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Tânia Maria Sousa França LEITURA, Arte e Educação 7 FASCÍCULO CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 98 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Vivemos cercados, impregnados de imagens e, no entanto, ainda não sabemos quase nada da imagem. O que é? O que significa? Como age? O que comunica? Quais são seus efeitos prováveis – seus efeitos inimagináveis? (BARTHES, Imagem e moda, 2005) Caros leitores, vocês já haviam pensado, como anuncia Barthes, que vivemos em um mundo cercado de imagens e que estamos constan- temente produzindo, decodificando, lendo, interpretando? Quais imagens vêm a sua men- te quando leem o fragmento acima ou pensa na sua cidade, no seu bairro? Sabemos que a aparição da imagem e seu uso já vêm antes da escrita, quando os seres humanos, ao longo da sua história, sempre simbolizaram o mundo, demonstrando seu entendimento sobre ele por meio de pinturas, desenhos, danças, ou seja, pela linguagem da arte, mas podemos afirmar que no momento contemporâneo, diante do avanço da tecnologia, da globalização, o uso da imagem ganhou amplitude. Imagem aqui compreendida, como “uma representação de um objeto pelo desenho, pintura, escultura etc.” (BUENO, 2000, p. 420) Com efeito, o exercício da cidadania con- temporânea demanda a aprendizagem de novas competências, exige uma educação do olhar. Do ver e do analisar criticamente o mundo pela mediação de imagens. (CARLOS, 2008, p.13) Paulo Freire (1981, p.20) colabora com essa reflexão quando reflete que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra [...]. O ato de ler o mundo implica uma leitura dentro e fora de mim. Implica na relação que eu tenho com esse mundo”. O autor chama atenção: antes de lermos a palavra, lemos o mundo através dos gestos, das co- res, dos cheiros, dos movimentos e como qualquer leitura é uma produção de senti- do. Fica perceptível a inter-relação entre a palavra (fala com seus códigos e dialetos) e o mundo (territórios culturais). Um somente existe vinculado ao outro, dai o autor se re- portar ao termo “palavra-mundo”. Nessa tessitura anunciamos que a pro- posta deste módulo é pensar a leitura de imagem, por meio das reflexões aqui apre- sentadas, estabelecendo um diálogo sobre a mediação da leitura através da Arte e de suas diferentes possibilidades relativas ao ato de ler. Você imaginava que isso seria possível? Pois é. E estamos aqui para conversarmos, entre mediadores e mediadoras de leitura, sobre esse tema tão prazeroso. Esteja sempre conectado conosco pela nossa sala de aula virtual. Não perca tempo, não desperdice seu olhar. Acesse: ava.fdr.org.br CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 99 1. O SEU OLHAR MELHORA O MEU... Em nossa proposta de pensar a leitura da imagem, utilizaremos como exemplo a canção “Esquadros” (1992), de Adriana Calcanhoto, em homenagem, vejam só, ao irmão Cláudio, que é deficiente visual. A música, que faz parte do álbum Senhas (1992), representa uma leitura de mundo articulada com a palavra. Percebam: Eu ando pelo mundo prestando atenção Em cores que eu não sei o nome Cores de Almodóvar Cores de Frida Kahlo, cores Passeio pelo escuro Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve E como uma segunda pele, um calo, uma casca Uma cápsula protetora ... Pela janela do quarto Pela janela do carro Pela tela, pela janela (quem é ela, quem é ela?) Eu vejo tudo enquadrado Remoto controle Transito entre dois lados de um lado Eu gosto de opostos Exponho o meu modo, me mostro. Nessa perspectiva, a imagem se caracte- riza como uma mediação para ler o mundo, Para compreenderem que a “ex- periência da leitura é um acon- tecimento da pluralidade” e vai “além dessa preocupação em assegurar o sentido (único) do texto no mundo; na experiência da leitura, o que se busca é, ao contrário, ressignificar o texto”. (LARROSA, 1996, p.51). Para que isso aconte- ça, é necessário aguçar, em mim, em você, nos alunos, nos leitores, nos cidadãos, um olhar estran- geiro para um “ver além” e uma escuta sensível diante do mundo. Desta forma as inda- gações levantadas por Bar- thes, no início deste texto, podem ser consideradas de grande relevância ao pen- sarmos sobre a leitura de imagens como mediação para a leitura da “palavra-mundo”, porque muitos de nós temos rea- lizada esta leitura com pressa, sem muita mediação, sem o outro para melhorar o meu/seu olhar, pois como diz o poema de Arnaldo Antunes (1997, p. 65): O seu olhar melhora o meu”. Não so- mente melhora, mas transforma o seu, o meu, o nosso olhar. logo como disse Carlos, na citação ante- rior, é necessária uma educação do olhar. Para isso, é preciso aprender a ver, é preciso um exercício constante de (des) construção e (re)construção do olhar para ver e rever de outra forma, ou como poetiza Manoel de Barros “transver” o mundo. Um exercício que se dá no individual, mas ganha força no coletivo: “Ver é tra- zer junto de si todo repertório pessoal existente e também estar disposto a receber novos sentidos do olhar”. (MACHADO, 2005, p.107). A educação do olhar sig- nifica, portanto, aparelhar os leitores para compreenderem não somente a racionalidade da imagem, mas a sua sub- jetividade, experimentando uma leitura que não tem um único sentido, uma única verdade, mas que abre as possibilidades para o aluno, o cidadão sentir e falar dos seus sen- timentos ressignificando, assim, a sua leitura e sendo capaz de fruir estetica- mente uma imagem artística nas suas diversas formas. 100 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 101 2. ARTE-EDUCAÇÃO: MEDIAÇÃO PARA O FRUIR SENSÍVEL A arte tem enorme importância na mediação entre os seres humanos e o mundo, apontando um papel de desta- que para a arte/educação: ser a media- ção entre a arte e público. (BARBOSA, 2009, p.13) Dessa forma compreendemos a arte como uma necessidade humana, que busca desenvolver a percepção e a ima- ginação criadora, tão imprescindível para captar a realidade e transformá-la, tendo como eixo articulador uma educação que se faz não apenas cognitiva, mas essen- cialmente humanizadora. Logo, fazer arte, conhecer arte, expressar–se por meio da arte deve fazer parte do nosso cotidiano, não só como uma disciplina na escola, mas, também, como uma dimen- são da nossa vida, tanto pessoal como cultural, porque ela é ao mesmo tempo conhecimento, linguagem e expressão. Quando Barbosa (2009) traz esse papel mediador da arte-educação, nos faz apre- sentar esse conceito não apenas com o significado de intermédio, mas sim, como defende Mirian Celeste Martins (2002) em uma perspectiva rizomática, ou seja, “estar entre muitos”. RIZOMÁTICO conceito filosófico que se apropria de conceito da botânica. Se refere à estrutura do conhecimento como uma raiz da qual origina-se muitos ramos, como ocorre no modelo arbóreo, de forma não hierárquica. 102 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE [...] a mediação ganha hoje um ca- ráter rizomático, isto é, num sistema de inter-relações fecundas e complexas que se irradiam entre o objeto de conheci- mento, o aprendiz, o professor/moni- tor/mediador, a cultura, a história, o artista, a instituição cultural, a es- cola, a manifestação artística, os modos de divulgação, as espe- cificidades dos códigos, mate- rialidades e suportes de cada linguagem artística... Media- ção/intervenção que mobi- liza buscas, assimilações, transformações, ampliações sensíveis e cognitivas, indi- viduais e coletivas, favore- cendo melhores qualidades na humanização dos apren- dizes – alunos e professores. (MARTINS, 2002,p.56). Faz-nos defender que no mo- vimento de mediação está inseri- da o desvelamento, a criação de conexões, a busca, a construção, a desconstrução e a (re)construção de sentidos e significados amplia- dos pelas perspectivas pessoais de cada fruidor, trazendo a condição de mediar a dimensão individual e coleti- va do ser humano, sempre de maneira questionadora, problematizadora, “um estar entre muitos”, como bem define Mar- tins e Picosque (2012). Daí, “propor a leitura em arte pode ser, então, mediar, dar aces- so, instigar o pensar/sentir do fruidor e am- pliar sua possibilidade de produzir sentido.” (MARTINS, 2010, p.71) CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 103 Um canal para isso acontecer é a leitu- ra de imagens, que converge na busca de uma leitura estética. Para tanto, os leitores necessitam munir-se de conhecimento e sensibilidade. A educação estética pela arte potencializa essa ação, uma vez que tem como desafio aprimorar a percepção esté- tica, oportunizando por meio da leitura de imagens que o leitor seja capaz de ir além do julgamento imediato e possa ler a dimensão subjetiva, metafórica do não visível da arte. Para essa compreensão, apresentamos os níveis do desenvolvimento estético es- tudados por Maria Helena Rossi (2003), com base nas ideias de Michael Parsons (1992) e Abigail Housen (1983). Ressalta- mos, entretanto, que a denominação “ní- vel” é por se constituir de elementos evo- lutivos, mas isso não quer dizer que o leitor não possa, ao ler uma imagem, utilizar vários níveis. Esse termo não pode servir para rotular o leitor – nem nos cabe tal pré-julgamento –, é apenas uma referência para compreender a maneira de pensar naquele momento, está bem? NÍVEL LEITURA CARACTERÍSTICA I Realística A interpretação enfoca o real, o concreto, o que está representado fisicamente na imagem. II Ingênua/realística e complexa/ metalética A interpretação considera ainda a imagem como copia do mundo, mas também inclui o abstrato, o sentimento do artista, sendo que este é visto interferindo na obra. III Complexa/ metalética A interpretação transcende o que estar presente concretamente na obra e busca outras possibilidades. Fonte: elaboração da autora Para que esses níveis sejam ampliados, desenvolvidos, requer que o mediador(a) pos- sibilite ao leitor experiências estéticas, que exerçam a função de criar situações de apren- dizagem para “emboscar os aprendizes da arte em ‘armadilhas estéticas’”, como defende Utuari (2014, p. 172). A experiência estética solicita uma mudança na maneira de ver o mundo, porque para que ela ocorra é necessário um envolvimento total do ser humano com o objeto estético, apreendendo-o de maneira direta, aberta, apaixonada, inquirido- ra, curiosa, crítica. Lembramos que é por meio do sentimento que nos identificamos com o objetivo estético, e com ele nos tornamos um, porque é o sentir, na iminência do sensível, em toda a sua potência, que será capaz de causar uma transformação no modo de o homem ver, sentir, pensar e agir diante do mundo. 104 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Para a concretude, Larrosa nos chama atenção dizendo que, [...] a possibilidade de que algo nos acon- teça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase im- possível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, de- morar-se nos detalhes, suspender a opi- nião, suspender o juízo, suspender a von- tade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço. (LARROSA, 2014, p.25). Como proposta de experiência estética trazemos a leitura de imagens como me- diação de leitura, aqui considerando as di- ferentes expressões artísticas (obra de arte, fotografia, grafite, pintura, performance, instalação artística, cinema, dança, a cida- de, visita ao museu). O que seria então a lei- tura de imagens? Ler uma imagem corres- ponde a analisá-la, realizar conexões com contextos diversos, apreciá-la. CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 105 [...] prepararia os alunos para a com- preensão da gramática visual de qual- quer imagem, artística ou não, na sala de aula de artes, ou no cotidiano, e que torna-los conscientes da produção hu- mana de alta qualidade é uma forma de prepara-los para compreender e avaliar todo tipo de imagem, conscientizando- -os do que estão aprendendo com essas imagens. (Barbosa 1995, p.14) Para operacionalização, apresentamos a abordagem triangular de Ana Mae Barbosa para a leitura de obra de arte, mas que po- demos expandir para a leitura de imagens de modo geral. Essa abordagem consiste em articular de forma rizomática três eixos: contextualização, apreciação e produ- ção. O eixo da contextualização, que pode ser dito no plural, porque abarca de manei- ra reflexiva várias contextualizações – a his- tória, a cultura, a história de vida, os vários estilos e movimentos artísticos. A aprecia- ção requer descrição, julgamento, inter- pretação, exigindo do leitor criatividade, invenção, saber olhar e ver além do visível. A produção é o eixo do fazer, da criação, de desafiar o leitor a estabelecer conexões diversas e representá-las através da expres- são artística. PUXANDO PROSA PARA REFLETIR SOBRE A LEITURA DE IMAGEM 1. A leitura só se processa no diálogo do leitor com a obra, o qual se dá num tempo e num espaço preciso. Nesse sentido, não há uma leitura, mas leituras, onde cada um precisa encontrar modos múltiplos de saborear a imagem. (Pillar, 1999, p.20) 2. Não existe uma forma única para trabalhar com a leitura de imagens. Procurar modelos preestabelecidos não é uma condição ideal. 3. Pesquisar para melhor escolher, criar e oportunizar caminhos que colaborem para o desenvolvimento no aluno de relações entre arte e vida. 106 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 3. A OFICINA COMO PRÁTICA DIDÁTICA Ao planejar essa mediação, propomos como metodologia a oficina, por ser uma proposta de construção coletiva de conhe- cimento de forma compartilhada, onde se busca a indivisibilidade teoria/prática, utilizando como estratégia didático-peda- gógica a problematização. É um lugar de reflexão, empoderamento dos participan- tes, que se destaca como espaço acolhedor para as pessoas narrarem suas histórias, expressarem seus sentimentos, produzirem seu fazer artístico. Podemos dizer que: [...] é o espaço de construção e recons- trução do conhecimento. Não importa se é uma sala de aula, um pátio, uma qua- dra, um quintal, uma sombra de árvore. Aí se partilha, descobre e recria o saber. A relação humana, nesse espaço, se dá de forma horizontal. É o lugar de fazer pen- sar, redescobrir, reinventar novas formas de ver e rever a prática educativa. Traba- lho em que todos compartilham e viven- ciam ideias, sentimentos, experiências; oportuniza a reconstrução individual e coletiva, o contato do eu com o tu (SOU- SA et al,1994, p. 74). Nesta perspectiva, reforçamos que du- rante a oficina estabelecemos encontros. Encontros de gente face a face, de expe- riências e histórias de vida, tendo o diálogo como base, pois para Freire (1998, p. 93) o diálogo representa esse lugar de encontro por compreender que no encontro “[...] não há ignorantes absolutos, nem sábios abso- lutos: há homens que, em comunhão, bus- cam saber mais”. CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 107 Sugerimos para o desenvolvimento daoficina, um roteiro didático, dividido em cinco momentos (esses momentos seguem uma lógica didática, mas podem ser flexibi- lizados conforme o contexto.): (a) Aqueci- mento, (b) Memória, (c) Vivência temática, (d) Sistematização reflexiva e (e) Avaliação. O compartilhamento de sentimentos é uma atividade transversal ao longo do pro- cesso. Vejamos: a. Aquecimento: traz o aluno para o momento presente, implica princi- palmente a integração de todos os participantes na tarefa comum. b. Memória: o aluno, através de nar- rações históricas, escritas ou orais, expressa suas ideias, impressões, conhecimentos adquiridos anterior- mente, faz relação, traz para o ins- tante da dinâmica suas lembranças, suas vivências, suas representações e ainda faz inclusão, engaja os falto- sos da aula anterior, avalia, cria, ex- pressa suas construções. c. Vivência Temática: nesse momen- to, o aluno vive e executa uma tarefa referente ao tema do encontro (aula, oficina). Nesse momento, usamos os mais variados instrumentos de mediação. Considerando arte como expressão de vida, lançamos mão de todas as linguagens (teatro, pintura, escultura e poesia) para expressar o que conhecemos na vida. d. Sistematização reflexiva: este é o espaço de articulação das ideias, sa- beres, valores emergentes na ação, a serem agrupados e relacionados a uma visão orgânica, em um corpo único substanciado com fundamen- tação teórica. e. Avaliação: como um ato de inves- tigação e diagnóstico, nesta ação, analisamos todos os momentos vivi- dos, a qualidade das ações desenvol- vidas e o sentir das pessoas envolvi- das (SOUSA; FRANÇA, 2007, p. 84-85). Acreditem: este roteiro tem transforma- do as oficinas em espaços formativos, de memórias e narrativas de histórias de vida em formação, fortalecendo um olhar mais sensível diante do mundo e das experiên- cias estéticas. 108 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 4. EXERCITANDO A LEITURA DE IMAGENS Vamos apreciar a imagem a seguir e registrar suas respostas e reflexões no seu diário de formação. PRIMEIRO EXERCÍCIO: Lendo uma obra de arte CONTEXTUALIZACÃO Sobre o autor: Milton Rodrigues da Costa, mais conhecido como Milton Dacosta, foi um pintor, desenhista, gravador e ilustrador bra- sileiro. Foi casado durante 37 anos com a pintora Maria Leontina e é pai do também artista plástico Alexandre Dacosta. Inicialmente Dacosta pintou composições figurativas e paisagens. Sobre a obra: foi criada em 1942, por Milton Dacosta, utilizando a técnica de óleo sobre tela, para produzir a obra, que tem dimensões 75.5 cm x 88 cm. Problematizando: Você conhecia esse artista? Que sentido faz para você estas informações? Existem linhas nesta imagem? Que cores você vê? São claras, escuras, esfumaçadas? Por que será que as pessoas querem ter obras de arte? O que você gostaria de saber mais? PRODUÇÃO/FAZER ARTÍSTICO Agora deixe fluir seu potencial criativo e expresse artisticamente seus sentimentos ao ser afetado(a) pela leitura da imagem e compartilhe. SEGUNDO EXERCÍCIO: Visitando um museu; produzindo leituras Planeje uma visita ao museu da sua cidade. Aqui em Fortaleza, por exemplo, temos vários, como o Museu do Ceará, da Fotografia, o Museu de Artes da UFC, o Museu do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, entre outros, e prepare-se para realizar uma leitura. Milton Dacosta – “CIRANDA”. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra3600/ ciranda>. Acesso em: 17 de Nov. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 APRECIAÇÃO Problematizando: O que vocês estão vendo? O que essas pessoas estão fazendo? Onde estão? Que outros elementos aparecem? A realidade expressa na obra é a mesma de hoje? O que poderíamos fazer para mudar a situação atual? Essa imagem lembra alguma coisa da sua história de vida? CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 109 APRECIAÇÃO Problematizando: O que você viu no museu? Tem obra de arte? Esculturas? Pinturas? O que mais chamou a sua atenção? Algo lembrou alguma coisa da sua história de vida? Qual a narrativa está presente no museu? CONTEXTUALIZACÃO Problematizando: Qual museu você visitou? Quando foi criado o museu? De onde veio o acervo? O prédio é patrimônio cultural? É privado ou público? Que sentido faz para você essa visita? O que você gostaria de saber mais? PRODUÇÃO/FAZER ARTÍSTICO Agora deixe fluir seu potencial criativo e expresse artísticamente seus sentimentos ou faça a sua narrativa ao ser afetado(a) pela visita ao museu e compartilhe. 110 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 5. CONCLUSÃO Neste fascículo, apresen- tamos a leitura de imagens na sua relação com a arte e educação, como uma pos- sibilidade de mediação de leitura, trazendo a reflexão: ao realizarmos a leitura de imagens estamos estabelecendo a leitura “palavra-mundo”, desde que seja vivenciada de maneira problema- tizadora. Defendemos que essa ação só será possível se forem oportunizadas ex- periências estéticas, porque é na dimensão do sensível que nos conectamos com nós mesmos, com os outros e com o mundo. Dai a importância do mediador(a) como propositor de “armadilhas estéticas”, com o intuito de prover esses leitores com conhecimentos e sensibilidade para “trans- ver” o mundo das visualidades, realizando uma leitura que vai “além do visível”. Sabemos que o ensino de arte ainda luta por seu lugar na escola, ultrapassando o desenho das datas comemorativas, e que a leitura de imagens fica muitas vezes apenas no nível realístico, mas concluímos com o verbo esperançar na perspectiva freiriana, porque acreditamos que sempre é possível (trans)formar a prática docente. E você, como nós, acredita? Está nas suas mãos. DESAFIO Você já visitou um museu virtual? Que tal visitar um fazendo uso de um computador com acesso à internet? Depois, compartilhe com seus colegas a sua leitura e o que o(a) encantou no museu visitado. OSTETTO, Luciana E. (Org.) Museu, educação e cultura: encontros de crianças e professores com a arte. Campinas: Papirus, 2005. MARTINS, M. C. Aquecendo uma transformação- -ação: atitudes e valores no ensino de Arte. In: BARBOSA, A. M. (Org.). Inquietações e mudan- ças no ensino da arte. São Paulo: Ed. Cortez, 2002. p . 49-60. MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa. Pro- vocações pra início de outra conversa. 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In: COSTA, Marisa Vorraber (org). Caminhos investigati- vos: novos olhares na pesquisa em educação. Porto Alegre : Mediação, 1996 _________, Tremores: escritos sobre experiên- cia. Belo Horizonte: Autêntica, 2014. (Coleção Educação: experiência e sentido). MACHADO, Adriana de Almeida. O seu olhar melhora o meu: o processo de monitoria em exposições itinerantes. In: LEITE, Maria Isabel; CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 111 Tânia Maria Sousa França (Autora) é mestre e doutora em Educação com foco na Formação de Professores pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Especialista em Arte, Educação e Tecnologias Contemporâneas pela Universidade Nacional de Brasília (UnB). Graduada em Serviço Social pela UECE e Pedagogia pela Universidade Metodista. Professora Assistente da Uece, assumindo a docência no Campus de Iguatu (Fecli), membro dos grupos de pesquisa Investigação em Arte, Ensino e História (IARTEH/Uece) e Grupo de Estudo e Pesquisa em Patrimônio e Memória (GEPPM-UFC/CNPq). Rafael Limaverde (ilustrador) É ilustrador, chargista e cartunista (premiado internacionalmente) e xilogravurista. Formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Ceará (IFCE). Escreve e possui livros ilustrados nas principais editoras do Ceará e em editoras paulistas. RealizaçãoApoio EXPEDIENTE: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) João Dummar Neto Presidente André Avelino de Azevedo Diretor Administrativo-Financeiro Raymundo Netto Gestor de Projetos Emanuela Fernandes Analista de Projetos Tainá Aquino Estagiária UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Viviane Pereira Gerente Pedagógica Luciola Vitorino Analista Pedagógica CURSO FORMAÇÃO DE MEDIADORES DE LEITURA Raymundo Netto Coordenador Geral e Editorial Lidia Eugenia Cavalcante Coordenadora de Conteúdo Emanuela Fernandes Assistente Editorial Amaurício Cortez Editor de Design e Projeto Gráfico Marisa Marques de Melo Diagramadora Rafael Limaverde Ilustrador ISBN: 978-85-7529-893-0 (Coleção) ISBN: 978-85-7529-900-5 (Fascículo 7) Este fascículo é parte integrante do Programa Fortaleza Criativa, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha e a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza, sob o nº 05/2018. Todos os direitos desta edição reservados à: Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 - Fax (85) 3255.6271 fdr.org.br fundacao@fdr.org.br
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