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Mediadores de Leitura 7º Módulo

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Prévia do material em texto

Tânia Maria Sousa França
LEITURA, 
Arte e 
Educação
7 FASCÍCULO
CURSO FORMAÇÃO DE 
mediadores de leitura
98 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
Vivemos cercados, impregnados de imagens 
e, no entanto, ainda não sabemos quase 
nada da imagem. O que é? O que significa? 
Como age? O que comunica? Quais são seus 
efeitos prováveis – seus efeitos inimagináveis? 
(BARTHES, Imagem e moda, 2005)
Caros leitores, vocês já haviam pensado, como 
anuncia Barthes, que vivemos em um mundo 
cercado de imagens e que estamos constan-
temente produzindo, decodificando, lendo, 
interpretando? Quais imagens vêm a sua men-
te quando leem o fragmento acima ou pensa 
na sua cidade, no seu bairro? Sabemos que a 
aparição da imagem e seu uso já vêm antes da 
escrita, quando os seres humanos, ao longo da 
sua história, sempre simbolizaram o mundo, 
demonstrando seu entendimento sobre ele por 
meio de pinturas, desenhos, danças, ou seja, 
pela linguagem da arte, mas podemos afirmar 
que no momento contemporâneo, diante do 
avanço da tecnologia, da globalização, o uso 
da imagem ganhou amplitude. Imagem aqui 
compreendida, como “uma representação de 
um objeto pelo desenho, pintura, escultura etc.” 
(BUENO, 2000, p. 420)
Com efeito, o exercício da cidadania con-
temporânea demanda a aprendizagem de 
novas competências, exige uma educação 
do olhar. Do ver e do analisar criticamente o 
mundo pela mediação de imagens. (CARLOS, 
2008, p.13)
Paulo Freire (1981, p.20) colabora com 
essa reflexão quando reflete que “a leitura 
do mundo precede a leitura da palavra [...]. 
O ato de ler o mundo implica uma leitura 
dentro e fora de mim. Implica na relação 
que eu tenho com esse mundo”. O autor 
chama atenção: antes de lermos a palavra, 
lemos o mundo através dos gestos, das co-
res, dos cheiros, dos movimentos e como 
qualquer leitura é uma produção de senti-
do. Fica perceptível a inter-relação entre a 
palavra (fala com seus códigos e dialetos) e 
o mundo (territórios culturais). Um somente 
existe vinculado ao outro, dai o autor se re-
portar ao termo “palavra-mundo”. 
Nessa tessitura anunciamos que a pro-
posta deste módulo é pensar a leitura de 
imagem, por meio das reflexões aqui apre-
sentadas, estabelecendo um diálogo sobre 
a mediação da leitura através da Arte e de 
suas diferentes possibilidades relativas ao 
ato de ler.
Você imaginava que isso seria possível? 
Pois é. E estamos aqui para conversarmos, 
entre mediadores e mediadoras de leitura, 
sobre esse tema tão prazeroso.
Esteja sempre conectado conosco pela 
nossa sala de aula virtual. Não perca tempo, 
não desperdice seu olhar. Acesse: 
ava.fdr.org.br
 CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 99
1. 
O SEU OLHAR 
MELHORA O MEU...
Em nossa proposta de pensar a leitura da 
imagem, utilizaremos como exemplo a canção 
“Esquadros” (1992), de Adriana Calcanhoto, em 
homenagem, vejam só, ao irmão Cláudio, que 
é deficiente visual. A música, que faz parte do 
álbum Senhas (1992), representa uma leitura 
de mundo articulada com a palavra. Percebam:
Eu ando pelo mundo prestando atenção 
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar 
Cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro 
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve 
E como uma segunda pele, um calo, uma casca 
Uma cápsula protetora
...
Pela janela do quarto 
Pela janela do carro 
Pela tela, pela janela 
(quem é ela, quem é ela?) 
Eu vejo tudo enquadrado 
Remoto controle
Transito entre dois lados de um lado 
Eu gosto de opostos 
Exponho o meu modo, me mostro.
Nessa perspectiva, a imagem se caracte-
riza como uma mediação para ler o mundo, 
Para compreenderem que a “ex-
periência da leitura é um acon-
tecimento da pluralidade” e vai 
“além dessa preocupação em 
assegurar o sentido (único) do 
texto no mundo; na experiência 
da leitura, o que se busca é, ao 
contrário, ressignificar o texto”. 
(LARROSA, 1996, p.51). 
Para que isso aconte-
ça, é necessário aguçar, 
em mim, em você, nos 
alunos, nos leitores, nos 
cidadãos, um olhar estran-
geiro para um “ver além” e 
uma escuta sensível diante do 
mundo. Desta forma as inda-
gações levantadas por Bar-
thes, no início deste texto, 
podem ser consideradas de 
grande relevância ao pen-
sarmos sobre a leitura de 
imagens como mediação para 
a leitura da “palavra-mundo”, 
porque muitos de nós temos rea-
lizada esta leitura com pressa, sem 
muita mediação, sem o outro para 
melhorar o meu/seu olhar, pois como 
diz o poema de Arnaldo Antunes (1997, p. 
65): O seu olhar melhora o meu”. Não so-
mente melhora, mas transforma o seu, 
o meu, o nosso olhar.
logo como disse Carlos, na citação ante-
rior, é necessária uma educação 
do olhar. Para isso, é preciso 
aprender a ver, é preciso um 
exercício constante de (des)
construção e (re)construção 
do olhar para ver e rever de 
outra forma, ou como poetiza 
Manoel de Barros “transver” o 
mundo. Um exercício que se 
dá no individual, mas ganha 
força no coletivo: “Ver é tra-
zer junto de si todo repertório 
pessoal existente e também 
estar disposto a receber novos 
sentidos do olhar”. (MACHADO, 
2005, p.107).
A educação do olhar sig-
nifica, portanto, aparelhar os 
leitores para compreenderem 
não somente a racionalidade 
da imagem, mas a sua sub-
jetividade, experimentando 
uma leitura que não tem um 
único sentido, uma única 
verdade, mas que abre as 
possibilidades para o aluno, o 
cidadão sentir e falar dos seus sen-
timentos ressignificando, assim, a sua 
leitura e sendo capaz de fruir estetica-
mente uma imagem artística nas suas 
diversas formas. 
100 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
 CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 101
2.
ARTE-EDUCAÇÃO:
MEDIAÇÃO PARA O 
FRUIR SENSÍVEL
A arte tem enorme importância na 
mediação entre os seres humanos e o 
mundo, apontando um papel de desta-
que para a arte/educação: ser a media-
ção entre a arte e público. (BARBOSA, 
2009, p.13)
Dessa forma compreendemos a arte 
como uma necessidade humana, que 
busca desenvolver a percepção e a ima-
ginação criadora, tão imprescindível para 
captar a realidade e transformá-la, tendo 
como eixo articulador uma educação que 
se faz não apenas cognitiva, mas essen-
cialmente humanizadora. Logo, fazer 
arte, conhecer arte, expressar–se por 
meio da arte deve fazer parte do nosso 
cotidiano, não só como uma disciplina na 
escola, mas, também, como uma dimen-
são da nossa vida, tanto pessoal como 
cultural, porque ela é ao mesmo tempo 
conhecimento, linguagem e expressão. 
Quando Barbosa (2009) traz esse papel 
mediador da arte-educação, nos faz apre-
sentar esse conceito não apenas com o 
significado de intermédio, mas sim, como 
defende Mirian Celeste Martins (2002) em 
uma perspectiva rizomática, ou seja, “estar 
entre muitos”.
RIZOMÁTICO
conceito filosófico que se apropria de 
conceito da botânica. Se refere à estrutura 
do conhecimento como uma raiz da qual 
origina-se muitos ramos, como ocorre no 
modelo arbóreo, de forma não hierárquica.
102 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
[...] a mediação ganha hoje um ca-
ráter rizomático, isto é, num sistema de 
inter-relações fecundas e complexas que 
se irradiam entre o objeto de conheci-
mento, o aprendiz, o professor/moni-
tor/mediador, a cultura, a história, o 
artista, a instituição cultural, a es-
cola, a manifestação artística, os 
modos de divulgação, as espe-
cificidades dos códigos, mate-
rialidades e suportes de cada 
linguagem artística... Media-
ção/intervenção que mobi-
liza buscas, assimilações, 
transformações, ampliações 
sensíveis e cognitivas, indi-
viduais e coletivas, favore-
cendo melhores qualidades 
na humanização dos apren-
dizes – alunos e professores. 
(MARTINS, 2002,p.56).
Faz-nos defender que no mo-
vimento de mediação está inseri-
da o desvelamento, a criação de 
conexões, a busca, a construção, 
a desconstrução e a (re)construção 
de sentidos e significados amplia-
dos pelas perspectivas pessoais de 
cada fruidor, trazendo a condição de 
mediar a dimensão individual e coleti-
va do ser humano, sempre de maneira 
questionadora, problematizadora, “um 
estar entre muitos”, como bem define Mar-
tins e Picosque (2012). Daí, “propor a leitura 
em arte pode ser, então, mediar, dar aces-
so, instigar o pensar/sentir do fruidor e am-
pliar sua possibilidade de produzir sentido.” 
(MARTINS, 2010, p.71)
 CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 103
Um canal para isso acontecer é a leitu-
ra de imagens, que converge na busca de 
uma leitura estética. Para tanto, os leitores 
necessitam munir-se de conhecimento e 
sensibilidade. A educação estética pela arte 
potencializa essa ação, uma vez que tem 
como desafio aprimorar a percepção esté-
tica, oportunizando por meio da leitura de 
imagens que o leitor seja capaz de ir além 
do julgamento imediato e possa ler a 
dimensão subjetiva, metafórica do não 
visível da arte.
Para essa compreensão, apresentamos 
os níveis do desenvolvimento estético es-
tudados por Maria Helena Rossi (2003), 
com base nas ideias de Michael Parsons 
(1992) e Abigail Housen (1983). Ressalta-
mos, entretanto, que a denominação “ní-
vel” é por se constituir de elementos evo-
lutivos, mas isso não quer dizer que o leitor 
não possa, ao ler uma imagem, utilizar 
vários níveis. Esse termo não pode servir 
para rotular o leitor – nem nos cabe tal 
pré-julgamento –, é apenas uma referência 
para compreender a maneira de pensar 
naquele momento, está bem?
NÍVEL LEITURA CARACTERÍSTICA
I Realística A interpretação enfoca o real, o concreto, o que 
está representado fisicamente na imagem.
II
Ingênua/realística 
e complexa/
metalética
A interpretação considera ainda a imagem 
como copia do mundo, mas também inclui o 
abstrato, o sentimento do artista, sendo que 
este é visto interferindo na obra. 
III
Complexa/
metalética
A interpretação transcende o que estar 
presente concretamente na obra e busca outras 
possibilidades.
Fonte: elaboração da autora
Para que esses níveis sejam ampliados, desenvolvidos, requer que o mediador(a) pos-
sibilite ao leitor experiências estéticas, que exerçam a função de criar situações de apren-
dizagem para “emboscar os aprendizes da arte em ‘armadilhas estéticas’”, como defende 
Utuari (2014, p. 172). A experiência estética solicita uma mudança na maneira de ver o 
mundo, porque para que ela ocorra é necessário um envolvimento total do ser humano 
com o objeto estético, apreendendo-o de maneira direta, aberta, apaixonada, inquirido-
ra, curiosa, crítica. Lembramos que é por meio do sentimento que nos identificamos com o 
objetivo estético, e com ele nos tornamos um, porque é o sentir, na iminência do sensível, 
em toda a sua potência, que será capaz de causar uma transformação no modo de o 
homem ver, sentir, pensar e agir diante do mundo.
104 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
 Para a concretude, Larrosa nos chama 
atenção dizendo que,
[...] a possibilidade de que algo nos acon-
teça ou nos toque, requer um gesto de 
interrupção, um gesto que é quase im-
possível nos tempos que correm: requer 
parar para pensar, parar para olhar, parar 
para escutar, pensar mais devagar, olhar 
mais devagar, e escutar mais devagar; 
parar para sentir, sentir mais devagar, de-
morar-se nos detalhes, suspender a opi-
nião, suspender o juízo, suspender a von-
tade, suspender o automatismo da ação, 
cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os 
olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos 
acontece, aprender a lentidão, escutar 
aos outros, cultivar a arte do encontro, 
calar muito, ter paciência e dar-se tempo 
e espaço. (LARROSA, 2014, p.25).
 
Como proposta de experiência estética 
trazemos a leitura de imagens como me-
diação de leitura, aqui considerando as di-
ferentes expressões artísticas (obra de arte, 
fotografia, grafite, pintura, performance, 
instalação artística, cinema, dança, a cida-
de, visita ao museu). O que seria então a lei-
tura de imagens? Ler uma imagem corres-
ponde a analisá-la, realizar conexões com 
contextos diversos, apreciá-la.
 CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 105
[...] prepararia os alunos para a com-
preensão da gramática visual de qual-
quer imagem, artística ou não, na sala 
de aula de artes, ou no cotidiano, e que 
torna-los conscientes da produção hu-
mana de alta qualidade é uma forma de 
prepara-los para compreender e avaliar 
todo tipo de imagem, conscientizando-
-os do que estão aprendendo com essas 
imagens. (Barbosa 1995, p.14)
Para operacionalização, apresentamos a 
abordagem triangular de Ana Mae Barbosa 
para a leitura de obra de arte, mas que po-
demos expandir para a leitura de imagens 
de modo geral. Essa abordagem consiste 
em articular de forma rizomática três eixos: 
contextualização, apreciação e produ-
ção. O eixo da contextualização, que pode 
ser dito no plural, porque abarca de manei-
ra reflexiva várias contextualizações – a his-
tória, a cultura, a história de vida, os vários 
estilos e movimentos artísticos. A aprecia-
ção requer descrição, julgamento, inter-
pretação, exigindo do leitor criatividade, 
invenção, saber olhar e ver além do visível. 
A produção é o eixo do fazer, da criação, 
de desafiar o leitor a estabelecer conexões 
diversas e representá-las através da expres-
são artística.
PUXANDO 
PROSA
PARA REFLETIR SOBRE 
A LEITURA DE IMAGEM
1. A leitura só se processa no diálogo 
do leitor com a obra, o qual se dá 
num tempo e num espaço preciso. 
Nesse sentido, não há uma leitura, 
mas leituras, onde cada um precisa 
encontrar modos múltiplos de 
saborear a imagem. (Pillar, 1999, p.20)
2. Não existe uma forma única para 
trabalhar com a leitura de imagens. 
Procurar modelos preestabelecidos 
não é uma condição ideal.
3. Pesquisar para melhor escolher, 
criar e oportunizar caminhos que 
colaborem para o desenvolvimento 
no aluno de relações entre arte e vida.
106 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
3.
A OFICINA COMO 
PRÁTICA DIDÁTICA
Ao planejar essa mediação, propomos 
como metodologia a oficina, por ser uma 
proposta de construção coletiva de conhe-
cimento de forma compartilhada, onde 
se busca a indivisibilidade teoria/prática, 
utilizando como estratégia didático-peda-
gógica a problematização. É um lugar de 
reflexão, empoderamento dos participan-
tes, que se destaca como espaço acolhedor 
para as pessoas narrarem suas histórias, 
expressarem seus sentimentos, produzirem 
seu fazer artístico. Podemos dizer que:
[...] é o espaço de construção e recons-
trução do conhecimento. Não importa se 
é uma sala de aula, um pátio, uma qua-
dra, um quintal, uma sombra de árvore. 
Aí se partilha, descobre e recria o saber. A 
relação humana, nesse espaço, se dá de 
forma horizontal. É o lugar de fazer pen-
sar, redescobrir, reinventar novas formas 
de ver e rever a prática educativa. Traba-
lho em que todos compartilham e viven-
ciam ideias, sentimentos, experiências; 
oportuniza a reconstrução individual e 
coletiva, o contato do eu com o tu (SOU-
SA et al,1994, p. 74).
 
Nesta perspectiva, reforçamos que du-
rante a oficina estabelecemos encontros. 
Encontros de gente face a face, de expe-
riências e histórias de vida, tendo o diálogo 
como base, pois para Freire (1998, p. 93) o 
diálogo representa esse lugar de encontro 
por compreender que no encontro “[...] não 
há ignorantes absolutos, nem sábios abso-
lutos: há homens que, em comunhão, bus-
cam saber mais”. 
 CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 107
Sugerimos para o desenvolvimento daoficina, um roteiro didático, dividido em 
cinco momentos (esses momentos seguem 
uma lógica didática, mas podem ser flexibi-
lizados conforme o contexto.): (a) Aqueci-
mento, (b) Memória, (c) Vivência temática, 
(d) Sistematização reflexiva e (e) Avaliação. 
O compartilhamento de sentimentos é 
uma atividade transversal ao longo do pro-
cesso. Vejamos:
a. Aquecimento: traz o aluno para o 
momento presente, implica princi-
palmente a integração de todos os 
participantes na tarefa comum.
b. Memória: o aluno, através de nar-
rações históricas, escritas ou orais, 
expressa suas ideias, impressões, 
conhecimentos adquiridos anterior-
mente, faz relação, traz para o ins-
tante da dinâmica suas lembranças, 
suas vivências, suas representações 
e ainda faz inclusão, engaja os falto-
sos da aula anterior, avalia, cria, ex-
pressa suas construções.
c. Vivência Temática: nesse momen-
to, o aluno vive e executa uma tarefa 
referente ao tema do encontro (aula, 
oficina). Nesse momento, usamos 
os mais variados instrumentos de 
mediação. Considerando arte como 
expressão de vida, lançamos mão de 
todas as linguagens (teatro, pintura, 
escultura e poesia) para expressar o 
que conhecemos na vida.
d.	 Sistematização	 reflexiva:	este é o 
espaço de articulação das ideias, sa-
beres, valores emergentes na ação, 
a serem agrupados e relacionados 
a uma visão orgânica, em um corpo 
único substanciado com fundamen-
tação teórica.
e. Avaliação: como um ato de inves-
tigação e diagnóstico, nesta ação, 
analisamos todos os momentos vivi-
dos, a qualidade das ações desenvol-
vidas e o sentir das pessoas envolvi-
das (SOUSA; FRANÇA, 2007, p. 84-85). 
Acreditem: este roteiro tem transforma-
do as oficinas em espaços formativos, de 
memórias e narrativas de histórias de vida 
em formação, fortalecendo um olhar mais 
sensível diante do mundo e das experiên-
cias estéticas.
108 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
4.
EXERCITANDO A 
LEITURA DE IMAGENS
Vamos apreciar a imagem a seguir e registrar suas respostas e 
reflexões no seu diário de formação.
PRIMEIRO EXERCÍCIO: Lendo uma obra de arte CONTEXTUALIZACÃO
Sobre o autor: Milton Rodrigues da Costa, mais conhecido como 
Milton Dacosta, foi um pintor, desenhista, gravador e ilustrador bra-
sileiro. Foi casado durante 37 anos com a pintora Maria Leontina e 
é pai do também artista plástico Alexandre Dacosta. Inicialmente 
Dacosta pintou composições figurativas e paisagens.
Sobre a obra: foi criada em 1942, por Milton Dacosta, utilizando a 
técnica de óleo sobre tela, para produzir a obra, que tem dimensões 
75.5 cm x 88 cm.
Problematizando:
Você conhecia esse artista?
Que sentido faz para você estas informações? 
Existem linhas nesta imagem?
Que cores você vê? São claras, escuras, esfumaçadas?
Por que será que as pessoas querem ter obras de arte? 
O que você gostaria de saber mais?
PRODUÇÃO/FAZER ARTÍSTICO
Agora deixe fluir seu potencial criativo e expresse artisticamente seus 
sentimentos ao ser afetado(a) pela leitura da imagem e compartilhe. 
SEGUNDO EXERCÍCIO: Visitando um museu; produzindo 
leituras
Planeje uma visita ao museu da sua cidade. Aqui em Fortaleza, por 
exemplo, temos vários, como o Museu do Ceará, da Fotografia, o 
Museu de Artes da UFC, o Museu do Centro Dragão do Mar de Arte e 
Cultura, entre outros, e prepare-se para realizar uma leitura.
Milton Dacosta – “CIRANDA”. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São 
Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra3600/
ciranda>. Acesso em: 17 de Nov. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
APRECIAÇÃO
Problematizando:
O que vocês estão vendo?
O que essas pessoas estão fazendo?
Onde estão?
Que outros elementos aparecem?
A realidade expressa na obra é a mesma de hoje?
O que poderíamos fazer para mudar a situação atual?
Essa imagem lembra alguma coisa da sua história de vida?
 CURSO FORMAÇÃO DE mediadores de leitura 109
APRECIAÇÃO
Problematizando:
O que você viu no museu?
Tem obra de arte? Esculturas? Pinturas?
O que mais chamou a sua atenção?
Algo lembrou alguma coisa da sua história de vida?
Qual a narrativa está presente no museu?
CONTEXTUALIZACÃO
Problematizando:
Qual museu você visitou?
Quando foi criado o museu?
De onde veio o acervo?
O prédio é patrimônio cultural?
É privado ou público?
Que sentido faz para você essa visita? 
O que você gostaria de saber mais?
PRODUÇÃO/FAZER ARTÍSTICO
Agora deixe fluir seu potencial criativo e 
expresse artísticamente seus sentimentos 
ou faça a sua narrativa ao ser afetado(a) 
pela visita ao museu e compartilhe.
110 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
5.
CONCLUSÃO
Neste fascículo, apresen-
tamos a leitura de imagens 
na sua relação com a arte e 
educação, como uma pos-
sibilidade de mediação de 
leitura, trazendo a reflexão: ao 
realizarmos a leitura de imagens 
estamos estabelecendo a leitura 
“palavra-mundo”, desde que seja 
vivenciada de maneira problema-
tizadora. Defendemos que essa ação 
só será possível se forem oportunizadas ex-
periências estéticas, porque é na dimensão 
do sensível que nos conectamos com nós 
mesmos, com os outros e com o mundo. 
Dai a importância do mediador(a) como 
propositor de “armadilhas estéticas”, 
com o intuito de prover esses leitores com 
conhecimentos e sensibilidade para “trans-
ver” o mundo das visualidades, realizando 
uma leitura que vai “além do visível”.
Sabemos que o ensino de arte ainda luta 
por seu lugar na escola, ultrapassando o 
desenho das datas comemorativas, e que a 
leitura de imagens fica muitas vezes apenas 
no nível realístico, mas concluímos com o 
verbo esperançar na perspectiva freiriana, 
porque acreditamos que sempre é possível 
(trans)formar a prática docente. E você, 
como nós, acredita? Está nas suas mãos.
DESAFIO
Você já visitou um museu virtual? 
Que tal visitar um fazendo uso de 
um computador com acesso à 
internet? Depois, compartilhe com 
seus colegas a sua leitura e o que 
o(a) encantou no museu visitado.
OSTETTO, Luciana E. (Org.) Museu, educação e 
cultura: encontros de crianças e professores 
com a arte. Campinas: Papirus, 2005.
MARTINS, M. C. Aquecendo uma transformação-
-ação: atitudes e valores no ensino de Arte. In: 
BARBOSA, A. M. (Org.). Inquietações e mudan-
ças no ensino da arte. São Paulo: Ed. Cortez, 
2002. p . 49-60.
MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa. Pro-
vocações pra início de outra conversa. In: MAR-
TINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; TELLES, M. 
Terezinha. Teoria e prática do ensino de arte: 
a língua do mundo. São Paulo: FTD, 2010. p. 182 
(Coleção Teoria e Prática).
MARTINS, M. C.; PICOSQUE, G. Mediação Cultu-
ral para professores Andarilhos da Cultura . 
2. ed. São Paulo: Intermeios, 2012
PILLAR, A. D. (Org.) A Educação do Olhar no 
Ensino das Artes. Porto Alegre: Mediação, 1999.
ROSSI, Maria Helena Wagner. Imagens que 
falam. Porto Alegre: Mediação, 2003.
SOUSA, M. do S. et al. Oficinar: uma construção 
coletiva. Revista de Educação da AEC, Local, 
ano 23, n. 90, jan./mar. p. 72-84, 1994. 
SOUSA, M. do S.; FRANÇA, T. M. de S. Diversida-
des de ações educativas: formar formando-se. 
Fortaleza: Encaixe, 2007.
UTUARI, S. O provocador de experiências esté-
ticas. In: MARTINS, Mirian Celeste (Org.). Pen-
sar juntos mediação cultural: [entre]laçando 
experiências e conceitos. São Paulo: Terracota, 
2014. p. 171-176.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Arnaldo. 2 ou + corpos no mesmo 
espaço. São Paulo: Perspectiva, 1997 (coleção 
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Tânia Maria Sousa França (Autora)
é mestre e doutora em Educação com foco na Formação de Professores pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Especialista em 
Arte, Educação e Tecnologias Contemporâneas pela Universidade Nacional de Brasília (UnB). Graduada em Serviço Social pela UECE 
e Pedagogia pela Universidade Metodista. Professora Assistente da Uece, assumindo a docência no Campus de Iguatu (Fecli), membro 
dos grupos de pesquisa Investigação em Arte, Ensino e História (IARTEH/Uece) e Grupo de Estudo e Pesquisa em Patrimônio e Memória 
(GEPPM-UFC/CNPq). 
Rafael Limaverde (ilustrador)
É ilustrador, chargista e cartunista (premiado internacionalmente) e xilogravurista. Formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal de 
Educação, Ciências e Tecnologia do Ceará (IFCE). Escreve e possui livros ilustrados nas principais editoras do Ceará e em editoras paulistas.
RealizaçãoApoio
EXPEDIENTE: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) João Dummar Neto Presidente André Avelino de 
Azevedo Diretor Administrativo-Financeiro Raymundo Netto Gestor de Projetos Emanuela Fernandes 
Analista de Projetos Tainá Aquino Estagiária UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Viviane Pereira Gerente 
Pedagógica Luciola Vitorino Analista Pedagógica CURSO FORMAÇÃO DE MEDIADORES DE LEITURA 
Raymundo Netto Coordenador Geral e Editorial Lidia Eugenia Cavalcante Coordenadora de Conteúdo 
Emanuela Fernandes Assistente Editorial Amaurício Cortez Editor de Design e Projeto Gráfico Marisa 
Marques de Melo Diagramadora Rafael Limaverde Ilustrador
ISBN: 978-85-7529-893-0 (Coleção)
ISBN: 978-85-7529-900-5 (Fascículo 7)
Este fascículo é parte integrante do Programa Fortaleza Criativa, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha e a Secretaria Municipal da Cultura 
de Fortaleza, sob o nº 05/2018.
Todos os direitos desta edição reservados à:
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