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Conteúdo de orientação para o professor Conteúdo de orientação para o professorEQUIPE DO INSTITUTO ECOFUTURO: Daniel Feffer, Presidente Sergio Alves, Superintendente Christine Castilho Fontelles, Diretora de Educação e Cultura Paulo Groke, Gerente de Projetos Ambientais Rachel Barbosa Gomes Carneiro, Coordenadora de Desenvolvimento Institucional Daniele Juaçaba, Analista do Programa Ler é Preciso Palmira Petrocelli Nascimento, Analista do Programa Ler é Preciso Vanessa de Jesus Espindola, Assistente do Programa Ler é Preciso Alessandra Avanzo, Coordenadora de Comunicação Viviani Gasparini, Assistente de Comunicação Guilherme Rocha Dias, Coordenador do Projeto Parque das Neblinas Diego Gonzales, Analista de Projetos Michele Cristina Martins, Assistente Administrativo Alexandre Oliveira da Silva, Assistente de manutenção Marcos José Rodrigues do Prado, Auxiliar de manutenção e manejo florestal Wagner Roberto Anjos, Auxiliar de manutenção e manejo florestal Sandro Custódio da Silva, Assistente de manutenção e manejo florestal Cesar Augusto Amaral, Coordenador Financeiro Silvana Ferreira Silva, Contadora Letícia Roncada Ignácio da Silva, Assistente Financeiro Renato Guimarães de Oliveira, Analista Administrativo Financeiro CONSELHO DIRETOR: Daniel Feffer, Presidente; David Feffer e Jorge Feffer, Vice-Presidentes; Antonio Maciel Neto, Cláudia Maria Costin, Gustavo Ioschpe, Jacques Marcovitch, Murilo César Lemos dos Santos Passos, Sergio Arthur Ferreira Alves, Sergio Abranches. MANTENEDOR: Suzano Papel e Celulose FICHA TÉCNIC A: 2010. Instituto Ecofuturo Concepção e Realização: Instituto Ecofuturo Coordenação Editorial, Pesquisa, Texto e Revisão: Maria Betânia Ferreira Projeto Gráfico: Carol Sá Jamault, Ganzá Design Produção Gráfica: Andrea Burity Í N D I C E 1. A ideia inicial Aqui você vai encontrar orientações de como realizar o seu trabalho 16 2. A hipótese Neste capítulo, orientações de como definir os objetivos do trabalho 18 3. O âmbito Neste tópico você vai identificar o desdobramento de sua proposta em cada ambiente (comunidade, vida escolar, currículo, ensino, instrução) 20 4. Mãos à obra Passo-a-passo de como o trabalho será desenvolvido 22 5. Os processos da educação para a sustentabilidade Apresentação do seu projeto 24 2° PRÊMIO ECOFUTURO DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE 5 ... educar para viver à luz da verdade ecológica de que somos uma parte inextricável da comunidade da vida, una e indivisível. David W. Orr Quem é que não tem uma ideia, mesmo vaga, de um “mundo como ele deveria ser”? Quantos de nós estaríamos preparados para viver nesse “mundo como ele deveria ser”? Será que o que fazemos hoje ao educar nossos filhos e alunos lhes dá as condições e as ferramentas para criar o “mundo como ele deveria ser”? A boa sociedade é um ideal. Mesmo que nunca consigamos atingi-lo, esse ideal orienta nossos esforços e nos serve de base para medir nosso progresso. A visão de uma boa sociedade é um quadro no qual projetamos nossas aspirações, e não uma lista completa das coisas que merecem nossa dedicação. E essa visão é frequentemente reformulada, à medida que o mundo ao nosso redor muda e nós mudamos com ele. Amitai Etzioni, in The third way to a good society, 2000. Londres: Demos. 6 ECOFUTURO 2° PRÊMIO ECOFUTURO DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE 7 Façamos de nós mesmos, agora, uma casa iluminada, onde as pessoas cheguem com prazer e se sintam acolhidas para recuperar as forças. Façamos de nossa casa um lugar cálido, gostoso, receptivo. Nossa recompensa por isso será a sensação maravilhosa de religação com a corrente da vida, da qual nossos medos e nossa concentração nos próprios problemas nos separam. Há quem diga que trabalhar nesse sentido é iluminar a casa que é cada um de nós. Pois é, não é novidade: quem pode criar esse “mundo como ele deveria ser” é a gente mesmo. Leva tempo? Sim, mas já começou. A data da fundação não se sabe. O que se sabe é que coincide com a primeira vez em que alguém (ou muitos alguéns simultâneos) se deu conta de que viver neste planeta poderia ser bem melhor se acontecesse isto, ou aquilo, e aquilo outro, e por que não isso ali?, e mais aquilo lá... Depois dessa desconhecida data de fundação do mundo como ele deveria ser, muita água passou debaixo da ponte, muitas viravoltas viraram e voltaram, muito «eu sei» acabou virando confusão e mal-entendido — a ponto de fazer com que a gente esqueça que a criação do «mundo como ele deveria ser» já começou faz muito tempo, não acaba nunca e, quando gera confusão, violência e estrago, o problema é nosso (já que todos fazemos parte do pessoal encarregado da obra). O que se passa nas salas de aula e se estende às comunidades escolares pode fazer uma enorme diferença na formação de gente competente para resolver conflitos, estabelecer prioridades, entender diferentes perspectivas e descobrir que tudo se inter-relaciona, se amplia, avança em alguma direção e, por isso, precisa de nossa atenção e intenção. A educação pode reorientar o modo como os humanos vivem. Com isso, pode nos aproximar do “mundo como ele deveria ser”. Enquanto tivermos corpos materiais, vivendo aqui e agora, não poderá existir a escola virtual. É claro que os ensinamentos serão complementados online, via internet, principalmente por meio da televisão interativa multimídia, e também com CD-ROMs e DVDs. Alguma forma de escola eletrônica universal (para quais formações?) um dia vai surgir, com certeza, nas hiper-redes do futuro. Mas a aula continuará sendo por muito tempo o módulo de base do ensino. Só ela permite um encontro físico e social dos atores, uma troca imediata de informações, uma forma de aprendizagem coletiva mediada pelo professor. Esse tipo de estrutura deve ser preservado. Ele complementa as redes. O futuro está no equilíbrio entre escola virtual e escola real. (...) Outros falam de alfabetização ecológica: Podemos aprender com comunidades que vivem de maneira sustentável há séculos. Podemos também modelar comunidades a partir dos ecossistemas naturais, que são comunidades de plantas, animais e microorganismos. Uma vez que a capacidade de sustentar a vida é a característica mais notável da biosfera, uma comunidade humana sustentável deve ser projetada de tal maneira que sua tecnologia e suas instituições sociais respeitem, apoiem e cooperem com a capacidade da natureza para sustentar a vida. Fritjof Capra, in http://www.ecoliteracy.org/education/sustainability.html Outros explicam que é preciso reconfigurar a escola para uma educação fractal: 8 ECOFUTURO 2° PRÊMIO ECOFUTURO DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE 9 Como poderá ser uma aula, no futuro? Antes de mais nada, será um ambiente aberto para o mundo. Através dos diversos canais de difusão de imagens e graças às possibilidades de interação, a atualidade, os fatos que trazem o futuro serão discutidos, reintegrados no programa (...) O professor é um mediador, um catalisador, um animador. Seu papel é “socrático”: ele mostra os caminhos de acesso aos conhecimentos, dá exemplos, é um centro de recursos, tanto humanos quanto de saber. A aula reconfigurada será um centro de retransmissão, um nó de uma rede mais vasta que inclui outras formas complementares de transmissão da cultura e de acesso aos conhecimentos: cidades da ciência, exposições, televisão multimídia interativa, CDs, jogos, livros, espetáculos. Ninguém deverá ter o monopólio da formação. A educação fractal do futuro será o resultado de uma simbiose entre muitos sistemas e redes. Joël de Rosnay, in L’homme symbiotique — Regards sur le troisième millénaire (Éditions du Seuil) Conheça no livro A vida que a gente quer depende do que a gente fazo que dizem a esse respeito Daniel Mun- duruku - “Não somos donos da teia da vida” (p. 58) e Moacir Gadotti — “Educar para uma cultura de sustenta- bilidade” (p. 62). Todas elas, em suas exposições de princípios, demonstram coerência com uma ideia esclarecedora que tem a ver com os sistemas naturais: Uma regra básica profundamente significativa aparece quando se observa como os sistemas se auto-organizam no mundo animal: uma multidão de indivíduos agindo paralela e simultaneamente a partir de regras simples pode causar o surgimento de um comportamento coletivo inteligente suscetível de resolver os problemas globais que a comunidade enfrenta. Joël de Rosnay, in L’homme symbiotique — Regards sur le troisième millénaire (Éditions du Seuil) FRACTAL vem do latim fractus (“quebrado”). Um fractal, em matemática, é uma forma geométrica que pode ser dividida infinitas vezes em cópias reduzidas com as mesmas carac- terísticas do todo. Quando o autor usa o termo educação fractal ele aplica à educação essa noção de ser, numa escala menor, semelhante em organização e funcionamento a algo maior, que seria o mundo em que ela acontece. • os campos de conhecimento que se integram uns aos outros, em vez de ficarem isolados; • o convite à reflexão; • as boas trocas entre as pessoas e com o planeta; • apreço pela Terra e ligação com ela; • valorização da diversidade; • instigação a olhar ao redor e ampliar a visão; • cultura da paz; • visão sistêmica; • bom humor... SIMBIOSE vem do grego symbiosis (“vida em comum com outro”). É uma associação de duas plantas, ou de uma planta e um animal, ou de dois animais, que beneficia a ambos os organismos. Usa-se a palavra simbiose também para indicar outras associações entre espécies vivas, sistemas, organiza- ções e até mesmo máquinas, quando essas associações be- neficiam a todos os envolvidos. O que elas têm em comum, as diferentes concepções de educação para um mundo “como ele deveria ser” e a educação das comunidades humanas sustentáveis? 10 ECOFUTURO 2° PRÊMIO ECOFUTURO DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE 11 Ninguém duvida: É o que dizemos no livro A vida que a gente quer depende do que a gente faz (p. xv, xvi e xvii) Sustentabilidade e educação para sustentabilidade são trabalhos pantagruélicos. E agora é a hora de você, leitor professor, contar o que imaginou fazer a partir dessa leitura interativa! 12 ECOFUTURO 2° PRÊMIO ECOFUTURO DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE 13 A humanidade aperfeiçoou tanto sua capa- cidade de refletir sobre si mesma, que hoje pode até se reinventar como espécie e as- sumir uma responsabilidade maior com re- lação à vida na sua integralidade e na sua continuidade. Isto é sustentabilidade — da natureza, das interações, dos direitos huma- nos... De tudo o que precisa ser sustentado para uma vida com mais qualidade e alegria, com regras de convivência e negociação justas, com acesso amplo e equilibrado aos recursos naturais, culturais e sociais de um planeta observado, conhecido, respeitado e bem tratado. Este é o espírito do Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade: Esta é a estrutura da apresentação: 1. A ideia inicial 2. A hipótese 3. O âmbito 4. Mãos à obra 5. Os processos da educação para a sustentabilidade: perceber, comunicar, relacionar-se, tomar decisões, conhecer, sistematizar, criar, atribuir valor. Selecionaremos duas propostas por região para recompensar, divulgar e publicar. Logo em seguida vamos mergulhar com você em cada um destes tópicos, que não são nada complicados. Você pode se divertir e dar vazão à criatividade ao organizar a apresentação de suas ideias desta forma. O que se faz hoje, no Brasil, para educar para a sustentabilidade? Como apresentar seu trabalho? 14 ECOFUTURO 2° PRÊMIO ECOFUTURO DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE 15 1. A ideia inicial Uma ideia inicial é uma faísca. Ela vem quando a gente menos espera e costuma resistir a se mostrar quando a gente procura por ela. A ideia inicial é um pré-rascunho, com ímpeto de corredor e saltador olímpico; um esboço que, recém-nascido, já se vê correndo mundo. Quando vem, desencadeia entusiasmo, que é a ferramen- ta essencial dos bons começos. Quando vem, temos que correr atrás de nossa própria mente, que começa a fervilhar e pipocar em ideias que se encadeiam, doidinhas para virar ações e andar com as próprias pernas mundo afora. A ideia inicial costuma ter tanta força, que muitas vezes acaba virando o nome do projeto ou empreendimento. Conte a sua ideia inicial e dê a quem lê o prazer de ficar sabendo como e onde ela surgiu, e o que despertou em você. Hipótese vem do latim hypóthesis, que, por sua vez, vem do grego hypothese. A palavra hipótese significa, literalmente, “o que está suposto”. E o que está suposto significa, literalmente, o que está posto embaixo, isto é, o que serve de base. Foi em 1526 que se usou pela primeira vez a palavra supor com o significado de admitir como possível, aceitar como verdadeiro. Passamos a vida estabelecendo hipóteses e também com- prando ou aceitando hipóteses alheias. Nasce uma hipótese cada vez que dizemos a nós mesmos: 2. Hipótese Sempre ouvi dizer que... Eu acho que... Tá me parecendo que... Tenho a impressão de que... Tudo indica que... Algo me diz que... 16 ECOFUTURO 2° PRÊMIO ECOFUTURO DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE 17 Escreva a sua hipótese, ou seja, conte o que você imaginou que pudesse acontecer, a partir daquela faísca da ideia inicial, se certos passos fossem dados e certas condições fossem criadas ou oferecidas. 3. O âmbito Dentro de uma comunidade há uma escola. Dentro da escola, uma vida escolar. Dentro da vida escolar acontecem um currículo, um ensino, uma ins- trução. Na vida escolar entram todas as experiências que os alunos têm dentro da escola, sejam elas plane- jadas ou não. E aqui podem entrar as experiências mais imprevistas! O currículo é o conjunto de todas as experiências planejadas para a educação dos alunos. É algo em constante movimento, como diz a própria palavra: currículo tem a mes- ma origem de correr e corrente. No ensino o professor é um me- diador entre o aluno e um ele- mento do ambiente que vai ser aprendido. O ensino é o palco da aprendizagem planejada, o mo- mento em que tudo o que acon- tece está voltado para um objetivo de aprendizagem. Ensino envolve todos os comportamentos que di- ferentes pessoas assumem e ado- tam para que uma aprendizagem aconteça. A instrução é... Digamos que aqui o que se espera que seja aprendi- do é mostrado de um jeito formal, metódico, estruturado, mais lógi- co. A pessoa que aprende intera- ge com livros e outros materiais, e também com outras pessoas. Se no ensino a ênfase estava nos comportamentos, na instrução a ênfase está nos conteúdos. E a escola? É um ambiente ao qual uma pessoa vai para aprender a tornar-se um ser produtivo, pen- sante e criativo, aos seus próprios olhos e aos olhos dos outros. Por isso, uma escola precisa ter as fer- ramentas para satisfazer a curiosi- dade da pessoa que a frequenta sobre o mundo que a cerca e en- volver essa pessoa na apropriação e na metamorfose de ideias. Durante algumas horas, a escola recebe pessoas que passam o res- to de seu tempo (ou seja, a maior parte do seu tempo) em outros lu- gares, onde interagem com outras O bebê que joga mil vezes a colher no chão ainda nem co- nhece a palavra colher e já está formulando hipóteses sobre os objetos e as forças físicas. O adolescente que ultrapassa o limite estabe- lecido para vero que acontece está formulan- do hipóteses sobre direitos e liberdade. Somos seres hipotetizadores porque temos uma natureza especuladora: damos voltas e mais voltas aos assuntos em nossa mente, tentando ver seus diferentes aspectos e relações. 18 ECOFUTURO 2° PRÊMIO ECOFUTURO DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE 19 Ao definir o âmbito de sua proposta, leve em conta todos esses espaços, pois assim você pode ver melhor o alcance possível de sua ideia inicial e reforçar seu poder multiplicador. Identifique o que sua proposta vai fazer acontecer em cada ambiente (comunidade, vida escolar, currículo, ensino, instrução). Do bolo de fubá à c o n q u i s - t a d o espaço, tudo o que o ser humano quer ver realizado passa por uma organização de passos a seguir e condições a reunir. Não existe um modelo de planeja- mento “perfeito”. Tudo de- pende de quem planeja, de sua história de coisas que deram certo e furos n’água, de seus valores pes- soais, de seu jeito de organizar as próprias ideias, do ambiente que interage com as coisas que a pes- soa espera que aconteçam. 4. Mãos à obra Sinta-se dono deste tópico da apresentação para explicar o que imagina fazer ou já fez para sua ideia inicial ganhar vida e se desenvolver. Mãos à obra é o relato do desdobramento previsto da ação. pessoas. Isso começa pela família, estendendo-se depois a outros ambientes onde essas pessoas vão atuar e deixar marcas. Essa rede mais ampla é o que aqui chama- mos comunidade. 20 ECOFUTURO 2° PRÊMIO ECOFUTURO DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE 21 Você põe mãos à obra para executar sua ideia inicial. Você faz isso disposto a ativar alguns processos que fazem parte da educação para a sustentabilidade, por serem fundamentais para que as pessoas se tornem mais competentes para “ter uma relação sustentável com todos os seres da Terra”, mais preparadas “para aquilo que ainda não é, o ainda-não, a utopia”, como explica Moacir Gadotti na página 62 de A vida que a gente quer depende do que a gente faz. Nesta parte da apresentação do seu projeto, você reflete sobre o que vai enfatizar na sua realização, ou seja, que processos vão entrar em ação e de que modo. Bom mesmo é conseguir mexer com todos. Normalmente, alguns predominam, e o desafio é achar um jeito de ativar todos eles em plena consciência. Por que em plena consciência? 5. Os processos da educação para a sustentabilidade Querendo ou não, como tudo está relacionado e interfere em tudo, você SEMPRE mexe com todos os processos, quando educa. Se você sistematicamente deixar de lado a questão da comunicação, ou seja, do compartilhamento de significados entre as pessoas, pode estar certo de que está mexendo com o processo de comunicar, só que de outro jeito: você e seus alunos podem estar semeando mal-entendidos, desconsiderando motivações, passando batido por símbolos e sinais importantes e perdendo uma oportunidade diária de fortalecer a cultura da paz e a vitalidade do entendimento entre as pessoas. 22 ECOFUTURO 2° PRÊMIO ECOFUTURO DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE 23 * Visão holística: visão de que, ao dividir as coisas, os seres, a educação em partes, a gente perde a possibilidade de captar e construir o verdadeiro conhecimento e acaba ficando apenas com fragmentos. ** Abordagem interdisciplinar: em lugar de segmentação das diferentes matérias (campos de conhecimento), buscar os pontos de convergência entre as várias matérias e trabalhá-las em conjunto. Ou seja: em plena consciência você trataria de fazer algo produtivo, por mínimo que seja, de cada processo. Sem plena consciência, você pode acabar deixando de lado processos importantes, e aí voltamos àquela ideia que está no miolo da educação para a sustentabilidade: Sem visão holística*, sem uma abordagem interdisciplinar** com base na experiência e na participação, não existe educação para a sustentabilidade. ...os processos de educação para a sustentabilidade; ...as quatro perspectivas para alcançar a sustentabilidade, uma ideia do Centro de Ecoalfabetização (Berkeley, Califórnia) inspirada na maneira como o povo indígena Okanagan (Canadá) considera as questões antes de tomar uma decisão; ...os 14 passos do pensamento sistêmico que Donella Meadows* escreveu em “Dançando com sistemas”. O quadro a seguir ilustra as relações entre... * Donella Meadows foi uma das figuras mais importantes do movimento pela sustentabilidade, com suas atividades de cientista, analista de sistemas, escritora, jornalista, professora, cultivadora de produtos orgânicos e grande especialista em pensamento sistêmico. Nada impede que você mesmo descubra e apresente outras relações. 24 ECOFUTURO 2° PRÊMIO ECOFUTURO DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE 25 Perspectivas para alcançar a sustentabilidade Passos do pensamento sistêmico Processos da educação para a sustentabilidade Tradição/Lugar (perspectiva: a compatibilidade das decisões tomadas e a história e os valores da comunidade, com também seus possíveis impactos sobre a Terra). • Expor os próprios modelos mentais. • Prestar atenção no que é importante, não apenas no que é quantificável. perceber, captar o mundo ... ao despertar, estique o corpo feito um gato, respire fundo e forte, abra os ouvidos para os sons que passam por sua casa: passos, barulho de geladeira, ruído de porta, sinta os cheiros da cozinha: aroma de café e pão, esqueça a preguiça de sair da cama e, se quiser mesmo ganhar um presente, continue prestando muita atenção. Heloisa Prieto, in A vida que a gente quer depende do que a gente faz, p. 227. Relação (perspectiva: as necessidades de todos, o respeito e a consideração; que cada um conheça e seja conhecido pelos demais e participe das decisões que o afetam). • Respeitar e proteger a informação, comunicar. comunicar Os ouvintes precisam de quem conte, o contador precisa de quem queira ouvir. Betty Mindlin in A vida que a gente quer depende do que a gente faz, p. 117. A palavra carrega afeto. Na ausência dela, entram o silêncio, a submissão, a violência. “A carta da leitura”, A vida que a gente quer depende do que a gente faz, p. xxxii. Relação (perspectiva: as necessidades de todos, o respeito e a consideração; que cada um conheça e seja conhecido pelos demais e participe das decisões que o afetam). • Criar programas de realimentação para sistemas de realimentação, relacionar-se e cuidar. relacionar-se e cuidar Até mesmo no dia a dia de nosso relacionamento com as pessoas próximas podemos ter atitudes mais calmas, mais amigáveis e amorosas. Isso também se transmite. Eugênio Scannavino, in A vida que a gente quer depende do que a gente faz, p. 86. Visão (perspectiva: a abertura para o novo, para diferentes possibilidades). • Ser humilde. Manter a atitude do aprendiz. • Expandir os limites do tempo. conhecer Para ser resiliente no mundo de hoje é preciso transitar entre mundos, dominar códigos, ter conhecimento. Célio Turino, in A vida que a gente quer depende do que a gente faz, p. 167. Ação (perspectiva: escolhas, estratégias e atos para chegar aos resultados). • Expandir os limites da responsabilidade de cada um decidir. decidir A base de uma interação social saudável é a existência de redes de pessoas livres — não só para construir suas vidas com dignidade, mas também para responder por suas escolhas. Claudia Costin, in A vida que a gente quer depende do que a gente faz, p. 247. Visão (perspectiva: a abertura para o novo, para diferentes possibilidades). • Entrar no ritmo. Ouvir a sabedoria do sistema. • Celebrar a complexidade. sistematizar Uma educação escolar que utilize os esforços da criança para estruturar seu mundo contribui para acompetência. Uma educação escolar que tente impor uma determinada ordem quando a criança é incapaz de compreendê-la ou apresente uma grande quantidade de dados esperando que a criança ordene-os da mesma forma que um adulto faria pode conduzir à indigestão mental e ao sentimento de incompetência. Ira J. Gordon. Ação (perspectiva: escolhas, estratégias e atos para chegar aos resultados). • Situar a responsabilidade no sistema. • Expandir os limites do pensamento. criar Mas cismamos em determinar o caminho para ser por elas seguido, sem reconhecer que elas pensam, investem, contemplam e poderão traçá-lo. Bartolomeu Campos de Queirós, in A vida que a gente quer depende do que a gente faz, p. 152. Tradição/Lugar (perspectiva: a compatibilidade das decisões tomadas e a história e os valores da comunidade, com também seus possíveis impactos sobre a Terra). • Buscar o bem do todo. • Manter-se firme na busca do bem. avaliar, encantar-se com o ÉTICO Não se trata, em absoluto, de optar por uma pedagogia que vise “formatar” pessoas virtuosas: isso equivaleria a um trabalho de lavagem cerebral visando criar “bons meninos” e “boas meninas”. Trata-se, isso sim, de dar a oportunidade para os alunos (...) de pensar sobre variadas possibilidades de associar valores às suas representações. Yves de La Taille, in A vida que a gente quer depende do que a gente faz, p. 222. Faz parte do pensamento sistêmico reconhecer que é impossível abarcar o todo e achar verdades absolutas. 26 ECOFUTURO 2° PRÊMIO ECOFUTURO DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE 27 Para ajudar na sua reflexão sobre os processos enfatizados no seu projeto, aqui vão alguns exemplos de coisas que fazem parte de cada um dos processos da educação para a sustentabilidade: perceber, captar o mundo Buscar dados.• Observar o mundo que desfila • diante e ao redor de si enquanto está acordado: imagens, ideias, valores, cores, sons, formas, pessoas... Identificar as diferenças entre • o que as diferentes pessoas trazem como bagagem, o que sabem, o que confundem, o que requer esclarecimento. Ver o mundo em sua riqueza • e variedade. Encantar-se com o mundo.• Querer perceber (intenção) X estar • ao lado sem notar como as pessoas reagem, sem considerar (atender a; atentar para; pensar em; meditar; ponderar). comunicar Ser entendido, entender os outros, • compartilhar o mundo interior (falar, ouvir, usar o silêncio). Ler e escrever para conseguir lidar • com a complexidade do mundo. Aumentar o entendimento entre • as pessoas e as possibilidades de superar barreiras. Influenciar / agir com intenção.• Participar efetivamente de • discussões de grupo; Ler e escrever bem com • diferentes propósitos; Refletir criticamente sobre o • que lê e o que escreve. relacionar-se e cuidar Interagir (agir mutuamente).• Corresponder (no sentido de • estar em “correlação”, e também de “retribuir”) — a primeira de uma longa série de palavras que começam com o prefixo CO (= “com”), o prefixo que dá a ideia de “juntos”... Consideração.• Companhia.• Cooperação.• Compromisso.• Colaboração.• Empatia.• Disposição para ouvir e entender.• Dar e receber afeição.• Delicadeza, gentileza, cortesia, • amabilidade, urbanidade... tratar bem! Levar em conta os sentimentos.• Respeitar.• Zelar.• Aplicar a atenção, o pensamento, a • imaginação. Contribuir em discussões e tarefas de • pequenos grupos e de toda a classe. Trabalhar com outras pessoas para • superar um desafio: negociar, resolver diferenças e dar apoio. Habilidades sociais, compreensão e • entendimento das necessidades alheias. Liderança.• conhecer trabalhar com os dados do mundo• buscar mais coerência do que • acréscimo de informações metamorfosear ideias (ganho em • conhecimento n transformação e recriação de ideias e é ≠ coleção de informações) olhar o mundo com curiosidade e • disposição para assimilar apreender o mundo com os sentidos • e a mente (captar suas características essenciais) descobrir o que soluciona um • problema e permite seguir em frente acompanhar e entender o que • acontece localizar informações• ordenar, classificar, dispor em • sequência, comparar, diferenciar aumentar a coerência entre o que se • sente, o que se pensa e o que se faz jogar, brincar, divertir-se com o que • se sabe fornecer razões para opiniões e ações• fazer inferências e deduções• fazer perguntas relevantes• propor e definir problemas• planejar o que vai fazer• prever resultados e antecipar • consequências testar conclusões, aperfeiçoar ideias, • rever soluções 28 ECOFUTURO 2° PRÊMIO ECOFUTURO DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE 29 decidir Aprender o processo de tomada de • decisões com pequenas decisões de alcance individual. Entender decisão como escolha de • economia de energia. Entender que não se trata de escolher • entre BOM e RUIM, e sim entre BONS. Entender como se ligam metas, ações • e decisões. Vislumbrar consequências de longo • prazo para ações do presente. Estabelecer prioridades.• Comparar diferentes decisões com • relação a um quadro maior. Aceitar o princípio de liberdade • individual (para participar das decisões alheias, esperar ser convidado!). Equilibrar decisões que exigem • pensamento (humanas) e decisões que são feitas por máquinas (tecnologia). Ver diferentes possibilidades de • escolha diante de si. Ter inspiração (acesso ao repertório • pessoal e ao mundo interior na hora de tomar decisões). Aceitar consequências.• Identificar razões e evidências que • justificam uma determinada decisão. sistematizar Planejar, organizar e distribuir no • tempo as ações e experiências. Ordenar o pensamento.• Encaixar o aprendido num todo mais • amplo. Reorganizar e descartar ideias.• Propor sistematização e maneiras de • organizar (em vez de apenas seguir padrões). Agrupar, reagrupar, recompor dados• Resumir e sintetizar.• Descobrir o modo pessoal de lidar • com ordem e desordem. Encontrar padrões.• Aprender a formar novas categorias e • a desfazer-se das ultrapassadas. Entender a ideia de ordem (pública, • social, biológica, ecológica). Ter iniciativa.• Dispor-se a aprender e avançar.• Refletir sobre o próprio trabalho e • identificar maneiras de aperfeiçoá-lo. criar Envolver-se por inteiro num • processo (níveis cognitivo, emocional, moral, físico, insights). Viajar mentalmente.• Ser sensível a problemas.• Ser capaz de construir a partir • de ideias de outras pessoas. Expressar rapidamente uma • sucessão de ideias ligadas a um tema ou tópico. Ter originalidade.• Ser capaz de novas sínteses.• Mudar de perspectiva.• Ter olho “buscador”.• Ver de novos jeitos.• Arejar velhas ideias e conceitos.• Brincar com ideias e conceitos.• Perder o medo do que é diferente.• Aplicar a imaginação para questionar • e desafiar ideias. Gerar e ampliar ideias.• Sugerir hipóteses.• Buscar abordagens inovadoras • alternativas. Criar é um ato essencial para a democracia: ela sempre vai depender de um desenvolvimento ótimo dos indivíduos avaliar Pautar-se por ética, ética, ética.• Avaliar evidências.• Entender critérios para julgamento • de valor do trabalho pessoal e alheio. Julgar o valor do que lê, ouve, faz.• Confiar no próprio julgamento.• Entender que a energia que leva a • agir vem dos valores. Falar sobre valores.• Identificar os valores presentes em • eventos e escolhas. Ver como os valores se traduzem • em comportamentos. Entender a naturezamutável dos • valores, ser espontâneo e encarar riscos. Respeitar o mundo interior dos outros.• Sentir contentamento com o • bem-estar alheio. Respeitar as diferenças (estudos, • profissões, atividades, dons, competências). Comunicar melhor (é na comunicação • que os valores podem ser entendidos ou confundidos): ser mais explícito, arejar pontos de vista, envolver mais gente. Dar atenção ao indivíduo para • entender em que ele acredita, o que sabe, o que valoriza, em que está mudando, o que preza — essa parte muitas vezes se perde na imagem geral do grupo! Ter muita conversa e diálogo para • evidenciar, esclarecer, explicitar valores. “A alma requer a duração do tempo — do rico, espesso, profundo, aveludado tempo — e ela prospera em ritmo. A alma não pode ser apressada ou perturbada — podemos passar por muitos eventos em um dia e não sentirmos nada porque a alma não teve a oportunidade de senti-los de muitos pontos de vista diferentes.” Robert Sardello Esperamos, amigo educador, que você desfrute de momentos de prazer, satisfação e tranquilidade ao registrar suas ideias para participar do 2° Prêmio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade. Esperamos ansiosamente para conhecer suas ideias e estamos à sua disposição para esclarecer dúvidas: premio@ecofuturo.org.br REALIZAÇÃO: APOIO: PARCERIA: CHANCELA: APOIO INSTITUCIONAL: PATROCÍNIO:
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