia de: a) um lugar de volúpia b) um lugar escondido, suspeito c) um lugar desconhecido, misterioso d) um lugar escolhido, eleito e) um lugar escuro, recôndito 12. Considerando-se a relação Veneza (cidade) - gatu- ramo (pássaro) como modelo, as palavras que sucessiva- mente completariam a relação: Califórnia- pretos - morrer - Gioconda - cem mil réis, seriam: a) estado, raça, ação, escultura, dinheiro b) país, povo, fato, escultura, valor c) província, etnia, acontecimento, literatura, moeda d) estado, raça, acontecimento, pintura, valor e) território, gente, ação, música, moeda 14 LÍNGUA PORTUGUESA 13. Há palavras escritas de modo INCORRETO na alter- nativa: (A) Investimentos maciços em educação, saúde e re- forma agrária constituíram a fórmula utilizada por países mais atrasados do que o Brasil, para reduzir os índices de pobreza. (B) O problema da miséria no Brasil apresenta com- ponentes bem mais perversos do que a simples escassez de recursos, que caracteriza o problema em outros países, como no continente africano. (C) Os recursos gastos na área social acabam sendo in- suficientes, como por exemplo, a parcela mínima destinada ao saneamento básico, importante para aumentar a expec- tativa de vida da população. (D) A desnutrição, resultado da falta de ingestão de proteínas e de outras substâncias, degenera em má-for- mação do sistema neurológico, com danos irreversíveis, na maioria das vezes. (E) Vários estudos afirmam que a taxa de miséria só bai- xará quando houver crecimento da economia, assossiado a um modelo mais justo de distribuição de renda para a população. 14. Está correta a grafia de todas as palavras da frase: (A) Ao ascender à condição de um grande sistema de mercados, a economia mundial propisciou o poder hege- mônico dos grandes conglomerados financeiros. (B) Se os grandes centros econômicos não se emiscuís- sem decisivamente nas economias nacionais, talvez estas lograssem alcançar um índice expressivo de desenvolvi- mento. (C) Os economistas podem discentir quanto às soluções para o nosso desenvolvimento, mas reconhecem que o im- perialismo econômico é um fator crucial para nosso atraso. (D) A necessidade de sincronizar o ritmo de nossa eco- nomia com o da expansão da economia global constitui uma das exigências mais difíceis de serematendidas. (E) Não fosse a dicotomia das direções econômicas com que nos deparamos, o Brasil talvez não se firmasse numa posição de maior relevância entre os países emerjentes. (Exercícios retirados de http://www.portuguesconcurso. com/2009/08/semantica-exercicios-com-gabarito.html) GABARITO 1.A 2.D 3.C 4.D 5.C 6.D 7.B 8.A 9.D 10.B 11.D 12.D 13.E 14.D Comunicação A comunicação constitui uma das ferramentas mais im- portantes que os líderes têm à sua disposição para desem- penhar as suas funções de influência. A sua importância é tal que alguns autores a consideram mesmo como o “san- gue” que dá vida à organização. Esta importância deve-se essencialmente ao fato de apenas através de uma comuni- cação efetiva ser possível: - Estabelecer e dar a conhecer, com a participação de membros de todos os níveis hierárquicos da organização, os objetivos organizacionais por forma a que contemplem, não apenas os interesses da organização, mas também os interesses de todos os seus membros. - Definir e dar a conhecer, com a participação de membros de todos os níveis hierárquicos da organização, a estrutura organizacional, quer ao nível do desenho or- ganizacional, quer ao nível da distribuição de autoridade, responsabilidade e tarefas. - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem- bros de todos os níveis hierárquicos da organização, de- cisões, planos, políticas, procedimentos e regras aceites e respeitadas por todos os membros da organização. - Coordenar, dar apoio e controlar as atividades de to- dos os membros da organização. - Efetuar a integração dos diferentes departamentos e permitir a ajuda e cooperação interdepartamental. - Desempenhar eficazmente o papel de influência atra- vés da compreensão e atuação em conformidade satisfa- ção das necessidades e sentimentos das pessoas por forma a aumentar a sua motivação. Elementos do Processo de Comunicação Para perceber desenvolver políticas de comunicação eficazes é necessário analisar antes cada um dos elemen- tos que fazem parte do processo de comunicação. Assim, fazem parte do processo de comunicação o emissor, um canal de transmissão, geralmente influenciado por ruídos, um receptor e ainda o feedback do receptor. - Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação): representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou seja, quem inicia o processo de comunicação. A codificação da mensagem pode ser feita transformando o pensamento que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos que sejam compreensíveis por quem recebe a mensagem. - Canal de transmissão da mensagem: faz a ligação entre o emissor e o receptor e representa o meio através do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande variedade de canais de transmissão, cada um deles com vantagens e inconvenientes: destacam-se o ar (no caso do emissor e receptor estarem frente a frente), o telefone, os meios eletrônicos e informáticos, os memorandos, a rádio, a televisão, entre outros. - Receptor da mensagem: representa quem recebe e descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção que a descodificação da mensagem resulta naquilo que efetivamente o emissor pretendia enviar (por exemplo, em diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recep- tores para a mesma mensagem. 15 LÍNGUA PORTUGUESA - Ruídos: representam obstruções mais ou menos in- tensas ao processo de comunicação e podem ocorrer em qualquer uma das suas fases. Denominam-se ruídos inter- nos se ocorrem durante as fases de codificação ou desco- dificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão. Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal de transmissão utilizado e consoante as características do emissor e do(s) receptor(es), sendo, por isso, um dos crité- rios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do tipo de codificação. - Retro-informação (feedback): representa a resposta do(s) receptor(es) ao emissor da mensagem e pode ser utilizada como uma medida do resultado da comunicação. Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de trans- missão. Embora os tipos de comunicação sejam inúmeros, po- dem ser agrupados em comunicação verbal e comunica- ção não verbal. Como comunicação não verbal podemos considerar os gestos, os sons, a mímica, a expressão facial, as imagens, entre outros. É frequentemente utilizada em locais onde o ruído ou a situação impede a comunicação oral ou escrita como por exemplo as comunicações entre “dealers” nas bolsas de valores. É também muito utilizada como suporte e apoio à comunicação oral. Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunica- ção escrita e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na sociedade em geral e nas organizações em particular, por ser a única que permite a transmissão de ideias complexas e por ser um exclusivo da espécie humana, é aquela que mais atenção tem merecido dos investigadores, caracteri- zando-a e estudando quando e como deve ser utilizada. Comunicação Escrita A comunicação escrita teve o seu auge, e ainda hoje predomina, nas organizações burocráticas que seguem os princípios da Teoria da Burocracia enunciados por Max Weber. A principal característica é o fato do receptor estar ausente tornando-a, por isso, num monólogo permanente do emissor. Esta característica obriga a alguns cuidados por parte do emissor, nomeadamente com o fato de se torna- rem impossíveis ou pelo menos difíceis as retificações e as novas explicações para melhor compreensão após a sua transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que a mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida pelo(s) receptor(es) são o uso de caligrafia legível e unifor- me (se manuscrita), a apresentação cuidada, a pontuação e ortografia corretas, a organização lógica das ideias, a ri- queza vocabular e a correção frásica. O emissor deve ainda possuir um perfeito conhecimento dos temas e deve tentar prever as reações/feedback à sua mensagem. Como principais vantagens da comunicação escrita, podemos destacar o fato de ser duradoura e permitir um registro e de permitir uma maior atenção à organização da mensagem sendo, por isso, adequada para a transmitir políticas, procedimentos, normas e regras. Adequa-se tam- bém a mensagens longas e que requeiram uma maior aten- ção e tempo por parte do receptor tais como relatórios e análises diversas. Como principais desvantagens destacam- -se a já referida ausência do receptor o que impossibilita o feedback imediato, não permite correções ou explicações adicionais e obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal. Comunicação Oral No caso da comunicação oral, a sua principal caracte- rística é a presença do receptor (exclui-se, obviamente, a comunicação oral que utilize a televisão, a rádio, ou as gra- vações). Esta característica explica diversas das suas prin- cipais vantagens, nomeadamente o fato de permitir o fee- dback imediato, permitir a passagem imediata do receptor a emissor e vice-versa, permitir a utilização de comunica- ção não verbal como os gestos a mímica e a entoação, por exemplo, facilitar as retificações e explicações adicionais, permitir observar as reações do receptor, e ainda a grande rapidez de transmissão. Contudo, e para que estas vanta- gens sejam aproveitadas é necessário o conhecimento dos temas, a clareza, a presença e naturalidade, a voz agradável e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e auto- domínio, e ainda a disponibilidade para ouvir. Como principais desvantagens da comunicação oral des- tacam-se o fato de ser efêmera, não permitindo qualquer re- gistro e, consequentemente, não se adequando a mensagens longas e que exijam análise cuidada por parte do receptor. Gêneros Escritos e Orais Gêneros textuais são tipos específicos de textos de
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