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Direito Penal Arts.155 a 212

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DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 1
 
DIREITO PENALDIREITO PENALDIREITO PENALDIREITO PENAL 
 
 Bibliografia consultada e sugerida: 
 
 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal : parte 
especial, volumes 03 e 04 – 4. Ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2004. 
 
 CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volumes 2 e 3 : parte 
especial – 5. ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2005. 
 
 GRECO, Rogério. Código Penal Comentado. 8ª ed. revista e atualizada. 
Editora Impetus. 
 
 JESUS, Damásio E. de. Direito Penal, volumes 1 e 2 – 28. ed. rev. – 
São Paulo : Saraiva, 2005. 
 
 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal, volumes II e III – 
23. ed. – São Paulo : Atlas, 2005. 
 
 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Código Penal Interpretado – São Paulo : 
Atlas, 1999. 
 
 NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal. – São Paulo : Saraiva, 1985-
1987. 
 
 
 5. DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (TÍTULO II)5. DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (TÍTULO II)5. DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (TÍTULO II)5. DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (TÍTULO II) 
 
 Nesse título o Código Penal tutela o patrimônio da pessoa física e jurídica. 
 
 O patrimônio é o conjunto de bens, de qualquer ordem, pertencentes a 
um titular. Integram o patrimônio: os bens corpóreos e incorpóreos de valor econômico; os 
bens de valor afetivo ou sentimental; os bens úteis à pessoa, embora destituídos de valor 
econômico (ex: folha de cheque em branco, cartão de crédito). 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 2
 Não se confunde patrimônio com propriedade. O patrimônio compreende 
o complexo de relações jurídicas da pessoa, abarcando, portanto, a universalidade dos 
bens. A propriedade é um dos elementos do patrimônio. 
 
 ► Crimes contra o patrimônio e sua relação com a usucapião 
 A posse clandestina e violenta convalida-se ano e dia após a cessação da 
violência e clandestinidade. E, após a convalidação, torna-se possível usucapir o bem, se 
a posse da coisa prolongar-se por cinco anos (art. 1261 do Código Civil). 
 Admite-se, portanto, que o ladrão obtenha a propriedade da coisa pela via 
da usucapião. Todavia, cumpre observar que dificilmente o ladrão poderá usucapir a 
coisa. Com efeito, no furto, enquanto não cessar a clandestinidade, a sua posse será 
injusta, inviabilizando a usucapião. Vale lembrar que cessa a clandestinidade quando a 
vítima, e não terceiros, tomar ciência de que determinada pessoa possua a coisa. 
 No roubo, a posse, além de violenta, costuma também ser clandestina, 
aplicando-se, destarte, a mesma observação acima mencionada. 
 Na apropriação indébita, a posse revela-se precária, caracterizada pelo 
abuso de confiança. E nos termos do Código Civil, a posse precária não se convalida, 
impossibilitando também a usucapião. 
 
 
5.15.15.15.1. . . . FURTO FURTO FURTO FURTO –––– ART. 155 DO CÓDIGO PENALART. 155 DO CÓDIGO PENALART. 155 DO CÓDIGO PENALART. 155 DO CÓDIGO PENAL 
 
 5.1.1. Furto Simples 
 Diz o caput do art. 155: “Subtrair para si ou para outrem coisa alheia 
móvel: 
 Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.” 
 Assim, furto é a subtração, para si ou para outrem, de coisa alheia 
móvel. 
 
 O objeto jurídico é o patrimônio, abrangendo a posse e a propriedade. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 3
 
 1.1.1. Elementos do Furto 
 
a) Subtrair: significa tirar algo de alguém, desapossar. 
Pode ocorrer em dois casos: 
- tirar algo de alguém (Ex: subtrair uma bicicleta da vítima); 
- receber uma posse vigiada e sem autorização levar o bem, retirando-o da esfera 
de vigilância da vítima (Ex: caixa de supermercado que furta o dinheiro). 
 
Conclui-se que a expressão engloba tanto a hipótese em que o bem é tirado da 
vítima quanto aquela em que a coisa é entregue voluntariamente ao agente e este a leva 
consigo. 
Essa modalidade difere da apropriação indébita porque nesta (apropriação) a 
posse é desvigiada. Ex.: caixa de supermercado, tem a posse vigiada, se pegar dinheiro 
praticará furto. 
Os empregados domésticos que subtraem bens dos patrões enquanto trabalham 
cometem crime de furto. 
 
O furto é delito de forma livre, admitindo inúmeros meios de execução. Assim, 
responde por furto o agente que realiza a subtração valendo-se de um animal 
especialmente treinado para este fim. 
 
b) Ânimo de assenhoramento definitivo do bem: “para si ou para outrem” 
(animus rem sibi habendi) 
Trata-se do elemento subjetivo específico do tipo. Não basta apenas a vontade de 
subtrair (dolo geral): a norma exige a intenção específica de ter a coisa, para si ou para 
outrem, de forma definitiva. 
É esse elemento que distingue o crime de furto e o furto de uso (fato atípico). Para 
a sua caracterização é necessário que o agente tenha intenção de uso momentâneo e 
que restitua a coisa imediata e integralmente à vítima. Portanto, no furto temos dois 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 4
requisitos: a) uso momentâneo; b) restituição integral do bem. A doutrina e a 
jurisprudência entendem inexistir o roubo de uso. Alguns, entretanto, entendem que não 
há roubo por falta da elementar “para si ou para outrem”, devendo subsistir o crime de 
constrangimento ilegal. 
 
c) Coisa alheia móvel (objeto material do tipo) 
Coisa móvel: aquela que pode ser transportada de um local para outro. O Código 
Civil considera como imóvel alguns bens móveis, como aviões, embarcações, o que para 
fins penais é irrelevante. Assim, pode haver furto de aviões, embarcações, etc, apesar da 
lei civil considerá-los imóveis. 
Os semoventes (boi, vaca, cavalo) também podem ser objeto de furto, como, por 
exemplo, o abigeato, ou seja, o furto de gado. 
Areia, terra (retirados sem autorização) e árvores (quando arrancadas do solo) 
podem ser objeto de furto, desde que não configure crime contra o meio ambiente. 
 
 A coisa deve ser alheia (elemento normativo do furto). Se for coisa própria não 
haverá o crime (Não haverá furto se o indivíduo subtrair a sua própria bicicleta. Se 
eventualmente a coisa própria estiver em poder de terceiro, comete o crime do art. 346 do 
CP – subtipo do crime de Exercício arbitrário das próprias razões). 
 
O furto é um tipo anormal porque contém elemento normativo que exige juízo de 
valor. Coisa alheia é aquela que tem dono; dessa forma, não constituem objeto de furto a 
res nullius (coisa de ninguém, que nunca teve dono) e a res derelicta (coisa abandonada). 
Nessas hipóteses, o fato será atípico porque a coisa não é alheia. 
A coisa perdida (res desperdicta) tem dono, mas não pode ser objeto de furto 
porque falta o requisito da subtração; quem a encontra e não a devolve não está 
subtraindo - responderá por apropriação de coisa achada, tipificada no art. 169, par. ún., 
inc. II, do Código Penal. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 5
A coisa só é considerada perdida quando está em local público ou aberto ao 
público. Coisa perdida, por exemplo, dentro decasa, dentro do carro, se achada e não 
restituída ao proprietário, caracterizará crime de furto. 
 
Coisa de uso comum: (água dos mares, ar atmosférico etc.) não pode ser objeto 
de furto, exceto se estiver destacada de seu meio natural e for explorada por alguém. Ex.: 
água da Sabesp. 
 Não confundir com furto de coisa comum, art. 156 do Código Penal, que 
ocorre quando o objeto pertence a duas ou mais pessoas nas hipóteses de sociedade, 
condomínio de coisa móvel e co-herança. É crime de ação penal pública condicionada à 
representação. 
 
O art. 155, § 3.o, do Código Penal trata do furto de energia. Equipara-se à coisa 
móvel a energia elétrica, bem como qualquer outra forma de energia com valor econômico 
(térmica, sonora, mecânica, etc). Esse dispositivo é uma norma penal explicativa ou 
complementar (esclarece outras normas; na hipótese, define como objeto material do 
furto, a energia). 
 ⇒ O furto de sinal de TV em canal fechado– há grande divergência na doutrina e 
na jurisprudência. Havendo decisões nos dois sentidos. No sentido de que há furto pois a 
sinal é forma de energia radiante (eletromagnética) - O STJ tem decidido desta forma. No 
sentido da inexistência de crime (fato atípico) também há decisões pois o sinal não seria 
energia e não se pode fazer analogia in malam partem. 
 ⇒ O sêmen é considerado energia genética e sua subtração caracteriza o delito de 
furto. 
 ⇒ Ser humano não pode ser objeto de furto, pois não é coisa. Poderá haver os 
crimes de seqüestro (art. 148), rapto (art. 219) ou subtração de incapaz (art. 249). 
⇒ A subtração de cadáver ou parte dele tipifica o delito específico do art. 211 do 
Código Penal (destruição, subtração ou ocultação de cadáver). O cadáver só pode ser 
objeto de furto quando pertence a uma instituição e está sendo utilizado para uma 
finalidade específica. Ex.: faculdade de medicina, institutos de pesquisa. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 6
⇒ A subtração de órgão de pessoa viva ou de cadáver, para fins de transplante, 
caracteriza crime da Lei n. 9.434/97. 
⇒ Cortar o cabelo de alguém para vender, não configura furto, mas sim, lesão 
corporal (há entendimento de que pode ocorrer furto). 
⇒ No caso de alguém retirar dente de ouro ou paletó do cadáver, há dois 
entendimentos: 
 - Esses bens possuem dono, que são os sucessores do falecido, por isso 
se tratam de coisa alheia que pode ser furtada, caracterizando o crime de furto que terá 
como sujeito passivo os familiares do de cujus. 
 - Os bens equivalem à coisa abandonada, por não haver interesse por 
parte dos sucessores em recuperá-los. Assim, o crime não é o de furto, mas o de violação 
de sepultura – art. 210 do Código Penal. 
 
1.1.2. Sujeito ativo 
Pode ser qualquer pessoa, exceto o dono, porque o tipo exige que a coisa seja 
alheia. 
Subtrair coisa própria, que se encontra em poder de terceiro, em razão de contrato 
(mútuo pignoratício) ou de ordem judicial (objeto penhorado), acarreta o crime do art. 346 
do Código Penal (tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder 
de terceiro por determinação judicial ou convenção). Este crime não tem nome; é um 
subtipo do exercício arbitrário das próprias razões. 
O credor que subtrair bem do devedor, para se auto-ressarcir de dívida já vencida e 
não paga, pratica o crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP). Não 
responde por furto porque não agiu com intenção de causar prejuízo. 
Se alguém, por erro, pegar um objeto alheio pensando que lhe pertence, não 
responderá por furto em razão da incidência do erro de tipo. 
 
 1.1.3. Sujeito passivo 
É sempre o dono e, eventualmente, o possuidor ou detentor que sofre algum 
prejuízo. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 7
O agente que furta um bem que já fora anteriormente furtado responde pelo delito, 
que terá como vítima não o primeiro furtador, mas o dono da coisa. 
Pessoas jurídicas podem ser vítimas de furto, porque o seu patrimônio é autônomo 
do patrimônio dos sócios. 
 
 1.1.4. Consumação 
 
Há uma grande discussão sobre o momento da consumação do crime de furto. É 
possível identificar dois posicionamentos básicos quanto a essa questão: 
1º) no sentido de que o furto se consuma quando da retirada do bem da esfera de 
vigilância da vítima (o bem sai da esfera de vigilância da vítima, ou seja, quando é 
subtraído); 
 
2º) no sentido de que o furto se consuma não apenas com a retirada do bem da 
esfera de vigilância da vítima, mas há necessidade da posse tranquila do bem, ainda que 
por pouco tempo (o autor tem a posse tranqüila do objeto subtraído). Enquanto estiver 
sendo perseguido, sob o encalço da vítima ou terceiro, não haverá consumação. 
 
Fernando Capez e Damásio E. de Jesus entendem que para a consumação do 
delito de furto, basta a exigência do primeiro requisito, ou seja, retirada do bem da esfera 
de vigilância da vítima, não se exigindo a posse tranquila. A consumação do furto ocorre 
com a inversão da posse. O que quer dizer aqui é que para a consumação o bem deve 
sair da esfera da vítima e permanecer com o autor, mesmo que por poucos instantes. Se 
o indivíduo tenta furtar um relógio, mas a vítima percebe o furto e não o deixa retirar o 
relógio do pulso, há mera tentativa. Agora, se o objeto é retirado pelo autor que o detém 
por alguns instantes, há consumação. 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 8
 
 Por outro lado, se na fuga, o agente se desfaz ou perde o objeto, que não venha a 
ser recuperado pela vítima, consuma-se o delito, pois a vítima sofreu efetivo prejuízo. É 
exceção à exigência de que o agente tenha posse tranqüila do bem. 
 Quando há concurso de agentes, se o crime está consumado para um, está 
também consumado para todos – adoção da teoria unitária. Ex.: dois ladrões furtam uma 
carteira, um foge com o bem e o outro é preso no local: o crime está consumado para 
ambos. 
 
 1.1.5. Tentativa 
 Trata-se de crime material, portanto, a tentativa é perfeitamente possível. Ocorrerá 
a tentativa quando o agente não chegar a retirar o bem da esfera de vigilância da vítima. 
(Ex: é surpreendido dentro da residência da vítima carregando um televisor). 
 É possível, até mesmo na forma qualificada, com exceção do § 5.o do art. 155 do 
Código Penal. 
O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA tem firmado entendimento de que 
“consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por 
breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo 
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada”. Portanto, no sentido da 
exigência da mera retirada do bem da esfera de vigilância da vítima. 
O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) adotou teoria que considera 
consumado o furto quando a coisa furtada passa para o poder de quem a 
furtou, ainda que seja possível para a vítima retomá-lo, por ato seu ou de terceiro, 
em virtude de perseguição imediata. 
Apesar do posicionamento parecer se firmar no sentido de que basta a 
retirada do bem da esfera de vigilância da vítima, ainda há vários julgados de 
primeira instância e de Tribunais de Justiça no sentido de ter que ocorrer também a 
posse mansa e pacífica. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155A 212ART. 155 A 212 
 
 
 9
 O fato de ter havido prisão em flagrante não implica, necessariamente, que o furto 
seja tentado, como, por exemplo, o caso do flagrante ficto (art. 302, IV, do CPP), que 
permite a prisão do agente encontrado, algum tempo depois da prática do crime com 
papéis, instrumentos, armas ou objetos que façam presumir ser ele o autor do crime. 
 
 � Tentativa e ato preparatório: somente haverá tentativa quando houver início de 
execução. Vejamos: 
- sujeito surpreendido subindo as escadas para entrar em uma residência: meros 
atos preparatórios; 
- após entrar na residência, o sujeito é surpreendido antes de se apoderar de 
qualquer objeto: a posição majoritária é que responde apenas por violação de 
domicílio; há entendimento de que já há tentativa, uma vez que adentrou na 
casa; 
- após entrar na residência, o sujeito é surpreendido se apoderando de objetos: há 
tentativa. 
 
���� Crime impossível e tentativa de furto: crime impossível é aquele que, pela 
ineficácia absoluta do meio ou impropriedade do objeto, é impossível de consumar-se. 
 
O Superior Tribunal de Justiça em 2016 editou a seguinte Súmula sobre o tema: 
 
 
 
 
 
 
 
Vejamos: 
Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado 
por monitoramento eletrônico ou por existência 
de segurança no interior de estabelecimento 
comercial, por si só, não torna impossível a 
configuração do crime de furto. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 10
- Loja com sistema antifurto ou fiscalização de seguranças: pessoa que se apodera 
de mercadorias e as esconde, sendo pega ao tentar sair do estabelecimento, há 
furto tentado; 
- Furto de automóvel. Dispositivo antifurto ou defeito mecânico: em ambas as 
hipóteses haverá tentativa de furto. Da mesma forma se houver o sistema de 
corta-combustível, uma vez que haverá impropriedade relativa do objeto 
material, pois o agente pode se valer de outros meios para o furto; 
- Punguista que enfia a mão no bolso errado da roupa da vítima: haverá duas 
situações que precisam ser esclarecidas. Se a vítima tiver o dinheiro a ser 
furtado e o autor colocou a mão no bolso errado da calça, haverá tentativa de 
furto. Se a vítima não possuía dinheiro em nenhum dos bolsos para ser furtado, 
o crime é impossível. 
 
 1.1.6. Concurso de Pessoas 
 O crime de furto pode ser praticado por uma única pessoa (crime 
monossubjetivo). Autor do delito é aquele que realiza a conduta descrita no tipo. É, 
portanto, aquele que subtrai a coisa alheia móvel. 
 É possível o concurso de pessoas desde que haja um ajuste prévio. É 
inadmissível a coautoria e participação posteriores à consumação do crime. Assim, se “A” 
solicita a “B” que guarde o objeto por ele já furtado, jamais poderemos falar em 
participação. Há, no caso, crime autônomo, qual seja, o de favorecimento real (CP, art. 
349). 
 Admite-se a participação mediante omissão em crime de furto, se o 
sujeito tinha o dever jurídico de impedir o resultado (art. 13, §2º CP). Ex: empregado que 
deve fechar a porta do estabelecimento comercial não o faz para que terceiro possa mais 
tarde praticar o furto. 
 
 1.1.7. Concurso de delitos 
 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 11
 a) Concurso material: é possível. Por exemplo, o agente estupra a vítima 
e posteriormente lhe subtrai os bens; o agente não consegue subtrair bens e, ao ser 
perseguido por policiais, emprega violência ou grave ameaça. 
 
 b) Concurso formal: é possível. Se, por exemplo, o agente, dentro de um 
ônibus, subtrair objetos de diversas pessoas. 
 
 c) Crime continuado: é possível entre crimes da mesma espécie, como é 
o caso do furto simples e do furto qualificado. 
 
 d) Outras hipóteses que merecem comentários: 
 
- A violação de domicílio fica absorvida pelo furto praticado em 
residência por ser crime meio (princípio da consunção). No mesmo sentido, se o agente 
danifica a janela para praticar o furto, o dano também ficará absorvido. 
- Se o agente, após a subtração, danifica o bem subtraído, responde 
apenas pelo furto, sendo o dano um post factum impunível, pois a segunda conduta 
delituosa não traz novo prejuízo à vítima. 
 - Se a pessoa furta um bem, e depois o aliena a um terceiro de boa-fé, deve 
responder por furto e por disposição de coisa alheia como própria. A jurisprudência, 
entretanto, diz que é um post factum impunível. 
 - Se o agente furta um talão de cheques, preenche suas folhas e depois as 
desconta, comete qual crime? a) Há concurso material entre o furto e o estelionato 
(posição majoritária); b) o estelionato constitui post factum impunível, sendo absorvido 
pelo furto; c) o furto resta absorvido pelo estelionato. 
 - Se o agente furta arma de fogo e a mantém ou a porta consigo, quais 
crimes comete? O agente, além do furto, poderá responder pelos crimes do art.12 (posse 
irregular de arma de fogo de uso permitido), 14 (porte ilegal de arma de fogo de uso 
permitido) ou 16 (posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito), todos da Lei nº 
10.826/03. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 12
 
 5.1.2. Furto NoturnoFurto NoturnoFurto NoturnoFurto Noturno - Art. 155, § 1.o, do Código Penal 
“A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é praticado durante o repouso noturno.” 
 
Trata-se de causa de aumento de pena que tem por finalidade garantir a proteção 
em relação ao patrimônio durante o repouso do proprietário, uma vez que neste período 
há menor vigilância de seus pertences. A expressão “repouso noturno” deve ser 
entendida com cautela. Não significa o pôr e o nascer do sol. Deve ser entendida como 
sendo o período de recolhimento das pessoas, dependendo ainda dos hábitos do local. 
 
O furto noturno não se aplica ao furto qualificado. Só vale para o furto simples por 
dois motivos: 
1) pela posição do parágrafo (o § 1.º só vale para o que vem antes); 
2) no furto qualificado já há previsão de pena maior. 
Caso fosse a intenção aplicá-lo também às modalidades qualificadas, o aumento 
relativo ao repouso viria disposto após o § 4º. 
 
A jurisprudência traça algumas considerações sobre o dispositivo e diverge quanto 
aos fatos narrados abaixo: 
a) só se aplica quando o fato ocorre em residência (definida pelo art. 150, § 4.o, do 
Código Penal como sendo qualquer compartimento habitado, ou o aposento de habitação 
coletiva, ou compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou 
atividade) ou em qualquer de seus compartimentos, desde que haja morador dormindo; 
b) o aumento não se aplica se a casa estiver desabitada ou se seus moradores 
estiverem viajando. Para o Prof. Damásio o aumento é cabível estando a casa habitada 
ou não, bastando que o agente se aproveite da menor vigilância que decorre do “período 
do sossego noturno”, conforme orientação da Exposição de Motivos do Código Penal, nº 
56; 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 13
c) não se aplica o aumento no caso de furto praticado na rua ou em comércio. 
 
 
 
 5.1.3. Furto Privilegiado. Furto Privilegiado. Furto Privilegiado. Furto Privilegiado - Art. 155, § 2.o, do Código Penal 
 
 - Requisitos 
- Que o agente seja primário (todo aquele que não é reincidente).Se o réu for 
primário e tiver maus antecedentes, fará jus ao privilégio, porque a lei não exige 
bons antecedentes. Se o agente sofreu diversas condenações, mas não é 
considerado reincidente porque não praticou nenhum delito após ter sido 
condenado em definitivo, será considerado tecnicamente primário e fará jus ao 
benefício. Também é primário o que praticar contravenção penal e vier a praticar 
crime (art. 63 do CP). 
- Que a coisa subtraída seja de pequeno valor. A jurisprudência adotou o critério 
objetivo para conceituar pequeno valor, considerando aquilo que não excede a 
um salário mínimo. Na tentativa leva-se em conta o valor do bem que se 
pretendia subtrair. 
 
 O Superior Tribunal de Justiça, no entanto, acabando com as possíveis diferenças 
entre as situações apontadas, já decidiu: 
 “A majorante prevista no art. 155, §1º do Código Penal, incide na hipótese de furto 
praticado em estabelecimento comercial no período do repouso noturno, em que há maior 
possibilidade de êxito na empreitada criminosa em razão da menor vigilância do bem, mais 
vulnerável à subtração. Precedentes (STJ, REsp. 1193074/MG)”. 
 “Incide a majorante prevista na §1º do art. 155 do Código Penal, quando o crime é 
cometido durante a madrugada, horário no qual a vigilância da vítima é menos eficiente e seu 
patrimônio mais vulnerável, o que ocorre inclusive para estabelecimentos comerciais. A 
causa especial de aumento de pena do furto cometido durante o repouso noturno pode se 
configurar mesmo quando o crime é cometido em estabelecimento comercial ou residência 
desabitada, sendo indiferente o fato da vítima estar, ou não, efetivamente repousando (STJ, 
HC 191300/MG, Rel.ª Laurita Vaz, 5ª Turma)”. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 14
Deve ser examinado o valor do bem no momento da subtração e não o prejuízo 
suportado pela vítima. Ex.: no furto de um carro, que é recuperado depois, o prejuízo 
pode ter sido pequeno, mas será levado em conta o valor do objeto furtado. 
Não confundir privilégio com furto de bagatela. Pelo princípio da insignificância, o 
crime de furto de bagatela é atípico porque a lesão ao bem jurídico tutelado é ínfima, 
irrisória. No furto privilegiado, ao contrário, o fato é considerado crime, mas haverá um 
benefício. 
 
Com relação à questão de Furto Privilegiado em Serviço Público e o Princípio 
da Insignificância, decidiu o S.T.F. da seguinte maneira, ainda pendente de decisão: 
 
 
 
 
 
 
 - Consequências no furto privilegiado: 
Princípio da Insignificância: Furto Privilegiado e Serviço Público 
 
“A Turma iniciou julgamento de habeas corpus no qual se discute a incidência, ou não, do 
princípio da insignificância em relação a denunciado pela prática do delito previsto no art. 155, 
§ 2º, do CP (“Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode 
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar 
somente a pena de multa.”) em decorrência de haver furtado água potável mediante ligação 
clandestina, o que resultara em prejuízo econômico avaliado em R$ 96,33. O Min. Ricardo 
Lewandowski, relator, deferiu o writ para cassar o acórdão do STJ e restabelecer a decisão de 
1º grau que absolvera o paciente ante a aplicação do mencionado princípio. O relator 
considerou satisfeitos os requisitos necessários à configuração do delito de bagatela, quais 
sejam: a) conduta minimamente ofensiva do agente; b) ausência de risco social da ação; c) 
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e d) relativa inexpressividade da lesão 
jurídica. Desse modo, reputou cabível a incidência do postulado da insignificância e afastou, 
em conseqüência, a tipicidade da conduta imputada ao paciente. Acrescentou que caberia à 
concessionária lesada buscar a reparação do dano no juízo cível. O Min. Marco Aurélio, 
ressaltando sua dificuldade em colocar em plano secundário desvio de conduta quando 
envolvido serviço público, também concedeu a ordem, porém em menor extensão, para 
determinar que o juízo sentenciante observe o § 2º do art. 155 do CP. Após, pediu vista dos 
autos o Min. Carlos Britto. HC 99054/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25/08/2009. 
 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 15
 Na aplicação da pena no furto privilegiado “... o juiz pode converter a reclusão em 
detenção, podendo reduzir uma ou outra de um a dois terços, ou aplicar somente a multa. 
O que não pode é reduzir a privativa e a multa” (JTACrimSP 76/363). 
 Apesar do § 2.º trazer a expressão “pode”, presentes os requisitos legais, o juiz 
deve aplicar o privilégio, porque não há faculdade, e sim, direito subjetivo do réu. 
 
 ����O privilégio pode ser aplicado ao furto qualificado? É possível furto 
qualificado-privilegiado? 
A doutrina diverge a respeito: uma corrente afirma que sim, pois não há vedação 
legal; a outra, majoritária, não admite a aplicação e fundamenta que o privilégio encontra-
se no § 2.o, e portanto, não poderia ser aplicado aos §§ 4.o e 5.o; ademais, a gravidade do 
furto qualificado é incompatível com as conseqüências brandas (de redução da pena) do 
privilégio. 
 
A antiga jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) era contrária à 
possibilidade de aplicação da causa de diminuição de pena prevista no parágrafo 2º do 
artigo 155 do Código Penal às hipóteses de furto qualificado, por considerar tais institutos 
incompatíveis entre si. Todavia, na sessão de 13/10/2009, a 1ª Turma da Suprema Corte, 
por maioria, na linha do entendimento que já vinha sendo adotado pela 2ª Turma, deferiu 
Habeas Corpus para admitir a compatibilidade entre a hipótese do furto qualificado e o 
privilégio de que trata o parágrafo 2º do artigo 155 do CP (HC 97.051, relatado pela 
ministra Carmen Lúcia). 
 
Portanto, o posicionamento atual é no sentido da admissão. Frise-se, entretanto, 
que isso só será possível em se tratando de qualificadoras objetivas. 
 
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), através da Súmula 511, admitiu a 
aplicação nos seguintes termos: 
 
“É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do artigo 
155 do Código Penal nos casos de crime de furto qualificado, se 
estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da 
coisa e a qualificadora for de ordem objetiva”. 
 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 16
 
 5.1.4. Furto Qualificado Furto Qualificado Furto Qualificado Furto Qualificado ---- Art. 155, §Art. 155, §Art. 155, §Art. 155, §§ 4.º§ 4.º§ 4.º§ 4.º e 5.º, do Código Penale 5.º, do Código Penale 5.º, do Código Penale 5.º, do Código Penal 
 Art. 155, § 4.º, do Código Penal 
 “A pena é de reclusão de 2 a 8 anos, e multa, se o crime é cometido:” 
a) Com rompimento ou destruição de obstáculo 
 Pressupõe uma agressão que danifique o objeto, destruindo-o (destruição total) 
ou rompendo-o (destruição parcial). O art. 171 do Código de Processo Penal exige 
realização de perícia para confirmação do rompimento de obstáculo. 
 O obstáculo pode ser passivo (porta, janela, corrente, cadeado etc.) ou ativo 
(alarme, armadilha). 
 A simples remoção do obstáculo não caracteriza a qualificadora, que exige o 
rompimento ou destruição. 
 Desligar o alarme não danifica o objeto, não fazendo incidir a qualificadora. 
 O cão não é considerado obstáculo. 
O crime de dano fica absorvido pelo furto qualificado quando émeio para a 
subtração, por ser uma qualificadora específica. 
 
► A qualificadora só é aplicada quando o obstáculo atingido não é parte 
integrante do bem a ser subtraído ou é aplicada mesmo quando o obstáculo é parte 
integrante do bem? 
A questão aqui não é pacífica e há posicionamentos em ambos os sentidos. 
Exemplo: Arrombar o portão para furtar o carro – aplica-se a qualificadora; quebrar 
o vidro do carro para subtrair o automóvel – furto simples; quebrar o vidro do carro para 
subtrair uma bolsa que está dentro – furto qualificado. Nesses dois últimos casos temos 
um contra-senso (se o indivíduo furta o automóvel e quebra o vidro o furto é simples; se 
quebrar para furtar algo menor –bolsa, por exemplo – o crime é “maior” – qualificado). 
Outra divergência surge quanto ao furto de CD Player. Para uns, incide a 
qualificadora (posição majoritária); para outros, o furto é simples porque o toca-fitas é 
parte integrante do carro. 
 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 17
Recentemente, no Informativo 541, o Supremo Tribunal Federal decidiu que: 
 
 
 
Com relação a Furto Qualificado pelo rompimento de obstáculo e o Princípio da 
Insignificância, interessante e digno de nota a decisão do STJ com forme publicação do 
Informativo nº 410 de outubro de 2009: 
Furto: Rompimento de Obstáculo e Qualificadora 
 
“A destruição ou avaria de automóvel para a subtração de objeto que se encontra em seu 
interior faz incidir a qualificadora prevista no art. 155, § 4º, I, do CP (“Art. 155 - Subtrair, para 
si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ... § 4º 
- A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição 
ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;”). Com fundamento nessa orientação, a 
Turma indeferiu habeas corpus impetrado pela Defensoria Pública da União em favor de 
condenado pela prática do delito de furto qualificado em virtude de rompimento de obstáculo 
(CP, art. 155, § 4º, I), no qual se pleiteava o afastamento dessa majorante. Aduziu-se que, 
tendo o paciente utilizado de violência contra empecilho o qual dificultava a subtração dos 
objetos do veículo, deveria incidir a mencionada qualificadora.” 
FURTO QUALIFICADO. INSIGNIFICÂNCIA. 
Trata-se de furto qualificado com destruição de obstáculo para subtração de res furtiva, pois 
o paciente quebrou o vidro do carro para furtar um guarda-chuva e uma chave de roda. O 
habeas corpus objetiva absolver o paciente, sustentando que a conduta atribuída é 
materialmente atípica pela aplicação do princípio da insignificância. Nessa circunstância, 
explica o Min. Relator, a questão suscita polêmica no que se refere aos limites e às 
características do princípio da insignificância, que se caracteriza como causa supra legal de 
atipia penal. Então, a questão está em saber se o objeto pretendido no furto, ao ser este 
consumado, estaria caracterizando um ilícito penal, um ilícito extra-penal ou algo até 
juridicamente indiferente. Aponta, citando a doutrina, que, se, por um lado, na moderna 
dogmática jurídico-penal, não se pode negar a relevância desse princípio; por outro, ele não 
pode ser manejado de forma a incentivar condutas atentatórias que, toleradas pelo Estado, 
afetariam seriamente a vida coletiva. Dessa forma, observa que no furto, para efeito de 
aplicação do princípio da insignificância, é imprescindível a distinção entre o ínfimo (ninharia 
desprezível) e o pequeno valor. Este último implica eventualmente o furto privilegiado (art. 
155, § 2º, do CP), e aquele primeiro, na atipia conglobante (dada a mínima gravidade). A 
interpretação de insignificância deve necessariamente considerar o bem jurídico tutelado e o 
tipo de injusto para sua aplicação. Daí, ainda que se considere o delito como de 
pouca gravidade e esse delito não se identifica com o indiferente penal se, como um 
todo, observado o binômio o tipo de injusto e o bem jurídico, ele deixa de 
caracterizar a sua insignificância. Assevera que esse é o caso dos autos, o valor da 
res furtiva é insignificante, um delito de bagatela (guarda-chuva e chave de roda), 
entretanto a vítima teve de desembolsar a quantia de R$ 333,00 para recolocar o 
vidro quebrado, logo o valor total do prejuízo causado pelo paciente não é 
insignificante. Diante do exposto, como não é o caso de reconhecer a irrelevância 
penal da conduta, a Turma denegou a ordem de habeas corpus. HC 136.297-MG, 
Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 6/10/2009. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 18
 
b) Com abuso de confiança, mediante fraude, escalada ou destreza 
���� Com abuso de confiança – requisitos: 
- Que a vítima, por algum motivo, deposite uma especial confiança em alguém: 
amizade, namoro, relação de emprego (famulato), etc. É o caso, por exemplo, do 
furto cometido por vigia noturno. Saliente-se que a relação de emprego deve ser 
analisada no caso concreto, pois, em determinados empregos, patrão e 
empregado não possuem qualquer contato, inclusive para os empregados 
domésticos a jurisprudência exige a demonstração da confiança. 
- Que a subtração tenha sido praticada pelo agente, aproveitando-se de alguma 
facilidade decorrente da relação de confiança. 
 
���� Emprego de fraude: significa usar de artifícios para enganar alguém, 
possibilitando a execução do furto, iludir a vigilância da vítima e realizar a subtração. Ex: 
agente que se disfarça de empregado da empresa de telefonia e entra na casa para 
furtar. 
O furto mediante fraude distingue-se do estelionato porque neste a fraude é 
utilizada para convencer a vítima a entregar o bem ao agente e naquele, a fraude serve 
para distrair a vítima para que o bem seja subtraído. 
No furto, a fraude é qualificadora; no estelionato é elementar do tipo. 
A jurisprudência entende que a entrega do veículo a alguém que pede para testá-
lo, demonstrando interesse na sua compra, caracteriza o crime de furto qualificado pela 
fraude. 
 
���� Escalada: é o acesso por via anormal ao local da subtração. Ex.: entrada pelo 
telhado, pela tubulação do ar-condicionado, pela janela, escavação de um túnel e outros. 
 Para configuração da escalada tem-se exigido que o agente dispense um esforço 
razoável para ter acesso ao local: entrar por uma janela que se encontra no andar térreo, 
saltar um muro baixo, por exemplo, não qualificam o furto. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 19
O art. 171 do Código de Processo Penal exige a perícia do local. 
 
���� Destreza: habilidade do agente que permite a prática do furto sem que a vítima 
perceba. Exemplo clássico é a punga dos batedores de carteira. 
 A vítima deve estar ao lado ou com o objeto para que a destreza tenha relevância 
(uma bolsa, um colar etc.). 
 Se a vítima está dormindo ou em avançado estado de embriaguez não se aplica a 
qualificadora, pois não há necessidade de habilidade para tal subtração. 
 Se a vítima percebe a conduta do agente, não se aplica a qualificadora. 
 Se a vítima não perceber a conduta do agente, mas for vista por terceiro, subsiste a 
qualificadora. 
 
c) Com emprego de chave falsa 
 Considera-se chave falsa: 
- cópia feita sem autorização; 
- qualquer objeto capaz de abrir uma fechadura. Ex.: grampo, chave mixa, gazua 
etc. 
A chave falsa deve ser submetida à perícia para constatação de sua eficácia. 
 A utilizaçãoda chave verdadeira encontrada ou subtraída pelo agente não 
configura a qualificadora; o furto será simples. Se subtraída mediante fraude, haverá furto 
qualificado mediante fraude. 
 
d) Mediante o concurso de duas ou mais pessoas 
 
A aplicação da qualificadora dispensa a identificação de todos os indivíduos e é 
cabível ainda que um dos envolvidos seja menor. 
 
� Exige-se que as duas pessoas pratiquem os atos de execução do furto? 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 20
 Para Nelson Hungria e Celso Delmanto a qualificadora será aplicada quando pelo 
menos duas pessoas executarem a subtração, pois o crime seria cometido com maior 
facilidade, dificultando a defesa da vítima. 
 Para Damásio de Jesus e Heleno Fragoso a qualificadora existirá ainda que uma 
só pessoa tenha praticado os atos executórios, porque a lei exige o “concurso de duas ou 
mais pessoas”, não distinguindo coautoria de participação, sendo que nessa o agente não 
pratica atos executórios. Demonstram ainda que a lei, quando exige a execução por todos 
os envolvidos, se expressa nesse sentido, citando como exemplo o art. 146, § 1º do 
Código Penal (Constrangimento Ilegal) que impõe “para execução do crime” a reunião de 
mais de três pessoas. 
 Reconhecida a existência do crime de quadrilha ou bando (art. 288 do CPP), o juiz 
não poderá aplicar a qualificadora do furto mediante concurso de duas ou mais pessoas 
porque constituiria bis in idem. 
 
 
Art. 155, § 5.º, do Código Penal – Inserido pela Lei n. 9.426/96 
A pena passa a ser de reclusão de 3 a 8 anos, se a subtração é de veículo 
automotor “que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior”. A 
definição de veículo automotor encontra-se no anexo I do C.T.B., abrange, automóveis, 
ônibus, caminhões, motocicletas, aeronaves, lanchas, porém o transporte de partes do 
veículo não é abrangido por essa figura típica. 
 O § 5.º absorve as qualificadoras do § 4.º, que só poderão ser utilizadas como 
circunstâncias judiciais, já que as penas previstas em abstrato são diversas. 
 Não basta a intenção do agente de transportar o veículo para outro Estado ou para 
o exterior; deve ocorrer a efetiva transposição da fronteira ou divisa para incidência da 
qualificadora. 
 Se o agente for detido antes de cruzar a divisa, haverá o crime de furto simples 
consumado e a qualificadora não será aplicada. 
 A tentativa dessa modalidade de furto qualificado será possível quando o agente 
tentar transpor a barreira da divisa e for detido. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 21
 
 5.1.5. Ação Penal 
 Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada, independente de 
representação do ofendido. 
 
 5.1.6. FURTO DE COISA COMUM FURTO DE COISA COMUM FURTO DE COISA COMUM FURTO DE COISA COMUM –––– ART. 156 DO C.PART. 156 DO C.PART. 156 DO C.PART. 156 DO C.P. 
 Também se tutela aqui a posse ou a propriedade. A ação nuclear é a 
mesma do furto comum (subtrair). O objeto material é “coisa comum”. 
 Temos aqui ainda um crime próprio. São sujeitos ativos e passivos o 
condômino, co-herdeiro ou sócio. O condomínio existe quando determinado bem pertence 
a mais de uma pessoa. Herança é uma universalidade de bens que se transfere aos 
herdeiros. Sociedade é a reunião de duas ou mais pessoas para realização de pessoas 
comuns. 
 
 O § 2º do art. 156 trata de causa de exclusão do crime. “Não é punível a 
subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o 
agente”. Fungíveis são aqueles que podem ser substituídos por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade. Parece ser causa de exclusão da punibillidade, mas 
temos causa excludente da ilicitude (o artigo afirma não ser punível a subtração e não o 
autor do crime). Se o agente se apodera de parte ideal cujo valor ultrapasse a sua quota-
parte, comete o crime. 
 
 A ação penal é pública condicionada à representação de um dos 
ofendidos ou de seus representantes legais. 
 
 
 5.2. ROUBO 5.2. ROUBO 5.2. ROUBO 5.2. ROUBO –––– ART. 157 ART. 157 ART. 157 ART. 157 DO DO DO DO CÓDIGO PENALCÓDIGO PENALCÓDIGO PENALCÓDIGO PENAL 
 
 Enquanto o furto é a subtração pura e simples de coisa alheia móvel, 
para si ou para outrem (art. 155 do CP), o roubo é a subtração de coisa móvel alheia, 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 22
para si ou para outrem, mediante violência, grave ameaça ou qualquer outro recurso que 
reduza a possibilidade de resistência da vítima. 
 O caput do artigo citado trata do roubo próprio, e o seu § 1.º descreve 
o que a doutrina chama roubo impróprio. A diferença reside no preciso instante em que 
a violência ou a grave ameaça contra a pessoa são empregadas. Quando o agente 
pratica a violência ou grave ameaça, antes ou durante a subtração, responde por roubo 
próprio; quando pratica esses recursos depois de apanhada a coisa, para assegurar a 
impunidade do crime ou a detenção do objeto material, responde por roubo impróprio. 
 A pena para ambos (violência e/ou grave ameaça) é de reclusão, de 
4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa. 
 
 1.1. Objetividade jurídica 
 A lei pretende assegurar o patrimônio e a integridade física ou liberdade 
individual. O roubo é crime pluriofensivo, porque ofende mais de um bem jurídico. 
 
 1.2. Sujeito Ativo 
 Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
 
 1.3. Sujeito Passivo 
 Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa que sofra diminuição (perda) 
patrimonial (proprietário ou possuidor) ou que seja atingida pela violência ou grave 
ameaça. 
 
 1.4. Elementos do Tipo 
 “Subtrair” e “coisa alheia móvel” já foram objeto de análise no módulo 
relativo ao crime de furto. 
a) Violência: considera-se apenas a violência real. A expressão violência 
deve ser compreendida sobre tríplice aspecto: a) violência física; b) violência moral; c) 
violência imprópria. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 23
A violência física é a “vis absoluta”, caracterizada pelo emprego de força 
bruta para vencer a resistência da vítima. A violência moral é a “vis compulsiva”, isto é, a 
grave ameaça, traduzida na promessa de malefício. A ameaça pode se dar por palavras, 
gestos, escritos e meios simbólicos. A violência imprópria ocorre quando o agente reduz 
a vítima à impossibilidade de resistência, sem, contudo, empregar força física ou grave 
ameaça. 
 
b) Grave ameaça: é a promessa de um mal grave e iminente (exs.: 
anúncio de morte, lesão, sequestro). É a “vis compulsiva”. 
 
c) Qualquer outro meio: chamada violência imprópria, pode ser revelado, 
por exemplo, pelo uso de sonífero, da hipnose etc. A simulação de arma e o uso de 
arma de brinquedo configuram a grave ameaça. 
 
 A “trombada” será considerada como violência se for meio utilizado pelo 
agente para reduzir a vítima à impossibilidade de resistência, caracterizando o roubo e 
não o furto. 
 
 1.5. Concurso de Crimes 
 O número de vítimas não guarda equivalência com o número de delitos. 
Este último será relacionado com base no número de resultados (lesão patrimonial), que 
o agente sabia estar realizando no caso concreto. 
 É possível que um só roubo tenha duas vítimas, pois a vítima do rouboé 
tanto quem sofre a lesão patrimonial, como quem sofre a violência ou grave ameaça. 
Ex.: emprestar o carro a alguém que venha a ser assaltado (tanto o proprietário quanto o 
possuidor são vítimas). 
 Da mesma forma, havendo grave ameaça contra duas pessoas, mas 
lesado o patrimônio de apenas uma, haverá crime único, porém, com duas vítimas. 
 Empregada grave ameaça contra cinco pessoas e lesado o patrimônio 
de três, por exemplo, há três crimes de roubo em concurso formal. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 24
 A solução, na hipótese de grave ameaça contra uma pessoa lesando 
bens de duas, dá-se da seguinte maneira: se o agente não sabe que está lesando dois 
patrimônios, há crime único, evitando-se a responsabilidade penal objetiva; se o agente 
sabe que está lesando dois patrimônios (pega o relógio do cobrador e o dinheiro do 
caixa, por exemplo), há dois crimes de roubo em concurso formal. 
 É possível a existência de crime continuado, se preenchidos os 
requisitos do art. 71 do Código Penal. Ex.: indivíduo rouba uma pessoa em um ônibus, 
sai dele, entra em outro e rouba outra pessoa. 
 
 1.6. Consumação do Roubo 
 Há certa divergência quanto ao momento consumativo do roubo próprio. 
 Conforme visto no crime de furto, há posicionamento no sentido de que 
haverá consumação com a mera retirada do bem da esfera de disponibilidade da vítima 
(independentemente da posse mansa e pacífica) e também há posicionamentos no 
sentido de que há necessidade da posse mansa e pacífica. 
 Entretanto, nossos Tribunais Superiores, modificando suas posições 
anteriores, estão passando a entender que a simples retirada do bem da esfera de 
disponibilidade da vítima já seria suficiente para efeitos de reconhecimento da 
consumação. 
 
 O Supremo Tribunal Federal, no Habeas Corpus nº 96856 (Data: 
11/11/2009) negou o remédio heróico para condenado por roubar o cobrador de um 
ônibus. O objetivo era que o Supremo reconhecesse que o crime não chegou a se 
consumar. Mas os ministros confirmaram o entendimento de que mesmo que a prisão 
tenha acontecido instantes após o delito, houve a inversão da posse do bem furtado, o 
que configura o crime de roubo consumado e não tentado. Para o relator do caso, 
ministro Dias Toffoli e o ministro Ricardo Lewandowski, havendo a inversão da res 
furtiva, considera-se consumado o roubo. 
 O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem firmado entendimento no 
mesmo sentido. Em decisão em 2015, entendeu que “consuma-se o crime de roubo 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 25
com a inversão da posse do bem, mediante emprego de violência ou grave 
ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida a perseguição imediata ao agente e 
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou 
desvigiada”. 
 
 Tem-se entendido também que estará consumado o crime se o agente, 
antes de ter a posse tranqüila da coisa, se desfaz dela quando perseguido, não a 
recuperando a vítima, e também quando parte da res furtiva extravia-se na fuga. 
Também estará consumado o delito quando, embora detido o agente, um coautor foge 
com parte do produto do crime. 
 
 1.7. Tentativa 
 A tentativa é possível e será verificada quando, iniciada a execução do 
tipo, mediante violência ou grave ameaça, o agente não consegue efetivar a subtração; 
não se exige o início da execução do núcleo “subtrair”, e sim da prática da violência 
(Damásio de Jesus). 
 Quando o agente é preso em flagrante com o objeto do roubo, após 
perseguição, responde por crime tentado (para aqueles que exigem a posse tranqüila da 
coisa para consumação) e por crime consumado (Supremo Tribunal Federal e Superior 
Tribunal de Justiça, que dispensam o requisito da posse tranqüila da coisa para 
consumação do roubo). 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 26
 Questão interessante é a do seguinte julgamento do STJ: 
 
 
 ►O crime de roubo e o princípio da insignificância 
 
 
 Com relação a esse tema, também interessante transcrever decisão do 
STF, conforme Informativo nº 567/2009. 
“Princípio da Insignificância e Crime de Roubo 
A Turma iniciou julgamento de habeas corpus no qual a 
Defensoria Pública da União pleiteia o reconhecimento do 
princípio da insignificância em favor de condenado por roubo (CP, 
art. 157, § 2º, II), em decorrência de haver empregado grave 
Conforme orientação desta Corte Superior de Justiça e do Supremo Tribunal 
Federal, é inaplicável, ao crime de Roubo, o princípio da insignificância – causa 
excludente da tipicidade penal -, pois, tratando-se de delito complexo, em que há 
ofensas a bens jurídicos diversos (o patrimônio e a integridade da pessoa), é 
inviável a afirmação do desinteresse estatal à sua repressão (STJ, HC 238990/SP, 
Relª Minª Laurita Vaz, 5ª T., DJe 25/04/2013). 
ROUBO. TENTATIVA. PREPARAÇÃO. 
 A polícia, informada de que a quadrilha preparava-se para roubar um 
banco, passou a monitorar seus integrantes mediante escuta telefônica, o que revelou 
todos os detalhes do planejamento do crime. No dia avençado para o cometimento do 
delito, após seguir os membros do grupo até a porta da agência bancária, ali efetuou as 
prisões. Denunciado por tentativa de roubo circunstanciado e formação de quadrilha, o ora 
paciente, um dos autores do crime, alega, entre outros, a atipicidade da conduta, visto que 
não se ultrapassou a fase dos atos preparatórios. Contudo, essa pretensão esbarra na 
impossibilidade de revolvimento das provas em sede de habeas corpus, considerado o fato 
de que o Tribunal de origem, de forma fundamentada, concluiu pelo início dos atos 
executórios do crime, que só não se consumou em razão da pronta intervenção policial. 
Anote-se que, embora se reconheça o prestígio da teoria objetivo-formal no Direito Penal, 
segundo a doutrina, qualquer teoria pode revelar contornos diferenciados quando 
confrontada com o caso concreto. Com esses fundamentos, a Turma concedeu 
parcialmente a ordem, apenas para, conforme precedentes, redimensionar a pena aplicada 
ao paciente. HC 112.639-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 25/8/2009. 
 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 27
ameaça para subtrair, em companhia de dois adolescentes, a 
quantia de R$ 3,25 (três reais e vinte e cinco centavos). O Min. 
Dias Toffoli, relator, indeferiu o writ. Enfatizou que, apesar de 
ínfimo o valor subtraído, houvera concurso de pessoas, com 
adolescentes, o que agravaria o contexto. Reportou-se, ademais, 
a jurisprudência do STF no sentido de ser inaplicável o princípio 
da insignificância ao delito de roubo. Após, o julgamento foi 
suspenso em virtude do pedido de vista do Min. Carlos Britto. HC 
97190/GO, rel. Min. Dias Toffoli, 10.11.2009. (HC-97190)”. 
 
 
 
 1.8. Roubo ImpróprioRoubo ImpróprioRoubo ImpróprioRoubo Impróprio –––– Art. 157, § 1.º, do Código Penal Art. 157, § 1.º, do Código Penal Art. 157, § 1.º, do Código Penal Art. 157, § 1.º, do Código Penal 
 “Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, 
emprega violência contra a pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade 
do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.” 
 Nesse caso, a violência ou a grave ameaça ocorrem após a 
consumaçãoda subtração, visando o agente assegurar a posse da coisa subtraída ou a 
impunidade do crime. Ex: agente que exerce violência contra o guarda-noturno quando, 
já carregando o produto do crime, desperta a atenção do guarda. 
 São requisitos do roubo impróprio: 
a) efetiva retirada da coisa; 
b) emprego de violência ou grave ameaça “logo depois” da subtração; 
c) finalidade de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da 
coisa para si ou para outrem. 
 
 1.8.1. Diferenças entre roubo próprio e roubo impróprio 
 No roubo próprio a violência ou grave ameaça ocorre antes ou durante a 
subtração; no roubo impróprio, depois. 
 No roubo próprio, a violência ou grave ameaça constituem meio para a 
subtração, enquanto no roubo impróprio, o agente, inicialmente, quer apenas furtar e, 
depois de já se haver apoderado de bens da vítima, emprega violência ou grave ameaça 
para garantir a sua impunidade ou a detenção do bem. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
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 No roubo próprio, a lei menciona três meios de execução, que são a 
violência, a grave ameaça ou qualquer outro recurso que dificulte a defesa da vítima. No 
roubo impróprio, a lei menciona apenas dois, que são a grave ameaça e a violência, 
incabível o emprego de sonífero ou hipnose (violência imprópria). 
 
 1.8.2. Requisitos do roubo impróprio 
 São os seguintes os requisitos do roubo impróprio: 
 a) Que o agente tenha se apoderado do bem que pretendia furtar. Se o 
agente ainda não tinha a posse do bem, não se pode cogitar de roubo impróprio, nem de 
tentativa. Ex.: o agente está tentando arrombar a porta de uma casa, quando alguém 
chega ao local e é agredido pelo agente, que visa garantir sua impunidade e fugir sem 
nada levar. Haverá tentativa de furto qualificado em concurso material com o crime de 
lesões corporais. 
 
 b) Que a violência ou grave ameaça tenham sido empregadas logo após 
o apoderamento do objeto material. 
 O "logo depois" está presente enquanto o agente não tiver consumado o 
furto no caso concreto. Após a consumação do furto (depois de certo tempo), o emprego 
de violência ou de grave ameaça não pode caracterizar o roubo impróprio. Haverá um 
furto consumado e uma lesão corporal, grave ameaça, resistência etc. 
 A violência ou grave ameaça pode ser contra o próprio dono do bem ou 
contra um terceiro qualquer, até mesmo um policial. 
 Para a jurisprudência, se a violência contra policial serviu para 
transformar o furto em roubo impróprio, não se pode aplicar em concurso o crime de 
resistência, porque seria bis in idem. 
 
c) Que a violência ou grave ameaça tenham por finalidade garantir a 
detenção do bem ou assegurar a impunidade do agente. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 29
 
 1.8.3. Consumação 
 O roubo impróprio consuma-se no exato momento em que é empregada 
a violência ou grave ameaça, ainda que o agente não atinja sua finalidade (garantir a 
impunidade ou evitar a detenção). 
 O golpe desferido que não atinge a vítima é considerado violência 
empregada; portanto, roubo impróprio consumado. 
 
 1.8.4. Tentativa 
 A tentativa não é admissível, pois ou o agente emprega a violência ou a 
grave ameaça e o crime está consumado, ou não as emprega e o crime é o de furto. 
 Alguns autores (minoria) admitem a tentativa quando o agente quer 
empregar a violência, mas é impedido. 
 
 � Arrebatamento de Inopino e Trombada 
 Arrebatamento é o ato de arrancar com violência a coisa que está em 
poder da vítima. 
 Para alguns autores, o arrebatamento caracteriza violência contra coisa, 
constituindo o delito de furto. Para outros, trata-se de violência contra a pessoa, dando 
ensejo ao crime de roubo. É pacífico, porém, que, no caso de resultar lesão corporal, 
haverá delito de roubo. 
 A jurisprudência também diverge sobre a subtração mediante trombada 
contra a vítima. Uma primeira corrente diz que é furto, salvo quando reduzir a vítima à 
impossibilidade de resistência, quando então caracterizará o roubo; uma segunda, 
sempre enquadra a hipótese como roubo, diante da caracterização da violência física. 
 
 1.9. Causas de Aumento da Pena – Art. 157, § 2.º, do Código Penal 
(Roubo Majorado) 
 
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 30
 Se o juiz reconhecer a existência de duas ou mais causas de aumento 
da pena poderá aplicar somente uma, de acordo com o parágrafo único do art. 68 do 
Código Penal. 
 As causas de aumento da pena incidem apenas para o roubo simples 
(próprio ou impróprio), e não se aplicam ao roubo qualificado (lesão grave ou morte). 
 
 1.9.1. Emprego de arma 
 É chamado de roubo qualificado pelo emprego de arma; porém, o 
correto é nomear de causa de aumento do roubo (de 1/3 até 1/2). 
 Arma é qualquer instrumento que tenha poder vulnerante; pode ser 
própria (tem a finalidade específica de ferir) ou imprópria (qualquer objeto que possa 
matar ou ferir, mas que não possui esta finalidade específica, como, por exemplo, faca, 
tesoura, espeto etc.). 
 Não é necessário que a arma seja apontada para a vítima; basta que o 
agente esteja armado e que a vítima tome conhecimento disto. A simples simulação de 
arma não faz incidir o aumento da pena. 
 Parte da jurisprudência entende que a arma de brinquedo gera o 
aumento da pena, desde que tenha causado temor à vítima. Assim, o agente teria 
atingido sua finalidade de evitar eventuais reações e, portanto, facilitado o roubo. 
 Outra parte da jurisprudência (majoritária na doutrina) entende que 
não se aplica o aumento da pena: primeiro porque não é arma; depois porque se a arma 
é de brinquedo, o potencial lesivo da conduta do agente é menor. 
 A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no REsp nº 213.054, de 
São Paulo, em 24.10.2001, relator o Ministro José Arnaldo da Fonseca, decidiu cancelar 
a Súmula n. 174 (“No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza 
o aumento da pena.”), considerando que o emprego de arma de brinquedo, embora não 
descaracterize o crime, não agrava o roubo, uma vez que não apresenta real potencial 
ofensivo. Ficou assentado que a incidência da referida circunstância de exasperação da 
pena: 
- fere o princípio constitucional da reserva legal (princípio da tipicidade); 
 
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- configura bis in idem; 
- deve ser apreciada na sentença final como critério diretivo de dosagem da pena 
(circunstância judicial do art. 59 do CP); 
-lesa o princípio da proporcionalidade1. 
 
Caso a arma esteja quebrada ou desmuniciada, há duas posições: 
a) se até arma de brinquedo autoriza o aumento da pena, arma quebrada ou 
desmuniciada também tem o mesmo efeito; 
b) não tem potencial ofensivo, por isso não se aplica o aumento. 
 
����Questões que merecem atenção especial: 
 
1ª) Agente que emprega arma de brinquedo para praticar crime de roubo: 
Posição majoritária: o agente responderá pelo roubo na forma simples. 
Posição minoritária: o agente responderá pelo art. 157, § 2º, I do CP. 
 
2ª) Agente que emprega simulação de porte de arma: 
O agente responde por roubo na forma simples, não há causa especial de 
aumento de pena, uma vez que não há emprego de arma. 
 
3ª) É necessária a apreensão daarma de fogo e elaboração de laudo pericial para 
configurar a causa especial de aumento de pena? 
Para aqueles que entendem que o roubo será agravado mesmo que a arma não 
tenha potencialidade lesiva, não é necessária a apreensão da arma de fogo. 
Para aqueles que entendem que a majorante só incidirá se o meio empregado 
(arma) tiver potencialidade lesiva, é preciso a apreensão da arma de fogo e posterior 
confecção do laudo pericial. 
 
 
1
 
 
 GOMES, Luiz Flávio. STJ cancela Súmula 174: arma de brinquedo não agrava o roubo. São Paulo: IBCCrim, 
27.9.2001. Disponível em: <www.direitocriminal.com.br>. O autor alinha outras conclusões do acórdão. 
 
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 32
Com relação a essa questão, o Supremo Tribunal Federal decidiu recentemente 
da seguinte maneira. 
 
Portanto, conforme decisão do STF (2009), não se mostra necessária a 
apreensão e perícia da arma de fogo empregada no roubo para comprovar o seu 
potencial ofensivo. 
 
4ª) O agente que pratica o roubo mediante emprego de arma de fogo, tendo o 
porte ilegal desta, responde pelo crime previsto no art. 14 ou 16 da Lei nº 10.826/03 
(Estatuto do Desarmamento)? 
No crime de roubo cometido mediante o emprego de arma de fogo, da qual o 
agente não possua autorização para porte, o roubo absorverá o emprego da arma, por 
força do princípio da consunção (o mais grave absorve o menos grave). Este 
posicionamento não é unânime. Há os que entendem que o sujeito deva responder 
pelos dois crimes. 
 
5ª) O emprego de arma por apenas um dos coagentes constitui circunstância que 
se comunica aos demais? 
"ROUBO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO. APREENSÃO E 
PERÍCIA PARA A COMPROVAÇÃO DE SEU POTENCIAL OFENSIVO. 
DESNECESSIDADE. CIRCUNSTÂNCIA QUE PODE SER EVIDENCIADA POR OUTROS 
MEIOS DE PROVA. ORDEM DENEGADA. I - Não se mostra necessária a apreensão e 
perícia da arma de fogo empregada no roubo para comprovar o seu potencial lesivo, visto 
que tal qualidade integra a própria natureza do artefato. II - Lesividade do instrumento que 
se encontra in re ipsa. III - A qualificadora do art. 157, § 2º, I, do Código Penal, pode ser 
evidenciada por qualquer meio de prova, em especial pela palavra da vítima - reduzida à 
impossibilidade de resistência pelo agente - ou pelo depoimento de testemunha presencial. 
IV - Se o acusado alegar o contrário ou sustentar a ausência de potencial lesivo da arma 
empregada para intimidar a vítima, será dele o ônus de produzir tal prova, nos termos do 
art. 156 do Código de Processo Penal. V - A arma de fogo, mesmo que não tenha o poder 
de disparar projéteis, pode ser empregada como instrumento contundente, apto a produzir 
lesões graves. VI - Hipótese que não guarda correspondência com o roubo praticado 
com arma de brinquedo. VII - Precedente do STF. VIII - Ordem indeferida." (STF, T. Pleno, 
HC nº 96099, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, j. 19/02/2009, DJ 04/06/2009). 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 33
Sim, uma vez que é circunstância objetiva, não sendo necessário nem mesmo a 
identificação do agente que utilizou a arma. 
 
6ª) É possível a cumulação da majorante do crime de roubo com a majorante da 
associação criminosa (art. 288, § único)? 
O crime de associação criminosa é crime contra a paz pública. Quando os 
associados passam a realizar as ações criminosas, consuma-se o delito. Ao praticarem 
o delito de roubo empregando arma, uma nova violação a um novo bem jurídico está 
ocorrendo. Logo, é possível a dupla majoração. Há posição em sentido contrário, pois 
haveria bis in idem. 
 
 1.9.2. Concurso de duas ou mais pessoas 
 As anotações feitas a respeito do concurso de pessoas no furto (art. 155 
do CP) aplicam-se ao roubo; a distinção é quanto à natureza jurídica: naquele é 
qualificadora; neste é causa de aumento. O aumento se justifica pela maior organização 
do delito, aumentando a possibilidade de consumação. Os menores de 18 anos, os 
doentes mentais e os desconhecidos, participantes da conduta criminosa, também são 
computados. 
 
 1.9.3. Serviço de transporte de valores 
 Aplicável apenas se a vítima está trabalhando (“em serviço”) com o 
transporte de valores (ex.: assalto de office-boy, de carro-forte etc.). Transporte de 
valores se refere a dinheiro, jóias preciosas e qualquer outro bem passível de ser 
convertido em pecúnia. 
 Se o ladrão assaltar o motorista do carro-forte, levando somente o seu 
relógio, não há qualificadora. 
 Exige-se que o agente conheça a circunstância do transporte de valor 
(dolo direto), não se admitindo dolo eventual. 
 Obs.: não existe qualificadora semelhante no crime de furto. 
 
 
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 34
 1.9.4. Veículo automotor que venha a ser transportado para outro 
estado ou país 
 Veículo automotor abrange aeronaves, automóveis, motocicletas, 
lanchas, jet-ski, etc. Urge, para a incidência do aumento de pena, que o veículo seja 
efetivamente transportado para outro Estado ou exterior. Consuma-se o crime quando o 
veículo transpõe a fronteira. 
 
 1.9.5. Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua 
liberdade 
 Aplica-se às hipóteses em que a vítima é mantida pelos assaltantes por 
pouco tempo, ou tempo suficiente para a consumação do roubo. Se o período for longo, 
haverá concurso material de roubo simples e sequestro (art. 157 c.c. art. 148, ambos do 
CP). Se não houver a tirada da vítima do local onde já se achava, mas mera retenção, 
como por exemplo, trancá-la no quarto da própria casa, caracteriza-se, da mesma forma, 
o delito em apreço. 
 Não se aplica ao sequestro-relâmpago, pois, o fato da vítima fornecer a 
senha, somente pode ser praticado por ela. Não se trata de subtração e, portanto, de 
roubo, mas de extorsão. 
 
 1.10. Roubo Qualificado – Art. 157, § 3.º, do Código Penal 
 Há duas formas de roubo qualificado, aplicáveis tanto ao roubo próprio 
quanto ao impróprio. 
 De acordo com a primeira parte do dispositivo: “se da violência resulta 
lesão corporal de natureza grave, a pena é de reclusão, de 07 (sete) a 15 (quinze) anos, 
além de multa”. 
 Houve alteração da pena mínima, para tornar pacífico o entendimento de 
que as causas de aumento da pena do § 2.º não se aplicam às qualificadoras do § 3.º. 
Se a lesão é leve, esta fica absorvida. 
 A parte final dispõe que “se resulta morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 
(trinta) anos, sem prejuízo da multa”. É o denominado latrocínio (crime hediondo). 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
 35
 Não confundir tentativa de latrocínio com roubo qualificado pela lesão 
grave. O que distingue é o dolo (vontade de matar ou vontade de lesionar). 
 Se a vítima morre em razão da grave ameaça tem-se concurso formal 
de roubo simples e homicídio culposo (ex.: a vítima, ao ver a arma, sofre ataque 
cardíaco e morre). 
 
 O latrocínio pode ser próprio e impróprio. O latrocínio próprio ocorre 
quando a morte ocorre antes ou durante a subtração da coisa, ao passo que no 
latrocínio impróprio o agente primeiro se apodera da coisa, sem qualquer violência, 
matando a vítima logo em seguida com o intuito de assegurar a subtraçãoou a 
impunidade. Exemplo de latrocínio próprio: o agente mata o empregado de um 
estabelecimento comercial, subtraindo em seguida o dinheiro do caixa. Exemplo de 
latrocínio impróprio: o agente, logo após subtrair um bem, mata o policial que o 
surpreende. 
 
 O roubo será qualificado se a morte ou a lesão corporal grave resultarem 
da “violência”; o tipo não menciona a grave ameaça. Nos termos do art. 19 do Código 
Penal, via de regra, o crime qualificado pelo resultado é preterdoloso (há dolo na 
conduta antecedente e culpa na conseqüente). 
 No crime de latrocínio, excepcionalmente, a morte pode decorrer de 
culpa ou dolo, respeitando-se o Princípio da Proporcionalidade das Penas (roubo 
simples + homicídio doloso = 4 +12 = 16, a pena seria inferior à pena prevista para 
hipótese de resultar morte culposa no crime de roubo). 
 Súmula n. 603 do STF: "Ainda que a morte seja dolosa, por haver 
latrocínio (crime contra o patrimônio), a competência é do juízo singular". 
 Tem-se, como regra, que a morte ou lesão corporal grave, resultando de 
violência, pode ser de qualquer pessoa. 
 A exceção encontra-se na morte ou lesão corporal grave de coautor ou 
partícipe: se o agente pretendia matar a vítima ou terceira pessoa, mas por erro mata o 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
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coautor, há o crime de latrocínio, pois considera-se no caso a pessoa que o agente 
realmente pretendia atingir. 
 
 Sujeito passivo do latrocínio é tanto a pessoa que sofre a lesão 
patrimonial quanto aquela que é morta, podendo esta última ser até mesmo um policial 
ou terceiro. O latrocínio é crime pluriofensivo, pois ofende mais de um bem jurídico: o 
patrimônio e a vida. 
 
 1.10.1. Consumação e tentativa do latrocínio 
Por se tratar de crime complexo tem-se o seguinte esquema: 
a) Subtração consumada + morte tentada = latrocínio tentado. 
b) Subtração consumada + morte consumada = latrocínio consumado. 
c) Subtração tentada + morte tentada = latrocínio tentado. 
d) Subtração tentada + morte consumada = latrocínio consumado (Súmula n. 610 
do STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize 
o agente a subtração de bens da vítima”). 
 
Caracteriza-se a violência quando empregada em razão do roubo (nexo 
causal) e durante o cometimento do delito (no mesmo contexto fático). 
O nexo causal estará presente quando a violência constituir meio para a 
subtração (ex.: roubo próprio qualificado pela morte) ou quando for empregada para 
garantir a detenção do bem ou a impunidade do agente (ex.: roubo impróprio). 
Faltando um desses requisitos, haverá roubo em concurso material com homicídio 
doloso ou delito de lesão corporal dolosa. 
Ex.1: João rouba alguém hoje; semanas depois, para garantir a impunidade, mata 
a vítima. Responderá por roubo em concurso material com homicídio. 
 Ex.2: ladrão mata um desafeto seu, que passa pelo local durante o roubo. Foi 
durante o roubo, mas não em razão dele. 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
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 2. EXTORSÃO 2. EXTORSÃO 2. EXTORSÃO 2. EXTORSÃO –––– ART.ART.ART.ART. 158 158 158 158 DO DO DO DO CÓDIGO PENALCÓDIGO PENALCÓDIGO PENALCÓDIGO PENAL 
 
 A extorsão consiste em empregar violência ou grave ameaça com a 
intenção ou de obter indevida vantagem econômica, ou para obrigar a vítima a fazer, 
deixar de fazer ou tolerar que se faça algo. 
 A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa (é a mesma 
pena do roubo). 
 Do conceito acima apura-se que o delito de extorsão há a presença dos 
seguintes elementos: 
 a) o constrangimento para obter da vítima uma ação, omissão ou 
tolerância; 
 b) emprego de violência ou grave ameaça; 
 c) finalidade de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem 
econômica. 
 
 2.1. Objetividade Jurídica 
 A principal é a inviolabilidade do patrimônio. A secundária é a proteção à 
vida, integridade física, liberdade pessoal e tranqüilidade do espírito. Trata-se de delito 
pluriofensivo, porque ofende mais de um bem jurídico. 
 
 2.2. Elemento objetivo do tipo 
 A ação nuclear do tipo consubstancia-se no verbo “constranger”, que 
significa coagir, forçar, obrigar alguém a fazer (ex: quitar uma dívida não paga), tolerar 
que se faça (ex: permitir que se rasgue um contrato) ou deixar de fazer alguma coisa (ex: 
obrigar a vítima a não propor ação judicial). 
 Temos inicialmente a ação de constranger seguida da realização ou 
abstenção de um ato. 
 O constrangimento pode ser exercido mediante o emprego de violência 
ou grave ameaça, os quais podem atingir tanto o titular do patrimônio quanto pessoa 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
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ligada a ele. Assim, a vítima cede à chantagem ante o temor que um bem seu de maior 
valor seja sacrificado. 
 
 É elemento indispensável à configuração do delito a ilegitimidade da 
pretensão buscada pelo agente. Tratando-se de pretensão legítima, o crime será de 
exercício arbitrário das próprias razões (art. 345). 
 
 Violência física é o emprego de vias de fato ou lesão corporal para vencer 
a resistência da vítima. 
 Violência moral é o emprego de grave ameaça. 
 
 2.3. Sujeitos do delito e elemento subjetivo do tipo 
 Sujeito ativo é qualquer pessoa (crime comum). Se for funcionário público 
cometerá o crime de concussão (art. 316 do CP). O funcionário público também comete 
extorsão quando realiza ameaças estranhas às funções, como na hipótese de escrivão 
que exige dinheiro de uma pessoa para não influenciar o delegado de polícia a realizar o 
indiciamento. Se, porventura, o mal prometido pelo funcionário público relacionar-se às 
suas funções, haverá o delito de concussão. Nítida, portanto, a distinção entre extorsão e 
concussão. Na primeira, a ameaça não se relaciona às funções; na segunda, a ameaça 
consiste na prática de um ato funcional, de modo que a vítima cede à exigência, 
exclusivamente, em razão da função. 
 
 Sujeitos passivos podem ser o que sofre violência ou grave ameaça, 
aquele faz, deixa de fazer ou tolera que se faça e aquele que sofre o prejuízo econômico. 
Exemplo: o extorsionário chantageia uma mulher e o marido, ameaçando de morte o seu 
filho, objetivando a obtenção de vantagem econômica. 
 
 Elemento subjetivo do tipo é o dolo. O agente visa conseguir da vítima 
uma ação ou omissão, com o fim de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem 
 
DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL DIREITO PENAL –––– PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL PARTE ESPECIAL –––– ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212ART. 155 A 212 
 
 
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econômica. Há necessidade de finalidade específica, qual seja, a intenção de obter uma 
vantagem indevida e econômica. 
 
 2.4. Consumação e Tentativa 
 Há várias correntes a respeito da consumação e tentativa. 
 A primeira entende que se trata de crime formal. (Nélson Hungria). De 
acordo também com o entendimento do Professor Damásio de Jesus, o crime se 
consuma quando a vítima faz, deixa de fazer ou tolera que se faça alguma coisa. Essa 
corrente é majoritária e prevalece. A tentativa também seria admissível na hipótese de o 
constrangimento operar-se por escrito e não chegar ao conhecimento da vítima ou então 
quando esta não se constranger. 
 
 Uma segunda corrente (Magalhães Noronha – corrente minoritária) 
entende que o crime é material, exigindo-se a produção do resultado

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