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UCA001 Fundamentos Economia I Tema15

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A teoria dos custos de produção
José Tadeu de Almeida
Introdução
Nesta aula, trataremos dos custos de produção de uma empresa, ou seja, verificaremos os 
diferentes tipos de encargos que envolvem o processo produtivo e como eles, em conjunto, deter-
minam as atividades da empresa.
Você terá bastantes ferramentas para refletir sobre as estratégias da empresa no sentido de 
minimizar os custos de produção.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • conhecer as definições dos lucros econômicos e contábeis;
 • compreender os custos de oportunidade e conjunto dos custos de produção: fixo 
médio, variável médio, médio e marginal.
1 Custos contábeis
Em nosso cotidiano, sempre que levamos em conta algum valor monetário que represente o 
consumo de um determinado bem ou serviço, pensamos no custo desses produtos, não é mesmo?
Você, em seu dia a dia, geralmente deve pensar no custo da conta de luz, no custo do tomate, 
dentre outras dinâmicas semelhantes.
Em termos gerais, a definição de custo pode ser diferente de acordo com o ramo de conhe-
cimento a que se dedica ao assunto. Veja que em Economia, dentro da Teoria da Produção, um 
conceito plausível para os custos é dado como o valor monetário que se utiliza para o consumo de 
um determinado fator de produção ou de outras atividades relacionadas à produção.
Você pode perceber que o lucro de uma empresa é obtido, portanto, quando o preço de um 
bem é maior que a soma de todos os seus custos.
FIQUE ATENTO!
Na área da Microeconomia, o uso de recursos monetários para o consumo é lança-
do como custo. Já na Macroeconomia, que investiga a ação do Estado, tais opera-
ções podem ser enquadradas como “despesa” ou “gasto”.
Em termos contábeis, porém, essa definição é um pouco diferente. Um contador leva em 
consideração as estruturas de ativo e passivo da empresa e a depreciação desses ativos, princi-
palmente seus bens de capital. Deste modo, a definição de custo e lucro contábil poderá abranger 
os gastos reais da empresa, juntamente com a depreciação estimada dos bens de capital que 
compõem a estrutura de ativos dessa firma.
2 Custos de oportunidade
O custo de oportunidade, também chamado de custo econômico, é definido pelo custo que 
a firma deve arcar por abrir mão de alguma atividade que lhe seria potencialmente mais lucrativa.
EXEMPLO
Suponha que você venda coco verde na praia e que, em média, consiga ganhar 
cerca de mil reais por mês nessa atividade. Você tem uma qualificação profissional 
que te permitiria ganhar dois mil reais ao mês, mas, por gostar do mar e da paisa-
gem, prefere vender coco. Sendo assim, você precisa levar em conta que está per-
dendo dois mil reais de um salário que poderia estar recebendo ao invés de manter 
seu negócio na praia.
Se, por exemplo, a empresa usa um imóvel próprio, poderia alugar este prédio ao invés de 
usá-lo. O valor perdido pelo aluguel que não é recebido, portanto, é um custo de oportunidade que, 
ainda que “invisível” (pois não importou em uma perda de receita real da firma, que está usando 
aquele ativo), precisa ser considerado no cálculo de custos da empresa.
Outra situação, na qual o custo de oportunidade pode ser visualizado, ocorre dentro da curva 
de possibilidades de produção de uma firma que fabrique dois produtos diferentes, ou que possa 
utilizar seus recursos de maneira diferente.
Figura 1 – Produção e custos de oportunidade
Qa
Qa1
Qa2
Qb1 Qb2 Qb
Fonte: elaborada pelo autor, 2016.
Você pode visualizar diferentes alocações de recursos de uma firma, alocações estas que 
estão sujeitas a custos de oportunidade. Se a firma decide produzir uma quantidade Qa1 do bem 
A, poderá produzir apenas a quantidade Qb1 do produto B. Ao mesmo tempo, poderá produzir a 
quantidade Qb2 do produto B e Qa2 do produto A. O custo de oportunidade associado ao produto 
A, nessa curva de possibilidades de produção, quando a produção do produto B é de Qb2, é dada 
por (Qa1 - Qa2) * Pa. Ou seja, a firma deixa de obter um valor referente às unidades do bem A que 
ela deixou de produzir quando optou por produzir o bem B em maior quantidade (Qb2).
Vale dizer, como enfatizamos, que o custo de oportunidade não se associa apenas à produ-
ção. Supondo que uma firma opere em um grande galpão, ela poderia reformá-lo e fazer módulos 
para aluguel, deixando apenas a metade do galpão para si. Há, portanto, um custo de oportunidade 
que a firma deve incorporar ao não proceder dessa forma.
SAIBA MAIS!
Um excelente estudo a respeito dos custos de oportunidade pode ser encontrado 
no artigo de Anísio Cândido Pereira et al., “Custo de oportunidade: conceitos e 
contabilização”, disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/cest/n2/n2a02.pdf>.
Figura 2 – Consumo ou poupança geram custos de oportunidade
Fonte: pathdoc/Shutterstock.com
3 Custos irreversíveis
Os custos que tratamos por irreversíveis, por sua vez, são totalmente visíveis. São entendidos 
como despesas efetuadas pela firma com fatores de produção cuja finalidade é única, não se des-
tinando a qualquer outra atividade. Portanto, como não há possibilidade alternativa de uso desse 
insumo, seu custo de oportunidade será igual a zero.
EXEMPLO
Considere agora que você é um fotógrafo que vende fotos dos turistas em clubes 
e festas do litoral. Você precisa de uma câmera nova. Esta câmera, por ser um 
equipamento especializado, não tem outra finalidade a não ser tirar fotos (suponha 
que você não possa vendê-la ou reciclá-la). A despesa efetuada na aquisição desta 
câmera, portanto, pode ser entendida como um custo irreversível.
Um custo irreversível trata-se de um gasto que, uma vez feito, não pode ser recuperado de 
maneira alternativa, devendo fazer parte da estrutura de custos de produção de uma empresa 
que opera esses insumos. Esse custo pode, ao máximo, ser amortizado ao longo do tempo e, vale 
dizer, deve ser identificado antes que ocorra, pois, como ele não pode ser recuperado, não deverá 
interferir nas decisões do agente.
4 Custo fixo, variável e total
Você verá agora a estrutura principal dos custos relacionados à produção na firma. São estes 
custos que ela leva especialmente em conta no momento de efetuar sua decisão entre iniciar a 
produção, continuá-la ou encerrá-la.
Vamos começar nossa discussão com a seguinte equação:
CT = CF + CV
Note que o custo total de produção, representado por CT, é dado pela soma dos seus custos 
fixos (CF) e variáveis (CV).
Os custos fixos são representados pelas despesas que a empresa é obrigada a realizar ainda 
que não esteja produzindo sequer uma unidade do bem que resume sua atividade. Eles não depen-
dem do nível de produção. Podemos dar como exemplos de custos fixos as despesas com segurança 
e vigilância, tarifas mínimas de consumo de energia, taxas de localização, dentre outros. Podemos 
avaliar, neste sentido, que não há alternativa à firma para evitar esses custos, a não ser o encerra-
mento de suas atividades. Geralmente, os custos fixos são aplicados em curto prazo.
FIQUE ATENTO!
A discussão de “curto prazo” e “longo prazo” é aplicada em nosso estudo sobre cus-
tos de forma semelhante à usada em outras áreas da Teoria da Produção. Custos 
de curto prazo envolvem as atividades corriqueiras da firma, como pagamentos e 
manutenção. Já no longo prazo, citamos os custos de aquisição de bens de capital, 
pesquisa e desenvolvimento, entre outros.
Por sua vez, os custos variáveis (CV) são aqueles que variam de maneira proporcional aos 
volumes de bens produzidos. Não necessariamente eles devem variar conforme a quantidade pro-
duzida; eles estão presentes quando há produção.
Por exemplo, podemos incluir aqui como custos variáveis o pagamento pelo uso das maté-
rias-primas, os salários dos funcionários e impostos sobre a produção como o Imposto sobre 
Produtos Industrializados (IPI).
FIQUE ATENTO!O pagamento de impostos também é considerado um custo de produção. Logo, ele 
é incorporado ao custo total. Impostos podem ser “fi xos” (como o FGTS por funcio-
nário, por exemplo) ou incidir conforme o volume de produção (como o ICMS e o IPI)
5 Custo médio
O cálculo do custo médio (que podemos denominar por custo total médio) segue a mesma 
dinâmica do custo total e pode ser defi nido pela seguinte equação:
CT CF+ CVCTMe = = = CFMe+ CVMeCTMe = = = CFMe+ CVMeCTMe = = = CFMe+ CVMeCT CF+ CVCTMe = = = CFMe+ CVMeCT CF+ CV
Q Q
Veja que o custo total médio é a expressão dos custos totais da empresa divididos pelo seu 
volume de produção, dado por Q.O custo variável médio é dado pela razão entre os custos variáveis 
(CV) e o volume de produção (Q). Trata-se de uma função direta da quantidade de bens produzidos.
Quanto ao custo fi xo médio, como você viu que ele compreende a razão entre o custo fi xo e 
o volume produzido, poderá deduzir que esse custo possui, em um gráfi co de produção, uma ten-
dência decrescente, pois ele tende a ser diluído à medida que a produção aumentar.
6 Custo marginal
O custo marginal é calculado pela razão entre a variação do custo total mediante o aumento 
de produção de mais uma unidade do bem fabricado pela empresa, conforme a seguinte equação:
CMg = CT
 q
Perceba que, caso os custos fi xos estejam diluídos na produção tal que sua importância seja 
muito pequena ou quase nula, temos que o custo marginal corresponderá à razão entre a variação 
do custo variável e o aumento de produção em um bem. O custo marginal nos indica, portanto, 
qual o custo de produzir uma unidade a mais de um bem em uma empresa.
Observe o comportamento das curvas de custo através dos gráficos que seguem:
Figura 3 – Curvas de custo total, variável e fixo
Custo de Produção
CT
CV
CF
Q
Fonte: elaborada pelo autor, 2016.
Figura 4 – Curvas de custo total médio, variável médio, marginal e fixo médio
Custo por unidade q
CMg
CFMe
Q
CTMe
CVMe
Fonte: elaborada pelo autor, 2016.
A partir desses dois gráficos, você pode ter uma visão geral a respeito do comportamento 
dos custos de produção.
Através do gráfico “Curvas de custo total, variável e fixo”, veja que o custo fixo, representado 
pela reta CF, é constante e não varia com o aumento da produção Q. Da mesma forma, o custo 
variável é igual a zero quando não há produção – o custo variável se manifesta apenas quando 
há produção. Assim, a curva CT, que descreve o custo total, é obtida através da soma dos custos 
variáveis com o custo fixo – a distância entre estas curvas será sempre a mesma.
A partir do gráfico “Curvas de custo total médio, variável médio, marginal e fixo médio”, 
observe as curvas correspondentes aos custos unitários de produção, relacionados a cada uni-
dade de bens produzidos. Se o custo fixo total mantém-se constante, a tendência é que o custo 
fixo médio seja diluído à medida que a produção aumenta, assim a curva CFMe tende a zero. Com 
isso, no limite, as curvas CTMe e CVMe tenderão a encontrar-se.
SAIBA MAIS!
Mesmo que a curva CFMe tenda a zero, pela diluição dos custos fixos no volume 
produzido, ela nunca tocará o eixo das abscissas: mesmo que o custo fixo médio de um 
produto seja de décimos de milésimos de um centésimo de um centavo não será nulo.
No gráfico “Curvas de custo total médio, variável médio, marginal e fixo médio”, você verifica 
o conjunto de curvas correspondentes aos custos médios da produção e ao custo marginal. Como 
o custo fixo total é constante, a tendência do custo fixo médio CFMe é manter-se decrescente ao 
nível próximo de zero.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • conhecer uma das dinâmicas que as empresas consideram no momento de fixar seus 
níveis ideais de produção: a minimização de custos, em conjunto com a maximização 
do emprego dos fatores de produção;
 • verificar, dentro da teoria da firma, que esta possui determinados custos que são estru-
turais, como os custos contábeis, de oportunidade e os custos irrecuperáveis. Eles são 
próprios da existência da firma.
 • aprender que a dinâmica dos custos fixos e variáveis, médios e marginais são propor-
cionais ao volume de produção.
Referências
PEREIRA, Anísio Cândido et al. Custo de oportunidade: conceitos e contabilização. In: Cadernos de 
Estudos. FIPECAFI, n.02. São Paulo: abr. 1990. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cest/n2/
n2a02.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2016.
PINDYCK, Robert; RUBINFELD, Daniel. Microeconomia. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2013.

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