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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA A EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA E SUA PARTICIPAÇÃO NA EVOLUÇÃO DOS ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DA APAE MANACAPURU/AM MANACAPURU/AM 2018 2 ALEF LIMA DA GAMA A EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA E SUA PARTICIPAÇÃO NA EVOLUÇÃO DOS ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DA APAE MANACAPURU/AM Orientador (a): Prof. Esp. Angeany dos Santos Odim MANACAPURU/AM 2018 Monografia Apresentada à Coordenação do Curso de Educação Física da Universidade do Estado do Amazonas, como Requisito Parcial à Obtenção do Título de Licenciatura em Educação Física. 3 4 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA A Monografia A EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA E SUA PARTICIPAÇÃO NA EVOLUÇÃO DOS ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DA APAE MANACAPURU/AM Elaborada por ALEF LIMA DA GAMA Aprovada por todos os membros da Banca examinadora foi aceita pelo Curso de Educação Física e homologada pelos membros da banca, como requisito parcial à obtenção do título de LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA Manacapuru, ___ de junho de 2018. BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Angeany dos Santos Pinto Odim Licenciatura e Bacharelado em Educação Física Especialista em Fisiologia do Exercício e Reabilitação da Coluna Mestrado em andamento em Antidade Física e Desporto _________________________________________ Eylene Mendes Edwards Especialista em Gestão Pública MBA em Gestão de Projetos _________________________________________ Valdeci Eugênia da Silva Licenciatura e Bacharelado em Educação Física Especialista em Gestão Escolar e Psicomotricidade 5 Dedico este trabalho a meus pais, meus amigos e a todos os mestres da educação que colaboraram para que meu conhecimento se acentuasse no decorrer desta árdua jornada. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiríssimo lugar a Deus por manter meu caminho iluminado e em todas as coisas maravilhosas vividas e proporcionadas durante toda esta cansativa trajetória. Aos meus pais, Abelardo e Alcilene que estiveram presentes nos momentos de aflição, cansaço, estresse, e também das alegrias deste curso, e também por toda a força, confiança e dedicação dispensadas durante todos esses anos de graduação, oportunizando-me ser aquilo que escolhi. À Universidade do Estado do Amazonas, juntamente com a Coordenação do Curso de Licenciatura em Educação Física, por nos dar a estrutura pedagógica necessária para que pudéssemos concluir com êxito esta fase de nossas vidas. À Sra. Lacineide Alves da Silva, presidente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais / Manacapuru – AM, por nos abrir as portas para que pudéssemos adentrar no fantástico mundo da pessoa com deficiência e realizar nossa pesquisa. À minha orientadora e professora assistente, Angeany Odim, pelo exemplo de profissional, por toda a dedicação, carinho e confiança, e principalmente por estar presente sempre que precisei. Aos meus amigos, em especial ao ilustríssimo Fontes Jr., por iluminar meu consciente quando eu caminhava na direção errada, e por ser um norte profissional no qual pretendo guiar-me sempre, à Gleide Silva, por todas as palavras de incentivo quando tudo parecia declinar. 7 “E afastando-se uma vez mais, orou dizendo: „Ó meu Pai, se este cálice não puder passar de mim sem que eu o beba, seja feita a tua vontade. ‟”. Mateus 26: 42,44 8 RESUMO O presente trabalho é de caráter qualiquantitativo e foi realizado na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Manacapuru/AM. O estudo tem por objetivo geral qualificar a participação da Educação Física Adaptada, pelas partes atingidas direta e indiretamente, quanto à evolução dos aspectos do desenvolvimento da pessoa com deficiência, e também detectar a variabilidade de opiniões acerca de temáticas que envolvam os pesquisados. Participaram deste estudo 60 pessoas entre alunos com deficiência, pais ou responsáveis, professores multidisciplinares, outros funcionários e professores de Educação Física atuantes na instituição pesquisada, onde os alunos foram primeiramente submetidos ao Mini Mental State Examination (MMSE) (Folstein et al., 1975), e após aprovação, foram submetidos a um questionário estruturado, com perguntas fechadas, juntamente com demais participantes. Apresentam-se como resultados, onde, a Educação Física Adaptada tem participação fundamental na evolução dos aspectos do desenvolvimento dos alunos com deficiência, com maior percentual no aspecto motor e menor percentual no aspecto social. Concluiu-se que as atividades propostas pela Educação Física Adaptada são bem mais importantes que o suposto, e que faz-se necessário realizar estudo mais aprofundados para melhor compreensão da área. Este estudo faz parte do Projeto de Pesquisa “Valores atribuídos à Educação Física Adaptada ante a evolução dos aspectos do desenvolvimento de Pessoas com Deficiência”, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa para Seres Humanos da Universidade do Estado do Amazonas, sob o Parecer Consubstanciado 2.442.796. Palavras-chave: Aspectos do Desenvolvimento. Pessoas com Deficiência. Educação Física Adaptada. Educação Física. 9 ABSTRACT The present work is qualiquantitativ character and was performed at the Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Manacapuru/AM. The study has as general objective to qualify the participation of Physical Education adapted by the parties affected directly and indirectly, with respect to the evolution of the development aspects of the person with a disability, and also detect the variability of opinions about topics that involve the researched. Participated in this study 60 people among students with disabilities, parents or guardians, multidisciplinary teachers, other employees and Physical Education teachers working in the research institution, where students were first submitted to the Mini Mental State Examination (MMSE) (Folstein et al., 1975), and after approval, were subjected to a structured questionnaire with closed questions, along with other participants. They present as results, where the Physical Education Adapted has fundamental participation in the development of the aspects of the development of the students with disabilities, with a higher percentage in the motor aspect and a lower percentage in the social aspect. It was concluded that the activities proposed by the Physical Education Adapted are much more important than the supposed, and that it is necessary to conduct more in- depth study for better understanding of the area. This study is part of a research project"Values assigned to physical education adapted compared the evolution of aspects of the development of Persons with Disabilities", approved by the Research Ethics for humans from the University of Amazonas State, under the Opinion Consubstantiated 2,442.796. Keywords: Aspects of Development. People with Disabilities. Physical Education and Adapted. Physical Education. 10 RESUMEN El presente trabajo es de carácter qualiquantitativo y fue llevada a cabo em Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Manacapuru/AM. El estudio tiene como objetivo general para calificar la participación de la educación física adaptada por las partes afectadas directa e indirectamente, con respecto a la evolución de los aspectos de desarrollo de la persona con discapacidad, y también detectar la variabilidad de opiniones acerca de temas que involucran el investigado. En este estudio han participado 60 personas entre estudiantes con discapacidades, los padres o tutores, profesores, multidisciplinar, otros empleados y profesores de educación física que trabajan en la institución de investigación, donde los estudiantes fueron presentados por primera vez a la Mini Mental State Examination (MMSE) (Folstein et al., 1975), y después de la aprobación, fueron sometidos a un cuestionario estructurado con preguntas cerradas, junto con otros participantes. Se presentan como resultados, donde la educación física adaptada tiene participación fundamental en el desarrollo de los aspectos del desarrollo de los estudiantes con discapacidad, con un porcentaje mayor en el aspecto del motor y un porcentaje menor en el aspecto social. Se llegó a la conclusión de que las actividades propuestas por la Educación Física adaptada son mucho más importantes que la supuesta, y que es necesario llevar a cabo un estudio en profundidad para una mejor comprensión de la zona. Este estudio es parte de un proyecto de investigación "Valores asignados a la educación física adaptada comparó la evolución de algunos aspectos del desarrollo de las personas con discapacidad", aprobada por el Comitê de Ética e Pesquisa para Seres Humanos da Universidade do Estado do Amazonas, bajo la Opinión Consustanciado 2,442.796. Palabras clave: Aspectos del Desarrollo. Las personas con discapacidad. La educación física y adaptado. La educación física. 11 LISTA DE ILUSTRAÇÕES GRÁFICO 1 – Frequência Relativa de Respostas dos Aspectos Sociais .................46 GRÁFICO 2 – Medidas Estatísticas da Frequência Absoluta de Respostas dos Aspectos Sociais .......................................................................................................46 GRÁFICO 3 – Frequência Relativa de Respostas dos Aspectos Afetivos................49 GRÁFICO 4 – Medidas Estatísticas da Frequência Absoluta de Respostas dos Aspectos Afetivos.......................................................................................................49 GRÁFICO 5 – Frequência Relativa de Respostas dos Aspectos Cognitivos............51 GRÁFICO 6 – Medidas Estatísticas da Frequência Absoluta de Respostas dos Aspectos Cognitivos...................................................................................................52 GRÁFICO 7 – Frequência Relativa de Respostas dos Aspectos Motores................53 GRÁFICO 8 – Medidas Estatísticas da Frequência Absoluta de Respostas dos Aspectos Motores.......................................................................................................54 GRÁFICO 9 – Frequência Relativa Geral de Respostas por Aspecto.......................55 GRÁFICO 10 – Medidas Estatísticas da Frequência Absoluta de Respostas dos Aspectos em Geral.....................................................................................................55 QUADRO 1 – Desenvolvimento da libido, em fases, nas diferentes etapas da vida.30 QUADRO 2 – Ordem dos Componentes Suscetíveis à Influência da EFA...............55 12 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Principais Desenvolvimentos nos Oito Períodos do Ciclo de Vida.......25 TABELA 2 – Resultado por Questões dos Aspectos Sociais....................................44 TABELA 3 – Resultado por Questões dos Aspectos Afetivos...................................47 TABELA 4 – Resultado por Questões dos Aspectos Cognitivos...............................49 TABELA 5 – Resultado por Questões dos Aspectos Motores..................................52 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais CENESP – Centro Nacional de Educação Especial CONADE - Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência EF – Educação Física EFA – Educação Física Adaptada EUA – Estados Unidos da América JECCRIM – Juizado Especial Cível e Criminal LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação MEC – Ministério da Educação MMMSE – Mini Mental State Examination OMS – Organização Mundial da Saúde ONU – Organização das Nações Unidas PCD – Pessoa com deficiência PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais SESC - Serviço Social do Comércio 14 SUMÁRIO Página 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14 2 REVISÃO DA LITERATURA......................................................................... 17 2.1 BREVE ABORDAGEM HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA........... 17 2.1.1 Aspectos Históricos da Educação Física........................... 2.1.2 A Educação Física no Brasil................................................ 2.2 EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA: METODOLOGIA INCLUSIVA PARA A PRÁTICA DE ATIVDADES FÍSICAS.......................................... 2.2.1 Uma Nova Abordagem ao Desenvolvimento da Pessoa com Deficiência chamada Educação Física Adaptada............... 2.2.2 Histórico e Caracterização da Educação Física Adaptada......................................................................................... 2.2.3 A Importância da Educação Física Adaptada para a Pessoa com Deficiência................................................................. 2.3 DESENVOLVIMENTO HUMANO....................................................... 2.3.1 Conceitos Básicos e Períodos do Ciclo de Vida................ 2.3.2 Aspectos do Desenvolvimento Humano............................. 2.3.2.1 Aspectos Sociais.......................................................... 2.3.2.2 Aspectos Afetivos......................................................... 2.3.2.3 Aspectos Cognitivos.................................................... 2.3.2.4 Aspectos Motores........................................................ 2.4 UM OLHAR SOBRE A CAMINHADA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL....................................................................... 2.4.1 A Pessoa com Deficiência do Período Colonial até a Atualidade....................................................................................... 2.4.2 Conceito de Deficiência e a Nomenclatura Correta para a PCD.................................................................................................. 2.5 ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS: 68 ANOS CONTRINUINDO PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.................................................................................. 2.5.1 Histórico da APAE no Brasil................................................2.5.2 Nasce a APAE em Manacapuru/AM..................................... 2.5.3 Os Objetivos da Instituição e a Justificativa para o Projeto APAE – Manacapuru/AM.................................................. 17 18 20 21 21 23 24 24 27 27 28 29 31 32 32 33 35 35 36 38 3 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................. 40 4 RESULTADOS............................................................................................... 44 4.1 RESULTADOS DOS ASPECTOS SOCIAIS....................................... 44 4.2 RESULTADOS DOS ASPECTOS AFETIVOS.................................... 47 4.3 RESULTADOS DOS ASPECTOS COGNITIVOS............................... 4.4 RESULTADOS DOS ASPECTOS MOTORES................................... 4.5 RESULTADOS GERAIS POR ASPECTO.......................................... 5 DISCUSSÕES................................................................................................ 49 52 54 56 6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 59 15 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 60 APÊNDICES...................................................................................................... 66 ANEXOS .......................................................................................................... 73 14 1 INTRODUÇÃO A Educação Física (EF) se auto afirma um fator imprescindível de influência no bom desenvolvimento de várias áreas fisiológicas não somente de escolares, mas de qualquer público ao qual esteja inserida. No âmbito educacional temos a multidisciplinaridade como forma de incentivo e progressão no processo de desenvolvimento dos aspectos cognitivos, afetivos e motores deste indivíduo, mais precisamente dentro da disciplina que é foco deste estudo: a EF, abordada em 2.1, na qual possui uma área específica para estudos, planejamentos e elaboração de aulas que incitem o aluno a superar sua deficiência, demonstrando a capacidade de evoluir de acordo com o seu tempo e sua motivação, trata-se da Educação Física Adaptada (EFA), subtópico 2.2, que é a área de conhecimento da EF que possui como foco incluir pessoas com deficiência (PCD) em convivência com jogos, esportes, exercícios e outras atividades. As aulas de EFA são capazes de oferecer muito aos alunos portadores de diversos tipos de deficiência, dentro da amplitude de todos os seus estágios. Fielmente, as atividades propostas dentro do bom planejamento do profissional de EF promovem com veemência a maior integração social do aluno portador desta deficiência com os demais, provocando seu interesse pela disciplina bem como a evolução em seu desenvolvimento psicomotor. Todas as deficiências afetam principalmente o desenvolvimento em áreas consideravelmente importantes como: comunicação, interação sócia, motricidade, afetividade e cognição. Machado (2001), afirma que uma das formas de se trabalhar os aspectos do desenvolvimento, subtópico 2.3, deste indivíduo, e os possíveis desvios é por meio da intervenção psicomotora, área de atuação do profissional da Educação Física. Esse tipo de intervenção poderia modificar a forma como os alunos aprendem alguns conteúdos dentro das aulas, pois a capacidade físico/sensorial do aluno seria aumentada, através das atividades bem planejadas que compunham o planejamento dos docentes desta disciplina. Assim, seria possível sistematizar os 7 sentidos deste indivíduo para lidar com as atividades externas que o educando encontrará durante a vida. A intervenção psicomotora surge como uma possibilidade de minimizar os prejuízos enfrentados pelos alunos com deficiência. Podemos visualizar também como importante parte do processo a formação dos professores de EF, que devem estar preparados para lidar com estes alunos, 15 em quaisquer circunstâncias, a formação inicial não basta, mas também uma mudança decorrente de toda a esfera educacional, pois é notório que são poucas as escolas que se encontram preparadas para receber uma PCD, subtópico 2.4. E ao falarmos destes indivíduos dentro do âmbito social ou educacional instalado na atualidade, perpassamos insegurança aos ouvintes pelo fato do não conhecimento do real desenvolvimento destas pessoas, sejam eles dentro ou fora dos ambientes frequentados pela sociedade. A definição de PCD obteve várias modificações durante o decorrer da história. Ou melhor, não se trata primeiramente de uma definição qualquer, mas sim, do modo como a pessoa com deficiência é encarada e incluída perante a sociedade. A forma com a qual será compreendida a deficiência e as razões de sua existência influenciará diretamente na aceitação e relacionamento destas pessoas dentro do âmbito social, educacional e familiar. Tratar de modo definitivo um ser humano como deficiente é uma tarefa extremamente difícil, mas também de suma importância, haja vista que devemos buscar a materialidade igualitária entre as pessoas e a compreensão de que a dignidade de qualquer ser humano ultrapassa todos os obstáculos que podem impedir o bom desenvolvimento do deficiente, trazendo assim a perspectiva da elaboração de novos instrumentos objetivando a efetividade desta igualdade. No pensamento da sociedade a deficiência ainda está relacionada com a limitação, esta relação, porém, caberia a todos os seres da espécie humana, pois, sabe-se que em alto ou baixo grau todos somos limitados de alguma forma, seja ela de caráter físico, mental, psicológico, social, etc. O ser humano já nasce com estas limitações e é assim por natureza, e sua aceitabilidade vai tomando forma a partir do seu desenvolvimento, e das influências dos ambientes ao qual está inserido para que este ache a sua dignidade nas atuações durante a sua vida. E foi com esta proposta que a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), subtópico 2.5, de Manacapuru/AM foi fundada, pautadas em acompanhar a PCD durante todo o seu ciclo de vida, nas mais diversas especialidades desde a prevenção a reabilitação, com atenção especializada, dar apoio intensivo e atendimento educacional ao estudante com deficiência intelectual e múltipla, valorizar alianças estratégicas com vários setores e segmentos sociais para a melhoria da qualidade de vida e inclusão da PCD, defender e garantir o direito destas pessoas nas mais diferentes instâncias, visando suas necessidades de 16 desenvolvimento, saúde e bem-estar, combatendo a violência e a exploração, habilitar seus profissionais em variados ofícios, voltados para as aptidões dos estudantes a fim de desenvolver suas atividades sociais, e desenvolver a autossugestão, a auto defensoria e a convivência em família desta PCD. E tomando por base todos os assuntos já expostos neste trabalho buscou-se responder à problemática referente à participação da Educação Física Adaptada no processo evolutivo ou declinante dos aspectos do desenvolvimento dos alunos da APAE/Manacapuru – AM. Sabe-se então que esta sendo a única instituição que atende diretamente as PCDs em Manacapuru/AM, além das escolas que obrigadas pela Legislação incluem alunos com deficiência em suas salas de aula, presta todos os serviços citados acima, juntamente com a EFA – foco desta pesquisa -, incluída nesta como disciplina curricular, que tem o poder, se realizada frequente e corretamente, fazer com que este alunoprogrida no âmbito dos aspectos do desenvolvimento mais rapidamente que o normal, ao passo que, a EFA não realizada, ou ainda que aconteça, sem profundo conhecimento e envolvimento do (a) professor (a), poderá acarretar prejuízos ao aluno. Partindo deste pressuposto, a escolha da temática desta monografia, justifica-se mediante o método empírico e ao questionário com os participantes do ciclo desta instituição, que como objetos deste estudo são viventes das situações e da evolução ou não do aluno com deficiência nos aspectos do desenvolvimento através das aulas de EFA. Objetivou-se então com este trabalho, qualificar a participação da EFA, pelas partes atingidas direta e indiretamente, quanto à evolução dos aspectos do desenvolvimento de PCDs. E como objetivos secundários: sintetizar o perfil comportamental, emocional, social e motor das PCDs, na atualidade; apresentar a relação entre a EFA e o processo de evolução dos aspectos cognitivos, afetivos, motores e sociais destes alunos; apontar o nível em que cada grupo é afetado pelos resultados dessa evolução. 17 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 BREVE ABORDAGEM HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 2.1.1 Aspectos Históricos da Educação Física As atividades humanas das quais se tem conhecimento científico durante o período pré-histórico dependiam do movimento, ou de qualquer ação física. Quando se analisa uma cultura primitiva, logo percebe-se o nível de importância das atividades físicas para o homem primitivo. Diversos estudos científicos provam que o humano primitivo era o único que possuía o dedo polegar, portanto este “desenvolveu a preensão, por oposição daquele dedo aos demais. Isto, inclusive, facilitou o aperfeiçoamento da habilidade de lançar” (OLIVEIRA, 2006, p. 13). Uma das atividades físicas com mais significado para os homens pré históricos era dança, utilizada para enaltecer tanto suas qualidades físicas quanto seus sentimentos, e a dança primitiva teria características lúdicas, místicas e afetivas, mas também servia como exercício físico, pois os povos notaram que através deles o seu estado de consciência se tornava mutável. Os estudiosos classificam neste período as 3 principais bases da Educação Física, como naturalista, utilitária e guerreira (MARINHO, 1980). Ainda entre esses povos primitivos, tem-se conhecimento de que poucos eram civilizados, e aqueles que faziam parte deste pequeno grupo faziam parte de um período da História chamado de Antiguidade Oriental. Sendo este um novo contexto, supõe-se que os exercícios físicos passem despercebidos por povos ansiosos pelos conhecimentos de um novo tempo. Isto, porém, não ocorreu, os exercícios físicos passaram a ter ainda mais destaque no meio social. Pois neste período surgiram diversas atividades estruturadas como: caça, lutas, natação, navegação, pesca, ginástica, corrida, arco e flecha e equitação. Na Grécia Antiga, observa-se a Educação Física como uma ferramenta educativa onde a ginástica era tida como grande fator para que o homem fosse saudável de fisicamente e psicologicamente, deu-se então origem ao pensamento sobre o corpo e a alma. O povo grego tornou ainda a Educação Física suporte para muitos hábitos como: treinamento dos exércitos, eventos tanto desportivos quanto 18 religiosos, atividades do dia a dia, desenvolvimento físico e espiritual, entre outros e foi da língua desse povo que a palavra olimpíada originou-se. Outro destaque no âmbito da história da Educação Física é Roma, onde os aspectos e os objetivos dos exercícios físicos eram outros, dos quais podemos citar: a formação guerreira, os jogos romanos, e outras situações onde o físico seria muito exigido como atividades circenses, teatrais e treinamentos de corrida. Enfatiza-se aqui o prazer dos romanos pelas justas, que segundo PUGA BARBOSA, BATALHA & AMARAL (2010, p. 32) “eram disputadas entre dois cavaleiros que se precipitavam um contra o outro devendo derrubá-lo do cavalo.”. Os romanos também por influência dos gregos edificaram seus estádios, estes, que se tornariam o principal cenário dos Jogos Olímpicos. Na verdade fora conhecidos justamente com a inserção do esporte helênico em Roma (186 a.C) e estavam destinados às competições atléticas e às lutas. Na Idade Média, com início a partir da divisão do império Romano (395) por Teodósio I, segundo Oliveira (2006, p. 32) e encerrando-se com a queda da capital oriental (1453), a Igreja era a instituição maior, e a única que resistiu ao longo deste período milenar. Este período foi marcado como um divórcio entre o físico e o intelectual, onde a saúde mais importante para o ser humano era a da mente, este princípio suprimiu a EF, deixando-a sem a prática com intuito à saúde humana. A Educação Física neste período, não tinha destaque especial, a não ser pela Cavalaria do império, que a utilizava como fonte de preparação para a guerra, recebendo dela treinamento intelectual como o xadrez, práticos entre arco e flecha, esgrima, e lança. No período do Renascimento, a Educação Física reintroduz-se nos currículos elitistas, onde os exercícios físicos referem-se aos princípios da educação cortês, ou seja, da burguesia. Vários foram os pensadores desse período que se dedicaram à escrita e reflexão acerca da importância dos exercícios físicos. O Estudo dos movimentos dos músculos e articulações de Leonardo da Vinci foi um dos primeiros tratados conhecidos pelo mundo acerca da biomecânica. 2.1.2 A Educação Física no Brasil É no século XVIII, já na Idade Moderna que podemos encontrar alguns dos verdadeiros precursores da Educação Física, por exemplo, a fundação do primeiro estabelecimento escolar desde a Grécia Clássica, na Alemanha em 1774 por 19 Basedow, contendo um currículo onde a ginástica e todas as outras disciplinas corriam lado a lado; o reconhecimento de Salzmann, também na Alemanha, em 1784, aos valores pedagógicos nos exercícios físicos; as orientações de Pestalozzi através de parâmetros médicos para a ginástica, tendo por objetivo a correção postural. Na sociedade contemporânea, a EF é marcada pelo trabalho livre e culto ao belo, garante NETO (2001), a necessidade de produção solicita mão-de-obra fisicamente ativa, possibilitando a eficácia do trabalho. Assim a EF está direcionada a formação de trabalhadores fisicamente qualificados, correspondendo às exigências de mercado, bem como, a procura da beleza imposta pelo meio social. Para alguns estudiosos da história da EF, fazem alusão à Educação Física no Brasil, inicialmente, a partir das atividades indígenas que já ocorriam aqui antes mesmo da chegada dos portugueses em 1500, onde nos é permitido citar que estes também realizavam a mesma prática dos homens primitivos. No Brasil, os objetivos e propostas para o ensino da EF, forma se modificando ao longo dos anos e influenciando a formação teórica e prática dos profissionais dessa disciplina. O processo histórico de desenvolvimento da EF no Brasil passou por expressivas mudanças com relação à sua prática. Desde o Brasil colônia os nativos já praticavam Educação Física, conforme relata TOSETI (1998, p. 11), “No Brasil colônia, (1500-1822) apenas os índios praticavam a educação física, através de sua vida natural e livre.”. No Brasil Império, tivemos em 1828 o primeiro livro de educação física chamado “Tratado de Educação Física – Moral dos Meninos”, escrito por Joaquim Jerônimo Serpa. No ano de 1851, a Educação Física foi incluída como matéria no currículo escolar, e em 1854 a ginástica passou a ser uma disciplina obrigatória no ensino primário e a dança no ensino secundário, porém, foi a partir de 1920 queos estados iniciaram a inclusão da EF em reformas educacionais e o nome de ginástica era pouco utilizado. Em 1867 surgiu os “Estatutos Higiênicos sobre Educação Física, Intelectual e Moral do soldado”, escrito por Eduardo Pereira de Abreu, Rui Barbosa criaria neste período o projeto de notoriedade chamado “Reforma do Ensino Primário” em que a Educação Física era colocada como elemento indispensável à formação integral do indivíduo. No Brasil República, surgiram no ginásio Nacional, as primeiras práticas 20 da Educação Física Escolar mediante o tiro ao alvo, ginástica, saltos, peteca, entre outros jogos recreativos. Já no século XX, “a EF surge pela necessidade de formar homens saudáveis e fortes aptos a participarem de quaisquer possíveis eventualidades, como guerras e defesa da pátria”, como nos fala AMORIM (2001, p. 11). A partir dessas expectativas, se iniciou o pensamento sobre a prática escolar, porém com um caráter militarista, onde foi dada a importância a EF com o objetivo de conter as rebeliões e os conflitos dos anos 60 e 70 mantendo a ordem. Na década de 80, a disciplina ganhou um papel mais importante ainda, o de formadores de atletas, como menciona AMORIM (2001, p. 12), que com o fim da ditadura militar e início de uma Nova república, a Educação Física assume um caráter mais desportista, ou seja, direcionada à formação de atletas. Nesse parâmetro, foi acentuada a exclusão através dos desportos de competição, pois a seleção acabava deixando exclusa a maioria da clientela de escolas públicas. AMORIM (2001) cita ainda, que foi somente a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 9394/96, é que a EF tornou-se de fato um componente curricular da Educação Básica nas escolas deste país, devendo ser aplicada em todos os níveis escolares. Ainda na opinião deste mesmo autor, nos dias atuais, a EF assume um papel extremamente pedagógico, onde suas práticas são voltadas para a formação humana, nos seus aspectos sociais, afetivos e motores, tendo planejamentos elaborados a partir daquilo que o homem já tem absorvido nos ambientes externos, incentivando a busca pelo conhecimento interno. 2.2 EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA: METODOLOGIA INCLUSIVA PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS O Profissional de Educação Física, voltou sua atenção para trabalho com pessoas com deficiência relativamente nos últimos tempos, assim como faz pouco tempo que a sociedade como um todo começou a voltar seu olhar para esse público. As instituições ainda estão com sua base teórica em formação acerca desse tema, porém, uma série de ocorrências está produzindo uma mudança progressiva na maneira de encarar e tratar a PCD, onde a EFA pode significar melhores condições de vida e maior inserção social, pois 21 A educação é um direito universal do ser humano, sem discriminação nem exclusão. É direito de ser sujeito e ser diferente. É direito de aprender a autonomia para o exercício da cidadania. É um fim em si próprio e um recurso essencial para a realização de todos os direitos humanos (MONTEIRO, 2006, p. 165). 2.2.1 Uma Nova Abordagem ao Desenvolvimento da Pessoa com Deficiência chamada Educação Física Adaptada A Educação Física sempre foi uma área bastante excludente, e ainda é no que se refere ao âmbito educativo; No decorrer do tempo tem crescido o número de pessoas com deficiência que estão frequentando as aulas de Educação Física, em especial no Ensino Regular. No que consta a Constituição Federal de 1988 e a lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional (lei nº 9394/96) obrigam as escolas a receberem todos os indivíduos portadores de deficiência. Porém, existem também as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs) abordadas mias a frente deste estudo, onde são matriculados apenas alunos com deficiência. A partir da criação da APAE, alguns estudos demonstraram que a EFA passou a ser mais amplamente disseminada, onde os documentos legislativos ressaltam a importância da interação das características individuais dos alunos dentro do ambiente destas instituições socialmente e educacionalmente, chamando a atenção das demais instituições para o desafio de incluir as diferenças. No entanto, mesmo com essa perspectiva conceitual transformadora, as políticas educacionais implementadas, não alcançaram o objetivo de levar a escola comum a assumir o desafio de atender as necessidades educacionais de todos os alunos, como a APAE assume. Nessa perspectiva podemos enfatizar a situação da qale as escolas devem adaptar-se para acomodar todas as crianças, deficientes ou não. Na APAE, porém é essencial o aprendizado de forma que abranja todas crianças e traga entrosamento entre PCDs e os demais alunos construindo assim uma educação inclusiva (ESPANHA, 1994). 2.2.2 Histórico e Caracterização da Educação Física Adaptada No início da década de 80, surgiram várias propostas e planos visando a ação mais vigorosa em favor dos direitos de cidadania, da exclusão relacionando PCDs, “tendo seu ápice me 1981, sendo nomeado o Ano Internacional para as Pessoas Deficientes, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o 22 propósito de conscientizar a sociedade para o início de um processo de mudança de atitudes com relação a essa população (Silva, 1986 apud SILVA E DRIGO, 2012). A área denominada Educação Física Adaptada teve início a partir de ações envolvendo a participação de PCDs no desporto incluso nas aulas de Educação Física das escolas do período pós-guerra entre as décadas de 50 e 70, usando-se a denominação de EFA nos Estados Unidos da América (EUA) e na Europa, e o termo “reeducação psicomotora” na França (Maueberg-DeCastro, 2005 apud SILVA E DRIGO, 2012). Já no Brasil, prática da EFA já era realizada no âmbito escolar antes mesmo de esta ser oferecida em cursos universitários como disciplina curricular específica. E com o mercado exigindo ainda mais a presença destes especialistas, Tojal (1990) afirmava que se faziam necessários mais profissionais da EF, formados nas diversas áreas de atuação, porém, não somente formados, mas, com a competência adequada para assumir o grande compromisso que é lidar com a EFA. E ainda na década de 80, a Universidade de São Paulo, a Universidade Federal de Uberlândia, a Universidade Federal de Minas Geral e as Faculdades Isoladas Castelo Branco, iniciaram programas de formação profissional e de pesquisa na área da EFA (Pettengill; Costa, 1997). No decorrer dos anos, Cidade; Freitas; Pedrinelli (2001) indicam que essa disciplina recebeu diferentes denominações, como Atividade Motora Adaptada, Educação Física Especial, Educação Física Adaptada, entre outras e atualmente conforme afirma DUARTE E WERNER (1995), apud CIDADE E FREITAS (2002, p. 27) conceitua-se que, “A Educação Física Adaptada é uma área da educação física que tem como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com necessidades educacionais especiais, adequando metodologias de ensino para o atendimento ás características de cada aluno com deficiência, respeitando suas diferenças individuais.” Sabe-se que o processo de ensino aprendizagem deve estar sempre se adequando a cada uma das características individuais do aluno com deficiência. Porém, sabemos que a EFA é um imenso campo das atividades físicas onde o mediador paciente, criativo e observador é o professor de Educação Física. Este, por sua vez encontra inúmeros desafios na tentativa de desenvolver os Programas de Atividades Físicas para os alunos com deficiência, desafios estes correlacionados com a formação inicial inconsistente, posto que, como já citado anteriormente no 23 Brasil só a partir da décadade 80 começou a ocorrer estudos sobre pessoas com deficiência e possíveis intervenções nos cursos de Educação Física, por meio de disciplinas específicas, como a Educação Física Especial e a Educação Física Adaptada. A formação dos professores de Educação Física para lidar com alunos com deficiência é de extrema importância, mas não basta somente uma boa formação inicial, e sim mudanças em toda a esfera educacional, pois nem todas as escolas estão prontas para acolher o aluno com deficiência. Todos estes problemas, sejam na formação dos profissionais ou no ambiente educacional, vêm tornando-se fundamental no momento em que a inclusão é um assunto importante no âmbito escolar. 2.2.3 A Importância da Educação Física Adaptada para a Pessoa com Deficiência A EFA é uma das ferramentas que deve ser utilizada como suporte pedagógico na educação sistematizada de alunos com deficiência e sua relevância vai além dos pressupostos sensoriais, ela engloba aspectos humanos, emocionais, a pessoal e interpessoal, enfim é uma absorção de conhecimentos sem precedentes eu o mesmo não iria adquirir caso não houvesse o incentivo às atividades físicas. A dificuldade do profissional de EF com certeza será redobrada daquela que este teria com alunos sem deficiência, pois o nível cognitivo das PCDs está abaixo, porém Fonseca (1995, p. 73) nos fala que, Aprender a aprender é possível nos deficientes. Por mais condições adversas que se levantem, o organismo humano é um sistema aberto e sistêmico e como tal, a inteligência só pode ser concebida como um processo interacional, flexível, prático, dinâmico e auto regulado. Como se sabe, a EFA é um direito da PCD, não somente para que esta se sinta inclusa, mas sim para que esta tenha uma melhor evolução em todos os âmbitos do seu desenvolvimento, principalmente no que se refere aos aspectos cognitivo, afetivo e motor, para isto VENTURINI et. al. (2010) a Educação Física contribui para o desenvolvimento do afetivo, social, e intelectual de alunos com deficiência, pois o incentivo à inclusão torna a autoestima e a autoconfiança mais evidente e assim não há desigualdade. O ajuste gradativo da EF para alunos deficientes evidencia a compreensão de limitações e capacidades, estimulando o 24 desempenho do aluno. É imprescindível que o professor conheça seu aluno e sua necessidade educacional especial, se houver, pois atualmente esta disciplina não trabalha apenas com alunos ditos normais, mas também frisa a importância da prática inclusiva de alunos especiais em suas aulas, e no caso da APAE, o envolvimento com todas as outras pessoas que fazem parte deste ciclo de ensino- aprendizagem. Dito isto, infere-se que a prática da Educação Física para as PCD, lhe proporcionará inúmeros benefícios, além dos já citados e através deste o indivíduo melhorará sua qualidade de vida e seu tempo estará bem ocupado, com distrações saudáveis ao qual poderá desenvolver sua autonomia e se sentir uma parte importante e integrante do mundo. 2.3 DESENVOLVIMENTO HUMANO O desenvolvimento de qualquer indivíduo tem início através da formação de uma única célula no momento da concepção, Cole e Cole (2003. p. 68). Entretanto, cada ser humano gerado possui uma gama de informações genéticas que são exclusivas dele, tornando-se único em todo o universo, como tal, ainda assim é um simples instrumento evolutivo de sua espécie, necessitando passar por várias transformações para chegar ao ápice de sua existência humana. A ciência encara o desenvolvimento do ser humano como uma caixinha de surpresa, pois, apesar de que a maioria segue os padrões já estabelecidos através de estudos profundos neste assunto, alguns driblam todo o conhecimento científico tendo uma linha de desenvolvimento bem distinta do esperado. O processo da vida é regido pelas forças biológicas e só a elas cabe a compreensão exata do enigma que cada pessoa carrega, ainda que influenciados pelo ambiente externo. 2.3.1 Conceitos Básicos e Períodos do Ciclo de Vida O campo do desenvolvimento humano prioriza no estudo científico da mudança dos seres humanos, e também de como se igualam do nascer ao morrer. Através dos conhecimentos adquiridos, sabemos que as mudanças são mais perceptíveis na infância, porém são decorrentes durante toda a vida do indivíduo. As mudanças no ser humano são numerosas, diversificadas e muitas vezes aleatórias, dificultando seu estudo mais profundamente. 25 Papalia e Olds (2000, p. 25), divide o desenvolvimento humano em dois tipos de mudanças: a quantitativa e a qualitativa. A mudança quantitativa é uma mudança em número ou quantidade, como o aumento do peso e altura ou no vocabulário. A mudança qualitativa é uma mudança do tipo, estrutura ou organização, como o desenvolvimento de um bebê não verbal para uma criança que compreende e fala uma língua. Dentro dessas mutações ocasionadas naturalmente nos seres humanos, sua maioria apresenta uma continuidade ou coexistência básica na personalidade e no comportamento. E quando o campo do desenvolvimento humano passou a ser uma disciplina de suma importância científica, os objetivos outrora simples, tornaram-se ainda mais complexos, incluindo a descrição, explicação, previsão e modificação do comportamento humano. O ciclo de vida humana é dividido em oito períodos de acordo com Papalia e Olds (2000, p. 26): (1) pré-natal, (2) primeira infância, (3) segunda infância, (4) terceira infância, (5) adolescência, (6) o jovem adulto, (7) meia idade e (8) terceira idade. Vale ressaltar que estas divisões são aproximadas, valendo principalmente para a vida adulta onde os fatores sociais ou físicos bem definidos quase não existem. Ainda assim, pode-se caracterizar cada período com algumas das principais mudanças (ver Tabela 1). A compreensão do desenvolvimento humano pode ajudar a muitas pessoas a lidarem com as transições entre as mudanças, que para alguns ocorre de forma simples, todavia, em outros, como no caso de pessoas com deficiência, essas mudanças podem ser até mesmo cruéis, haja vista, que este não possui desenvolvimento igual biologicamente falando. O desenvolvimento do indivíduo “é um processo igual para todos os seres humanos, mas ao mesmo tempo único e individual em vários aspectos” LUMMERTZ E ROMANO (2009, p. 19), por esta razão este assunto complexo causa grande interesse aos estudiosos do ser humano como um todo. TABELA 1 - Principais Desenvolvimentos nos Oito Períodos do Ciclo de Vida Faixa Etária Principais Desenvolvimentos Estágio pré natal (concepção até o nascimento) Formação da estrutura e órgãos corporais básicos. O crescimento físico é o mais rápido de todos os períodos. Grande vulnerabilidade às influências ambientais. 26 Primeira infância (nascimento até os 3 anos) O recém-nascido é dependente, porém competente. Todos os sentidos funcionam no nascimento. Crescimento físico e desenvolvimento das habilidades motoras são rápidos. Capacidade de aprender e lembrar estão presentes, até mesmo nas primeiras semanas de vida. Compreensão e fala se desenvolvem rapidamente. Autoconsciência se desenvolve no segundo ano. Apego aos pais e a outros se forma aproximadamente no final do primeiro ano de vida. Interesse por outras crianças aumenta. Segunda infância (3 a 6 anos) Força e habilidades motoras simples e complexas aumentam. Comportamento é predominantemente egocêntrico, mas a compreensão da perspectiva dos outros aumenta. Imaturidade cognitiva leva a muitas ideias ilógicas acerca do mundo. Brincar, criatividade e imaginação tornam-se mais elaborados. Independência, autocontrole e cuidado próprio aumentam.Família ainda é o núcleo da vida, embora outras crianças comecem a se tornar importantes. Terceira infância (6 a 12 anos) Crescimento físico diminui. Força e habilidades físicas se aperfeiçoam. Egocentrismo diminui. Crianças passam a pensar com lógica, embora predominantemente concreta. Memória e habilidades de linguagem aumentam. Ganhos cognitivos melhoram a capacidade de tirar proveito da educação formal. Autoimagem se desenvolve, afetando a autoestima. Amigos assumem importância fundamental. Adolescência (12 a 20 anos) Mudanças físicas são rápidas e profundas. Atinge-se a maturidade reprodutiva. Capacidade de pensar abstratamente e usar o pensamento científico se desenvolvem. Egocentrismo adolescente persiste em alguns comportamentos. Busca de identidade torna-se fundamental. Grupos de amigos ajudam a desenvolver e testar a autoimagem. Relacionamento com os pais geralmente é bom. Jovem adulto (20 a 40 anos) Saúde física atinge o máximo, depois cai ligeiramente. Habilidades cognitivas assumem maior complexidade. Decisões sobre relacionamentos íntimos são tomadas. A maioria das pessoas se casa; a maioria tem filhos. Escolhas profissionais são feitas. Meia-idade (40 a 65 anos) Ocorre certa deterioração da saúde física, e declínio da resistência e perícia. Mulheres entram na menopausa. Sabedoria e capacidade de resolução de problemas práticos são acentuadas; capacidade de resolver novos problemas declina. Senso de identidade continua a se desenvolver. Dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e pais idosos pode causar estresse. Partida dos filhos tipicamente deixa o ninho vazio. Para alguns, sucesso na carreira e ganhos atinge o máximo; para outros ocorre um esgotamento profissional. Busca do sentido da vida assume importância fundamental. Para alguns, pode ocorrer a crise da meia idade. 27 Terceira idade (65 anos em diante) A maioria das pessoas é saudável e ativa, embora a saúde e a capacidade física declinem um pouco. Retardamento do tempo de ração afeta muitos aspectos do funcionamento. A maioria das pessoas é mentalmente ativa. Embora a inteligência e a memória possam se deteriorar em algumas áreas, a maioria das pessoas encontra modos de compensação. Aposentadoria pode criar mais tempo para o lazer, mas pode diminuir as rendas. As pessoas precisam enfrentar perdas em muitas áreas (perda de suas próprias faculdades, perda de afetos) e a iminências de sua própria morte. Fonte: PAPALIA E OLDS (2000, p. 27). 2.3.2 Aspectos do Desenvolvimento Humano Sabemos que o desenvolvimento humano é repleto de complexidade, pois este ocorre em diversos aspectos e em vários períodos da vida (ver Tabela 1), porém os estudiosos deste tema buscam incessantemente simplificar esta discussão, delimitando estas transformações nos seguintes aspectos: sociais, afetivos, cognitivos e motores. Ainda que estes aspectos estejam entrelaçados, podemos caracterizá-los separadamente, de acordo com a tendência desta pesquisa que tem sua amostra inserida nos períodos, terceira infância e adolescência. 2.3.2.1 Aspectos Sociais O desenvolvimento infantil engloba o aspecto social no âmbito social de uma sociedade que forma e oprime a criança. “O ser humano evolui de uma simbiose e dependência relativa para expressar sua personalidade, no seio de grupos, com uma dinâmica e suas próprias leis.” CAMPOS (1997, p. 78), no entanto, a psicanálise não aceita que a criança receba o incentivo social passivo ou seja, desenvolva seus aspectos sociais apenas com motivos intrínsecos, considerando-se também a importância dos fatores individuais e biológicos. Wallon afirma que, a socialização surge repentinamente, mas a partir do meio em que este se encontra inserido e das influências encontradas neste, para evoluir socialmente. FREUD (1984), admite que a pulsão social não pode ser uma pretensão original e que pode encontrar sua origem no seio familiar, onde já no nascimento há um conhecimento do mundo exterior e a descoberto do outro, no caso dos pais, criando-se uma ligação com os mesmos. O desenvolvimento social ocorre também a partir do desenvolvimento intelectual, segundo Piaget, pois o mesmo abandona o egocentrismo, separando o 28 sujeito do objeto. Para AJURIAGUERRA (1971), não podemos compreender a socialização sem ter em conta os imperativos instintivos e a organização dos mecanismos de defesa do eu. Na terceira infância, a participação das crianças em grupos é cada vez mais importante para que haja a socialização, nesta fase, estes indivíduos aprendem melhor em conjunto a obedecer as regras e a seguir certa moral, no que se refere também aos gêneros masculino e feminino, bem como a comportar-se em público, haja vista que as informações são repassadas para todo o grupo e a noção de as regras valem não só para um, mas para todos os indivíduos do grupo. Durante a adolescência, Campos (1997) diz que aproximadamente aos 13 ou 14 anos, as meninas começam a ver os meninos como parceiros para sair, primeiro que os meninos, que só tendem a ter esses pensamentos a partir dos 14 ou 15 anos, devido à maturação tardia física e emocional em relação ao sexo oposto. Uma fonte importantíssima de apoio emocional encontrada na adolescência é o envolvimento destes com um grupo de amigos, onde estes sentem-se confortáveis em compartilhar todas as suas tristeza, alegrias, e principalmente as suas mudanças. Para ele o grupo de amigos é fonte de afeto, solidariedade e compreensão, um grupo destinado a experimentar para vivenciar, e um ambiente de autonomia e independência dos pais. 2.3.2.2 Aspectos Afetivos Na vida afetiva de um se humano, existem dois sentimentos básicos envolvidos em tudo o que este ser humano é capaz de fazer: o amor e o ódio. Estes dois juntam-se muitas vezes e são direcionados a uma só pessoa, diferenciando-se apenas nos momentos em que aparecem, dito isto, esta atitude de dirigir estes dois sentimentos a uma mesma pessoa é chamado de ambivalência. O ser humano é ambivalente durante toda a sua vida, e principalmente quando está em formação, seja, com seus amigos, com seus filhos, com os professores, com a família, etc. Segundo alguns estudos, quando o ser humano nasce, este não possui a ambivalência, ou seja, ainda não possui a capacidade de amar ou odiar. Estes dois sentimentos deverão ser desenvolvidos ao longo de sua formação biológica, dependendo da experiência do ambiente externo bem como de suas características internas, para desenvolver um dos dois em maior quantidade. 29 Porém, ao ser humano não é dado o poder de escolher ter afetos ou não, e principalmente, ser ambivalente, estas atitudes são regidas pelo inconsciente. O inconsciente é uma das maiores descobertas de Sigmund Freud, médico austríaco, o “pai” da psicanálise, nascido em 6 de maio de 1856, e falecido em 23 de setembro de 1939, aos 82 anos. Freud insistia que o ser humano é determinado por processos que desconhece e, estes processos fazem parte do seu inconsciente. A Psicanálise, contribui arduamente para o aspecto afetivo do desenvolvimento, sobretudo, no que se refere ao desenvolvimento libidinal. A libido, segundo a Psicanálise é uma energia sexual que move os indivíduos em busca do prazer. Freud explica que o sexual é distinto do genital, pois, o ato de aprender, por exemplo, é um ato sexual, pois oferece prazer, mas não genital. Este médico criou uma divisão para as etapas da vida de acordo com o desenvolvimento da libido e suas fases (ver Quadro 1). Podemos verificar que a Terceira infância e Adolescência – períodos da amostra desse estudo – abrange: a fase de latência, onde, afonte de prazer tem repressão temporária dos interesses sexuais, ou seja, não há o interesse da sexualidade do sexo oposto, pois o prazer advém do exterior, da curiosidade e do conhecimento como ganhos substitutos; a fase genital, onde o adolescente e o adulto veem no sexo oposto o valor sexual para o companheirismo, e o prazer sexual das relações sexuais. O conhecimento do desenvolvimento da libido, ajuda o professor a entender as fases dos aspectos afetivos em que o seu aluno se encontra, bem como a sexualidade do mesmo, para libertá-lo dos estigmas pregados pela sociedade em que o mesmo vive. 2.3.2.3 Aspectos Cognitivos Os pesquisadores atuais focalizam em melhorias gradativas nos aspectos do desenvolvimento cognitivo da criança, diferente de Piaget, que descrevia as mudanças qualitativas. Algumas dessas mudanças podem originar-se do aprendizado. Dito isto, alguns especialistas inferem que o ganho de conhecimento pode ajudar a explicar os avanços percebidos por Piaget. Para ele, a base biológica é de suma importância no cognitivo da criança, entretanto, ela não determina o desenvolvimento infantil, ela apenas abre as possibilidades. Pois, segundo Piaget (1987) não pode haver maturação, se não há a estimulação do ambiente. 30 QUADRO 1 - Desenvolvimento da libido, em fases, nas diferentes etapas da vida. Fonte: Baseado no quadro exibido por Piletti (1999), p. 208 in LEPRE (2008). O desenvolvimento cognitivo é um processo contínuo que passa por estádios que marcam diferenças qualitativas de um nível de pensamento e conduta para o outro. Piaget divide em quatro estágios: sensório-motor (0-2 anos); pré- operatório (2-7 anos); operatório-concreto (7-12 anos) e operatório-formal (12 anos em diante). O aspecto cognitivo das crianças na terceira infância e adolescência – dentro do estágio operatório concreto e operatório-formal - conta com a aquisição de informações do que antes, e também se tornam mais eficazes para aprender o que é ensinado dentro do ambiente escolar. O tempo para processar combinações de figuras e realizar equações mentalmente diminui regularmente (Kail, 1991 apud Papalia e Olds, 2000). Esse aperfeiçoamento também pode ser notado em diversas tarefas, pois o processamento de informações afeta muitas partes do desenvolvimento cognitivo, ou seja, ele aumenta a capacidade da mente de armazenar e assimilar os dados recebidos, pois a memória é bastante aperfeiçoada, ou seja, além de as crianças serem mais capazes de prestar atenção ao que o professor ensina, sua capacidade de assimilar este conteúdo também é maior. No período operatório-formal (12 anos em diante), o raciocínio hipotético – dedutivo está em construção, onde o adolescente é capaz de criar várias hipóteses 31 acerca de diferentes conteúdos assimilados e questionar sobre elas sem que alguém o influencie a esta atitude. Os planos estarão em alta, bem como sua execução, podendo avaliar os resultados e recriar um novo plano, consertando os erros anteriores. Antecipa consequências e as analisa, seu pensamento torna-se livre das limitações da realidade concretas. 2.3.2.4 Aspectos Motores Durante a terceira infância, as habilidades motoras do indivíduo estão em continuidade de aperfeiçoamento. Estes se tornam mais fortes, mais rápidos e há uma grande melhoria na coordenação, e estes apresentam ainda um prazer extremo ao testar seus corpos para descobrir novas habilidades. Deve-se a isto, o fato de a Educação Física prever atividades livres, que incentivem o aluno a descobrir-se e ao mesmo tempo aprender a respeitar que o outro também está passando pelas mesmas descobertas que ele. Os jogos que exigem mais habilidades da criança são mais utilizados também para que esta avalie sua própria força em relação às outras crianças, as diferenças motoras de meninos e meninas vão se tornando maiores, pois estas crianças estão se aproximando da puberdade. O indivíduo do sexo masculino tende a realizar as atividades propostas com mais rapidez, como correr com maior rapidez, arremessar mais alto e mostrar força superior às meninas (Cratty, 1986). Parte das diferenças entre o desenvolvimento motor do menino e da menina, deve-se a força cada vez mais crescente nos meninos, porém, estas diferenças podem ser influenciadas pelas expectativas e experiências culturais que os cercam, bem como o nível de treinamento e de atividades físicas praticadas, e sua taxa de participação em atividades que aprimorem o desenvolvimento motor. Nota-se que a cada momento, a atenção voltada para o aspecto motor da menina é cada vez mais ampliada, então estas diferenças podem ser diminuídas no decorrer dos anos. Na adolescência, que dura quase uma década de acordo com a divisão de Papalia e Olds (2000), geralmente considera-se também como a puberdade, que é o processo da maturação sexual e a capacidade de reprodução. Segundo as autoras, na antiguidade as crianças ingressavam no mundo adulto quando amadureciam fisicamente, hoje em dia este amadurecimento se torna precoce, ocorrendo antes do que deveria. Porém, isto não impede que sua mudança motora ocorra, é neste período que o adolescente finaliza a estruturação do seu esquema corporal 32 demonstrando maior controle e domínio corporal. O indivíduo só irá dispor de uma imagem mental do corpo em movimento a partir dos 10/12 anos. O seu referencial estará não mais centrado no seu próprio corpo, mas são exteriores ao sujeito, podendo ele mesmo criar os pontos de referência que irão orientá-lo. Como nos fala LEPRE (2008), “ele já é capaz de se localizar em um determinado local, sabe chegar na casa de amigos e parentes e é capaz de ensinar esses caminhos, “de memória”.”. 2.4 UM OLHAR SOBRE A CAMINHADA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL 2.4.1 A Pessoa com Deficiência do Período Colonial até a Atualidade No período colônia o nosso país, o Brasil, mantinha todas as suas legislações de acordo com a regência de Portugal, pois assim evidenciam os registros escassos da época, a atenção dada às pessoas com deficiências era mínima, que durante o século XVIII eram cuidadas em casa e em outros casos até abandonadas. Podemos citar entre como prova dessas situações, a “roda dos abandonados”, conhecida como local de destino de órfãos, rejeitados e crianças deficientes. Os atendimentos mais importantes eram dados aos cegos e os surdos, com a criação, em 1854, do Instituto dos Meninos Cegos (atual Instituto Benjamin Constant) e do Instituto dos Surdos-Mudos (hoje, Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES), em 1857, fundados na cidade do Rio de Janeiro, por iniciativa do governo Imperial (JANNUZZI, 1992; MAZZOTTA, 1996). Já em 1874, um dos hospitais, o Hospital Juliano Moreira, que era localizado em Salvador, na Bahia, priorizaram o atendimento à pessoa com deficiência mental, Isso se tornou uma revolução para a época, haja vista que outros hospitais mentais como era chamados só surgiram no início do século XX nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Durante as primeiras décadas do século XX, o país vivenciou a estruturação da República e o processo de popularização da escola primária (RODRIGUES; MARANHE, 2010). Mas em todos estes casos, apesar de se incentivarem a criação destes espaços para o cuidado com a PCD, não havia profissionais voltados para o lado educacional deste, que continuava sem soluções, a solução encontrada foi formar professores. 33 A partir daí, em meados de 1930, veio ao Brasil a psicóloga e educadora Helena Antipoff. Foi ela que organizou e coordenou cursos de formação de professores e fundou os serviços de diagnósticos e classes especiais nasescolas públicas no estado de Minas Gerais. Anos mais tarde, esses serviços se estenderam pelos demais estados. Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa a ser fundamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), que aponta o direito dos “excepcionais” à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino (BRASIL, 1961). Em 1973, o Ministério da Educação (MEC), o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), ficaram com a responsabilidade de gerenciar a educação especial no Brasil. Com a intenção de integrar os serviços, o CENESP impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação, mas ainda configuradas por campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado. (BRASIL, 2007a). Nos anos de 1990, com a evolução da declaração de Salamanca, o governo criou o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE). O intuito desse órgão seria facilitar gestões descentralizadas e possibilitar a comunicação entre sociedade civil e governo. Porém, mesmo com a criação de tantos conselhos, permanecia a escola pouco democratizada e a educação especial como um sistema de ensino paralelo ao ensino popular. Esta situação permaneceu até parte do ano 2000, quando a ênfase da escola se centraliza em seu poder que transforma os rumos da Educação, dito isto, necessitou-se que os profissionais da educação atentem-se para as individualidades que os alunos possuem e valorizem os métodos e as técnicas de que ensino que atendam a todas as necessidades. Temos por mais atuais mudanças o PNE 2011-2020, por sua vez, foi apresentado como o projeto de lei n° 8.035 de 2010. Contudo, este ainda está nos trâmites legislativos. 2.4.2 Conceito de Deficiência e a Nomenclatura Correta para a PCD Várias designações foram dadas às deficiências ao longo do tempo dentro do ambiente social e médico ao qual as PCDs estavam inseridas, por exemplo, Ribas (1994) conta que a sociedade recriava uma figura representativa deste 34 indivíduo discriminadamente através de palavras como: excepcional, cego, inválido, surdo, aleijado, louco, anormal, dentre outros. Ou seja, a deficiência tinha sua nomenclatura visada na deficiência pertence ao indivíduo, sem a observação das outras capacidades que estas pessoas possuíam. Mas de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a deficiência é conceituada como o substantivo atribuído a toda a perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica. Citando, portanto, a biologia do ser humano como principal agente dessas deficiências. Todo o ser, portador de qualquer problema físico ou mental, que não tenha ou falte uma parte anatômica, obtendo assim, várias dificuldades em todos os seus aspectos: de locomoção, percepção, pensamento ou relação social é considerado deficiente. As deficiências classificam-se em: Portadores de Deficiência Auditivos, Visuais (sensorial), Mental, Física, Múltipla; Portadores de Condutas Típicas (comportamentos típicos de portadores de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos com repercussão sobre o desenvolvimento e comprometimento no relacionamento social); Paralisia: prejuízo (sequela de agressão encefálica), permanente do movimento e da postura, resultante de uma desordem encefálica não progressiva. É causada por fatores hereditários ou problemas havidos durante a gravidez, parto, período neonatal ou nos dois primeiros anos de vida. Pode ser acompanhada de rebaixamento mental e distúrbios convulsivos. O que se encontra estabelecido quanto às terminologias é o acordado na Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência, que foi aprovada em 13 de dezembro de 2006, tornando- se lei nacional para todos os países que fazem parte da Organização das Nações Unidas: passando-se a usar a terminologia adequada “pessoa com deficiência” (Brasil, 2007). Como afirma também o Estatuto da Pessoa com Deficiência (2000) em seu Artigo 2º que afirma: “Consideram-se pessoas com deficiência aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.” Assim sendo, quando foram escolhidas as terminologias corretas quanto às questões das deficiências, adquiriu-se vantagens ao acentuar os aspectos 35 dinâmicos na forma verbal ao se definir a deficiência como condição intrínseca do ser humano e mão como uma condição condenatória ao mesmo, proporcionando assim uma dignidade e um valor maior a estes indivíduos. 2.5 ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS: 68 ANOS CONSTRUINDO O DESENVOLVIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA 2.5.1 Histórico da APAE no Brasil A APAE é um ato pioneiro neste país, criado primeiramente com o intuito de assistenciar pessoas com deficiência intelectual. Esse ato de criação ocorreu no dia 11 de dezembro de 1954, no Rio de Janeiro, por Beatrice e George Bemis, diplomatas representantes dos Estados Unidos, ao chegarem ao Brasil, naquele ano, não acharam nenhuma instituição na qual pudessem inserir seu filho que possuía com Síndrome de Down. Conforme o citado acima, este fato motivou os diplomaras a esforçar-se para articular um instrumento que visasse o atendimento das pessoas com deficiência intelectual, como conta Véras (2000). Juntamente com o casal, juntaram-se pais, amigos e alguns profissionais da saúde, e assim, iniciou-se o primeiro movimento denominado Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, em março de 1955, em uma reunião na sede da Sociedade Pestalozzi do Brasil, para a escolha do Conselho Administrativo. Inicialmente a APAE contou com o apoio e o espaço cedido pela Sociedade Pestalozzi, dando prosseguimento aos trabalhos pedagógicos; formando duas turmas com 20 crianças com deficiências (VÉRAS, 2000). O movimento logo ampliou-se entre outras capitais e depois para as cidades interioranas. De 1954 a 1962 surgiram 16 APAEs no território brasileiro. Conforme o movimento foi crescendo, fez-se necessário a criação de uma organização nacional para a articulação dos ideias que iriam surgir. Dia 10 de novembro de 1962, foi inaugurada a Federação Nacional das APAEs – FENAPAE, no estado de São Paulo, no consultório do Dr. Stanislau Krinski, funcionando por vários anos. Este grupo de fundação comtemplou a participação das famílias no movimento como prioridade, destacando a necessidade de se conhecer as histórias de vida de seus grupos especiais. 36 A FENAPAE em 1964 ganhou sede própria do Governo Federal, no Rio de Janeiro e, atualmente, suas instalações estão localizadas no Distrito Federal, em Brasília, esta vem gerenciando “um movimento associativo entre famílias, escolas, organizações de saúde e sociedade, para promover e articular ações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência intelectual e múltipla na perspectiva de sua inclusão social” (CARVALHO; CARVALHO; COSTA, 2011, p. 15). Na atualidade as APAEs estão estruturadas em níveis hierárquicos, sendo eles quatro: 1. Federação Nacional das APAEs é a responsável por proporcionar atenção integral e integrada às pessoas com deficiência, provocando articulações, interligação entre saberes, recursos, programas e ações. “Implica o ordenamento das filiadas e seus serviços em parcerias locais com a comunidade, de modo a potencializar as ações e seus resultados” (CARVALHO; CARVALHO; COSTA, 2011, p. 16); 2. Federações das APAEs nos estados,responsáveis pelos rumos, diretrizes, e estratégias do Movimento e, pela articulação política, defesa de direito e ações, em âmbito estadual; 3. Conselhos Regionais das APAEs, com a função de organizar as APAEs nas microrregiões, orientando seus rumos e sendo o contato direto entre a base e a Federação das APAEs no estado; 4. APAEs nos municípios, são as prestadoras de serviços e atendimentos diretos ao seu público especial. Com seis décadas de história, esta importante instituição sempre esteve em constante evolução quanto às suas implicações, e o seu papel na vida de pessoas com necessidade e a participação daqueles que são acometidos pelas situações que a vida lhes impõe. 2.5.2 Nasce a APAE em Manacapuru / AM A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Manacapuru/AM foi fundada em 04/05/1995, através da ideia da professora e secretaria de Assistência Social da época, Maria das Neves Marães Moutinho, juntamente com um grupo de senhoras. É uma instituição civil, filantrópica, de caráter cultural, assistencial e educacional sem fins lucrativos e tem entre outras a finalidade de promover melhoria 37 na qualidade de vida das pessoas com deficiências, em todos os ciclos da vida, buscando assegurá-los o pleno exercício da cidadania. Ademais a mesma é mantenedora do Centro Educacional de Educação Especial Solimões, situada na Rodovia Manuel Urbano, km 74 s/n, na entrada do Ramal do Calado, distante da cidade a 14 km, onde desenvolve trabalhos pedagógicos com as PCDs em conformidade com legislação em vigor, na qual busca utilizar modernas técnicas e metodologias de ensino, agindo com responsabilidade e seriedade. Mantém também o Centro de Reabilitação e Estimulação Precoce, destinado às atividades de fisioterapia, onde funciona o setor de administração. Atualmente a APAE atende 121 PCDs e seus familiares, perfazendo um total aproximado de 650 pessoas usufruindo dos serviços postulados pela instituição, porém tendo a capacidade para atender mais de 2.000 pessoas, como comprovado em anteriores. Esta busca ainda oferecer serviços de qualidade primando por profissionais excelentes e qualificados, abrindo também espaços para profissionais voluntários os quais desejam colaborar com a instituição. Além de atendimentos pedagógicos, a APAE conta hoje com os serviços dos seguintes profissionais: assistente social, psicóloga, pedagoga, gestora e fisioterapeuta. Vale salientar que, embora a APAE/Manacapuru foi criada em 1995, só passou a funcionar em prédio próprio em 2007, tendo em vista o apoio do Governo do Estado, em vez que viabilizou a construção do Centro de Educação Especial Solimões em 2006, que tinha como objetivo garantir espaço físico adequado para ministrar as aulas. Logo em seguida, veio a aquisição de um micro ônibus para que a dificuldade que os alunos tinham em se locomover para o local fosse amenizada. Por consequente, em 2011, através do Projeto Direitos Iguais para Todos, conseguiu-se um ônibus, financiado no valor de R$ 298.000,00, adaptado com 40 lugares, fazendo com que a evasão de alunos diminuísse, bem como, a demanda de matriculados sendo aumentada. Em 2014, a APAE foi pleiteada com um espaço multiuso por meio do Projeto Viver Melhor, com o objetivo de proporcionar um local seguro e confortável para as atividades escolares e sociais, passando então a garantir aos usuários melhores condições nas atividades como o previsto. Tão logo, em 2015, teve início o Projeto Caminhando com a Inclusão, que teve como objetivo primordial, proporcionar a inclusão por meio de atividades ocupacionais visando o desenvolvimento das PCDs, com a finalidade de assegurar 38 os direitos das mesmas e a cidadania. E atualmente, para o desenvolvimento e funcionamento de todos esses serviços prestados às PCDs e seus familiares a instituição conta hoje com fontes de recursos e financiamentos: SEDUC, e Prefeitura de Manacapuru/AM, mas sempre que possível a APAE realiza eventos beneficentes para arrecadação de recursos e divulgação de seus trabalhos. A APAE também conta com o apoio do Serviço Social do Comércio (SESC) por meio de doações do Mesa Brasil, assim como espaço físico, do Juizado Especial Cível e Criminal (JECCRIM) doadores de gêneros alimentícios, e do Corpo de Bombeiros que orientam e ministram treinamentos de primeiros socorros. 2.5.3 Os Objetivos da Instituição e a Justificativa para o Projeto APAE – Manacapuru/AM A APAE prioriza a melhoria a qualidade de vida dos deficientes e seus familiares ao oferecer uma educação inclusiva e de boa qualidade, além das várias atividades de esporte, cultura e lazer, incentivando na construção da autonomia de seus usuários. Beneficiando, portanto, os deficientes e seus familiares assistidos pela APAE e a comunidade em geral. Sendo essas ações propostas em suas diretrizes no Art.º. Alínea “n”, promover e articular serviços e programas de prevenção, educação, saúde, assistência social, esporte, lazer, visando à inclusão social da pessoa com deficiência. Sendo assim, o objetivo geral da APAE é contribuir para a melhoria de vida estimulando a efetivação de práticas diante a ampliação de ensino por meio de ações que agregam conscientização e participação familiar, promovendo a inclusão possibilitando o acesso nas áreas sócio assistenciais, saúde, educação, cultura, lazer, ética e valores humanos. E seus objetivos específicos são: 1. Disponibilizar espaço e metodologias que contribuam para a promoção do desenvolvimento das capacidades físicas, intelectuais e coordenativas das pessoas com deficiência participantes do projeto por meio de atividades esportivas, culturais e lazer, possibilitando ao máximo o desenvolvimento das aptidões individuais e grupais; 2. Facilitar a relação interpessoal, sua interação na comunidade e consequentemente a inclusão social, que tem foco decisão simultânea de estratégias através de identificação entre eles, não com o saber científico, mas com 39 a história de cada um, suscitando reflexões acerca da importância dos valores humanos para fortalecimento das relações sociais e pleno exercício da cidadania; 3. Possibilitar e garantir o acesso aos atendimentos sociais, psicológicos, fisioterapêutico, dentre outros oferecidos na instituição como as oficinas propondo uma nova forma de ação rompendo com o modelo tradicional, oferecendo mais qualidade de vidas às famílias que delas necessitam com atendimentos personalizados em pequenos grupos, em ambiente saudável visando aprimorar os atendimentos. O processo de inclusão tem ocupado um espaço nas discursões na sociedade brasileira. Desta forma, vários projetos buscam o desenvolvimento social na tentativa de se alcançar uma melhoria na qualidade de vida das PCDs, ou mudar uma determinada situação. Com proposta inclusiva neste campo de trabalho tem-se investido na aprendizagem e espera-se contribuir para a qualidade de vida de todos que fazem parte do projeto sendo um grande desafio pois, hoje precisa-se de seres aptos para outras formas de viver. Nesse rol de justificativa, permeia-se salientar a importância de se fazer o melhor por essas pessoas, porém, só é possível, pois temos uma APAE que busca permanentemente junto ao governo do Estado apoio e parcerias lutando incansavelmente mudar a vida de quem precisa dos atendimentos. 40 3 MATERIAIS E MÉTODOS Esta pesquisa seguiu os princípios éticos presentes na Resolução nº 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde do Brasil e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa para Seres Humanos da Universidade do Estado do
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