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pensamento pedagogico historia dos sistemas educacionais no Brasil

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UNIDADE 2
PENSAMENTO PEDAGÓGICO
ObjETIvOS DE APrENDIzAGEM
	Reconhecer atribuições das diferentes esferas de governo e o papel 
da escola diante das Políticas Educacionais vigentes no país.
TÓPICO 1 – A ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS 
EDUCATIVOS NO BRASIL
TÓPICO 2 – A EDUCAÇÃO NO PRIMEIRO E NO 
SEGUNDO REINADO 
TÓPICO 3 – A EDUCAÇÃO NO PERÍODO 
REPUBLICANO E A 
REDEMOCRATIZAÇÃO DA NOVA 
REPÚBLICA
TÓPICO 4 – A LEGISLAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO 
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA NA 
ATUALIDADE
TÓPICO 5 – POLÍTICAS E PROGRAMAS 
EDUCACIONAIS (PDE, FUNDEB 
/ FUNDEF, AVALIAÇÃO 
INSTITUCIONAL ESCOLAR)
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. Ao final de cada 
um deles, você encontrará atividades visando à compreensão dos 
conteúdos apresentados.
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A ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS 
EDUCATIVOS NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 1
Embora esse caderno não possua a pretensão de comparar conceitos e épocas, até 
porque, segundo Veyne (1992), o passado é morto e ausente, enquanto que o presente, 
vivo e mutável oferece-nos apenas uma releitura do que se foi; algumas transformações, 
acontecimentos e pensamentos ocorridos no mundo merecem maior atenção para que se possa 
esclarecer como o Brasil construiu seu sistema educativo e que influências foram relevantes 
nesse processo.
A Europa do século XVI convenceu-se de que era detentora da verdadeira fé, superior 
a outros povos, baseada nos bons costumes e com a prevalência das tradições cristãs sobre 
as demais expressões religiosas. As coisas, pessoas e fatos deveriam permanecer onde Deus 
as havia colocado, seguindo uma hierarquia, essa era a lógica social da época. Nesse sentido, 
o missionário, um vigilante da cristandade, deveria converter os costumes que não estivessem 
de acordo com a visão projetada pela interpretação cristã (PAIVA, 2003).
UNIDADE 2
DICA
S!
Cristandade é o conjunto dos países ou povos cristãos. A palavra 
provém do latim christianitas, e tem três vertentes principais: o 
Catolicismo, a Ortodoxia Oriental (separada do catolicismo em 
1054 após o Grande Cisma do Oriente) e o Protestantismo (que 
surgiu durante a Reforma Protestante do século XVI). Os cristãos 
acreditam que Jesus Cristo é o Filho de Deus que se tornou 
homem e o Salvador da humanidade, morrendo pelos pecados do 
mundo. Geralmente, os cristãos se referem a Jesus como o Cristo 
ou Messias. É considerado modelo de vida virtuosa, e encarnação 
de Deus. Os cristãos chamam a mensagem de Jesus Cristo de 
Evangelho.
FONTE: Adaptado de: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristianismo>. Acesso 
em: 22 mar. 2013.
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Deve-se inicialmente esclarecer o que é a Companhia de Jesus. Em latim Societas Iesu 
(S. J.), a Companhia de Jesus é uma congregação religiosa fundada em 1534, por um grupo 
de estudantes da Universidade de Paris, liderados pelo basco Inácio de Loyola. A Congregação 
foi reconhecida por bula papal em 1540, e seus membros ficaram conhecidos como jesuítas 
(COSTA, 2004).
Resultado de inúmeras transformações sociais na cultura europeia, e da Reforma 
(deflagrada por Martinho Lutero, na Alemanha, opondo-se a alguns conceitos da Igreja), a 
Companhia de Jesus era fruto e meio da disseminação do cristianismo, pois a legitimidade 
de reinos e povos daquela época estava diretamente atrelada à fidelidade e à Igreja. A ordem 
social, o poder político, valores, costumes, tudo era explicado de acordo com a fé cristã (a 
crença em um Deus único e onipresente) (PAIVA, 2003). 
NOTA
! �
Martinho Lutero, nascido na Alemanha, sacerdote católico 
agostiniano, opôs-se aos conceitos da Igreja católica quanto à 
cobrança de indulgências, ou seja, remissão parcial ou total sobre 
os castigos impostos aos pecadores; sendo, por isso, excomungado 
pela Igreja, acusado de heresia. Sua proposta reformista fundou o 
Protestantismo, que seguia apenas a doutrina registrada na Bíblia. 
Traduziu a Bíblia para o alemão, com grande aceitação popular. 
Hoje, há cerca de 70 milhões de luteranos no mundo.
Pode-se saber um pouco mais sobre sua vida assistindo ao filme 
“Lutero” ou “Luther”, dirigido por Eric Till: Alemanha, 2003.
Assim, a Companhia de Jesus é fruto de uma tentativa de teocratização da Europa, em 
que a Igreja buscava converter os povos dos países recém-descobertos por meio da religião 
católica. No Brasil, não foi diferente. Descoberto pelos portugueses em 1500, a história colonial 
brasileira se estende até 1822, com a independência do país. Na verdade, a colonização do 
Brasil só se inicia com a chegada da expedição do primeiro Governador Geral do Brasil, Tomé 
de Sousa, em 1549, que trouxe os primeiros jesuítas para evangelizar os índios. O período 
que vai desde a chegada dos portugueses às terras brasileiras em 1500, até essa data (1549) 
é chamado de período pré-colonial (ARRUDA; PILETTI, 2007).
Para melhor compreender o contexto educacional brasileiro e a importância da 
participação jesuítica nesse processo, é imperativo destacar que não se considera a educação 
indígena marcante, pois se estabelece o período jesuítico como primeiro a ser considerado 
para fins de estudo, embora os índios que aqui viviam possuíam um sistema educacional 
característico a cada tribo, ainda que não escolarizado. A divisão cronológica da história 
educacional brasileira ocorreu, sempre salientando o caráter didático dessa divisão, conforme 
mostra o quadro a seguir.
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QUADRO 2 – DIVISÃO CRONOLÓGICA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
Períodos que marcaram a Educação no Brasil
Período Jesuítico (1549-1759). Período da Segunda República (1930-1936).
Período Pombalino (1760-1807). Período do Estado Novo (1937-1945).
Período Joanino (1808-1821). Período da Nova República (1946-1963).
Período Imperial (1822-1888). Período do Regime Militar (1964-1985).
Período da Primeira República (1889-1929). Período da Abertura Política (1986-2003).
Fonte: Adaptado de: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb3.html>. Acesso em: 15 ago. 2012.
Pode-se compreender melhor esse contexto a partir dos tópicos subsequentes desse 
caderno, em que todo esse contexto é abordado.
2 OS JESUÍTAS E A EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL
A colonização brasileira iniciou-se com a chegada dos jesuítas, trazidos por Tomé de 
Sousa e comandados pelo Padre Manoel de Nóbrega. Nas experiências europeias, a propagação 
missionária da fé já se defrontara com a intolerância dos adultos, e os missionários descobriram 
que mais fácil seria conquistar os jovens. A partir daí começaram a criar escolas para esse fim.
Quinze dias depois da chegada ao Brasil, os missionários já haviam edificado a primeira 
escola elementar em Salvador. No entanto, o Brasil, com seus índios nativos, já tinham um 
sistema educativo, pois segundo Meksenas (2002), sempre que se considera a existência de uma 
sociedade, por mais primitiva que seja, deve-se considerar também sua concepção de educação.
A cultura e a organização social dos índios não foram consideradas durante o processo 
educacional, gerando muitos conflitos. Esse “projeto civilizatório” impôs um padrão universal 
de costumes e de poder, baseado na cultura europeia (ELIAS, 1994). A evangelização 
inicialmente foi destinada aos índios e escravos, depois aos filhos de colonos, à formação de 
novos sacerdotes e à elite intelectual.Por meio da fé, os jesuítas controlavam a moral nas 
terras brasileiras (LEITE, 1998).
Dessa forma, o trabalho dos jesuítas no Brasil costuma ser dividido em duas fases 
distintas: a fase heroica (caracterizada pela catequese aos índios, por meio da pregação da fé 
cristã); e a fase missioneira (em que ocorre a criação de uma cultura civilizatória aos nativos, 
incutindo-lhes valores culturais que não pertenciam a seu povo, ensinando-lhes a ler e escrever, 
além do idioma de Portugal, criando as missões). Assim, os missionários penetraram em todas 
as camadas da sociedade brasileira, dos escravos aos senhores, exercendo notável influência 
em todos os aspectos (PILETTI; PILETTI, 1988). No dizer de Sodré (1994, p. 17):
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O ensino jesuítico, por outro lado, conservado à margem, sem aprofundar a 
sua atividade e sem outras preocupações senão as do recrutamento de fiéis ou 
de servidores; tornava-se possível porque não perturbava a estrutura vigente, 
subordinava-se aos imperativos do meio social, marchava paralelo a ele. Sua 
marginalidade era a essência de que vivia e se alimentava.
NOTA
! �
Missões são estruturas civilizatórias fundadas pelos jesuítas 
para proteger os índios brasileiros de serem explorados como 
mão de obra escrava pelos portugueses (embora eles também 
os explorassem); ensinando-lhes a fé católica e a agricultura, 
permitiram que os índios vivessem independentes e afastados de 
seus colonizadores. 
Sugere-se assistir ao filme “A Missão”, dirigido por Roland Joffé 
(2003), que retrata a guerra de portugueses e espanhóis contra 
os jesuítas nos Sete Povos das Missões, na América do Sul do 
século XVIII. O filme foi vencedor do prêmio Palma de Ouro em 
Cannes (melhor filme).
Cabe ressaltar aqui o método de ensino usado pelos jesuítas para alcançar seus 
objetivos: o Ratio Studiorum, do qual tratará o próximo tópico.
2.1 O MÉTODO JESUÍTICO DE ENSINO E SEU LEGADO
O método de ensino dos jesuítas tinha por base religiosa a Escolástica do teólogo italiano 
São Tomás de Aquino (1225-1274), e por filosofia os conceitos desenvolvidos por Aristóteles. 
Eles enfatizavam sobremaneira o ensino do latim e da retórica. 
Todas as escolas jesuítas eram regulamentadas por um documento escrito por Inácio 
de Loiola, o Ratio Atque Instituto Studiorum, chamado abreviadamente de Ratio Studiorum. 
FONTE: Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb02.htm>. Acesso em: 16 out. 2013.
Ratio Studiorum significa organização e plano de estudos, e descreve um conjunto de 
normas criadas para regulamentar o ensino nos colégios jesuíticos. A primeira versão desse 
documento data de 1599, e serviu não só para organizar estudos, mas também alcançou status 
político na área educacional, mesmo em sociedades não católicas (NUNES, 1986).
Essa metodologia continha 467 regras sobre procedimentos pedagógicos e procurava 
formar homens que buscassem a verdade, a serviço da fé, resumidamente relacionada a três 
conceitos: experiência, ação e oração. Assim, eles desenvolviam nos alunos os ‘talentos recebidos 
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de Deus’, levando os aprendizes à iniciativa (oração), que gerava a reflexão, constituindo o ponto 
central para a experiência e a ação. Não buscavam outra coisa que não fosse ‘cumprir a palavra 
de Cristo’ (LUZURIAGA, 1990). Nas palavras de Piletti e Piletti (1988, p. 167):
 
Os jesuítas não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do curso 
elementar eles mantinham os cursos de Letras e Filosofia, considerados se-
cundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para 
formação de sacerdotes. No curso de Letras estudava-se Gramática Latina, 
Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava-se Lógica, Metafísi-
ca, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Os que pretendiam seguir 
as profissões liberais iam estudar na Europa, na Universidade de Coimbra, em 
Portugal, a mais famosa no campo das ciências jurídicas e teológicas, e na 
Universidade de Montpellier, na França, a mais procurada na área da medicina.
O paradigma inaciano, segundo o Ratio, busca desenvolver a capacidade de assimilar e 
aplicar conhecimentos na sociedade em que se está inserido, vinculando esses conhecimentos 
à prática das virtudes cristãs. O sentido final das ordens do Ratio é seguir a tradição fielmente e 
os textos canônicos autorizados pela Igreja, a partir do Concílio de Trento (não ser nem curioso, 
nem defensor de opinião própria). O Ratio prescreve que os conhecimentos são adquiridos por 
meio do exercício de modelos, cuja repetição, feita na forma de exemplos, acontece como um 
treinamento constante da ação. Não basta estudar, é necessário garantir que o conhecimento 
adquirido seja transmitido da melhor forma (SODRÉ, 1994).
Ratio significa “razão”, “ordem”, “organização”. Mais do que conteúdos específicos, 
demonstra os processos de ensino e aprendizagem, portanto, não é um tratado teórico de 
pedagogia, mas um “código prático de leis pedagógicas”. (HANSEN, 2001, p. 18). 
A educação jesuítica segue dois princípios básicos: educação humanista e educação 
ativa. A ativa é a união de catequese e instrução das crianças como um meio de evangelizar 
e, consequentemente, dar suporte ideológico à dominação metropolitana, “convidamos os 
meninos a ler e escrever e conjuntamente lhes ensinamos a doutrina cristã” (LEITE, 1998, p. 
31). O viés humanista é o centro do ensino secundário, mais voltado para a arte do que para 
a ciência. Sua finalidade não era transformar os adolescentes em enciclopédias que perdem 
sua função com o tempo. A aprendizagem concentrava-se em desenvolver as capacidades 
naturais do jovem, em ensinar-lhes a servir-se da imaginação, da inteligência e da razão para 
todos os momentos da vida (FRANCA, 1952).
Mesmo com muitas dificuldades de ordem financeira em seu início, a Compa-
nhia de Jesus foi responsável, com sua dedicação e perseverança, por um dos 
mais fantásticos modelos de educação já realizados no Brasil. Evidentemente a 
ajuda providencial da coroa portuguesa foi fundamental para sua recuperação 
e para a implantação de seu sistema de ensino que por sua qualidade trouxe à 
então colônia, condições de estabelecer-se e organizar-se. (LEITE, 1938, p. 37).
Mas, do ponto de vista social, a igreja contribuía “com a sua disciplina modelar, para 
manter em equilíbrio as relações entre senhores e escravos, enrobustecendo a autoridade 
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daqueles e desenvolvendo nestes o espírito de obediência, de conformidade e de submissão” 
(AZEVEDO, 1963, p.168), em um processo de colonização formado por engenhos de açúcar 
e escravidão negra.
A Companhia de Jesus continua ativa no trabalho missionário e na educação brasileira 
até os dias de hoje. São responsáveis por diversas universidades altamente reconhecidas 
no cenário nacional e internacional. Seus principais legados nessa área foram: a Pontifícia 
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e a Universidade Católica de Pernambuco 
(UNICAP), além de diversos colégios importantes, como o Colégio São Luís, em São Paulo; o 
Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro; o Colégio Catarinense, em Florianópolis e o Colégio 
Loyola, em Belo Horizonte. Em Pernambuco, até 2006, funcionava o Colégio Nóbrega Jesuítas. 
Atualmente, o Colégio Nóbrega Jesuítas forma o Complexo Educacional Nóbrega, uma 
instituição de mais de 130 anos reconhecida no mundo inteiro, que recebeu o nome de Liceu 
Nóbrega, nova sede do Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco, também mantidopela Ordem 
dos Jesuítas, sob a orientação da UNICAP (ASSUNÇÃO; PAIVA; BITTAR, 2007).
No entanto, na educação, as práticas jesuítas não foram somente positivas. Os jesuítas 
incitavam a rivalidade e a competição entre as crianças (emolução), premiando os vencedores, 
mas não procuravam desenvolver a criticidade dos estudantes. O método empregado buscava, 
sobretudo, a cópia, a memorização e a repetição do modelo pautado na sociedade de Portugal, 
nas concepções da igreja e do rei. Fazia-se simulados de conhecimento, rivalizando equipes 
e testando a argumentação, a sutileza, e o espírito combativo (PAIVA, 2003). 
Os jesuítas também faziam uso de castigos físicos e morais, pois nas palavras de Neves 
(1978, p. 150), “castigava-se moralmente (pelas repreensões), pelo impedimento do lazer/
descanso (reclusão ou privação de recreios), pela dor corporal (castigos corporais, inclusive... 
o ‘tronco’)”. Os castigos eram aplicados por um corretor, nunca pelo professor; não se podia 
bater no rosto, nem na cabeça; mas sempre se fazia a aplicação dos castigos às crianças na 
frente de duas testemunhas. A prática da delação também era disseminada. Um colega da 
sala, chamado de decurião, observava os alunos e delatava qualquer conduta que não fosse 
aprovada ou uma infração às regras (MIGUEL, 1998).
Além disso, os jesuítas valorizavam e priorizavam o latim como língua principal em seus 
ensinamentos, e os alunos só podiam falar a língua vernácula durante o recreio, desestruturando 
assim tanto o português quanto os idiomas dos povos indígenas brasileiros. O latim era 
considerado uma língua superior, divina, e reforçava o papel da igreja como entidade social e 
delimitadora do acesso à cultura.
Seu legado também alcança renomados missionários, que com sua atuação e suas 
obras enriqueceram a compreensão e a visão do pensamento daquela época. Entre eles 
destacam-se: Manuel da Nóbrega e José de Anchieta.
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2.2 PADRE MANUEL DA NÓBREGA
FONTE: Disponível em: <http://historiapensante.blogspot.com.
br/2010/09/companhia-de-jesus.html>. Acesso em: 20 ago. 
2012. 
Nascido em Sanfins do Douro, em 18 de outubro de 1517 e falecido no Rio de Janeiro, 
em 18 de outubro de 1570, Manuel da Nóbrega foi um sacerdote jesuíta português, chefe da 
primeira missão jesuítica à América, comandada por Tomé de Sousa, que aportou no Brasil 
em 29 de março de 1549 (ELIAS, 1994). 
Destacou-se pela intensa campanha contra a antropofagia e a poligamia dos nativos e 
combateu a exploração do índio pelo homem branco. Participou da fundação das cidades de 
Salvador e do Rio de Janeiro e foi conselheiro e amigo de Mem de Sá. Desbravou o planalto de 
Piratininga e fundou a Vila de São Paulo, que se tornou a mais importante cidade do hemisfério 
sul (LEITE, 1938).
Com José de Anchieta (noviço desembarcado no Brasil em 1553) trabalhou na 
pacificação dos Tamoios, em 1563. Com a expedição de Estácio de Sá, participou da fundação 
da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde construiu um colégio jesuíta. Manuel da 
Nóbrega solicitou a criação da primeira diocese no Brasil, que em 1558, a pedido do primeiro 
bispo do Brasil (Dom Pero Fernandes Sardinha), conseguiu leis contra a escravização dos 
índios (ELIAS, 1994). 
FIGURA 17 – PADRE MANUEL DA NÓBREGA
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As cartas enviadas por Manuel da Nóbrega aos seus superiores são consideradas 
documentos históricos sobre o Brasil colônia e a ação jesuítica no século XVI. Nelas, conta com 
detalhes o início da história do povo brasileiro, do ponto de vista do catequizador, bem como o 
estudo dos costumes dos tupinambás. A obra de maior relevância do jesuíta foi “Diálogo sobre 
a conversão do gentio”, primeiro texto escrito em prosa no Brasil e de grande valor literário 
(LEITE, 1998).
NOTA
! �
Antropofagia: muitas vezes entendida como sinônimo de 
canibalismo, a antropofagia está relacionada ao ato de consumir 
carne humana, mas tinha um significado simbólico, cultural.
Poligamia: relacionamento de um homem com mais de uma 
mulher, aceito pela sociedade.
NOTA
! �
Mem de Sá foi o terceiro Governador-Geral do Brasil (1558-1572), 
participou da fundação da cidade São Sebastião do Rio de Janeiro 
(1565); da expulsão dos franceses das terras brasileiras (1567); 
incentivou a produção de açúcar e o tráfico de negros para o Brasil; 
decretou leis que proibiam a escravidão de índios e combateu a 
antropofagia.
2.3 PADRE JOSÉ DE ANCHIETA
José de Anchieta nasceu em família rica, em San Cristobal de La Laguna (Espanha) 
em 19 de março de 1534. Aos 14 anos, foi estudar em Coimbra (Portugal) e, em 1551 foi 
admitido como noviço no colégio jesuíta da Universidade de Coimbra. Em 1553, com 19 anos, 
foi convidado a vir para o Brasil como missionário. 
FONTE: Adaptado de: <http://educacao.uol.com.br/biografias/jose-de-anchieta.jhtm>. Acesso em: 16 
out. 2013.
No início de 1554, chegou a São Vicente, a primeira vila fundada no Brasil e manteve 
o primeiro contato com os índios (VIOTTI, 1980). 
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Ainda em 1554, junto com o jesuíta português Manuel da Nóbrega, subiu a Serra do 
Mar até o planalto que os índios denominavam Piratininga, ao longo do rio Tietê. Os dois 
missionários estabeleceram um pequeno colégio (Colégio de São Paulo de Piratininga), e, 
em 25 de janeiro de 1554, celebrou-se ali a primeira missa. Anchieta começou o trabalho de 
conversão, batismo e catequese. Para os índios, foi médico, sacerdote e educador: cuidava 
do corpo, da alma e da mente. Na catequese, usava o teatro e a poesia para ensinar. Ensinou 
latim aos índios, aprendeu tupi-guarani com eles e escreveu a "Arte da Gramática da Língua 
Mais Falada na Costa do Brasil", publicada em Coimbra em 1595.
FONTE: Disponível em: <http://www.olimpogo.com.br/resolucoes/ime/2010/imgqst/portugues.pdf>. 
Acesso em: 25 mar. 2013.
Mais tarde escreveu a “Cartilha dos Nativos”, uma gramática em tupi-guarani que 
estabeleceu semelhanças semânticas e vocabulares nas diferentes línguas indígenas faladas 
no Brasil (MOUTINHO, 1999). 
Os índios ao longo do litoral de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo formaram 
uma aliança (conhecida como Confederação dos Tamoios) que atacou São Paulo diversas 
vezes entre 1562 e 1564. 
Anchieta e Nóbrega tiveram um conflito com Duarte da Costa e decidiram iniciar as 
negociações de paz com os tamoios em Iperoig (hoje Ubatuba). Anchieta, falando tupi-guarani e 
viajando por toda a costa, ganhou a confiança dos índios, e, após muitos incidentes, estabeleceu-
se a paz entre tamoios, tupinambás e portugueses. Nessa época, Anchieta escreveu "Poema 
em Louvor à Virgem Maria", com 5.732 versos, alguns dos quais traçados nas areias das 
praias. Em 1565, entrou com Estácio de Sá na baía de Guanabara, onde estabeleceram os 
fundamentos do que viria a ser a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Dali, Anchieta 
seguiu para Salvador e foi ordenado sacerdote. 
 
Em 1567, voltou para o Rio de Janeiro e para São Vicente. Permaneceu dez anos em 
São Vicente, quando foi nomeado supervisor dos jesuítas no Brasil. 
 
Em 1585, fundou a aldeia de Guaraparim (hoje Guarapari), no Espírito Santo. Morreu 
aos 63 anos em Reritiba, atual Anchieta, no Estado do Espírito Santo. Os índios levaram seu 
corpo numa viagem de 80 quilômetros até Vitória, onde foi sepultado. Anchieta, chamado o 
Apóstolo do Brasil, foi beatificado em 22 de junho de 1980 pelo papa João Paulo II. 
FONTE: Adaptado de: <http://educacao.uol.com.br/biografias/jose-de-anchieta.jhtm>.Acesso em: 25 
mar. 2013.
Muitas contribuições da língua tupi estão presentes até hoje no vocabulário do Brasil, 
com expressões como: velha coroca: kuruk é resmungar em tupi. Ficar com nhenhenhém, ou 
seja, falando sem parar, pois nhe’eng é falar em tupi. Chorar as pitangas, pitanga é vermelho 
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em tupi, então: chorar lágrimas de sangue. Cair um toró, tororó é jorro d’água em tupi. Ir para a 
cucuia, significa entrar em decadência, pois cucuia é decadência em tupi (MOUTINHO, 1999).
3 O MARQUÊS DE POMBAL (PERÍODO
 POMBALINO) E A EXPULSÃO DOS JESUÍTAS
A igreja era muito poderosa e Portugal passou a usar três medidas políticas para 
combater esse poder: 1- o Despotismo Esclarecido, ou seja, a união do Absolutismo com 
princípios como o Estado laico e a educação pública em detrimento da religiosa, acentuando 
o poder do rei; 2- o Regalismo, que dava poder ao chefe do Estado para interferir em assuntos 
internos da Igreja; e 3- o Beneplácito Régio, que exigia que a Igreja pedisse a aprovação do 
monarca em suas decisões. Era Sebastião José de Carvalho e Melo, conhecido por seu título de 
nobreza como o Marquês de Pombal, o representante do Despotismo Esclarecido e o ministro 
do reino de Portugal (TEIXEIRA, 1961).
Como nação, continuava Portugal um país pobre, sem capitais, quase despo-
voado, com uma lavoura decadente pela falta de braços que a trabalhassem, 
pelas relações de caráter feudal ainda existentes, dirigidos por um Rei absoluto, 
uma nobreza arruinada, quase sem terras e sem fontes de renda, onde se 
salientava uma burguesia mercantil rica, mas politicamente débil, preocupada 
apenas em importar e vender para o estrangeiro especiarias e escravos e viver 
no luxo e na ostentação. (BAUSBAUM, 1957, p. 48-9).
Para limitar o poder dos jesuítas, em 1753, o Marquês de Pombal extinguiu a escravidão 
dos índios no Maranhão. 
Em 1755 proclamou a libertação dos indígenas em todo o Brasil, indo ao mesmo tempo 
contra os proprietários de escravos índios e os jesuítas, que dirigiam as missões. 
FONTE: Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/periodo_pombalino_intro.
html>. Acesso em: 16 out. 2013.
Em 3 de setembro de 1759, promulgou a “Lei dada para a proscrição, desnaturalização 
e expulsão dos regulares da Companhia de Jesus, nestes reinos e seus domínios”. 
FONTE: Disponível em: <http://antt.dgarq.gov.pt/exposicoes-virtuais-2/>. Acesso em: 16 out. 2013.
Desta forma, o Marquês de Pombal expulsou do Brasil todos os padres jesuítas, 
paralisando as funções de 17 colégios, 36 missões, seminários e escolas elementares. Assim, 
obrigou os jesuítas a deixarem o país em 1760 e criou o Diretório dos Índios para substituir 
os jesuítas na administração das missões; e exterminou as capitanias hereditárias que ainda 
existiam no Brasil (SANTOS, 1982).
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O marquês elaborou um novo código penal, introduziu novos colonos nos domínios 
coloniais portugueses e fundou a Companhia das Índias Orientais. Além de reorganizar o 
Exército e fortalecer a Marinha portuguesa, desenvolveu a agricultura, o comércio e as finanças, 
com base nos princípios do mercantilismo. 
FONTE: Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/biografias/klick/0,5387,2298-biografia-9,00.jhtm>. 
Acesso em: 16 out. 2013.
Também ficou conhecido por suas reformas na educação, descontentando nobres e 
representantes do clero que tiveram seus poderes reduzidos (TEIXEIRA, 1961). Ele também 
castigou inimigos e críticos com penas perpétuas, exílio e morte. 
Pombal atribuiu aos jesuítas a decadência cultural e educacional de Portugal e do Brasil, 
e propôs-se a reformar a educação baseado nos ideais Iluministas. Instituiu que nas escolas se 
passariam a ministrar aulas de gramática latina, de grego e de retórica; criou o cargo de 'diretor 
de estudos', órgão administrativo de orientação e fiscalização do ensino; introduziu as aulas 
régias, substituindo o curso secundário criado pelos jesuítas; realizou concurso para a escolha de 
professores para as aulas régias; e aprovou e instituiu as aulas de comércio (TEIXEIRA, 1961).
Salienta-se que as aulas régias eram ministradas de forma segmentada, pois a maioria 
dos professores era leiga, sem formação para a área pedagógica e as disciplinas precisavam 
ser cumpridas individualmente. Cada cadeira deveria ser terminada para cursar a próxima, às 
vezes, estendendo o prazo de formação por muitos anos. Menciona-se ainda, o fato de que 
muitas disciplinas só eram oferecidas nos principais centros urbanos, devido à escassez de 
professores (ZOTTI, 2004).
Ribeiro (1993) considera as iniciativas da reforma pombalina como um retrocesso do 
ponto de vista pedagógico e um avanço, considerando-se a adoção de livros, difundindo-os 
como agentes de cultura. Ademais, as reformas pombalinas nunca conseguiram ser implantadas, 
o que provocou um longo período de desorganização e decadência da Educação no Brasil 
colônia (de 1759 a 1808). Azevedo (1976, p. 61) afirma:
[...] a expulsão dos jesuítas em 1759 e a transplantação da corte portuguesa 
para o Brasil em 1808, abriu-se um parêntese de quase meio século, um largo 
hiatus que se caracteriza pela desorganização e decadência do ensino colo-
nial. Nenhuma organização institucional veio, de fato, substituir a poderosa 
homogeneidade do sistema jesuítico, edificado em todo o litoral latifundiário, 
com ramificações pelas matas e pelo planalto, e cujos colégios e seminários 
foram, na Colônia, os grandes focos de irradiação da cultura.
Em 1777, o marquês foi afastado do cargo e condenado ao exílio (sua destituição ficou 
conhecida como a Viradeira) pela rainha Maria I, que o acusou de corrupção. Devido à idade 
do marquês, não exigiu que ele saísse do país. Descontente, Pombal voltou ao seu palácio e 
lá morreu aos 83 anos de idade, no ano de 1782 (SANTOS, 1982).
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NOTA
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Mercantilismo é o sistema econômico baseado no mercado. As 
políticas mercantilistas partilhavam a crença de que a riqueza de 
uma nação residia na acumulação de metais preciosos (ouro e 
prata), advogando que estes se atrairiam através do incremento 
das exportações e da restrição das importações.
FONTE: Adaptado de: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/
mercantilismo/mercantilismo-2.php>. Acesso em: 25 mar. 2013.
4 A VINDA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA 
PARA O BRASIL (OU PERÍODO JOANINO) 
E AS MUDANÇAS EDUCACIONAIS
Em janeiro de 1808, Portugal, prestes a ser invadido pelas tropas francesas comandadas 
por Junot (General de Napoleão Bonaparte) e sem condições militares para enfrentá-los, 
transferiu a corte portuguesa para sua mais importante colônia, o Brasil. A decisão foi tomada 
pelo então príncipe regente de Portugal, D. João (que em 1818 com a morte de sua mãe, 
tornou-se rei). Essa transferência ocorreu com a ajuda dos aliados ingleses (LIMA, 1969). 
D. João adotou várias medidas econômicas que favoreceram o desenvolvimento 
brasileiro. Entre as principais, podem ser citadas: a abertura dos portos às nações amigas (1807); 
o estímulo ao estabelecimento de indústrias no Brasil, construção de estradas, cancelamento 
da lei que não permitia a criação de fábricas no Brasil, reformas em portos, criação do Banco 
do Brasil e instalação da Junta de Comércio. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/vinda_familia_real.htm?>. 
Acesso em: 25 mar. 2013.
O rei trouxe também a Imprensa Régia (1808); a Academia Real da Marinha (1808); 
a Biblioteca Real (1810),futura Biblioteca Nacional; a Missão Francesa, estimulando o 
desenvolvimento das artes (1816); criou o Museu Real Nacional (1818); a Escola Real de Artes 
e o Observatório Astronômico. Vários cursos e faculdades foram criados (agricultura, cirurgia, 
química, desenho técnico etc.), bem como dois colégios de Medicina e cirurgia, nos estados 
da Bahia e Rio de Janeiro. Embora a importância da educação ainda fosse secundária, o Brasil 
iniciava a implantação da formação acadêmica. O Brasil foi finalmente "descoberto" e a nossa 
História passou a ter uma complexidade maior (SANTOS, 2008).
No entanto, em questões educacionais, Portugal sempre manteve uma relação de 
exploração com sua colônia brasileira, como se pode observar no relato de Piletti (2006, p. 136):
A história nos mostra que, apesar das intensas lutas do seu povo, o Brasil 
sempre foi mantido numa situação de dependência. Inicialmente, de Portugal; 
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depois, da Inglaterra; por último, dos Estados Unidos. E a educação foi um 
dos instrumentos de que lançaram mão os sucessivos grupos que ocuparam 
o poder para promover e preservar essa dependência. Quando não através 
da exclusão pura e simples, impedindo-se o acesso de grande parte dos 
brasileiros à escola, por meio de um ensino para a submissão, desprovido 
de preocupação crítica, tanto em seus conteúdos quanto em seus métodos.
Em 1815, o Brasil deixa de ser colônia de Portugal e adquire autonomia administrativa. 
Em 1821, D. João VI retorna a Portugal e deixa seu filho, como príncipe regente, que após a 
proclamação da Independência, em 1822, torna-se Imperador do Brasil, denominando-se D. 
Pedro I (PILETTI, 1996a).
LEITURA COMPLEMENTAR
O ENSINO NO BRASIL E A EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE
Alba Carneiro Bielinski 
A cultura e o ensino chegaram ao Brasil Colônia servindo tanto à catequese dos nativos 
e colonos, como à colonização e aos objetivos político-econômicos de Portugal. Com a chegada 
de D. João, em 1808, começa um novo cenário cultural para abrigar a Corte. A imprensa floresce 
e o ensino superior terá a primazia. Na educação, limitada às especulações filosófico-literárias, 
o culto ao bacharelismo prevaleceu, e com total ojeriza ao trabalho braçal e mecânico. 
A mentalidade preconceituosa da época ligava os trabalhos manuais e mecânicos aos 
trabalhos realizados pelos escravos e pela classe mais humilde, criando assim fortes barreiras 
ao ensino técnico-profissionalizante. Formar-se doutor era ter a possibilidade de subir no 
status social e econômico, mas tornar-se fabricante, negociante ou lavrador era situação não 
desejável para a maioria dos jovens. Essas profissões, segundo opinião geral, eram destinadas 
aos menos inteligentes ou deserdados da fortuna.
O povo, por sua vez, acreditava que para trabalhar nas oficinas, no comércio, ou na 
agricultura, não era necessário ir à escola. O orçamento da casa pobre recebia o reforço advindo 
do trabalho juvenil e mesmo infantil, o que contribuía para que a educação fosse considerada 
um luxo nas famílias mais humildes. E, fora da lavoura e dos serviços domésticos, havia muitas 
maneiras de se aproveitar o trabalho dos escravos e dos menos favorecidos. Uma delas era 
colocá-los no comércio ambulante, vendendo peixe, frutas, e outras mercadorias pelas ruas; 
ou então como auxiliares para tudo dentro de uma oficina.
A educação brasileira do século XIX foi essencialmente destinada à preparação de uma 
elite e não do povo. Era a erudição ligada ao status social, prestigiada pela vida na Corte, pelas 
atividades públicas, pelo regime parlamentar, onde a retórica era necessária. Um contraste 
gritante com a quase total ausência da educação popular.
FONTE: BIELINSKI, Alba Carneiro. O Liceu de Artes e Ofícios – sua história de 1856 a 1906.19&20, 
Rio de Janeiro, v. IV, n. 1, jan. 2009, p. 87. Disponível em: <http://www. dezenovevinte.net/
ensino_artistico/liceu_alba.htm>. Acesso em: 21 ago. 2012. 
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que: 
•	 Os jesuítas contribuíram para a educação escolar do Brasil no período colonial.
•	 A divisão histórica da educação no Brasil possui 11 fases, a considerar:
Período Pré-colonial (1500-1548) Período da Segunda República (1930-1936)
Período Jesuítico (1549-1759) Período do Estado Novo (1937-1945)
Período Pombalino (1760-1807) Período da Nova República (1946-1963)
Período Joanino (1808-1821) Período do Regime Militar (1964-1985)
Período Imperial (1822-1888) Período da Abertura Política (1986-2003)
Período da Primeira República (1889-1929) 
•	 Os jesuítas fundaram 17 colégios, 36 missões, seminários e escolas elementares no Brasil 
colonial até sua expulsão, pelo Marquês de Pombal, em 1759.
•	 A atuação missionária dos jesuítas é dividida em duas fases: a fase heroica (caracterizada 
pela catequese aos índios, por meio da pregação da fé cristã); e a fase missioneira (em que 
ocorre a criação de uma cultura civilizatória aos nativos, incutindo-lhes valores culturais que 
não pertenciam a seu povo, ensinando-lhes a ler e escrever, além do idioma de Portugal, 
criando as missões).
•	 O método jesuítico de ensino era baseado no Ratio Atque Instituto Studiorum, (Ratio 
Studiorum) que significa organização e plano de estudos e descreve um conjunto de normas 
criadas para regulamentar o ensino nos colégios jesuíticos.
•	 A metodologia do Ratio Studiorum continha 467 regras sobre procedimentos pedagógicos, 
considerados códigos práticos de leis pedagógicas.
•	 A Companhia de Jesus ainda é ativa no Brasil por meio de universidades e colégios 
renomados, e contribuiu com uma herança significativa ao país por meio das obras de alguns 
de seus padres jesuítas como: Manuel da Nóbrega, João Daniel e José de Anchieta.
•	 A expulsão dos jesuítas inicia o período pombalino, que dá início a uma suposta reforma 
social e educacional, que nunca se concretizou como método educacional, mas que contribuiu 
para a disseminação do livro no país.
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•	 A vinda da família real portuguesa ao Brasil inicia o período Joanino, e introduz muitas 
mudanças sociais e estruturais no Brasil como: abertura dos portos; estímulo às indústrias; 
construção de estradas; criação do Banco do Brasil e da Junta de Comércio; fundação da 
Imprensa Régia; da Academia Real da Marinha; da Biblioteca Real; criação do Museu Real; 
e do Observatório Astronômico. Criando ainda vários cursos (agricultura, química, desenho 
técnico etc.), bem como dois colégios de Medicina e cirurgia, embora a educação ainda 
estivesse em segundo plano.
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AUTO
ATIVI
DADE �
A partir da leitura deste tópico, responda às questões que foram retiradas de 
diferentes sites e utilizadas por diferentes instituições, em todo o Brasil, como questões 
de vestibular, e devidamente aprovadas pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura).
1 (FATEC) Em 1808, após chegar ao Brasil, fugindo da invasão francesa, o regente D. 
João VI decidiu:
a) ( ) Declarar a libertação dos escravos.
b) ( ) Anistiar todos os presos das antigas rebeliões nativistas.
c) ( ) Decretar a abertura dos portos brasileiros às nações amigas.
d) ( ) Proibir a entrada de produtos ingleses na colônia.
e) ( ) Iniciar a política da imigração.
2 (FUVEST-SP) Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do processo colonizador. 
O europeu, com visão de mundo calcada em preconceitos,menosprezou o indígena 
e sua cultura. A partir de meados do século XVI, há um decréscimo da população 
indígena, que se agrava nos séculos seguintes. Os fatores que mais contribuíram para 
o citado decréscimo foram:
a) ( ) A captura e a venda do índio para o trabalho nas minas de prata do Potosí.
b) ( ) As guerras permanentes entre as tribos indígenas e entre índios e brancos.
c) ( ) O canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o espírito sanguinário, cruel 
e vingativo dos naturais.
d) ( ) As missões jesuíticas do vale amazônico e a exploração do trabalho indígena na 
extração da borracha.
e) ( ) As epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a escravidão dos índios.
3 (UNAERP-SP) Em 1534, o governo português concluiu que a única forma de ocupação 
do Brasil seria através da colonização. Era necessário colonizar, simultaneamente, 
todo o extenso território brasileiro. Essa colonização dirigida pelo governo português 
se deu através da:
a) ( ) Criação da Companhia Geral do Comércio do Estado do Brasil.
b) ( ) Criação do sistema de governo-geral e câmaras municipais.
c) ( ) Criação das capitanias hereditárias.
d) ( ) Montagem do sistema colonial.
e) ( ) Criação e distribuição das sesmarias. 
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4 (UCSAL) Ao estabelecer o Sistema de Capitanias Hereditárias, D. João III objetivava:
a) ( ) Que as sugestões feitas por Cristóvão Jacques, alguns anos antes, eram 
extraordinárias.
b) ( ) Repetir em territórios brasileiros uma experiência bem-sucedida nas ilhas do 
Oceano Atlântico e no litoral oriental da África.
c) ( ) Povoar o litoral brasileiro em toda sua extensão concomitantemente, impedindo 
assim novas incursões estrangeiras.
d) ( ) Incentivar o cultivo da cana-de-açúcar por meio da doação de terras a estrangeiros, 
modernizando assim a produção.
e) ( ) Fortalecer o poder da nobreza portuguesa que se encontrava em declínio, 
oferecendo-lhe vastas áreas de terras no Brasil.
5 (FUVEST) O processo de colonização portuguesa no Brasil caracterizou-se por 
promover:
a) ( ) Liberdade de comércio e trabalho assalariado.
b) ( ) Escoamento do excedente demográfico português.
c) ( ) Subordinação política e monopólio comercial.
d) ( ) Descentralização política e sociedade igualitária.
e) ( ) Imigração da aristocracia rural portuguesa.
6 (UECE) Entre as medidas tomadas pelo Marquês de Pombal no Brasil destacam-se:
a) ( ) A expulsão dos jesuítas.
b) ( ) A transferência da capital da colônia para o Rio de Janeiro.
c) ( ) A extinção do estado do Maranhão.
d) ( ) O estabelecimento da Inquisição na Bahia.
e) ( ) A criação do Diretório dos Índios.
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A EDUCAÇÃO NO PRIMEIRO E NO 
SEGUNDO REINADO
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 2
Dom João VI chegou ao território brasileiro de forma inesperada, ao fugir dos ataques 
de Napoleão. Treze anos depois, também de forma tumultuada e sob os ecos da Revolução 
do Porto, voltou a Portugal sem prévio aviso (em 1821). O rei de Portugal, representante de 
um dos maiores territórios do mundo sob a denominação do Reino Unido de Portugal, Brasil 
e Algarves (abrangendo os cinco continentes da Terra), foi obrigado a jurar a Constituição e 
abster-se de grande parte de seu poder. O governo português já havia sido controlado por 
revolucionários constitucionalistas e estes exigiam atitudes voltadas à diminuição do poder do 
Príncipe Dom Pedro, afastando-o do Brasil e dissolvendo os decretos legais do país.
Como o príncipe se negou a abandonar o país (esse dia entrou para a história como o Dia 
do Fico) a relação entre Brasil e Portugal foi abalada e Dom Pedro proclamou a Independência 
do Brasil, em 1822, e foi coroado como Dom Pedro I do Brasil, Imperador.
O primeiro reinado do Brasil começa com a independência de Portugal e consolida a 
liderança de D. Pedro I, ao vencer as tropas de Portugal. O primeiro ato político importante do 
imperador brasileiro é a convocação da Assembleia Constituinte, no início de 1823. 
Devido à forte divergência entre os deputados e o soberano, que exigia poder superior 
ao do Legislativo e do Judiciário, a Assembleia é dissolvida em novembro. A Constituição é 
outorgada pelo imperador em 1824, o que gerou rebelião em algumas províncias do Nordeste, 
lideradas por Pernambuco. A revolta, conhecida pelo nome de Confederação do Equador, foi 
severamente reprimida pelas tropas imperiais.
FONTE: Disponível em: <http://www.unificado.com.br/calendario/04/dompedro.htm>. Acesso em: 16 
out. 2013.
Em 1825, o Brasil entra em guerra com as Províncias Unidas do Rio da Prata (atual 
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Argentina) pela disputa da Província Cisplatina. O conflito terminou em 1828 com a mediação 
do governo britânico, oportunizando a independência da Cisplatina (que se transformaria, mais 
tarde, na República do Uruguai). Em 1830, o jornalista Líbero Badaró é assassinado. A data 
ficou conhecida como Noite das Garrafadas e o soberano brasileiro foi acusado pelo crime. 
Fatos como esses e as crescentes discussões políticas fizeram com que o imperador 
perdesse prestígio interno. Com a morte de seu pai (D. João VI), ele envolve-se muito com a 
política de Portugal (do qual era herdeiro). Com o aumento dos tumultos no interior do Brasil abdica 
ao trono em abril de 1831 e retorna a Portugal, encerrando assim, o primeiro reinado no Brasil.
O poder de Dom Pedro I passa a seu filho, que contava apenas com cinco anos de idade. 
Dessa forma, o Brasil é governado então, por uma Regência Trina Provisória, composta pelas 
três vertentes políticas do país: os liberais (Senador Campos Vergueiro), os conservadores 
(José Joaquim Carneiro de Campos) e os militares (General Francisco de Lima e Silva). A 
eles caberia a realização de eleições para a escolha da Regência Trina Permanente, em 
que se elegeram Bráulio Muniz, Costa Carvalho, e o General Francisco de Lima e Silva. Eles 
governaram o país por três anos. O Ministro da Justiça Padre Diogo Feijó, com apoio político, 
em 1834, criou o Ato Adicional, que fazia da Regência Trina uma Regência Una, ou seja, com 
um único regente, sendo ele mesmo eleito democraticamente, como Regente Uno. Seu poder 
foi abalado por revoltas populares e ele foi afastado do poder assumindo, então, o marquês 
de Olinda, Pedro Araújo Lima. Durante a regência deste, o então príncipe D. Pedro II, que 
contava com 14 anos, teve sua maioridade antecipada (chamado de golpe da maioridade) e 
assumiu o trono brasileiro. O Brasil foi governado por regências (Trina e Una) por nove anos.
O segundo reinado do Brasil durou 49 anos (1840-1889), alcançou grande progresso 
cultural e consolidou a independência do país. A solidificação do exército e da marinha, bem 
como a firmeza do comando do jovem rei, foram decisivas nas negociações para o fim da Revolta 
Farroupilha (em desenvolvimento quando D. Pedro II assumiu o trono e intermediadas pelo 
barão de Caxias). A revolta liberal e federalista, ocorrida em Pernambuco, entre 1848 e 1850, 
chamada de Revolução Praieira, e a vitória da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai), contra 
o Paraguai, na chamada Guerra do Paraguai, que acabou com a intermediação da Inglaterra e 
que dizimou o país perdedor, fortaleceram a imagem do Brasil como um império consolidado.
A economia girava em torno do café e produziu muita riqueza aosbarões do café e ao 
progresso da sociedade. No segundo reinado D. Pedro II assinou várias leis, dentre elas: a Lei 
Eusébio de Queiróz (1850), que extinguiu oficialmente o tráfico de escravos no Brasil; a Lei do 
Ventre Livre (1871), que tornou livre os filhos de escravos nascidos após a promulgação da 
Lei; a Lei dos Sexagenários (1885), dando liberdade aos escravos ao completarem 65 anos 
de idade; e a Lei Áurea (1888), assinada pela Princesa Isabel, abolindo a escravidão no Brasil.
O segundo reinado entrou em decadência quando o soberano: descontentou a Igreja 
católica, interferindo em questões religiosas; recebeu críticas do exército por haver corrupção 
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na corte; descontentou a classe média que queria mais poder na política; encontrou dificuldades 
entre os barões do café que também almejavam maior prestígio político, considerando seu 
poder aquisitivo. 
Tudo isso foi associado à chegada de imigrantes ao Brasil, que vinham para trabalhar 
nas lavouras de café, como parceiros dos proprietários, a quem pagavam 50% da produção, ou 
como trabalhadores subsidiados, a quem o governo pagava pela quantidade de pés coletados. 
Entre os principais imigrantes estavam espanhóis, italianos, japoneses, judeus, portugueses, 
sírios, libaneses e alemães, que acabaram gerando maior consumo interno de produtos e 
fazendo surgir as primeiras indústrias no país. Esse cenário culminou na proclamação da 
República, pelo então Marechal Deodoro da Fonseca, em 15 de novembro de 1889, que 
assumiu a presidência do país provisoriamente.
2 O SISTEMA EDUCACIONAL NOS REINADOS
Nos 80 anos, em que o Brasil foi governado pelo regime de monarquia, o sistema 
educacional atuava em três níveis: o ensino elementar (ou primário), o ensino secundário e 
o ensino superior. Piletti (2006) destaca que o ensino no Brasil Império era fragmentado em 
aulas avulsas e dispersas, caracterizando conteúdos totalmente desconexos para o ensino 
elementar e o ensino secundário. Deve-se considerar ainda, que não havia nenhuma exigência 
de conclusão de uma forma de ensino para alcançar a outra fase, ou seja, mesmo sem concluir 
o ensino elementar, o ensino secundário poderia ser acessado.
Algumas características podem diferenciar estas fases de ensino, como descrito nos 
tópicos a seguir.
2.1 ENSINO ELEMENTAR OU PRIMÁRIO 
A configuração social do Brasil no século XIX não favorecia investimentos à educação 
primária. A Constituição outorgada em 1824 destacava que A instrução primária é gratuita para 
todos os cidadãos, mas o número de escolas era reduzido. Foi somente em 15 de outubro de 
1827, que a Assembleia Legislativa aprovou a primeira lei sobre a instrução pública nacional do 
Império brasileiro. Esta lei estabelecia que “em todas as cidades, vilas e lugares populosos haverá 
escolas de primeiras letras [ler, escrever, contar] que forem necessárias”. (WEREBE, 1994, p. 63).
A Constituição do Brasil também determinava os conteúdos das disciplinas a serem 
ministradas nas escolas primárias e secundárias. Nestes destacavam-se os princípios da moral 
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cristã e da doutrina da religião católica e apostólica romana. A preferência acerca dos temas, para 
o ensino de leitura, era para a Constituição do Império e História do Brasil (AZEVEDO, 1971).
O Ato Adicional, de 6 de agosto de 1834, instituiu as Assembleias Legislativas Provinciais, 
com o poder de elaborar o seu próprio regimento, desde que não ferissem as imposições gerais 
do Estado. Cada província passava a responder pelas diretrizes e pelo funcionamento das suas 
escolas de ensino elementar e secundário. Dificuldades surgiram quanto aos moradores dos 
lugares distantes, à falta de escolas, e de professores. Outro Ato Adicional, em 1835, instituiu 
as Escolas Normais, que objetivavam formar docentes. Embora houvesse muitas leis, na 
prática, os investimentos na área educacional por parte do governo eram mínimos e atendiam 
somente à população elitizada (NASCIMENTO, 2004).
O surgimento das Escolas Normais (em Niterói, Bahia, Ceará e São Paulo) ampliou 
um pouco a formação docente. No entanto, o título de bacharel, necessário para acessar o 
ensino superior, só era frequentado pela sociedade abastada, que se formava para manter a 
elite como dirigente social. Em 1840, existiam 441 escolas primárias, sendo o Colégio Pedro 
II, considerado escola modelo no país (AZEVEDO, 1971).
O governo imperial estabeleceu, em 1854, algumas normas para o exercício da liberdade 
de ensino e de um sistema de preparação do professor primário, bem como a criação do ensino 
para cegos e surdos-mudos. A iniciativa privada foi responsável pela criação do Liceu de Artes 
e Ofícios, em 1856. Embora essas normas tivessem sido ideias produtivas e que geraram 
avanços na área educacional, não produziram resultados satisfatórios (NASCIMENTO, 2004).
A partir de 1843, mesmo sem permissão oficial, a Companhia de Jesus retoma a missão 
no Brasil, e funda o Colégio Catarinense, em Florianópolis, e a Escola de Latim, em Porto 
Alegre. No Recife, em 1873, um colégio jesuíta é fechado pela hostilidade da maçonaria e do 
imperador D. Pedro II. Com o passar do tempo a Companhia de Jesus funda novos colégios 
e faculdades em todo o país (WEREBE, 1994).
Em 1879, a reforma de Leôncio de Carvalho instituiu a liberdade de ensino, possibilitando 
o surgimento de colégios protestantes e positivistas, além de colégios privados. Ainda 
assim, o período do governo imperial brasileiro terminou, deixando muitas lacunas quanto à 
acessibilidade, qualidade e interesse no sistema educacional, pois a população analfabeta 
ultrapassava 67% dos brasileiros (NASCIMENTO, 2004). 
2.2 ENSINO SECUNDÁRIO
Embora a educação sempre tenha sido pensada no Brasil como instrumento de 
domínio, desde que os jesuítas foram expulsos pelo marquês de Pombal, a educação teve 
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como característica a simplificação e abreviação dos estudos. O ensino secundário deixou de 
ser organizado em cursos e passou a ser aplicado em aulas avulsas, ou seja, um processo 
rápido e básico de ensino, em que o aluno ia até o professor para obter conteúdos para sua 
formação (HAIDAR, 1972).
Nas aulas régias usava-se o método Lancaster (1789) em que as crianças tinham noção 
de leitura, cálculo, escrita, e catecismo. Devido à falta de professores, um professor atendia cerca 
de 100 alunos e escolhia seus melhores discípulos para auxiliar outros dez alunos (chamado 
de método decúria, em que o ajudante era um decurião). Apesar das evidentes dificuldades e 
falhas, considerando-se que a aprendizagem girava em torno do conhecimento de colegas da 
própria classe, esse método prevaleceu por 15 anos no país (FÁVERO, 2002).
Com professores mal preparados e mal remunerados, com a dificuldade de locomoção 
dos alunos e com o total desinteresse do governo, a educação permaneceu estagnada. As aulas 
régias foram extintas em 1857, por não abrangerem as disciplinas necessárias para acessar 
o ensino superior (latim, comércio, geometria, francês, retórica e filosofia) (AZEVEDO, 1984).
Diante disso, em 1835, foram criados os Liceus Provincianos (nas províncias brasileiras), 
que tinham como objetivo reunir todas as aulas avulsas em um mesmo lugar, construindo assim 
os primeiros currículos seriados. Os liceus atendiam aos alunos de 10 a 18 anos, pertencentes 
ao ensino secundário, que hoje corresponde à faixa etária que vai do sexto ano ao ensino médio. 
Receberam este nome para diferenciar-se dos colégios que ofereciamo ensino primário. Nos 
liceus, o aluno poderia escolher a ordem e a quantidade de disciplinas que quisesse cursar 
ao mesmo tempo, formando uma reunião de aulas avulsas, mas que atendiam às disciplinas 
exigidas nos exames preparatórios para o ensino superior (HAIDAR, 1972).
Muitos liceus surgiram e se tornaram importantes, mas no Rio de Janeiro, foi criado, 
em 1837, o Colégio Pedro II (também chamado de Colégio Imperial de Pedro II e de Ginásio 
Nacional) considerado o liceu modelo em todo país. De 1835 até 1959, foram criadas vinte e uma 
instituições de ensino secundário, e destas, dezessete foram chamadas de liceu (FÁVERO, 2002).
Os cursos regulares públicos eram os que gozavam de maior prestígio, por 
serem modelos e, portanto, privilégio da elite. Mesmo com a descentralização, 
o poder central continua a exercer controle sobre o ensino provincial, espe-
cialmente porque o Colégio Pedro II acabou impondo um modelo curricular 
padrão para o ensino secundário. Por isso, o Colégio Pedro II é o marco do 
ensino secundário brasileiro no Império e sua análise pode nos proporcionar a 
compreensão da função social desse tipo de ensino, bem como compreender 
como essa função materializa-se no seu currículo. (HAIDAR, 1972, p. 69).
Nos liceus, sobretudo no Colégio Pedro II, após estudar por sete anos, conteúdos 
variados, embora fragmentados, o estudante (masculino, pois as mulheres não podiam cursar 
o ensino secundário, a profissão de professor era exclusivamente masculina) recebia a carta 
de bacharel em Letras. Depois de prestar juramento perante o Ministro do Império, o estudante 
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tinha o direito de lecionar para o primário. Estas escolas tinham a intenção de disponibilizar mão 
de obra que aceitasse os salários pagos pelo Estado. No entanto, embora sanasse a carência 
de professores começaram a faltar alunos devido ao alto preço dos materiais didáticos, que 
não eram gratuitos (AZEVEDO, 1984).
Proibidas de criarem cursos de nível superior, prerrogativa exclusiva do governo nacional, 
as Províncias passaram a tentar estabelecer Liceus técnicos, dando ênfase a disciplinas como 
química, física, botânica e agricultura. 
FONTE: Disponível em: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2011/02/educacao-no-brasil-
imperio.html>. Acesso em: 16 out. 2013.
Assim, efetivaram-se as escolas técnicas voltadas a mercados como enfermagem, 
contabilidade, agricultura, pedagogia, desenho, artífices, costura, prática manual, música, artes 
plásticas etc. (HAIDAR, 1972).
O retorno dos jesuítas ao Brasil em 1842, ainda que sem autorização do governo, 
proporcionou a fundação de vários colégios particulares de ensino secundário (para meninos, e 
mais tarde para meninas). Diante disso, criou-se rapidamente uma rede amplamente disputada 
pela elite brasileira e seguida por outras instituições que também investiram na formação 
particular. Assim, essas instituições supriram parte da necessidade de formação educacional 
que deveria ser atribuição do Estado (HAIDAR, 1972).
O desprezo que a elite nutria pelo trabalho, sobretudo pelo trabalho manual 
que estava bem, de acordo com a estrutura social e econômica vigente, explica 
em parte o abandono do ensino no primário e o total desinteresse pelo ensino 
profissional. A repulsa pelas atividades manuais levava essa elite a considerar 
vis as profissões ligadas às artes e aos ofícios. Só mesmo o descaso com 
que o ensino primário era tratado e a falta de visão na busca de soluções para 
os problemas educacionais permitem entender a adoção por tanto tempo do 
método lancasteriano, nas escolas brasileiras. (WEREBE, 1974, p. 369).
A fundação de escolas particulares não garantiu um ensino de qualidade ao Brasil 
imperial, pois o objetivo da iniciativa privada era o êxito financeiro. Sem, no entanto, se 
preocupar em discutir ou tentar melhorar as condições econômicas e sociais do país ou ajudar 
no desenvolvimento nacional (FÁVERO, 2002).
O ensino médio gratuito para as mulheres só foi conquistado no fim do Império, antes, 
somente as escolas particulares ofereciam a modalidade. Ainda assim, no setor privado, as 
mulheres eram mantidas em escolas ou salas separadas, com ensinamentos diferenciados, 
voltados à vida doméstica, à maternidade e à religião. O conteúdo intelectual e científico ainda 
era exclusivamente masculino (NASCIMENTO, 2004).
Vale destacar ainda, que a chegada de imigrantes ao país também fez surgir escolas 
voltadas aos imigrantes. Algumas eram comunitárias, outras particulares, geralmente mantidas 
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por entidades religiosas do país de origem ou laicas. No entanto, essa iniciativa não ocorreu com 
todos os imigrantes. Destacaram-se nesse sentido alemães, italianos, poloneses e japoneses 
(TRAVERSINI, 1998).
As “colônias” alemãs, italianas e polonesas, isoladas por longo período, em-
preenderam uma ampla estrutura comunitária de apoio ao processo escolar, 
religioso e sociocultural, à semelhança dos países de origem. Para favorecer 
a dinâmica comunitária nos núcleos de imigrantes, organizava-se um conjunto 
de 80 a 100 famílias, aproximadamente, com suas pequenas propriedades, 
em torno de um centro para a comunidade, com infraestrutura de artesanato, 
comércio e atendimento religioso-escolar. Era uma estrutura física indispen-
sável para a rede de organizações socioculturais e religiosas a animar toda a 
dinâmica da vida comunitária. A imigração japonesa, que se iniciou no Brasil 
apenas a partir de 1908, também teve um processo de escolas comunitárias, 
mas com uma dinâmica de coordenação laica, a partir das Associações de 
Pais. (KREUTZ, 2000, p. 159).
O Brasil foi o país com o maior número de escolas étnicas na América, e o número mais 
expressivo está ligado à imigração alemã. A partir de 1938, com a nacionalização compulsória 
do ensino, as escolas de imigração foram fechadas ou transformadas em escolas públicas 
por meio de decretos que buscavam a nacionalização e instituíam a língua portuguesa como 
oficial e obrigatória (CARNEIRO, 1960). 
2.3 ENSINO SUPERIOR
No período colonial, existiam no Brasil apenas cursos superiores de Filosofia e Teologia, 
oferecidos pelos jesuítas, pois Portugal impedia o desenvolvimento do ensino superior nas 
suas colônias, temendo contribuir com os movimentos de independência. Com a vinda da 
Família Real Portuguesa para o Brasil, a partir de 1808, o ensino superior passou a existir em 
instituições formais. 
FONTE: Disponível em: <http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/45anos/C-reforma.html>. Acesso em: 16 
out. 2013.
Foram criadas as escolas de Cirurgia e Anatomia em Salvador (hoje Faculdade de 
Medicina da Universidade Federal da Bahia), a de Anatomia e Cirurgia, no Rio de Janeiro 
(atual Faculdade de Medicina da UFRJ) e a Academia da Guarda Marinha, também no Rio 
de Janeiro. Dois anos depois, foi fundada a Academia Real Militar (atual Escola Nacional de 
Engenharia da UFRJ). Seguiram-se o curso de Agricultura em 1814 e a Real Academia de 
Pintura e Escultura. Foram propostos vinte e quatro projetos para criação de faculdades [e 
não universidades] no período 1808-1882, mas nenhum deles foi aprovado. Ao Brasil, não 
interessava formação superior, pois não trazia mais que formação a poucos profissionais 
liberais e prestígio social. Depois de 1850 observou-se uma discreta expansão do número 
de instituições de ensino superior, mas a capacidade de investimentos dependia do governo 
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central e de sua vontade política (inexistente). Até o fim doséculo XIX, existiram somente 24 
estabelecimentos de ensino superior no Brasil, com cerca de 10.000 estudantes em que se 
destacava a faculdade de Medicina (CUNHA, 2007). 
Em 19 de abril de 1879, o ministro do Império, Leôncio de Carvalho, propôs a reforma 
do ensino primário e secundário no município da Corte, e do ensino superior em todo o Império, 
publicando o Decreto de nº 7.247/1879. Todavia, o decreto somente reafirmou a liberdade de criação 
de escolas particulares quanto à oferta de ensino superior no país. Cabia ao Império a fiscalização 
para a garantia de moralidade e de condições de higiene nesses cursos (MOROSINI, 2005).
As faculdades privadas que funcionassem regularmente pelo período consecutivo de 
sete anos, com outorga de grau acadêmico para quarenta alunos no mínimo, receberiam do 
governo o título de “faculdade livre”, com todos os privilégios e vantagens outorgadas às escolas 
oficiais (BRASIL, 1879, § 1º, art. 21 do Decreto 7.247).
FONTE: Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/
viewFile/816/>. Acesso em: 16 out. 2013.
Conforme Morosini (2005), a criação de cursos superiores no Brasil Império foi marcado 
por cursos isolados e profissionalizantes, desvinculando teoria e prática. Os principais cursos eram 
voltados ao ensino médico, engenharia, direito, agricultura e artes. A revisão e valorização do ensino 
superior só teve amplitude no país após a Proclamação da República. Ressalta-se ainda que essas 
instituições não eram universidades, estas só foram criadas a partir do século XX (CUNHA, 2007).
DICA
S!
Para aprimorar seu aprendizado sobre a educação no Brasil 
Império, leia o texto complementar sugerido a seguir e responda 
às autoatividades.
LEITURA COMPLEMENTAR
ESCOLAS DE IMPROVISO (SÉCULO XVIII E XIX)
Luciano Mendes de Faria Filho
Diana Gonçalves Vidal
[...] A questão do espaço para abrigar a escola pública primária começou a aparecer 
especialmente a partir da segunda década do século XIX, em algumas cidades da então Colônia, 
e, posteriormente à independência, em várias províncias do Império, quando intelectuais e 
políticos puseram em circulação o debate em torno da necessidade de se adotar um novo 
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método de ensino nas escolas brasileiras: o método mútuo. 
Todos reconheciam que para abrigar dezenas ou, mesmo, centenas de aprendizes 
fazia-se necessária a construção de novos espaços escolares. [...] A solução aos problemas 
espaciais, entretanto, foi muitas vezes associada ao uso de prédios já existentes. 
[...] A realidade material e espacial da escola brasileira continuava como tema em debate, 
passados 30 anos. Na década de 1870, os diagnósticos dos mais diferentes profissionais que 
atuavam na escola ou na administração dos serviços da instrução, ou ainda políticos e demais 
interessados na educação do povo (médicos, engenheiros etc.), eram unânimes em afirmar 
o estado de precariedade dos espaços ocupados pelas escolas, sobretudo as públicas, mas 
não somente essas, e advogavam a urgência de se construírem espaços específicos para a 
realização da educação primária.
[...] Sobretudo no último quartel do século XIX, foi-se, paulatinamente, reforçando a 
representação de que a construção de prédios específicos para a escola era imprescindível 
a uma ação eficaz junto às crianças, indicando, assim, o êxito daqueles que defendiam a 
superioridade e a especificidade da educação escolar diante das outras estruturas sociais 
de formação e socialização, como a família, a igreja e, mesmo, os grupos de convívio. Tal 
representação era articulada na confluência de diversos fatores, dentre os quais queremos 
destacar os de ordem político-cultural, pedagógica, científica e administrativa.
No que se refere aos primeiros, há que se considerar que a instituição e o fortalecimento 
do Estado Imperial eram fenômenos, também, político-culturais. Relacionado a isso estava o 
fato de que a escolarização, no mundo moderno como um todo, fazia parte dos agenciamentos 
de dar a ver e de fortalecer as estruturas de poder estatais, podendo, mesmo, ser considerada 
como um dos momentos de realização dos estados modernos.
[...] Em segundo lugar, as discussões pedagógicas, sobretudo aquelas referentes às 
propostas metodológicas, foram demonstrando a necessidade de que se construíssem espaços 
próprios para a escola, como condição mesma de realização de sua função social específica. 
Assim, os defensores do método intuitivo, da mesma maneira que os do método mútuo no 
início do século XIX argumentavam a necessidade de o espaço da sala de aula permitir que 
as diversas classes pudessem realizar as lições de coisas. Somava-se a isso, que a escola foi, 
sobretudo ao final do século XIX, sendo invadida por todo um arsenal inovador de materiais 
didático-pedagógicos (globos, cartazes, coleções, carteiras, cadernos, livros etc.), para os quais 
não era possível mais ficar adaptando os espaços, sob pena de não colher, desses materiais, 
os reais benefícios que podiam trazer para a instrução.
Também o desenvolvimento dos saberes científicos, notadamente da medicina e, dentro 
dessa, da higiene, e a aproximação desses do fazer pedagógico influíram decisivamente na 
elaboração da necessidade de um espaço específico para a escola [...]. Ao mesmo tempo em 
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que elaborava uma contundente crítica às péssimas condições das moradias e dos demais 
prédios para a saúde da população em geral, os higienistas acentuavam sobremaneira o 
mal causado, às crianças, pelas péssimas instalações escolares. Além disso, expunham o 
quanto a falta de espaços e materiais higienicamente concebidos era prejudicial à saúde e à 
aprendizagem dos alunos.
Finalmente, a falta de espaços próprios para as escolas era vista, também, como um 
problema administrativo na medida em que as instituições escolares, isoladas e distantes 
umas das outras, acabavam não sendo fiscalizadas, não oferecendo indicadores confiáveis 
do desenvolvimento do ensino e, além do mais, consumindo parte significativa das verbas 
com pagamento do aluguel da casa de escola e do professor. Dessa forma, os professores 
não eram controlados, os dados estatísticos eram falseados, os professores misturavam suas 
atividades de ensino a outras atividades profissionais e, em boa parte das vezes, as escolas 
não funcionavam literalmente.
FONTE: Adaptado de: FARIA FILHO, Luciano Mendes; VIDAL, Diana Gonçalves. Os tempos e os 
espaços escolares no processo de institucionalização da escola primária no Brasil. In: 
Revista Brasileira de Educação, nº 14, v. 1, mai./jun./jul./ago., 2000, p. 21-24. 
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:
•	 A educação no Brasil durante o Primeiro e o Segundo Reinado era elitista, ou seja, menos 
de 15% da população tinha acesso à educação.
•	 O Primeiro Reinado durou nove anos (de 1822 a 1831) e o Brasil foi comandado pelo 
Imperador D. Pedro I.
•	 O segundo reinado durou 58 anos (de 1831 a 1889, quando foi proclamada a República), 
considerando-se o período em que o país foi governado pelas Regências Trina e Una (que 
durou nove anos), e o período em que foi governado pelo rei D. Pedro II (48 anos).
•	 O sistema educacional do Brasil Império atuava em três níveis: o ensino elementar (ou 
primário), o ensino secundário e o ensino superior.
•	 O ensino primário tornou-se gratuito a partir da promulgação da Constituição, de 1824, que 
determinava também os conteúdosdas disciplinas a serem ministradas, estas eram baseadas 
nos princípios da moral cristã e da religião católica, na Constituição do Império e na História 
do Brasil.
•	 Em 1879, a reforma de Leôncio de Carvalho instituiu a liberdade de ensino, possibilitando 
o surgimento de colégios protestantes e positivistas, além de colégios privados. O retorno 
dos jesuítas, em 1842, marcou a criação de escolas particulares. 
•	 O ensino secundário no Brasil Império equivalia aos anos finais do ensino fundamental (6º 
ao 9º ano) e ao ensino médio atualmente. Era ministrado por meio de aulas régias e do 
método Lancaster, em que as crianças tinham noção de leitura, cálculo, escrita, e catecismo 
e eram acompanhadas por um professor (para cerca de 100 alunos), que escolhia outros 
alunos para ajudá-lo a atender às turmas (decurião).
•	 As aulas régias foram extintas em 1857 por não abrangerem as disciplinas necessárias para 
acessar o ensino superior.
•	 Em 1835, foram criados os Liceus Provincianos, que em nível secundário reuniam as aulas 
régias em um mesmo lugar, construindo os primeiros currículos seriados. O Colégio D. Pedro 
II foi um dos liceus mais importantes do país, era considerado modelo.
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•	 A educação sempre foi usada no Brasil como método de domínio. As meninas não 
podiam frequentar o ensino público secundário até o fim do período imperial (a profissão 
de professor era exclusiva para o sexo masculino). As poucas escolas particulares para 
meninas diferenciavam os currículos. Elas aprendiam contextos voltados à vida doméstica, 
à maternidade e à religião, sem acesso a conteúdos científicos e intelectuais.
•	 O ensino primário e secundário não era valorizado no período imperial.
•	 O ensino superior foi iniciado formalmente com a chegada de D. João VI ao Brasil, em 1808.
•	 Até o fim do século XIX existiram somente 24 estabelecimentos de ensino superior no Brasil, 
com cerca de 10.000 estudantes.
•	 Os cursos superiores no período imperial não vinculavam teoria e prática, e eram voltados, 
sobretudo, ao ensino da medicina, engenharia, direito, agricultura e artes.
•	 As instituições de ensino de nível superior não eram universidades. Estas surgiram somente 
no século XX.
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AUTO
ATIVI
DADE �
Assinale a afirmativa correta: 
1 (PUC-RS) O Golpe da Maioridade (1841), que permitiu que D. Pedro II subisse ao trono:
a) ( ) Provocou a formação do Partido Republicano.
b) ( ) Impediu a consolidação de partidos em âmbito nacional.
c) ( ) Assinalou o fim do período de hegemonia dos partidários do escravismo.
d) ( ) Permitiu o reatamento das relações diplomáticas com Portugal.
e) ( ) Abriu caminho para a pacificação interna e para a estabilidade política. 
2 (UEG) O Segundo Reinado (1840-1889), em contraposição ao Período Regencial 
(1831-1840), foi marcado por um clima de estabilidade política. A presença do 
Imperador, nas décadas de 40 e 50 do século XIX, impôs uma nova ordenação do 
poder por meio de inúmeras iniciativas reformistas, que se caracterizaram: 
a) ( ) Pela centralização do poder político, que permitiu o controle das províncias, a 
garantia da ordem e a gestão do fim do tráfico de escravos exigido pela Inglaterra.
b) ( ) Pela distribuição de terras como forma de atrair os imigrantes europeus para a 
lavoura de café.
c) ( ) Pelo incentivo ao fim do trabalho escravo e do tráfico negreiro, atividades 
incompatíveis com o processo de modernização em curso.
d) ( ) Pela descentralização do poder político com o reforço das autoridades provinciais, 
que tiveram novas atribuições definidas pelo Ato Adicional.
e) ( ) Pela modernização do exército brasileiro, que ocupou papel central na vida política 
do país ao garantir a ordem política no tumultuado período regencial.
 
3 (PUC-PR) O Tratado da Tríplice Aliança foi assinado em 1º de maio de 1865 pelos 
seguintes países: 
a) ( ) Bolívia, Brasil e Uruguai.
b) ( ) Argentina, Bolívia e Brasil.
c) ( ) Argentina, Brasil e Uruguai.
d) ( ) Argentina, Bolívia e Uruguai.
e) ( ) Argentina, Paraguai e Uruguai.
4 (ACAFE/SC) Acerca da cultura no Brasil, no final do século XIX, é (são) correta(s) a(s) 
afirmativa(s):
a) ( ) O Segundo Reinado valorizou a educação, fundando vários estabelecimentos de 
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nível superior: as Universidades Imperiais.
b) ( ) O analfabetismo e o reduzido número de alunos nos cursos primários eram uma 
constante no país.
c) ( ) Como instituição científica, foi criado o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro 
que contribuiu, até hoje, no estudo e na divulgação da História e Geografia.
d) ( ) Na literatura, por influência da Europa, a manifestação mais significativa foi o 
Romantismo.
e) ( ) Cada província, durante o Império, possuía seu sistema de ensino com legislação 
própria sobre educação. 
5 (UFRGS) Leia o texto que segue: “A mais longa, mais sanguinolenta e mais destrutiva 
das guerras que assolaram a América do Sul no século XIX foi a Guerra do Paraguai, 
ou Guerra da Tríplice Aliança, que começou com a declaração de guerra pelo Paraguai 
em primeiro lugar ao Brasil e depois à Argentina, seguida por uma invasão de territórios 
desses dois países, e acabou por se tornar uma guerra travada entre Brasil, Argentina 
e Uruguai para a destruição do Paraguai”. 
FONTE: BETHEL, Leslie. A Guerra do Paraguai. História e historiografia. In: MARQUES, Maria 
E. C. Magalhães (org). A Guerra do Paraguai 130 anos depois. Rio de Janeiro: 
Relume Dumará, 1995. 
Quanto às causas da maior guerra que assolou a América do Sul no século XIX, 
é correto afirmar que:
a) ( ) O poderio militar e econômico do Paraguai determinou a eclosão da Guerra, que 
procurava deter o vertiginoso crescimento desse país.
b) ( ) O Império do Brasil participou da Guerra, pois o Paraguai representava uma séria 
ameaça a sua soberania nacional.
c) ( ) A Inglaterra procurou evitar ou, pelo menos, retardar ao máximo a eclosão desse 
conflito.
d) ( ) A Guerra foi o resultado de velhas rivalidades platinas e do processo de formação 
dos estados nacionais na região.
e) ( ) A opinião pública dos países integrantes da Tríplice Aliança sempre foi favorável 
à Guerra em todas as suas fases.
6 (UNITAU) “Principal responsável pelas transformações econômicas, sociais e políticas 
ocorridas no Brasil na segunda metade do século XIX, reintegrou a economia brasileira 
nos mercados internacionais, contribuiu decisivamente para o incremento das relações 
assalariadas de produção e possibilitou a acumulação de capital que, disponível, foi 
aplicado em sua própria expansão e em alguns setores urbanos como a indústria, por 
exemplo. Foi ainda responsável pela inversão na balança comercial brasileira que, 
depois de uma história de constantes déficits, passou a superavitária entre os anos 
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de 1861 a 1885”. O parágrafo acima se refere:
a) ( ) À borracha.
b) ( ) Ao cacau.
c) ( ) Ao algodão.
d) ( ) À cana-de-açúcar.
e) ( ) Ao café. 
7 (FESP) Assinale a(s) alternativa(s) que contém(êm) característica(s) referente(s) ao 
período do Segundo Reinado (1845-1889):
a) ( ) Fim do tráfico negreiro.
b) ( ) Elaboração da primeira Constituição brasileira.
c) ( ) Domínio do café no quadro das exportações brasileiras.
d) ( ) Início da propaganda

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