Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Livro Eletrônico Aula 06 Direito Constitucional p/ IBAMA 2017 (Analista Ambiental) - Com videoaulas Equipe Ricardo e Nádia 01, Nádia Carolina, Ricardo Vale, Equipe Ricardo e Nádia 02 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale !ULA 06 ADMINISTRAÇÃO!PÚBLICA Sumário Administração Pública .................................................................................................................... 3 1‑Conceito de Administração Pública: ..................................................................................... 3 2‑ Organização da Administração Pública: .............................................................................. 4 3‑Regime Jurídico da Administração x Regime Jurídico‑Administrativo: ........................ 8 4‑Princípios Explícitos da Administração Pública: ................................................................ 9 5‑ Princípios Implícitos da Administração Pública: ............................................................ 15 6‑ Agentes Públicos: ................................................................................................................... 17 7‑ Administração Tributária: .................................................................................................... 59 8‑ Contrato de Gestão: ................................................................................................................ 60 9‑ Obrigatoriedade de Licitação: .............................................................................................. 61 10‑ Improbidade Administrativa: ............................................................................................ 62 11‑ Responsabilidade Civil do Estado: ................................................................................... 63 Questões Comentadas ................................................................................................................... 65 Lista de Questões ......................................................................................................................... 115 Gabarito ......................................................................................................................................... 136 Para tirar dvidas e ter acesso a dicas e contedos gratuitos, acesse nossas redes sociais: Facebook do Prof. Ricardo Vale: https://www.facebook.com/profricardovale Facebook da Profa. Ndia Carolina: https://www.facebook.com/nadia.c.santos.16?fref=ts Canal do YouTube do Ricardo Vale: 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Administrao Pblica 1-Conceito de Administrao Pblica: No ordenamento jurdico brasileiro, vigora o princpio da separao de poderes. A Constituio Federal estabelece, logo em seu art. 2¼, que so poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o Executivo, o Legislativo e o Judicirio. Cada um desses Poderes possui funes tpicas e funes atpicas. A funo administrativa, como j se sabe, tpica do Poder Executivo. Isso no quer dizer, todavia, que os Poderes Legislativo e Judicirio no exeram a funo administrativa. Eles a exercem sim. Quando o Poder Judicirio realiza uma licitao e celebra um contrato, ele est exercendo a funo administrativa. Da mesma forma, fica claro o exerccio dessa funo quando o Poder Legislativo realiza um concurso pblico e nomeia novos servidores. Levando-se isso em considerao, possvel concluir que, quando se fala em ÒAdministrao PblicaÓ, no estamos nos referindo apenas ao Poder Executivo, mas a todo o conjunto de rgos e entidades governamentais, dos trs Poderes. A doutrina ensina que o termo ÒAdministrao PblicaÓ pode assumir diferentes sentidos. possvel falar-se em ÒAdministrao Pblica em sentido amploÓ e ÒAdministrao Pblica em sentido estritoÓ. A Administrao Pblica em sentido amplo engloba, alm dos rgos e entidades que exercem funo administrativa, os chamados rgos polticos (que exercem funo poltica). A Administrao Pblica em sentido estrito, por sua vez, engloba to somente os rgos e entidades que exercem funo administrativa. Para que no reste nenhuma dvida, cabe apenas destacar a diferena entre funo poltica e funo administrativa. A funo poltica aquela que diz respeito elaborao de polticas pblicas e ao estabelecimento de diretrizes governamentais. A funo administrativa est relacionada execuo dos servios pblicos e implementao das polticas pblicas. Tambm pode-se falar em Administrao Pblica em sentido objetivo (material ou funcional) e em Administrao Pblica em sentido subjetivo (formal ou orgnico). A Administrao Pblica em sentido subjetivo (formal ou orgnico) diz respeito aos sujeitos que so considerados pelo ordenamento jurdico como integrantes da Administrao. Esse critrio, adotado no Brasil, reconhece como integrantes da Administrao Pblica os rgos pblicos (que integram a chamada Administrao direta) e as entidades da Administrao indireta 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale (autarquias, fundaes, sociedades de economia mista e empresas pblicas). Trata-se de uma perspectiva formalista, que no leva em considerao a funo desempenhada. Com efeito, h empresas pblicas e sociedades de economia mista que exploram atividades econmicas e, portanto, no exercem funo administrativa. A Administrao Pblica em sentido objetivo (material ou funcional) diz respeito ao conjunto de atividades relacionadas funo administrativa do Estado. So consideradas atividades tpicas da Administrao Pblica: o fomento (estmulo iniciativa privada), a polcia administrativa (atividade de restries aos direitos individuais), o servio pblico (atividades destinadas a satisfazer as necessidades da coletividade) e a interveno (regulao e fiscalizao estatal sobre as atividades econmicas). Por essa lgica, as sociedades de economia mista e as empresas pblicas que exploram atividades econmicas no integrariam a Administrao Pblica.1 Por outro lado, empresas privadas concessionrias ou permissionrios de servios pblicos, por exercerem funo administrativa, seriam abarcadas pelo conceito de Administrao Pblica em sentido objetivo. Em breve sntese, podemos destacar o seguinte: a) Administrao Pblica em sentido amplo: abrange os rgos que exercem funo poltica e os rgos e entidades que exercem funes administrativas. b) Administrao Pblica em sentido estrito: abrange apenas os rgos e entidades que exercem funes administrativas. c) Administrao Pblica em sentido subjetivo: tem como foco os sujeitos que integram a AdministraoPblica. A pergunta que se deve responder: Òquem so os sujeitos que integram a Administrao Pblica?Ó. d) Administrao Pblica em sentido objetivo: tem como foco as atividades relacionadas funo administrativa. A pergunta aqui a seguinte: Òqual funo desempenhada?Ó. 2- Organizao da Administrao Pblica: O Estado exerce suas tarefas administrativas de duas formas diferentes: i) centralizadamente ou; ii) descentralizadamente. disso, inclusive, que 1 Essa a posio mais segura para concursos pblicos. No entanto, h doutrinadores que consideram que quando o Estado atua diretamente no domnio econmico (por meio de empresas pblicas e sociedades de economia mista) ele est exercendo funo administrativa e, como tal, estaramos diante de atividade de administrao pblica em sentido material. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale resultam as expresses ÒAdministrao DiretaÓ e ÒAdministrao IndiretaÓ. Quando o Estado atua centralizadamente, ele no delega competncia a nenhuma outra entidade. Por exemplo, uma das competncias administrativas da Unio assegurar a defesa nacional (art. 21, III). A Unio no atribuiu essa competncia a nenhuma outra pessoa; ela mesma quem exerce essa competncia, por meio do Ministrio da Defesa. um rgo pblico o responsvel pela tarefa administrativa. Vale destacar que os rgos pblicos so entes despersonalizados: eles no possuem personalidade jurdica prpria. Os rgos pblicos compem, ento, a denominada Administrao Direta. A Administrao Direta pode ser conceituada como o conjunto de rgos que integram os entes polticos (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios) e que tm a competncia para exercer as tarefas administrativas do Estado, de forma centralizada. Por outro lado, quando o Estado atua descentralizadamente, ele atribui a outra pessoa a competncia para realizar determinada tarefa administrativa. Surgem, ento, entidades com personalidade jurdica prpria, responsveis por executar atividades administrativas especficas. Essas entidades compem o que denominamos Administrao Indireta. Segundo a CF/88, a Administrao indireta composta pelas autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas e sociedades de economia mista. Vale destacar que essas entidades existem em todas as esferas federativas, ou seja, existe Administrao Indireta da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios. Se estivssemos estudando Direito Administrativo, iramos nos aprofundar bastante nas explicaes sobre cada uma dessas entidades da Administrao indireta. No entanto, como esse um curso de Direito Constitucional, vamos apenas apresentar rpidas ideias sobre cada uma dessas entidades. 1) Autarquias: so pessoas jurdicas de direito pblico que exercem atividade tpica da administrao pblica. Ex: INSS, IBAMA, BACEN, ANATEL, ANVISA. So criadas por lei. 2) Fundaes Pblicas: existem fundaes pblicas com personalidade jurdica de direito pblico (equiparadas s autarquias) e fundaes pblicas com personalidade jurdica de direito privado. As fundaes pblicas de direito pblico so tambm chamadas de fundaes autrquicas e, por serem equiparadas s autarquias, devem ser criadas por lei. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale J as fundaes pblicas de direito privado tm sua criao autorizada por lei. Ex: FUNAI e FUNASA. 3) Empresas Pblicas: so pessoas jurdicas de direito privado que, em regra, exploram atividades econmicas. Dizemos Òem regraÓ porque existem empresas pblicas que prestam servios pblicos. Nas empresas pblicas, o capital social 100% pblico. Ex: Caixa Econmica Federal (CEF) e Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos (ECT). A criao de empresas pblicas autorizada por lei. 4) Sociedades de economia mista: so pessoas jurdicas de direito privado que, em regra, exploram atividades econmicas. Tambm existem sociedades de economia mista que prestam servios pblicos. Diferem, em essncia, das empresas pblicas pelos seguintes motivos: i) so constitudas sob a forma de sociedade annima (as empresas pblicas podem assumir qualquer forma jurdica); ii) a maioria das aes do Estado, mas no h obrigatoriedade de que todo o capital social seja pblico. Ex: Banco do Brasil e PETROBRçS. A criao de sociedades de economia mista autorizada por lei. importante que voc no confunda centralizao / descentralizao com concentrao / desconcentrao. A descentralizao envolve, sempre, mais de uma pessoa jurdica. A desconcentrao, ao contrrio, uma tcnica administrativa de distribuio de competncias dentro de uma nica pessoa jurdica. Por exemplo, dentro da Receita Federal do Brasil (RFB), so criadas vrias Delegacias e Superintendncias Regionais. Ou, ainda, dentro da Unio, so criados vrios Ministrios, cada um com uma competncia prpria (Ministrio da Fazenda, Ministrio da Sade, etc.) A CF/88 prev a criao de entidades da Administrao Indireta. Trata-se de pessoas jurdicas vinculadas Administrao Direta (no caso da Administrao Federal, a um Ministrio) cuja funo executar tarefas de interesse pblico de maneira descentralizada. A descentralizao consiste na transferncia da titularidade de determinadas atividades a pessoas jurdicas criadas para executarem as mesmas. Veja o que determina o texto constitucional: XIX - somente por lei especfica poder ser criada autarquia e autorizada a instituio de empresa pblica, de sociedade de 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale economia mista e de fundao, cabendo lei complementar, neste ltimo caso, definir as reas de sua atuao; XX - depende de autorizao legislativa, em cada caso, a criao de subsidirias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participao de qualquer delas em empresa privada; Observa-se que as autarquias s podem ser criadas por lei especfica. Isso porque essas entidades so pessoas jurdicas de direito pblico, que realizam atividades tpicas do Estado. J as sociedades de economia mista e empresas pblicas precisam de autorizao em lei para serem criadas. Essas entidades so pessoas jurdicas de direito privado que podero tanto prestar servios pblicos quanto explorar atividades econmicas. Por fim, as fundaes pblicas tanto podero ser criadas quanto ter sua criao autorizada por lei. No primeiro caso, tero personalidade jurdica de direito pblico, sendo uma espcie de autarquia (fundaes autrquicas). No segundo, tero personalidade jurdica de direito privado. Em ambos os casos, contudo, caber lei complementar definir as reas de sua atuao. No que se refere ao art. 37, XX, da CF, observa-se que depende de autorizao legislativa, em cada caso, a criao de subsidirias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participao de qualquer delas em empresa privada. No h necessidade de aprovao do Poder Executivo,uma vez que a autorizao se d por lei, conforme o texto constitucional. (TJDFT Ð 2015) As autarquias so servios autnomos, criados por lei, com natureza jurdica de direito privado e personalidade jurdica prpria. Comentrios: As autarquias so pessoas jurdicas de direito pblico, criadas por lei. Questo errada. (TJDFT Ð 2015) As empresas pblicas e as sociedades de economia mista so entidades com natureza jurdica de direito privado e capital exclusivo do ente estatal que as instituir. Comentrios: Nas empresas pblicas, o capital 100% pblico. Nas 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale sociedades de economia mista, a maioria das aes do Estado, no havendo obrigatoriedade de que todo o capital seja pblico. Questo errada. 3-Regime Jurdico da Administrao x Regime Jurdico-Administrativo: Essas so duas expresses muito parecidas e, por isso, acabam sendo erroneamente consideradas sinnimas. No entanto, elas tm significados diferentes. O Regime Jurdico da Administrao o conjunto de normas (princpios e regras) s quais se submete a Administrao Pblica, o que engloba o regime de direito pblico e o regime de direito privado. Perceba que a Administrao Pblica, em suas relaes, pode atuar com supremacia perante os particulares (relao vertical) ou em p de igualdade com estes (relao horizontal). Na primeira situao, ir vigorar o regime de direito pblico; na segunda, o regime de direito privado. Um exemplo de situao em que a Administrao est envolvida em uma relao horizontal quando ela celebra um contrato de aluguel com um particular. O Regime jurdico-administrativo, por sua vez, o regime de direito pblico ao qual se submete a Administrao Pblica. esse regime que rege as relaes em que a Administrao atua com supremacia perante os administrados. Trata-se de uma relao vertical, na qual a Administrao dotada de prerrogativas especiais. H 2 (dois) princpios que fundamentam o regime jurdico-administrativo: i) a supremacia do interesse pblico e; ii) a indisponibilidade do interesse pblico. O princpio da supremacia do interesse pblico determina que em caso de conflito entre o interesse pblico e o de particulares, aquele deve prevalecer. Em razo da supremacia do interesse pblico, a Administrao goza de prerrogativas especiais, das quais decorre a verticalidade nas relaes entre esta e os particulares. Poder, por exemplo, determinar a desapropriao de um imvel ou, ainda, prever as chamadas clusulas exorbitantes em contratos administrativos. J o princpio da indisponibilidade do interesse pblico estabelece que a Administrao somente pode atuar quando autorizada por lei, nos limites estipulados pela norma legal. Veda ao administrador a prtica de atos que implicam renncia a direitos do Poder Pblico ou que onerem injustificadamente a sociedade. Em virtude da indisponibilidade do interesse pblico, a Administrao est sujeita a determinadas restries. Ao adquirir bens, por exemplo, a Administrao dever realizar prvia licitao. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 4-Princpios Explcitos da Administrao Pblica: A Administrao Pblica, em todos os seus nveis, dever observar certos princpios constitucionais em sua atuao. Esses princpios esto expressos no art. 37, CF/88: Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte: (...) So 5 (cinco) os princpios constitucionais da Administrao Pblica: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia. Esses princpios vinculam toda a Administrao Pblica (seja a administrao direta ou indireta), dos trs Poderes (Executivo, Legislativo e Judicirio) e de todas as esferas da federao (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios). a) Princpio da legalidade: A legalidade princpio essencial dentro de um Estado democrtico de direito, representando a submisso do Estado lei. por meio da observncia das leis que se concretiza a vontade do povo e, assim, atendido o interesse pblico. Ressalte-se que, ao falarmos em ÒleiÓ, no estamos nos referindo apenas lei formal, elaborada pelo Poder Legislativo. Pelo princpio da legalidade, devem ser observadas as normas em geral, inclusive os atos infralegais (decretos, portarias e instrues normativas). Segundo o princpio da legalidade, a Administrao Pblica somente pode fazer o que est expressamente previsto em normas jurdicas. Assim, a Administrao s pode agir segundo a lei (Òsecundum legemÓ), jamais contra a ÒLIMPE" LEGALIDADE IMPESSOALIDADE MORALIDADE PUBLICIDADE EFICIæNCIA 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale lei (Òcontra legemÓ) ou alm da lei (Òpraeter legemÓ), com base apenas nos costumes. claro, s vezes, as normas deixam certa liberdade de escolha para o administrador pblico; dizemos que, nesse caso, h discricionariedade da Administrao. Por exemplo, a concesso de licena a um servidor, para tratar de interesse particular, discricionariedade da Administrao (que poder decidir por conceder ou no a licena). Para os particulares, o princpio da legalidade tem uma conotao diferente: a eles, lcito fazer tudo aquilo que a lei no probe. Enquanto a Administrao Pblica deve agir da maneira que a lei determina, os particulares tm maior liberdade de atuao e s no podem fazer o que a lei lhes probe. b) Princpio da impessoalidade: O princpio da impessoalidade tambm conhecido como princpio da finalidade ou, ainda, principio da isonomia. Para compreender o exato alcance desse princpio, necessrio analis-lo em suas 4 (quatro) diferentes acepes. Na primeira acepo, de finalidade, o princpio da impessoalidade traduz a ideia de que toda atuao da Administrao deve buscar a satisfao do interesse pblico. Quando um ato praticado com objetivo diverso, nulo, por desvio de finalidade. O administrador mero executor do ato, que serve para manifestar a vontade do Estado. Pode-se dizer, portanto, que o princpio da impessoalidade decorre do princpio da supremacia do interesse pblico. Segundo a doutrina, em sentido amplo, o princpio da impessoalidade busca o atendimento do interesse pblico, enquanto em sentido estrito, visa atender a finalidade especfica prevista em lei para o ato administrativo. Ressalta-se que, sempre que o ato administrativo satisfizer sua finalidade especfica, a finalidade em sentido amplo tambm ter sido atendida. Nesse sentido, destaca-se a lio de Hely Lopes Meirelles: Ò(É) o princpio da impessoalidade, referido na Constituio de 1988 (art. 37, ÒcaputÓ), nada mais que o clssico princpio da finalidade, o qual impe ao administrador pblico que s pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal unicamente aquele que a norma de direitoindica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoalÓ. 2 2 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 21a Edio, 1995 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Na segunda acepo, o princpio da impessoalidade traz a ideia de vedao promoo pessoal. O agente pblico no pode utilizar as realizaes da Administrao Pblica para promoo pessoal. Fundamenta-se essa lgica no art. 37, ¤ 1¼, da CF/88, que dispe o seguinte: ¤ 1¼ - A publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendo constar nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos. Uma terceira acepo do princpio da impessoalidade aquela que o relaciona isonomia. o que se verifica, por exemplo, na exigncia de concurso pblico para o acesso aos cargos pblicos. A oportunidade de se ter acesso a esses cargos igual para todos. Outro exemplo dessa acepo do princpio da impessoalidade diz respeito ao pagamento das dvidas do Estado, que dever observar, em regra, a ordem cronolgica de apresentao dos precatrios (art. 100, CF/88). Finalmente, a quarta acepo do princpio da impessoalidade a que considera que os atos praticados pelo agente pblico no so imputveis a ele, mas ao rgo ou entidade em nome do qual ele age. A ao dos agentes , portanto, impessoal. Essa regra extrada do art. 37, ¤ 6¼, da CF/88: ¤ 6¼ - As pessoas jurdicas de direito pblico e as de direito privado prestadoras de servios pblicos respondero pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsvel nos casos de dolo ou culpa. Destaca-se, ainda, que uma importante aplicao do princpio da impessoalidade diz respeito considerao dos atos praticados por agente de fato (putativo) como vlidos. Agente de fato aquele indivduo que ingressa na Administrao Pblica irregularmente. Devido teoria da aparncia (o agente parece ser servidor pblico Òde direitoÓ), seus atos so mantidos quando atingem terceiros de boa-f, pois a Administrao impessoal. c) Princpio da moralidade: A moralidade administrativa princpio que impe aos agentes pblicos a atuao tica e honesta na gesto da coisa pblica. No basta que o administrador pblico atue segundo a Lei; alm disso, ele deve agir segundo os princpios da probidade e boa f. Assim, perfeitamente possvel que um ato administrativo esteja em conformidade com a lei, mas contrarie o princpio da moralidade, podendo, ento, ser anulado. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Alm de erigir o princpio da moralidade a vetor fundamental de atuao da Administrao Pblica, a Constituio Federal de 1988 buscou concretiz-lo em diversos dispositivos. Como instrumento de controle da moralidade administrativa, o art. 5¼, LXXIII, previu a ao popular, que pode ser proposta por qualquer cidado: LXXIII - qualquer cidado parte legtima para propor ao popular que vise a anular ato lesivo ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada m-f, isento de custas judiciais e do nus da sucumbncia. O art. 37, ¤ 4¼, CF/88, por sua vez, prev a responsabilizao por atos de improbidade administrativa. Os atos de improbidade administrativa podero ensejar a suspenso dos direitos polticos, a perda da funo pblica, a indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao Errio. Tudo isso sem prejuzo da ao penal cabvel, que tambm poder ser proposta. ¤ 4¼ - Os atos de improbidade administrativa importaro a suspenso dos direitos polticos, a perda da funo pblica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao errio, na forma e gradao previstas em lei, sem prejuzo da ao penal cabvel. bastante comum assertivas como a seguinte: ÒAtos de improbidade administrativa importaro a perda da funo pblica e dos direitos polticosÓ. Essa assertiva est ERRADA, pois a improbidade administrativa gera suspenso dos direitos polticos. d) Princpio da publicidade: O princpio da publicidade deve ser analisado em duas acepes diferentes: - Exigncia de publicao em rgo oficial como requisito de eficcia dos atos administrativos gerais que devam produzir efeitos externos ou onerem o patrimnio pblico; - Exigncia de transparncia da Administrao em sua atuao, de forma a possibilitar o controle pelos administrados. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Na primeira acepo, deve ficar claro que a Administrao tem a obrigao de tornar pblicos os seus atos. Com efeito, a publicidade dos atos administrativos requisito de eficcia dos atos administrativos gerais e de efeitos externos ou, ainda, daqueles que onerem o patrimnio pblico. Exemplo de ato geral e de efeito externo a publicao de uma Portaria: esta somente produzir seus efeitos (ser eficaz) aps a publicao no Dirio Oficial da Unio. Na segunda acepo, a Administrao Pblica tem a obrigao de dar conhecimento aos administrados (cidados) da conduta interna de seus agentes. Segundo o art. 5¼, XXXIII, Òtodos os cidados tm o direito de receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geralÓ. O princpio da publicidade evidencia-se, assim, na forma de uma obrigao de transparncia. XXXIII - todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado. A partir da leitura do dispositivo supratranscrito, possvel concluir que os rgos pblicos no precisam fornecer aos cidados toda e qualquer informao de que disponham. As informaes cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado no precisam ser fornecidas. Cabe destacar, ainda, que somente com a publicidade dos atos administrativos que torna-se vivel o exerccio do controle da Administrao, seja este controle realizado pelos prprios cidados (controle social) ou pelos chamados rgos de controle (CGU e TCU). Com base no princpio da publicidade, o STF entendeu ser vlida a divulgao da remunerao bruta, cargos e funes titularizados por servidores pblicos, bem como dos rgos de sua formal lotao. Isso porque, sendo essas informaes de interesse coletivo ou geral, esto expostas divulgao oficial. No cabe, de acordo com a Corte, Òfalar de intimidade ou de vida privada nesse caso, pois os dados objeto da divulgao em causa dizem respeito a agentes pblicos enquanto agentes pblicos mesmos; ou, na linguagem da prpria Constituio, agentes estataisagindo Ònessa qualidadeÓ (¤6¼ do art. 37)Ó. 3 3 Pleno, SS 3902 AgR-segundo / SP - SÌO PAULO, Rel. Min. Ayres Britto, j. 09.06.2011, DJe-189 DIVULG 30- 09-2011 PUBLIC 03-10-2011. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale e) Princpio da eficincia: O princpio da eficincia passou a estar expresso na Constituio a partir da EC n¼ 19/98, que o introduziu com o objetivo de promover uma quebra de paradigma na Administrao Pblica, substituindo a antiga administrao burocrtica pelo novo modelo: a administrao gerencial. A administrao gerencial tem nfase na obteno de resultados e na participao do cidado, que visto como cliente dos servios pblicos. O art. 37, CF/88 impe verdadeiro dever de eficincia Administrao Pblica. No basta que os agentes pblicos atuem em conformidade com os ditames da legalidade. necessrio que desempenhem suas atribuies da melhor forma possvel, a fim de obter os melhores resultados. Deve-se buscar a melhoria da qualidade dos servios pblicos e a racionalidade dos gastos pblicos. A Administrao Pblica deve observar o princpio da economicidade, que determina que seja avaliado o custo/benefcio dos gastos pblicos. O princpio da eficincia se manifesta em diversos dispositivos constitucionais: - O art. 41, ¤ 4¼, estabelece que a avaliao especial de desempenho por comisso instituda com essa finalidade condio para aquisio de estabilidade por servidor publico. - O art. 41, ¤ 1¼, III, estabelece a possibilidade de perda do cargo por servidor pblico mediante procedimento de avaliao peridica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. - O art. 37, ¤ 8¼, estabelece a possibilidade de que a Administrao Pblica celebre contratos de gesto com rgos e entidades da administrao direta e indireta, fixando metas de desempenho para o rgo ou entidade. - O art. 37, ¤ 3¼, prev que lei disciplinar as formas de participao do usurio na administrao pblica direta e indireta. Esse dispositivo busca promover a gesto participativa. - O art. 39, ¤ 2¼, dispe que a Unio, os Estados e o Distrito Federal mantero escolas de governo para a formao e o aperfeioamento dos servidores pblicos, constituindo-se a participao nos cursos um dos requisitos para a promoo na carreira, facultada, para isso, a celebrao de convnios ou contratos entre os entes federados. Esse dispositivo se destina a garantir a capacitao profissional dos servidores pblicos, com o intuito de melhorar a qualidade do servio prestado pela Administrao Pblica. Observa-se que a celebrao de 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale convnios ou contratos visando manuteno de escolas de governo para formao e aperfeioamento dos servidores pblicos facultativa. - O art. 39, ¤ 7¼, estabelece que Òlei da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios disciplinar a aplicao de recursos oramentrios provenientes da economia com despesas correntes em cada rgo, autarquia e fundao, para aplicao no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, modernizao, reaparelhamento e racionalizao do servio pblico, inclusive sob a forma de adicional ou prmio de produtividade.Ó Essa a previso de adicional ou prmio de produtividade, como forma de estimular a excelncia no servio pblico e dar concretude ao princpio da eficincia. - O art. 70, caput, prev que o controle da Administrao Pblica dever, dentre outros parmetros, observar a economicidade. 5- Princpios Implcitos da Administrao Pblica: Alm dos princpios explcitos no texto constitucional (art. 37), h tambm os princpios implcitos da Administrao Pblica. No nos aprofundaremos no estudo de cada um deles, pois a estaramos entrando na seara do Direito Administrativo. Para fins do estudo do Direito Constitucional, basta que tenhamos uma breve noo sobre os principais dentre esses princpios. a) Controle judicial dos atos administrativos: No Brasil, adota-se o sistema ingls de jurisdio nica, no qual o Poder Judicirio pode efetuar o controle dos atos administrativos. Decorre do princpio da inafastabilidade de jurisdio, segundo o qual Òa lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direitoÓ (art. 5¼, XXXV). diferente do sistema francs, do contencioso administrativo, no qual os atos administrativos no so apreciados pelo Poder Judicirio. b) Princpio da autotutela: Segundo esse princpio, a Administrao Pblica tem competncia para controlar seus prprios atos, anulando-os (quando ilegais) ou revogando-os (por motivo de convnio e oportunidade). A Smula n¼ 473, do STF, dispe que ÒA Administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornam ilegais, porque deles no se originam direitos; ou revog-los, por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciao judicial.Ó c) Presuno da segurana jurdica: O princpio da segurana jurdica um princpio implcito que encontra previso no art. 2¼ da Lei n¼ 9.784/99. Esse princpio impe que as normas sejam interpretadas de forma a garantir o 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale atendimento do fim pblico a que se dirigem, vedada a aplicao retroativa de nova interpretao. d) Princpio da motivao: Um dos requisitos dos atos administrativos o motivo, que a situao de fato ou de direito que autoriza a edio do ato. A motivao consiste na declarao dos motivos que fundamentaram o ato. e) Princpio da razoabilidade e da proporcionalidade: Os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade esto intimamente relacionados. A doutrina majoritria considera, inclusive, que o princpio da proporcionalidade est contido no princpio da razoabilidade. O princpio da proporcionalidade consiste na adequao entre os meios e os fins almejados; caso o ato administrativo no respeite essa relao, ser desproporcional e, portanto, passvel de invalidao pelo Poder Judicirio. O princpio da razoabilidade possui trs aspectos: i) adequao; ii) necessidade e; iii) proporcionalidade em sentido estrito. Assim, esses trs aspectos devem ser observados para a aferio da razoabilidade de um determinado ato. A adequao consiste em observar se o meio escolhido o mais adequado para se alcanar o fim perseguido. A necessidade, por sua vez, consiste em analisar se o meio utilizado o melhor ou menos oneroso para alcanar o objetivo do ato. Por ltimo, a proporcionalidade, conforme j comentamos, a aferio da relao entre os meios e os fins almejados. f) Princpio da continuidade do servio pblico: Os servios pblicos no podem sofrer soluo de continuidade, isto , no podem ser paralisados. em razo desse princpio que podem ser impostas restries ao direito de greve dos servidores pblicos (art. 37, VII).Recorde-se que o direito de greve dos servidores pblicos norma constitucional de eficcia limitada. (TRE / GO Ð 2015) O regime jurdico-administrativo brasileiro est fundamentado em dois princpios dos quais todos os demais decorrem, a saber: o princpio da supremacia do interesse pblico sobre o privado e o princpio da indisponibilidade do interesse pblico. Comentrios: Esses princpios so os pilares do regime jurdico administrativo. Questo correta. (FUB Ð 2015) Apesar de o princpio da moralidade exigir que os atos da administrao pblica sejam de ampla 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale divulgao, veda-se a publicidade de atos que violem a vida privada do cidado. Comentrios: o princpio da publicidade que exige ampla divulgao dos atos da Administrao Pblica. Questo errada. (FUB Ð 2015) A pretexto de atuar eficientemente, possvel que a administrao pratique atos no previstos na legislao. Comentrios: No se pode invocar a eficincia para descumprir a lei. Pelo princpio da legalidade, a Administrao somente pode fazer aquilo que est expressamente previsto em normas jurdicas. Questo errada. (IPT / SP Ð 2014) O regime jurdico administrativo e o regime jurdico da Administrao Pblica so expresses sinnimas. Comentrios: Essas duas expresses tm significados distintos. O regime Jurdico da Administrao o conjunto de normas (princpios e regras) aos quais se submete a Administrao Pblica, o que engloba o regime de direito pblico e o regime de direito privado. Por outro lado, regime jurdico- administrativo o regime de direito pblico ao qual se submete a Administrao Pblica. Questo errada. 6- Agentes Pblicos: 6.1- Acesso aos cargos, empregos e funes pblicas: Segundo o art. 37, inciso I, CF/88, Òos cargos, empregos e funes pblicas so acessveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da leiÓ. Os brasileiros, para que possam ter acesso aos cargos, empregos e funes pblicas, devem cumprir os requisitos definidos em lei. Assim, somente a lei que pode definir os requisitos para acesso a cargos pblicos. O STF j se manifestou vrias vezes seguindo esse entendimento: 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale a) Smula Vinculante n¼ 44 (STF): "S por lei se pode sujeitar a exame psicotcnico a habilitao de candidato a cargo pblico." Em outras palavras, um edital de concurso pblico s pode trazer a exigncia de exame psicotcnico se a lei que criou o cargo assim o tiver estabelecido. b) Smula n¼ 14 (STF): ÒNo admissvel, por ato administrativo, restringir, em razo da idade, inscrio em concurso para cargo pblico." c) ÒA exigncia de experincia profissional prevista apenas em edital importa em ofensa constitucional.Ó 4 d) ÒA fixao do limite de idade via edital no tem o condo de suprir a exigncia constitucional de que tal requisito seja estabelecido por lei.Ó5 e) ÒEditais de concurso pblico no podem estabelecer restrio a pessoas com tatuagem, salvo situaes excepcionais em razo de contedo que viole valores constitucionaisÓ.6 Segundo o STF Òo fato de uma pessoa possuir tatuagens, visveis ou no, no poderia ser tratado pelo Estado como parmetro discriminatrio quando do deferimento de participao em concursos de provas e ttulos para ingresso em carreira pblicaÓ. A opo pela tatuagem est diretamente relacionada liberdade de expresso e de manifestao (art. 5¼, IV e IX). H que se fazer, entretanto, uma ressalva. Algumas tatuagens possuem contedo que viola valores constitucionalmente protegidos, como aquelas que fazem apologia a ideias terroristas e racistas ou que preguem a violncia e a criminalidade. Estas podem ser um obstculo para que um cidado ingresse na Administrao Pblica. É Os estrangeiros tambm podem ter acesso a cargos, empregos e funes pblicas. No entanto, para eles a regra um pouco diferente. Eles s podem ocupar cargos, empregos e funes pblicas quando a lei assim o autorizar. H necessidade de que exista uma lei definindo as hipteses em que os estrangeiros podero ter acesso aos cargos pblicos. Destaca-se que essa lei no poder estabelecer distines arbitrrias e abusivas, privilegiando determinados estrangeiros em detrimento de outros, em funo do pas de origem. Ressalta-se, ainda, que essa previso 4 RE 558.833-AgR. Rel. Min. Ellen Gracie. Julgamento em 08.09.2009. 5 RE 559.823-AgR. Rel. Min. Joaquim Barbosa. Julgamento em 27.11.2007. 6 RE 898450/SP, Rel. Min. Luiz Fux, 17.8.2016. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale constitucional se aplica igualmente aos estrangeiros residentes ou no no pas, permitindo, por exemplo, que, aps a edio da referida lei, estes tenham acesso a cargos, empregos ou funes pblicas em reparties brasileiras no exterior. Percebe-se, dessa maneira, que o acesso de brasileiros a cargos pblicos norma de eficcia contida. Todos os brasileiros tm direito a ocupar cargos pblicos, podendo a lei estabelecer requisitos, restringindo esse acesso. Por outro lado, o acesso de estrangeiros a cargos pblicos norma de eficcia limitada. Assim, para que estrangeiros possam ocupar cargos na Administrao, ser necessria a edio de lei autorizadora. 6.2- Concurso Pblico: O art. 37, inciso II, CF/88, dispe que Òa investidura em cargo ou emprego pblico depende de aprovao prvia em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeaes para cargo em comisso declarado em lei de livre nomeao e exoneraoÓ. Desse dispositivo, podemos extrair vrias regras importantes: a) O acesso aos cargos e empregos pblicos depende de prvia aprovao em concurso pblico. Nesse sentido, o STF editou a Smula Vinculante n¼ 43, que diz: Ò inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prvia aprovao em concurso pblico destinado ao seu provimento, em cargo que no integra a carreira na qual anteriormente investidoÓ. b) O concurso pblico deve ser de provas ou de provas e ttulos. Assim, no se admite a realizao de concurso pblico com base unicamente em avaliao de ttulos. Cabe destacar que, segundo o STF, o mero exerccio de funo pblica no pode ser considerado como ttulo, uma vez que isso representaria violao ao princpio da isonomia. 7 7 ADI 3.443/MA, Rel. Min. Carlos Velloso. 09.09.2005. ACESSO AOS CARGOS PÚBLICOS BRASILEIROS DEVEM CUMPRIR REQUISITOS LEGAIS ESTRANGEIROS É NECESSÁRIO LEI AUTORIZADORA 02888395363 - danielle varelo teixeira b www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 139DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale c) A exigncia de concurso pblico vale para o provimento de cargos e empregos na administrao pblica direta e indireta, inclusive para empregos em sociedades de economia mista e empresas pblica. d) A exigncia de concurso pblico s vale para o provimento de cargos efetivos. A nomeao para cargos em comisso independe de concurso pblico. O prazo de validade do concurso definido pelo edital. Segundo o art. 37, III, CF/88, o prazo de validade ser de at 2 (dois) anos, prorrogvel uma vez por igual perodo. A contagem do prazo de validade feita a partir da homologao, que o ato administrativo que atesta a concluso do concurso pblico. Dentro do prazo de validade do concurso que podero ser nomeados ou contratados os aprovados. H vasta jurisprudncia do STF e do STJ acerca do tema Òconcursos pblicosÓ. A seguir, reproduziremos os mais importantes entendimentos sobre o assunto: a) Segundo o STF, a aprovao em concurso dentro do nmero de vagas previsto no edital garante direito subjetivo do candidato nomeao8. Assim, se o edital prev 30 vagas para o cargo de Auditor- Fiscal, os 30 primeiros colocados tero direito subjetivo a serem nomeados. Em outras palavras, a Administrao no poder deixar de nome-los. ÒE pode a Administrao nomear um candidato fora da ordem de classificao? Nomear o 26¼ antes do 1¼, por exemplo?Ó No pode. A Administrao dever nomear os candidatos aprovados observando a ordem de classificao. Mas isso j aconteceu no passado... Tanto que o STF chegou a editar a Smula n¼ 15 para evitar que algum candidato melhor classificado fosse preterido: ÒDentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito nomeao, quando o cargo for preenchido sem observncia da classificaoÓ. Assim, se o 15¼ colocado de um concurso for nomeado, por bvio, todos aqueles que esto sua frente tambm o devero ser. No RE n¼ 598.099 / MS, o STF deixou consignado que possvel que, em situao excepcionalssima, a Administrao deixe de nomear os candidatos aprovados dentro do nmero de vagas. No entanto, essa situao dever ser caracterizada pela supervenincia, imprevisibilidade e gravidade. 8 RE 598.099. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento em 10.08.2011. 02888395363 - danielle varelo teixeira 4 www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale b) O STF considera que, comprovada a necessidade de pessoal e a existncia de vaga, configura preterio de candidato aprovado em concurso pblico o preenchimento da vaga, ainda que de forma temporria9. Suponha, por exemplo, que existam vagas para determinado cargo pblico e comprovada necessidade de pessoal. Alm disso, existem candidatos aprovados em concurso pblico no cadastro de reserva. Ao invs de cham-los, todavia, a Administrao faz diversas contrataes temporrias. Claro est que os candidatos que estavam em cadastro de reserva foram preteridos. c) Segundo o STJ, Òa aprovao do candidato dentro do cadastro de reserva, ainda que fora do nmero de vagas inicialmente previstas no edital do concurso pblico, confere-lhe o direito subjetivo nomeao para o respectivo cargo se, durante o prazo de validade do concurso, demonstrado o interesse da Administrao Pblica, surgirem novas vagas, seja em razo da criao de novos cargos mediante lei, seja em virtude de vacncia decorrente de exonerao, demisso, aposentadoria, posse em outro cargo inacumulvel ou falecimentoÓ.10 d) Segundo o STF, a eliminao do candidato de concurso pblico que esteja respondendo a inqurito ou ao penal, sem sentena penal condenatria transitada em julgado, fere o princpio da presuno de inocncia11. Ora, se no houve sentena penal condenatria transitada em julgado, o candidato no pode ser considerado culpado (art. 5¼, LVII). e) Segundo o STF, no h direito prova de segunda chamada nos testes de aptido fsica, em razo de circunstncias pessoais, ainda que de carter fisiolgico ou de fora maior, salvo disposio em contrrio no edital.12 Assim, em regra, inexiste direito remarcao de teste de aptido fsica em razo de problema pessoal de sade. f) Segundo o STF, o edital de concurso pblico poder estabelecer que a classificao seja feita por unidade da federao, ainda que disso resulte que um candidato possa se classificar, em uma delas, com nota inferior ao que, em outra, no alcance a classificao respectiva. Assim, admite-se que a concorrncia seja regionalizada. Isto bastante comum. Pode existir um concurso com 15 vagas para Minas Gerais, 10 vagas para So Paulo e 30 vagas para o Rio de Janeiro. Os candidatos s vagas de Minas Gerais concorrero apenas entre si, assim como os candidatos s vagas de So Paulo e do Rio de Janeiro. 9 AI 820065/GO, Rel. Min. Rosa Weber, j. 21.08.2012, p. 05.09.2012. 10 AgRg no RMS 38117 / BA, Julgamento em 18.12.2012. 11 AI 741.101-AgR, Rel. Min. Eros Grau. Julgamento em 28-4-2009 12 RE 630.733. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento em 15.05.2013. 02888395363 - danielle varelo teixeira 1 www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale g) Segundo o STF, o edital de um concurso pblico no pode ser alterado, exceto para corrigir erro material ou em virtude de imposio de lei. Nesse sentido, Òem face do princpio da legalidade, pode a Administrao Pblica, enquanto no concludo e homologado o concurso pblico, alterar as condies do certame constantes do respectivo edital, para adapt-las nova legislao aplicvel espcie, visto que, antes do provimento do cargo, o candidato tem mera expectativa de direito nomeao ou, se for o caso, participao na segunda etapa do processo seletivoÓ. h) O Supremo Tribunal Federal entende que, caso uma questo de concurso cobre assunto no incluso no edital, possvel o controle jurisdicional, por ser o edital a lei do concurso. Entretanto, bom que voc saiba que esse controle no possvel, de acordo com o STF, quando se trata de avaliar os critrios de correo da banca examinadora, de analisar a formulao de questes ou de avaliar as respostas. Para complementar, citamos trecho de julgado do STF relacionado a esse entendimento: Òo Poder Judicirio seria incompetente para substituir-se banca examinadora de concurso pblico no reexame de critrios de correo das provas e de contedo das questes formuladas. Assentou-se que, existente previso de determinado tema, cumpriria ao candidato estudar e procurar conhecer, de forma global, os elementos que pudessem ser exigidos nas provas, de modo a abarcar todos os atos normativos e casos paradigmticos existentes. Do contrrio, significaria exigir-se das bancas examinadoras a previso exaustiva, no edital de qualquer concurso, de todos os atos normativos e de todos os ÔcasesÕ atinentes a cada um dos pontos do contedo programtico do concurso, o que fugiria razoabilidadeÓ. 13 i) Segundo o STJ, o candidato aprovado que foi tardiamente nomeado por fora de deciso judicial no tem direito a ser indenizado pelo perodo em que no trabalhou.14 Isso evita que continuem ocorrendo aquelas Òindenizaes milionriasÓ de servidores que conseguiram a nomeaoquase vinte anos depois da realizao do concurso, muitas vezes prestes a se aposentarem. Quem no conhece um caso desses? O STJ Òacabou com a festaÓ! 13 MS 308060/DF, rel. Min. Luiz Fux, 28.08.2012. 14 EResp1.117.974/RS, Corte Especial, Rel. Min. Eliana Calmon, Rel.p/Acrdo Min. Teori Albino Zavascki, DJE 19.12.2011. 02888395363 - danielle varelo teixeira 9 www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale j) Segundo o STF, na ocorrncia de vaga, a Administrao, ao prov-la, deve primeiro oferecer ao servidor classificado em Concurso de Remoo, para somente ento nomear candidato habilitado em Concurso Pblico, ainda que j ocupe cargo de provimento efetivo pertencente ao Quadro de Pessoal do respectivo rgo.15 Com isso, impossibilita-se que o Auditor-Fiscal da Receita Federal que ficou durante anos na fronteira, esperando por uma remoo, veja sua to sonhada vaga em sua cidade natal ser ofertada a candidatos a novo concurso pblico, em detrimento dele. Isso j aconteceu no passado, pode acreditar! Aps esse grande repertrio jurisprudencial, continuamos no estudo do tema dos concursos pblicos. Vejamos o que dispe o art. 37, IV, CF/88: IV - durante o prazo improrrogvel previsto no edital de convocao, aquele aprovado em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos ser convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; H muita confuso quanto ao significado do termo Òprazo improrrogvelÓ. Ora, sabemos que o prazo de validade do concurso pblico de at 2 anos, prorrogvel uma vez por igual perodo. Devemos considerar que findo esse perodo que o prazo se torna improrrogvel. A CF/88 no impede que, no prazo de validade de um concurso, a Administrao realize novo concurso para o mesmo cargo. No entanto, o art. 37, IV, estabelece a prioridade de nomeao para os aprovados no concurso anterior sobre os novos aprovados. O art. 37, VIII, CF/88, assegura um percentual dos cargos e empregos pblicos para portadores de deficincia: VIII - a lei reservar percentual dos cargos e empregos pblicos para as pessoas portadoras de deficincia e definir os critrios de sua admisso; Note que a lei que definir os critrios de admisso das pessoas portadoras de deficincia, jamais o administrador pblico. Tambm importante ressaltar que, de acordo com as atribuies do cargo, esta poder prever que no haver reserva de vagas a essas pessoas. Nesse sentido, a Lei 8.112/90 prev, em seu art. 5¼, ¤ 2¼, que: ¤ 2¼ Ës pessoas portadoras de deficincia assegurado o direito de se inscrever em concurso pblico para provimento de cargo 15 MS 31267 MS, Min. Ricardo Lewandowsky, j. 24.04.2012, p. 27.04.2012 02888395363 - danielle varelo teixeira 3 www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale cujas atribuies sejam compatveis com a deficincia de que so portadoras; para tais pessoas sero reservadas at 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. Continuando nossa anlise do art. 37 da Constituio, determina o texto constitucional que: IX - a lei estabelecer os casos de contratao por tempo determinado para atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico; Esse dispositivo prev a contratao de pessoal sem concurso pblico, por tempo determinado. Esse pessoal no ocupa cargo pblico, no est sujeito ao regime estatutrio a que se submetem os servidores pblicos titulares de cargo efetivo e em comisso. Em outras palavras, no esto sujeitos Lei n¼ 8.112/90. Tambm no esto sujeitos Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), a no ser nos termos em que a lei especfica que os rege define. Esses agentes pblicos so estatutrios, pois tm seu prprio estatuto de regncia, que define seu regime jurdico. Exercem funo pblica remunerada temporria, tendo vnculo jurdico-administrativo com a Administrao Pblica. Sujeitam-se ao regime geral de previdncia social (RGPS) e suas lides com o Poder Pblico contratante so de competncia da Justia comum, federal ou estadual (ou do Distrito Federal), conforme o caso. Para a utilizao do instituto da contratao temporria, exceo contratao mediante concurso pblico, necessrio o cumprimento de trs requisitos: a) Excepcional interesse pblico; b) Temporariedade da contratao; c) Hipteses expressamente previstas em lei. A lei mencionada como requisito ser editada pela entidade contratadora, podendo ser federal, estadual, distrital ou municipal, conforme a respectiva competncia constitucional. Contudo, no ser possvel, segundo o STF, a contratao temporria por lei que fixe Òhipteses abrangentes e genricas de contratao, sem definir qual a contingncia ftica emergencial apta a ensej-laÓ, bem como para Òo exerccio de servios tpicos de carreira e de cargos permanentes de Estado, sem concurso ou motivao de excepcional relevnciaÓ que o justifique (STF, Pleno, ADI 3116/AP, deciso 14.02.2011). 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale (TRT Ð 3a Regio Ð 2015) Empresa pblica estadual pretende contratar advogados para preenchimento de empregos pblicos vagos em seu departamento jurdico. Considerando que os advogados no exercero a funo de direo, chefia e de assessoramento, a empresa pblica dever contrat-los mediante concurso pblico, vlido pelo prazo de dois anos, prorrogvel uma vez por igual perodo, sendo vedada a livre nomeao pelo dirigente da entidade. Comentrios: isso mesmo. A admisso de empregados pblicos tambm depende da realizao de concurso pblico, com prazo de validade de 2 anos, prorrogvel uma vez por igual perodo. Questo correta. (TCU Ð 2015) O prazo de validade de concurso pblico de at dois anos, podendo ele ser prorrogado enquanto houver candidatos aprovados no cadastro de reserva. Comentrios: De fato, o prazo de validade do concurso pblico de 2 (dois) anos. No entanto, ele s pode ser prorrogado por igual perodo (mais 2 anos). Questo errada. (DPE / PE Ð 2015) Conforme entendimento atual do STF, dever da administrao pblica nomear candidato aprovado em concurso pblico dentro das vagas previstas no edital, em razo do princpio da boa-f e da proteo da confiana, salvo em situaes excepcionais caracterizadas pela necessidade, supervenincia e imprevisibilidade. Comentrios: Os candidatos aprovados dentro do nmero de vagas previsto no edital tm direito subjetivo nomeao, ou seja, a Administrao tem o dever de nome-los. Essa a regra geral, que somente pode ser excepcionada em situaes excepcionalssimas, nas quais fiquem caracterizadas a necessidade, supervenincia e imprevisibilidade. Questo correta. (UEG Ð 2015) constitucional a criao de cargos temporrios mesmo para atender situaes que no sejam de necessidade temporria de excepcional interesse pblico. 02888395363 - danielle varelo teixeira ==b4193==www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Comentrios: Os cargos temporrios servem, exclusivamente, para atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico. Questo errada. (UEG Ð 2015) De acordo com o texto constitucional, durante o prazo de validade previsto no edital de concurso pblico, no possvel a abertura de novo concurso para o mesmo cargo. Comentrios: A CF/88 no impede que, no prazo de validade de um concurso, a Administrao realize novo concurso para o mesmo cargo. No entanto, fica estabelecida a prioridade de nomeao para os aprovados no concurso anterior sobre os novos aprovados. Questo errada. 6.3- Cargos em comisso e funes de confiana: No art. 37, inciso V, a Carta da Repblica trata das funes de confiana e dos cargos em comisso: V - as funes de confiana, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comisso, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condies e percentuais mnimos previstos em lei, destinam-se apenas s atribuies de direo, chefia e assessoramento; importante que voc no confunda cargos em comisso com funes de confiana. So coisas diferentes. As funes de confiana so exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, regra introduzida pela EC n¼ 19/98. Os cargos em comisso, por sua vez, so de livre nomeao e exonerao. Todavia, existe previso em lei de um percentual mnimo dos cargos em comisso que devem ser ocupados por servidores de carreira. Tanto os cargos em comisso quanto as funes de confiana destinam-se apenas s atribuies de direo, chefia e assessoramento. Nesse sentido, o STF j declarou a inconstitucionalidade de lei estadual que criou cargos em comisso com atribuies de natureza tcnica. Esquematizando... 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale No que se refere a nomeaes para cargos em comisso, importante o entendimento do STF sobre o nepotismo, prtica de nomear parentes para cargos em comisso e funes de confiana. A Corte considera ofensiva a prtica do nepotismo, vedando inclusive o Ònepotismo cruzadoÓ, que ocorre quando dois agentes pblicos nomeiam parentes um do outro, para mascarar a contratao. O STF entende que a prtica do nepotismo ofende os princpios da moralidade e da impessoalidade, devendo a vedao a esta prtica ser observada por todos os Poderes da Repblica e por todos os entes da Federao, independentemente de lei formal. Que tal lermos a Smula Vinculante no 13 em sua ntegra? ÒA nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, at o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurdica, investido em cargo de direo, chefia ou assessoramento, para o exerccio de cargo em comisso ou de confiana, ou, ainda, de funo gratificada na administrao pblica direta e indireta, em qualquer dos poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, compreendido o ajuste mediante designaes recprocas, viola a Constituio Federal.Ó importante destacar que a vedao ao nepotismo no alcana a nomeao para cargos polticos. Assim, o governador de um Estado pode nomear seu irmo para o cargo de secretrio estadual, por exemplo. FUNÇÕES DE CONFIANÇA EXCLUSIVAS DE SERVIDORES OCUPANTES DE CARGO EFETIVO. CARGOS EM COMISSÃO PODEM SER PREENCHIDOS SEM CONCURSO PÚBLICO, MAS A LEI DEVE ESTABELECER PERCENTUAIS MÍNIMOS A SEREM PREENCHIDOS POR SERVIDORES DE CARREIRA 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale (UEG Ð 2015) A investidura em qualquer cargo pblico exige prvia aprovao em concurso pblico. Comentrios: A nomeao para cargo em comisso independe de aprovao em concurso pblico. Questo errada. (UFRB Ð 2015) As funes de confiana, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comisso, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condies e percentuais mnimos previstos em lei, destinam-se apenas s atribuies de direo, chefia e assessoramento. Comentrios: Isso mesmo! As funes de confiana e os cargos de comisso se destinam apenas s atribuies de direo, chefia e assessoramento. Cabe destacar que as funes de confiana somente podem ser exercidas por servidores ocupantes de cargos efetivos. Questo correta. 6.4- Direitos Sociais dos servidores pblicos: Nesse tpico, estudaremos sobre os direitos sociais dos servidores pblicos. Inicialmente, comentamos sobre o direito associao sindical, o qual assegurado pelo art. 37, VI, CF/88: VI - garantido ao servidor pblico civil o direito livre associao sindical. O servidor pblico tem, portanto, o poder de se associar a um sindicato. Entretanto, destaca-se que a Smula 679 do STF probe a conveno coletiva para fixao de vencimentos dos servidores pblicos. Destaca- se, ainda, que aos militares so vedadas a sindicalizao e a greve (art. 142, IV, CF), sem exceo. Os servidores pblicos civis tambm tm o direito de greve, conforme art.37, VII: VII - o direito de greve ser exercido nos termos e nos limites estabelecidos em lei especfica. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Observe que, ao contrrio do direito associao sindical, que uma norma constitucional de eficcia plena, o direito de greve do servidor pblico uma norma constitucional de eficcia limitada. Em tese, necessria uma lei para que os servidores pblicos possam usufruir do direito de greve. Como tal lei ainda no foi editada, o STF, no julgamento de trs mandados de injuno, adotando a posio concretista geral, determinou a aplicao ao setor pblico, no que couber, da lei de greve vigente no setor privado (Lei no 7.783/1989) at a edio da lei regulamentadora. Destaca-se, porm, que a Corte decidiu pela inaplicabilidade do direito de greve a determinados servidores pblicos, como, por exemplo, s foras policiais, devido ndole de sua atividade. Segundo o Pretrio Excelso, Òservidores pblicos que exercem atividades relacionadas manuteno da ordem pblica e segurana pblica, administrao da Justia Ð a os integrados nas chamadas carreiras de Estado, que exercem atividades indelegveis, inclusive as de exao tributria Ð e sade pblicaÓ esto privados do direito de greve (STF, Rcl. 6568-SP, Rel. Min. Eros Grau). Mais recentemente, tambm examinando a problemtica do direito de greve, o STF decidiu que a Administrao Pblica deve descontar da remunerao dos servidores pblicos grevistas os dias de paralisao. O desconto da remunerao somente no ser cabvel quando ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilcita do Poder Pblico.16 A Carta Magna assegura, ainda, aos servidores pblicos, os seguintesdireitos sociais (art. 39, ¤ 3o): a) Salrio mnimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais bsicas e s de sua famlia com moradia, alimentao, educao, sade, lazer, vesturio, higiene, transporte e previdncia social, com reajustes peridicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculao para qualquer fim; b) Garantia de salrio, nunca inferior ao mnimo, para os que percebem remunerao varivel; c) Dcimo terceiro salrio com base na remunerao integral ou no valor da aposentadoria; d) Remunerao do trabalho noturno superior do diurno; 16 RE n¼ 693.456, Rel. Min. Dias Toffoli. Julg: 27.10.2016. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale e) Salrio-famlia pago em razo do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; f) Durao do trabalho normal no superior a oito horas dirias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensao de horrios e a reduo da jornada, mediante acordo ou conveno coletiva de trabalho; g) Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; h) Remunerao do servio extraordinrio superior, no mnimo, em cinquenta por cento do normal; i) Gozo de frias anuais remuneradas com, pelo menos, um tero a mais do que o salrio normal; j) Licena gestante, sem prejuzo do emprego e do salrio; l) Licena-paternidade, nos termos fixados em lei; m) Proteo do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos especficos, nos termos da lei; n) Reduo dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de sade, higiene e segurana; o) Proibio de diferena de salrios, de exerccio de funes e de critrio de admisso por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. (TRT 3a Regio Ð 2015) Em que pese a Constituio Federal assegurar aos servidores pblicos o direito de greve, o exerccio regular desse direito depende da edio de lei federal tratando da matria, no podendo ser garantido por deciso proferida pelo Supremo Tribunal Federal em mandado de injuno. Comentrios: possvel, sim, que o direito de greve seja assegurado por meio de mandado de injuno impetrado no STF. O direito de greve dos servidores pblicos norma de eficcia limitada, dependente, portanto, da edio de lei regulamentadora. At hoje, essa lei no foi editada. Questo errada. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 6.5- Remunerao dos servidores pblicos: O artigo 37, inciso X, CF/88 estabelece o seguinte sobre a remunerao dos servidores pblicos: X - a remunerao dos servidores pblicos e o subsdio de que trata o ¤ 4¼ do art. 39 somente podero ser fixados ou alterados por lei especfica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada reviso geral anual, sempre na mesma data e sem distino de ndices; Antes de iniciarmos a anlise do dispositivo, cumpre fazermos algumas elucidaes. A remunerao dos servidores pblicos pode se dar por meio de subsdios, vencimentos ou salrios. A primeira delas, o subsdio, uma forma de remunerao fixada em parcela nica, sem acrscimo de qualquer gratificao, adicional, abono, prmio, verba de representao ou outra espcie remuneratria. remunerao obrigatria para os agentes polticos e para servidores pblicos de determinadas carreiras (Advocacia-Geral da Unio, Defensoria Pblica, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, procuradorias dos estados e do DF, Polcia Federal, Polcia Rodoviria Federal, polcias civis, polcias militares e corpos de bombeiros militares). Alm disso, pode ser facultativamente adotado, a critrio do legislador ordinrio, para servidores pblicos organizados em carreira (art. 39, ¤ 8¼, CF). o caso dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, por exemplo. Vejamos o que diz o art. 39, ¤ 4¼, CF/88 sobre o subsdio dos agentes polticos: ¤ 4¼ - O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretrios Estaduais e Municipais sero remunerados exclusivamente por subsdio fixado em parcela nica, vedado o acrscimo de qualquer gratificao, adicional, abono, prmio, verba de representao ou outra espcie remuneratria, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. J os vencimentos compreendem a remunerao em sentido estrito, percebida pelos servidores pblicos. O artigo 41 da Lei 8.112/90 estabelece que remunerao o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecunirias permanentes estabelecidas em lei. Finalmente, o salrio a forma remuneratria paga aos empregados pblicos, contratados sob regime celetista. o caso do Presidente de uma empresa pblica, por exemplo. 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale A alterao da redao do dispositivo, promovida pela EC no 19/98 garantiu expressamente ao servidor pblico o princpio da periodicidade, ou seja, no mnimo, uma reviso geral anual da remunerao. Nesse sentido, entendeu o STF que trata-se de Ònorma constitucional que impe ao Presidente da Repblica o dever de desencadear o processo de elaborao da lei anual de reviso geral da remunerao dos servidores da UnioÓ, concluindo que Òseu atraso configurou-se desde junho/1999, quando transcorridos os primeiros doze meses da data da edio da referida EC no 19/98Ó. A iniciativa das leis que fixam a remunerao e o subsdio dos agentes pblicos depende do cargo a que se refiram. As principais esto previstas no esquema a seguir: Alguns subsdios so fixados por decreto legislativo, dispensada a sano do Presidente da Repblica (art. 49, CF): IN IC IA T IV A D E L E IS Q U E F IX A M R E M U N E R A Ç Ã O E S U B S ÍD IO CARGOS DO EXECUTIVO FEDERAL PR CARGOS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS CÂMARA DOS DEPUTADOS (ART. 51, IV, CF) CARGOS DO SENADO FEDERAL SENADO FEDERAL (ART. 52, XIII, CF) MINISTROS DO STF STF MEMBROS E JUIZES DE TRIBUNAISE SEUS SERVIÇOS AUXILIARES TRIBUNAIS RESPECTIVOS DEPUTADOS ESTADUAIS, GOVERNADOR, VICE‑GOVERNADOR E SECRETÁRIOS DE ESTADO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA SUBSÍDIOS FIXADOS POR DECRETO LEGISLATIVO DEPUTADOS E SENADORES PR E VICE‑PR MINISTROS DE ESTADO 02888395363 - danielle varelo teixeira www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 139 DIREITO CONSTITUCIONAL – IBAMA Teoria e Questões Aula 06 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale O art. 37, XI, CF/88 estabelece o denominado teto constitucional de remunerao dos servidores pblicos. Vamos l-lo na ntegra? XI - a remunerao e o subsdio dos ocupantes de cargos, funes e empregos pblicos da administrao direta, autrquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
Compartilhar