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Índice Copyright 3 Quais são os benefícios que você terá ao ler este ... 4 As Perguntas Mais Comuns do Programa Meta 5 Introdução 6 Primeiro Passo 8 Segundo Passo 18 Terceiro Passo 34 Quarto Passo 43 Quinto Passo 48 Sexto Passo 53 Sétimo Passo 64 Oitavo Passo 68 Nono Passo 83 Décimo Passo 90 Resumo dos Dez Passos 93 Dicas para Provas Discursivas 96 Dicas para Prova Oral 101 Como Estruturar a Peça Prática em 3 passos 112 Como Evitar a Preguiça e Procrastinação 133 Lidando com Problemas Pessoais 136 Sobre o Autor 139 O Programa Meta Vou Ser Delegado 141 2 Copyright Autor Lúcio Valente Editor VSD Editora Copyright Todos os direitos pertencentes a Lúcio Valente Primeira publicação usando Papyrus, 2016 TENHO CERTEZA DE QUE VOCÊ, COMO FUTURO DELEGADO, NÃO COMPACTUARÁ COM A ILEGALIDADE. PORTANTO, RESPEITE OS DIREITOS DO AUTOR E NÃO COMPARTILHE MATERIAL. Embora toda precaução tenha sido tomada na preparação deste livro, a editora e os autores não assumem qualquer responsabilidade por erros ou omissões, ou por danos resultantes da utilização das informações aqui contidas. 3 Quais são os benefícios que você terá ao ler este livro? • Vai aprender a estudar o que realmente cai, de forma estratégica e com economia de tempo e energia. • Será capaz de aplicar técnicas absurdamente simples, que colocarão seus estudos nos trilhos, gerando o máximo de aproveitamento. • Aprenderá a direcionar seus estudos de forma inteligente. • Será capaz de se organizar para evitar dispersão de energia. • Terá ferramentas contra a procrastinação que tanto o impede de avançar. • Usará as micro revisões diárias para driblar a curva do esquecimento. • Usará técnicas realmente eficazes para produzir resumos, sem deixar o estudo “travado”. • Vai aprender a ter uma nova relação com os estudos, elevando os padrões de aprendizado para “furar a fila” da aprovação. • Será orientado sobre o material mais adequado para a sua preparação. 4 As Perguntas Mais Comuns do Programa Meta 1. Como ter mais foco e parar de procrastinar? 2. Como ter mais organização? 3. Como saber o que estudar? 4. Quanto tempo devo estudar por dia para ser aprovado? 5. Qual o melhor material? 6. Como fazer resumos eficientes sem perder tempo durante os estudos? 7. Como revisar? 8. Como usar as questões para enriquecer meus estudos? 9. Qual o melhor método de estudo? 10. Como deve ser o estudo sem edital? E quando sair o edital, o que fazer? 11. Como parar de me auto sabotar? 12. Como lidar com problemas pessoais que atrapalham meus estudos? 5 Introdução Há cerca de doze anos eu começava minha caminhada no mundo dos concursos. Naquela época, eu era um estudante universitário, vivendo em uma família de classe média e não passava dificuldades na vida. Nos finais de semana, gostava de estar com meus amigos, tomando cerveja e tocando saxofone em bares. Ao que parece, havia me conformado a ser um homem medíocre. Para que você me entenda bem, estou usando o termo "medíocre", na forma como o autor argentino José Ingenieros define em seu livro O Homem Medíocre. Para ele, os homens medíocres são aqueles que “(...) permanecem sujeitos a dogmas que os outros lhes impõem, escravos de fórmulas paralisadas pela ferrugem do tempo. Suas rotinas e seus preconceitos parecem-lhes eternamente invariáveis: sua obtusa imaginação não concebe perfeições passadas, nem vindouras; o estreito horizonte de sua experiência constitui o limite obrigatório de sua mente”. O homem medíocre, enfim, é aquele que não busca a evolução intelectual, espiritual e humana. Vive preso na sua própria mediocridade e aspira apenas uma coisa: ser um homem mediano, fazendo coisas medianas. A leitura desse livro foi um tapa na minha cara. Afinal de contas, eu estava fadado a viver a vida dos medíocres. Só que meu espírito se insurgiu contra aquilo. Eu estava no último ano da faculdade e aquela descoberta alimentou minha alma e abriu os meus olhos. A partir daquele momento, estava decidido a sair da mediocridade. Queria me tornar uma pessoa respeitável na sociedade. Assim, passei a me dedicar à faculdade como nunca antes. Organizei a minha vida e dei um direcionamento para ela, que não era para o norte, nem para o sul, nem 6 para o leste, nem para o oeste. Era para o alto. E essa evolução nunca parou. Se você está aqui neste momento é porque, de uma forma ou de outra, está buscando se livrar da mediocridade. E este livro pode ajudar muito. Durante esse processo de aprendizagem, acabei por concluir, com muita tentativa e erro, que existem passos que qualquer pessoa pode tomar para atingir excelência nos estudos e, por consequência, ser aprovado. Esses passos foram sendo burilados durante mais de dez anos de trabalho na preparação de pessoas que têm o sonho de ser Delegados de Polícia. Com isso, cheguei à formatação do método Vou Ser Delegado de estudo, que é fruto do nosso programa "META: VOU SER DELEGADO". É esse o método que agora apresento para vocês na forma de livro. Puxa vida, como eu gostaria de ter iniciado os meus estudos com os conhecimentos reunidos nesta obra! Isso me pouparia horas e horas de frustração. Então, sinta-se um privilegiado por ter acesso ao método que vai colocar definitivamente seus estudos nos eixos. Quero que ao terminar de ler este livro você tenha transformado a sua forma de estudar, saindo da média dos candidatos - da mediocridade – para a excelência. Estou com você nesse caminho! ESTE LIVRO VAI TE TIRAR DA MEDIOCRIDADE! 7 Primeiro Passo Os dez passos do Método Vou Ser Delegado PRIMEIRO PASSO: Conheça as Premissas Básicas Como todo método, é importante que você considere que há premissas básicas que devem ser seguidas para que o respectivo processo funcione. Eu não vou filosofar sobre essas premissas, porque elas não são frutos de meus pensamentos e devaneios. Elas surgiram com a experiência, com a prática. Com o passar dos anos e com o contato constante com diversas pessoas que orientei e oriento, percebi que o primeiro trabalho que eu tenho que fazer é na cabeça do aluno. Isso porque eu sei que você está aqui após tentar outras técnicas. E, muitas vezes, está aqui após tentar estudar por muito tempo sem técnica alguma, justamente da forma como eu comecei há 12 anos. Em tudo que se faz na vida, tudo mesmo, há alguma técnica envolvida. Mesmo que não se escreva a respeito, e mesmo que isso não seja formalizado em algum manual de instruções. Aprender essas técnicas pode te poupar meses, até anos de esforços inúteis. Vou te dar um exemplo bastante prosaico. Certa vez, eu precisei varrer meu apartamento. Eu ainda era solteiro e morava sozinho. Isso foi logo após passar no concurso. Ocorre que a minha secretária teve um problema e não foi trabalhar. Só que eu acabei derramando pó de café por toda a cozinha.Por isso, peguei a vassoura e varri a sujeira. No dia 8 seguinte, a secretária chegou e, assim que entrou na cozinha, exclamou: - Seu Lúcio, tá tudo sujo de pó de café! Bom, parece que meu serviço não foi bem feito. Ocorre que, por mais simples que possa parecer, o ato de varrer exige alguma técnica, mínima que seja. E eu não domino essa prática – e nem pretendo dominar. Pense comigo: se o simples ato de varrer exige método, como você pode acreditar que o ato de estudar pode ser feito sem uma metodologia? A minha filosofia de estudo é bastante pragmática. Tudo que aprendi sobre como estudar é fruto da antiga e eficaz técnica da tentativa e erro. Com isso, depois de quebrar muito a cabeça, cheguei à conclusão de que o estudo segue, basicamente, as seguintes premissas: 1ª premissa: estudar é melhor do que não estudar Há alguns anos eu estava em um evento e fui apresentado a um sujeito que havia acabado de ser aprovado para Juiz de Direito do DF. Como eu sempre busco informações novas, passei a conversar sobre a forma com que ele estudava. Para minha surpresa, ele me disse que estudava uma matéria por vez. Lia um livro inteiro de Constitucional, depois um livro todo de Administrativo, e por aí vai. Fiquei abismado, porque eu poderia classificar esta como uma das piores estratégias do mundo. Ocorre que contra fatos não há argumentos. O cara estava aprovado. Fim de papo! Acho importante colocar esse exemplo, porque muitas pessoas me procuram muito angustiadas, pois supostamente perderam muito tempo estudando sem uma metodologia adequada. Como eu exemplifiquei agora a pouco, você pode varrer, nadar, correr e estudar sem técnica. Mas, pode fazer tudo isso de forma muito melhor se seguir determinados passos. Agora, isso não quer dizer que o tempo que você passou realizando essas atividades na forma de tentativa e erro seja inútil. De forma alguma. A experiência é uma aliada muito importante. E você se tornou naturalmente mais forte e mais experiente. 9 Como podemos extrair do exemplo acima, não existe técnica absolutamente certa ou absolutamente errada. Já vi gente estudando de todos os jeitos e passando em concursos. Pode demorar muito mais tempo, mas acaba passando. A metodologia, como a que estou apresentando neste livro, existe para potencializar os seus esforços, para que você não perca a rota e siga no caminho certo, de forma rápida e constante. "Nunca pare de estudar, já que estudar sem técnica é ainda melhor do que não estudar de forma alguma". 2ª Premissa: se for simples, é bom Certa vez, eu acompanhava um amigo numa palestra desses “gurus dos concursos”, que ensinam a “mágica” de como passar em pouquíssimo tempo. Lá pelas tantas, o sujeito passou a falar da técnica de revisão que ele considerava a melhor. Depois dele explicar a técnica, teve que reexplicar umas três vezes porque o troço era complicado demais. A técnica é o meio. Se o meio for complicado, não serve. O seu estudo deve deslizar no gelo. Você não pode perder muito tempo pensando na metodologia em si. Ela deve ser natural dentro dos seus estudos. Por isso, todas as técnicas ensinadas neste livro prezam pela simplicidade e aplicabilidade imediata de suas fórmulas. "Preze pela simplicidade. Se for simples, é bom". 3ª Premissa: quem não revisa não se lembra Há dez anos venho dando aulas de Direito Penal. Esses dias fui 10 convidado para gravar uma série de cinco aulas para a TV Justiça. A produtora do programa disse que eu poderia escolher qualquer tema de Direito Penal, desde que não repetisse uma lista de assuntos que ela me enviara por e-mail. Escolhi falar sobre Culpabilidade. Acho que já dei aula sobre isso umas trezentas vezes, mas você acha que eu simplesmente fui lá na cara e na coragem” gravar? Claro que não. Eu tive que reestudar o tema. Não importa o quanto eu sei a matéria, eu vou acabar me esquecendo de alguns detalhes. Você já deve ter ouvido falar da chamada curva de esquecimento, descoberta pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus no século 19. Segundo essa teoria, você esquece metade do que aprendeu só na primeira hora após aprender. E o esquecimento vai aumentado rapidamente com o passar do tempo. “Estudar é um andar de caranguejo” dizia o professor Damásio de Jesus. Quanto mais você estuda, mais tem coisas pra esquecer. E você vai esquecer, pode ter certeza. O reestudo ativo, deste modo, é essencial para que as informações fiquem na sua memória de longo prazo. Ocorre que temos fazer isso de forma otimizada para ganhar tempo e conseguir avançar na velocidade adequada. Em provas você vai precisar muito da memória de longo prazo. Como você tem que lidar com várias matérias, a capacidade de se lembrar do conteúdo estudado pode se tornar algo muito complicado se não for utilizada a técnica adequada de revisão. Existem dois erros muito comuns quando o aluno planeja a revisão. Bom, na verdade, o primeiro grande erro é não revisar de forma alguma. Estou considerando, portanto, que você vai seguir a premissa de que “quem não revisa, não se lembra”. Pois então, como eu ia dizendo, há três erros básicos no planejamento dessa revisão: Primeiro erro: amontoar as revisões em um dia específico para uma “revisão geral” 11 O grande problema de estabelecer um dia específico para uma “revisão geral” é que o aluno não cumpre. Geralmente, ele reserva o sábado ou domingo para essa revisão, ou mesmo que seja durante a semana, o aluno não cumpre. E por quê? Acho que pelo fato de que psicologicamente o aluno achar que está perdendo tempo com a revisão. Ele tem muita coisa para estudar para poder fechar o edital, e isso acaba sendo mais importante na cabeça dele do que revisar e fixar os pontos já estudados. Além do disso, revisar pode ser bem chato. É chato reler. E aí está mais um problema: revisão não dever ser apenas releitura. Segundo erro: revisar apenas relendo os resumos ou grifos O Professor Píer costuma contar a história da mãe que, quando perguntada pelo filho caçula, afirmou que ele teria ido “para a escola estudar”. O Professor Píer replica dizendo que ele não foi para a escola “estudar”, ele foi para “assistir aula”. E qual a diferença? Assistir aula é passivo (só receber informações). Estudar é ativo (intelectualizar a informação). Ler e assistir a aula, persisto, são atividades passivas, no sentido de que você recebe a informação de forma inativa. Ocorre que logo você esquecerá o conteúdo, ou grande parte dele. É por isso que a revisão é tão importante. Para que o ciclo do aprendizado aconteça, você deve aplicar técnicas do estudo ativo. Essas técnicas serão aplicadas durante as micro revisões diárias, como veremos. No passo nove vamos voltar neste ponto com mais cuidado. Terceiro erro: revisar através de questões anteriores 12 A realização de questões de provas anteriores é essencial para a evolução do aluno, conhecimento da banca, auto avaliação, treinamento para raciocínio prático etc. Na minha concepção, no entanto, especificamente a revisão não deve ser feita através de questões. Por quê? Porque quando o aluno faz questões, ele apenas "faz as questões". Em geral, ele não "estuda as questões". Estudar as questões significa saber exatamente se o item está certo e o motivo dele estar certo, e se está errado e o motivo deleestar errado. Após, identificando novas informações, deveria o aluno alimentar seu material de revisão para voltar àquela informação sempre que fosse revisar a matéria. O que ocorre é que o aluno resolve dezenas de questões e nunca mais retorna a elas. Fazer dezenas, talvez centenas de questões pode ser, portanto, menos eficiente do que fazer blocos de 10 ou 20 questões, minuciosamente analisadas. Revisar é reavivar o que foi estudado, buscando levar a matéria compreendida para a memória de longo prazo. Resolver baterias de questões tão-somente não fecha esse ciclo. Você terá que praticar, mas com outras finalidades em mente, conforme veremos. Falaremos sobre a resolução de questões no capítulo dez. "Use as Micro Revisões diárias para driblar a curva de esquecimento." 4ª Premissa: constância é melhor do que quantidade Eu andava muito insatisfeito com a minha condição física. Durante a gravidez da minha esposa, eu fui engordando junto com ela. Poucos meses depois do nascimento da nossa Larinha, minha esposa já estava no peso de antes da gravidez, e eu continuei gordinho. 13 Para mudar isso, modifiquei um pouco a alimentação e voltei a fazer exercícios. Como eu queria resultados rápidos, entrei num sistema de treinamento que está na moda hoje em dia, o CrossFit. O treino consiste na variação de exercícios de alta intensidade em pouco tempo. No máximo, uma hora de suadeira. Olha, o problema não está no treinamento. Muitas pessoas se beneficiam dele e chegam a resultados fantásticos. O problema é que eu saí do sedentarismo quase absoluto para ingressar em algo que exigia cento e cinquenta por cento da minha capacidade. O que ocorreu? Claro, desisti em um mês. Eu estava chateado com isso, porque eu gosto de ser um “terminador” das coisas. Não gosto de iniciar determinada atividade ou projeto e pará-los no meio. Sempre encarei isso como uma falha de caráter. E eu havia desistido, e continuava gordinho. Essa situação me deixava muito mal porque eu tinha a impressão de que eu pregava algo para os meus seguidores e na prática fazia outra. Eu era muito duro com meus alunos pela falta de foco e comprometimento de alguns deles e, na minha vida, eu estava sendo justamente aquela pessoa que eu pedia que eles não fossem. Após meditar muito sobre isso, eu tive a ideia de aplicar o mesmo princípio que eu ensinava aos alunos do Programa META. Na verdade, são duas pequenas técnicas que você precisa conhecer e que vão te ajudar a começar qualquer coisa e nunca desistir no meio. Você será um “terminador” e não apenas um “começador”. Primeira técnica: O Poder da Meia Hora Tudo parte de um livro que eu li, denominado The Power of a Half Hour, 14 de Tommy Barnett (Em tradução livre: O Poder da Meia Hora). No livro o autor parte do princípio de que a gente deve valorizar os períodos de meia hora do nosso dia. Em geral, as pessoas contam o tempo útil em horas completas. “Vou estudar por uma ou duas horas”, “vou fazer academia por uma ou duas horas”, “vou dormir por 6 horas” etc. Com isso, a gente perde a possibilidade de realizar muitas coisas, apenas por achar que algo só será bem feito se durar mais do que uma ou algumas horas. Isso é um equívoco. Pois bem. Passei a usar o Poder da Meia Hora para fazer exercícios físicos. Como eu moro em um condomínio fechado, há uma academia interna. Bem simplesinha, com alguns aparelhos não muito modernos, mas tudo novinho. Eu desço todos os dias para a academia e ligo a esteira marcando 30 minutos. Nesse tempo eu corro, caminho, corro mais rápido, mais devagar, caminho de novo, até finalizar o tempo programado. Eu faço isso de segunda a sexta e raramente falho. O que aconteceu? Emagreci. Em uma semana? Não. Lentamente, com a ajuda da alimentação mais balanceada, cortando o açúcar e essas coisas todas. Tem dias que eu corro por uma hora ou mais. E se eu não correr, sinto que meu dia foi incompleto. Dá uma sensação bem ruim, pois virou HÁBITO. Mas tudo começou com meia horinha sagrada por dia. Por isso, a dica que eu dou é: sempre que for começar algo novo, vá aos poucos, de preferência inicie com meia hora, e vá aumentando em blocos de meia hora. Você vai perceber que a mágica vai acontecer, e essa mágica se chama CONSTÂNCIA. "Quer ler mais? Leia por meia hora todos os dias. Quer aprender uma nova língua? Comece com meia hora por dia. Quer aprender a tocar violão? Comece com meia hora por dia. Deixe a mágica da CONSTÂNCIA acontecer". 15 Segunda técnica: ligue o foda-se Nós adultos temos uma dificuldade que as crianças em geral não possuem: nós temos vergonha de aprender algo novo. Pense, por exemplo, naquela ocasião em que você tentou aprender um instrumento musical, uma arte marcial ou qualquer outra arte. No início, naturalmente, mesmo as coisas mais simples parecem muito difíceis. Com isso, o adulto tende a desistir porque fica embaraçado em não conseguir realizar os atos perfeitamente logo de início (tocar um acorde no violão, fazer uma chave no Jiu Jitsu, fazer um passo de dança). O adulto fica com a sensação de que os outros acham que ele não é capaz, que é burro etc. e acaba desistindo, apenas por ficar embaraçado. "Neste caso, a dica é muito simples: ligue o foda-se e seja feliz!" 5ª Premissa: estudar deve ser uma experiência emocional positiva Estudar é a chave para você alcançar os seus sonhos. Imagine que você é um atleta que vai participar de uma competição. A performance do atleta vai depender do quanto e quão bem ele treinou para a prova. Estudar é algo bem parecido. O seu desempenho na prova dependerá da qualidade da sua preparação. E para que sua preparação seja de alto nível você deve manter um relacionamento de afabilidade com seus estudos. Muitos alunos enxergam os estudos como algo penoso, como se fosse um sacrifício que devem aturar para alcançar a aprovação. Isso é errado. Se o estudo não representa uma atitude emocional positiva para você, estará perdendo seu tempo. Ninguém aprende qualquer coisa assim. Para que a mágica do estudo aconteça, seu cérebro deve compreender que aquele assunto estudado é algo importante. Essa postura fará com que a informação fique por mais tempo na memória de longo prazo. Por isso, encontre valor e sempre estabeleça objetivos nos seus estudos. 16 Estudar é algo transformador, faz de você uma pessoa melhor em todos os sentidos. Estudar não serve apenas para passar em concurso, serve para que você evolua como ser humano. Quanto mais você estuda, mais interessante você se torna. Entender as coisas e o mundo faz com que você mova a catraca da evolução. Se quiser ser sempre um MEDÍOCRE, contente-se em permanecer onde está agora. Suas crenças sobre as suas capacidades e limites vão determinar aonde você vai chegar. Se você se autolimitar, naturalmente vai criar uma barreira para a sua evolução. Então, evite dizer que não gosta desta ou daquela disciplina, por exemplo. Você deve gostar de todas, pois elas são as chaves que abrem as portas de um futuro mais seguro para você e para a sua família. "Estudar é parte da solução dos seus problemas, mesmo que você não saiba disso". 17 Segundo Passo Os dez passos do Método Vou Ser DelegadoSEGUNDO PASSO: Organização do Tempo Algum tempo deverá ser reservado para a organização dos seus estudos. Não cometa o erro de muitos em começar essa caminhada sem o devido planejamento. Eu perdi um tempo precioso em minha preparação porque não havia planejado como se daria o progresso dos meus estudos. O direcionamento que você resolveu fazer ao estudar para Delegado de Polícia vai ser fundamental neste passo. Isso já vai te colocar na frente de milhares de pessoas. Ter o rumo correto, saber aonde quer chegar, é essencial para o planejamento estratégico dos estudos. Neste momento, devemos buscar respostas para as seguintes perguntas: • Vou estudar para um concurso específico ou vou me preparar para todos os concursos para Delegado de Polícia que surgirem no país? • Quais disciplinas devo priorizar? • Quanto tempo livre eu realmente tenho para estudar? • Desse tempo total bruto, tenho resistência para estudar quantas horas mantendo a qualidade de aprendizado? • Qual o melhor material? Posso usar resumos e videoaulas? • Só passa num concurso desse nível quem estuda por livro? • Tenho um ambiente adequado para estudar? 18 • Vou precisar parar de trabalhar para estudar? • Etc. Vou buscar responder todas essas dúvidas, além de outras que considero importante no transcorrer deste livro. Conheça o PPCA Inicialmente, é muito importante que você defina na sua cabeça se irá estudar para concursos de todo o país ou para um determinado concurso (ex.: Delegado Federal). Vou considerar as duas hipóteses e você vai pensando, caso já não tenha se decidido. Independentemente do que venha escolher, existe um núcleo de disciplinas que são importantes para todas as provas. Elas caem em todas as provas de Delegado e em maior quantidade, fazendo você pontuar mais. Em algumas provas, o PPCA pode representar até 80% da prova. Então, a ideia básica é que você dê preferência ao PPCA, estudando as demais disciplinas de forma secundária. E o que é o PPCA? PENAL (Geral, Especial e Legislação Penal Especial), PROCESSO PENAL, CONSTITUCIONAL e ADMINISTRATIVO. Essas quatro disciplinas devem estar no seu cinto de utilidades. Você deve dominá-las ao máximo para passar a banca examinadora no moedor de carne. Acreditem em mim, dominando essas quatro disciplinas, você estará mordendo até 80% das provas. Vou te provar com algumas estatísticas de provas anteriores. Vejamos a última prova para Delegado de Polícia do Distrito Federal, realizado em 2015, por exemplo, na qual a banca foi a Funiversa. Foram 19 cobradas 100 questões de múltipla escolha, no tipo ABCDE. Dessas 100 questões, nada menos do que 64 eram de PPCA. Ou seja, mais de 60% da prova. Isso significa que quem arrebentou no PCCA ficou na briga pelas vagas. No ano de 2014, a banca ACAFE realizou a prova para Delegado de Polícia de Santa Catarina com 120 questões. Dessas, 84 questões eram do PPCA, ou seja, 70% da prova. Esse padrão se repete mesmo nas provas para Delegado da Polícia Federal, realizadas pelo CESPE. Na última, realizada em 2013, o CESPE fez uma prova com 120 itens. Desses, 77 itens eram do PPCA, ou seja, cerca de 65%. Neste momento, quero apenas que você entenda que é uma tremenda burrice estudar todas as matérias de forma uniforme. Estude mais o que cai mais. Parece simples, não é mesmo? Agora, a pergunta que você pode fazer é a seguinte: como devo dividir meu tempo para alocar de forma inteligente o PPCA? Não se preocupe com isso agora. Eu vou usar um capítulo inteiro para falar disso. Quero apenas que você entenda que deve estudar o PPCA de forma prioritária. A partir de agora, você dará a máxima preferência para o PPCA, tratando as demais matérias como importantes, mas secundárias. APLICANDO O PODER DA MEIA HORA NA ORGANIZAÇÃO DOS ESTUDOS O Super-Homem da produtividade No capítulo anterior nós conversamos sobre o poder da meia hora e como isso pode transformar a sua vida em vários aspectos. Vamos usar esse princípio em diversos momentos deste livro porque ele é realmente 20 importante no meu método. Em relação à organização do tempo, o poder da meia hora vai te ajudar a concentrar suas energias no que é realmente importante. Poupar energia mental e física é a coisa mais extraordinária que um candidato pode aprender. Usar suas forças de forma equilibrada, sem desperdício, vai te transformar num tipo de super-homem. É assim que me sinto, às vezes, um "super- homem da produtividade". Eu aplico tão seriamente o poder da meia hora que minha vida se transformou num mundo de realizações maravilhosas. Eu tenho a sensação que posso fazer tudo o que eu quero e bem feito. Eu consigo ser absurdamente produtivo realizando diversas tarefas durante o dia. Quando o meu dia termina, sinto uma sensação de plenitude e realização. Mas como atingir isso? Vou te ajudar a organizar a sua vida usando a minha planilha de organização do tempo. Acesse agora o meu site www.vouserdelegado.com.br e vá ao ícone “materiais gratuitos” e, depois, “técnicas de estudo”. Baixe a planilha de organização do tempo e vamos trabalhar. Aprendendo a usar a planilha Existem duas abas inferiores referentes a duas planilhas diferentes. Neste momento, vamos trabalhar apenas com a primeira aba, denominada “atividades diárias”. Veja a imagem: 21 Perceba que o dia é dividido em frações de meia hora. O primeiro trabalho que você terá é preencher a tabela com todas as atividades diárias. Tente colocar tudo que você faz, considerando até mesmo tempo para higiene pessoal, deslocamento, alimentação etc. No site existe uma planilha já preenchida para você ter como modelo. Qual a mágica disso? Saber o que você faz a cada meia hora te dá um mapa do seu dia. Com isso, você pode realizar todas as atividades sem se preocupar com as demais obrigações. Concentre toda a sua energia nas atividades daquele momento. Todos os dias, eu abro a minha planilha logo pela manhã e vejo o mapa de atividades para aquele dia, desde o momento que eu acordo até o momento em que vou dormir. Dessa forma, minha cabeça fica “leve” para me dedicar ao que eu tenho que fazer. Não há procrastinação porque eu faço o que tenho que fazer na hora que devo fazer. "Essa é a grande mágica: FAZER O QUE DEVE SER FEITO, NO MOMENTO 22 EM QUE DEVE SER FEITO". Minha primeira atividade do dia é uma pequena corrida na esteira, que dura 30 minutos. Corro, em média, quatro quilômetros dentro desse tempo. É muito importante que você não tenha que decidir o que deve fazer no momento em que tem que fazer. Como assim? Quando você organiza o seu dia dentro da planilha, você já decidiu quais atividades deve cumprir. Isso tira o peso de ter que decidir o que fazer a cada momento, pois isso já foi feito com calma em um momento anterior. Pode ser que você não tenha percebido isso até agora, mas o que faz você procrastinar é não ter certeza de que deve realizar essa ou aquela atividade, neste ou naquele momento. Então, a solução é bem simples: planeje o seu dia, gastando alguns minutos todos os domingos com essa atividade. É claro que problemas podemocorrer e podem atrapalhar o seu planejamento. Isso não traz prejuízos porque você poderá sempre voltar à planilha e fazer os ajustes necessários. O grande pulo do gato é não perder energia decidindo a cada momento. Psicologicamente, não fazer é mais prazeroso do que fazer, e seu cérebro vai sempre buscar a inércia. Sempre que procrastinamos, a sensação de ter enganado a nós mesmos é inicialmente prazerosa, mas logo se torna em outro sentimento bastante destrutivo: a culpa. Quando a gente planeja o que fazer, não há decisão de momento. Seu dia já está decidido. Dessa forma, você simplesmente cumpre o que tem de ser cumprido. O Dr. Dráuzio Varela publicou um vídeo no canal dele no YouTube sobre a preguiça, que vai ao encontro do que estou falando. Ele diz que o homem primitivo só precisava guardar energia para três coisas: caçar, 23 fugir do predador e acasalar. O resto do tempo ele ficava poupando energia. Em geral, os mamíferos são assim mesmo. Já observou um leão no zoológico? Ele fica lá deitadão, quase sempre bocejando. Ele está salvando energia, pois é a natureza dele e dos demais mamíferos. Dessa forma, a gente não deve buscar a motivação para iniciar a atividade porque é contra nossa natureza. O ser humano aprendeu a se satisfazer com o trabalho feito, e não com o trabalho a ser feito. O Dr. Dráuzio dá o exemplo da corrida matinal. Ele sente uma preguiça monstruosa de ter que acordar de madrugada para treinar. Só que aquilo já está previamente planejado no dia dele. Assim, ele não perde energia pensando. Ele acorda, escova os dentes, coloca a roupa e o tênis e vai correr. Começar, ele diz, é muito doloroso. Depois de algum tempo correndo, ainda segundo ele, a atividade fica até suportável, mas tem um momento em que ela se torna maravilhosa: quando ela termina! Só aí ele pode se regozijar de ter cumprido a tarefa planejada. A sensação de terminar o que se propôs é deliciosa. Eu gosto de colocar a planilha em vários lugares. Deixo os arquivos no meu PC, lap top, tablet e, também, imprimo uma cópia e deixo em um lugar visível da minha casa. Sua tarefa de casa Agora a tarefa de casa é sua. Baixe a planilha no meu site e a preencha detalhadamente. Não tem problema se você não tiver certeza dos horários. Faça o melhor que você puder. Depois, sempre ao acordar, leia a planilha e realize as atividades que devem ser realizadas, no momento em que devem ser realizadas. "Torne-se você também um super-homem (ou a mulher maravilha) da produtividade". O CICLO DE ESTUDOS 24 Estudando de forma equilibrada Tendo preenchido a primeira aba (“atividades diárias”), obtemos o tempo bruto de estudo. Se, por exemplo, você reservou de 08h até 11h para estudar dentro da sua planilha, você terá três horas brutas de estudo por dia. Vamos supor que você estude de segunda a sexta, isso te dará quinze horas de estudos brutos semanais. Pois bem. O segundo passo é preencher a segunda aba, denominada “ciclo de estudos”. Mas, antes, deixa eu te falar um pouco sobre esse tal ciclo. Em geral, as pessoas dividem as disciplinas por dia da semana, da seguinte forma: segunda estudam penal e processo penal; terça, constitucional e administrativo etc. Nunca vou dizer que determinada organização é errada, pois já disse anteriormente que “o errado é não estudar”. Entretanto, essa divisão dos estudos, vinculando a disciplina por dia da semana, pode gerar desarmonia no avanço das disciplinas. Como assim? Ora, vamos supor que você trabalhe e estude. Sua semana é longa e cansativa. Na sexta-feira você estará sempre cansado, e estudará sempre a matéria de sexta com menos qualidade. Outro problema que posso citar é a perda do dia de estudo. Vamos supor que todas as quartas você estude Constitucional, por exemplo. Ocorre que nesta quarta você teve médico pela manhã e não conseguiu estudar. Isso significa que você ficou uma semana esperando o Constitucional, e a agora terá que esperar mais uma semana. Ou seja, ficará 14 dias sem estudar essa matéria. O estudo em ciclos resolve esses problemas. Além disso, como ele não vincula as disciplinas ao dia semana, mas sim trabalha com uma sequência preordenada, seus estudos avançarão de modo uniforme. Outra coisa: o estudo em ciclos é excelente para quem trabalha em 25 regime de plantão e tem o tempo mais “quebrado”. Será uma revolução nos seus estudos, e tenho certeza que você sentirá um avanço gigantesco na qualidade do uso do tempo. Preenchendo o ciclo É simples. Primeiramente, abra a aba “ciclo de estudos” da sua planilha. Agora, faça uma lista de todas as disciplinas a serem estudadas. Veja o exemplo: Já descobrimos acima que nosso tempo de bruto de estudo semanal é de quinze horas. Agora, precisamos dividir essas quinze horas entre as disciplinas. E como fazer isso? Você pode fazer isso de duas formas. A primeira é simplesmente considerar 60% para o PPCA e 40% para o restante. Então, você teria, nove horas para o PPCA e cinco horas para as demais disciplinas. 26 A segunda forma de se fazer é mais detalhada. Caso você esteja estudando para um edital específico, você deve acessar a última prova e contar quantas questões foram cobradas de cada disciplina. Então, você faz a porcentagem exata dentro da sua planilha. Uma dica importante é deixar algum tempo de sobra, cerca de 10% a 15% como gordura para queimar. Sim, porque no meu exemplo eu tenho quinze horas brutas, mas eu tenho que considerar as pausas, cafezinho, banheiro. Então, ao invés de considerar 15 horas, considere 13 horas líquidas. Assim você terá um tempo mais real de estudo. Veja um exemplo da planilha já preenchida: O que fazer agora ? Agora que você já preencheu corretamente a sua planilha, deverá obedecê- la religiosamente. O grande macete aqui é respeitar o tempo destinado para cada disciplina. Para isso, não deixe de usar um cronômetro ou um aplicativo que marca o tempo de estudo. Eu indico o app Aprovado, que você pode baixar gratuitamente na loja de aplicativos do seu smartphone. 27 "O tempo destinado a cada matéria deve incluir a Micro Revisão, leitura, resumo (se for o caso), leitura da lei etc. Para isso, veja no Passo Nove como fazer as Micro Revisões a cada início de disciplina". Como inserir as questões, lei seca e jurisprudência (informativos) no tempo de estudo? Como eu disse, você deve planejar para que o tempo destinado para o estudo da matéria seja equilibrado. Por isso, vou ensinar as estratégias corretas para que você inclua na planilha a resolução de questões, leitura de lei e de informativos. Micro Revisões Primeiramente, devo te lembrar de que as Micro Revisões diárias devem ser feitas no início de cada disciplina, e deve tomar, em média, vinte e 28 cinco por cento do tempo destinado a ela. No ciclo que usei como exemplo eu destinei duas horas para penal geral. Por isso, desses 120 minutos (duas horas) vou reservar, em média, 25 minutos para a revisão. Sobre como fazer as Micro Revisões de forma adequada, veja o passonove para maiores detalhes. Questões A melhor forma de você inserir questões na sua rotina é criar um tópico específico para isso ao fim do ciclo. Veja a imagem abaixo: Perceba que coloquei "exercícios dos pontos finalizados". Isso significa que você deverá selecionar questões de todos os pontos das disciplinas que já foram estudados. Sobre como utilizar questões de forma adequada nos seus estudos, veja o passo dez. 29 É isso. Agora, a única coisa que você deve fazer é seguir a lista. Não pense no dia da semana, apenas na lista e na carga horária. Só passe para a próxima disciplina quanto terminar a anterior, e por aí vai. Em resumo, você deve obedecer as seguintes regras: 1º Siga a lista na sequência e nunca pule disciplinas. 2º Respeite religiosamente o tempo de cada disciplina.Use o relógio ou o aplicativo indicado. 3º Sempre inicie o estudo de cada disciplina com a Micro Revisão. 4º Ajuste o ciclo com o passar do tempo. É natural que você avance mais rapidamente em matérias que tenha mais facilidade. Sempre que fizer os ajustes, respeite o tempo de estudo disponível. 5º Faça com que o ciclo gire, pelo menos, uma vez por semana. Quais as vantagens? Adapta-se a qualquer rotina (mesmo as mais loucas, como as de quem faz plantão). O estudo fica mais harmonioso, uma vez que na vinculação ao dia da semana naturalmente a produção cai nos últimos dias da semana. No estudo vinculado ao dia da semana, você pode ficar muitos dias sem estudar a disciplina, caso não consiga estudar no dia específico reservado a ela. No estudo em lista, você nunca pula matéria e se mantém sempre equidistante do próximo contato com ela. 30 É mais motivador ver a lista sendo “girada”. Nos dias de estudos extras (ex.: férias, feriado etc.) você sabe exatamente o que estudar a seguir, sem perder muito tempo se planejando. Um alerta importante! O ciclo deve girar, pelo menos, uma vez por semana. Por isso, nunca distribua mais tempo para as disciplinas do que o tempo bruto disponível para a semana. Lei Seca Aqui é o verdadeiro samba do crioulo doido. Cada professor fala uma coisa: “leia só lei seca e faça exercícios”; “não leia lei seca”; “só leia lei seca”; “lei seca mais doutrina”; “lei seca com limão e gelo”, e por aí vai. Em um ponto todos os professores concordam: é importante o contato com a lei. Só que ler a norma é muito chato porque os códigos não seguem a ordem didática dos assuntos, mas sim uma sequência prática deles. Códigos servem para consulta, não para estudo. É por isso que defendo que a leitura da lei é importante, mas deve ser contextualizada. E como se faz isso? Simples. Leia a lei de forma REMISSIVA. Quero dizer que você deve ler a lei na medida em que ela for sendo citada no texto, assim: “De acordo com o art.29 do CP, blá, blá, blá (...)”. Abra o CP e, de fato, leia o art. 29. 31 O que ocorre é que o aluno não tem o bom hábito de CONSULTAR a lei. Desenvolva esse costume. E isso vale mesmo para aquelas situações em que o autor descreve a norma literalmente, porque a leitura direta na fonte pode enriquecer mais os seus resumos, uma vez que pode haver no texto legal um parágrafo com certa exceção não citada pelo autor, por exemplo. Seja religioso com isso. Não tenha preguiça, leia a lei! Claro que leis pequenas (ex.: lei de drogas, lei de tortura etc.) podem ser lidas em uma tacada só. Por isso, em tais casos, vale a pena dar uma lida geral na lei diretamente. "Enfim, a minha dica é: leia a norma na medida em que ela for sendo citada, a não ser que a lei seja tão pequena que você consiga vencê-la em uma só tacada". Informativos Os informativos nasceram como um clipping de jurisprudência dos tribunais, ou seja, um apanhado das decisões semanais. Servia para jornalistas e não para concurseiros. Ocorre que as bancas viram aí uma forma de criar novas questões. Chegou-se ao ponto de cobrarem sempre os últimos informativos. Por muitas vezes, eles não representam a posição do Tribunal. Como muitas decisões eram isoladas, podia (e pode) haver mudanças de uma semana para outra, o que deixa os concurseiros loucos. Isso tem diminuído, graças a Deus. As questões retiradas diretamente dos informativos acabam por gerar muitos recursos, justamente porque as informações não representam sempre a posição majoritária do tribunal. Ainda há provas, principalmente da magistratura, que cobram muitos informativos. O Cespe também gosta, em certa medida. Só que, em geral, para as provas de Delegado, tão-somente mantenha alguma rotina 32 de leitura dos informativos da semana, sem se preocupar em comprar livros específicos. Leia com calma e sem grandes preocupações. Se o seu material (livro, pdf etc.) estiver atualizado, você não terá problemas. Um recurso que você pode usar é o site www.dizerodireito.com.br. Esse site é dirigido pelo Dr. Márcio, um juiz federal. Se você já vem se preparando há algum tempo, deve conhecer o trabalho de excelência que ele desenvolve. Inclua uma horinha por semana no seu ciclo para ler os informativos mais atuais (apenas do ano presente). 33 Terceiro Passo Os dez passos do Método Vou Ser Delegado 3º PASSO: A Escolha do Material Na época em que comecei a estudar, a gente não tinha muita opção. Existiam as doutrinas tradicionais e algumas apostilas impressas, as quais não eram muito confiáveis. A vida era até mais fácil nesse sentido porque não se perdia muita energia e tempo escolhendo os materiais. Hoje a coisa mudou drasticamente. Com a evolução da internet, os materiais se tornaram mais numerosos e as formas de apresentação também variaram muito. Em geral, o aluno se depara com as seguintes opções: • Aulas em PDF • Livros físicos e digitais de grandes doutrinadores • Livros físicos e digitais voltados para concursos • Videoaulas • Resumos que podem ser encontrados na internet ou preparados por coachs • Apostilas tradicionais Qual desses é mais adequado para concursos de Delegado de Polícia? Antes de responder a essa pergunta, quero te alertar para que você evite cometer dois erros básicos: 1º) adquirir vários materiais de formatos diferentes. 34 2º) estudar por mais de um material a mesma disciplina. Um erro leva ao outro. Em geral, os alunos acreditam que se estudarem por vários materiais da mesma disciplina, fecharão todas as possibilidades de questionamentos em provas. Na cabeça deles é como se um material completasse o outro. Dessa forma, eles passam a adquirir vários materiais sobre a mesma disciplina e acabam ficando sobrecarregados, e nunca conseguem finalizar o planejamento. Estou te dizendo, por conseguinte, que você deve ter apenas um material por disciplina. Um livro ou uma videoaula ou um PDF ou um resumo. Mas, qual desses formatos é o melhor? A resposta é: depende. A possibilidade de escolha é muito vasta, e qualquer um dos materiais adquiridospode ser adequado, desde que a técnica de estudo seja correta. Outra coisa é que para cada disciplina você pode escolher um material de formato diferente. Principais doutrinas analisadas A seguir, apresento os materiais mais indicados para concursos de delegado (civil ou federal). DIREITO PENAL Direito Penal (Parte Geral): Manual do Rogério Sanches Em Direito Penal Geral eu dei duas opções. O aluno pode trabalhar com minhas apostilas em PDF ou usar o Manual do Sanches. O que ele não pode fazer é usar os dois. Costumo brincar que material é igual à esposa: só se pode ter uma. Eu indico o Manual do Sanches porque ele consegue condensar toda a 35 doutrina de forma objetiva. Não é o melhor livro do mercado do ponto de vista acadêmico, mas é o mais objetivo, abrangente e direto. O Rogério Sanches sabe o que ele é (professor de cursinho), e sabe o que não é (um acadêmico). Isso facilita a vida dos alunos. Espero que ele mantenha a objetividade de suas obras e não caia no equívoco de autores com Pedro Lenza e Renato Brasileiro, os quais foram inchando suas obras, perdendo a proposta inicial. Em parte geral, você pode escolher, também: - Nucci - Capez - L. F. Gomes - Bitencourt - R. Greco - Prado - Masson Apostilas VSD de Direito Penal Eu indico também as minhas apostilas porque elas já estão direcionadas para o Programa Meta e, também, porque eu a atualizo semanalmente. O aluno estará sempre com o material atualizado. Só que o ponto que quero ressaltar aqui é que você deve ter apenas um material de Penal Geral. Pode ser uma vídeoaula, um PDF ou um Manual. Não importa, desde que seja apenas um deles. Direito Penal (Parte Especial): Código Para Concursos do Sanches ( OU apostila VSD) Não se estuda Penal Especial com livro doutrinário. É perda de tempo. Gosto dessa Série de códigos para concursos da Jus Podivm. Não use o manual do Sanches na Parte Especial, prefira o Código para Concursos. 36 Aqui também indico a minha apostila em PDF, que é bem completinha. LEGISLAÇÃO PENAL Em legislação penal prefiro a Sinopse da Jus Podivm, do Professor Gabriel Habib. Pense que este material condensa na medida certa a teoria e a jurisprudência. O Professor Renato Brasileiro possui um Manual bastante interessante da mesma editora, mas condensa poucas leis. PROCESSO PENAL Direito Processual Penal: Manual do Nestor Távora Alguns preferem o Renato Brasileiro, mas acho-o muito “gordo”. Prefiro o Távora porque vem tudo separadinho (doutrina, jurisprudência e exercícios ao final). Você poderia, da mesma forma, ter escolhida um PDF (Estratégia) ou uma videoaula (essa sim, do Renato Brasileiro, CERS). Mas, insisto, use apenas um material. Uma dica muito legal que costumo dar em Processo Penal é a seguinte: leia os QUATRO GRANDES TEMAS em uma boa doutrina (Ação Penal, Inquérito, Provas e Prisões). O restante pode ser estudado em um bom resumo. DIREITO CONSTITUCIONAL Constitucional: apostilas do Curso Estratégia ou Doutrina 37 Direito Constitucional tem sido um problema. Como a jurisprudência nesta matéria é muito dinâmica, os autores não têm feito revisões adequadas nos livros, e o que tem acontecimento é que as doutrinas ficaram gigantescas. Por isso, passei a indicar materiais mais objetivos, sendo que o material do Estratégia é bem legal nesse sentido. Eu indicaria apenas que você lesse a doutrina (livro) na parte de Controle de Constitucionalidade. O restante dos temas pode ser estudado pelo PDF ou por uma boa Sinopse. Entretanto, caso ainda prefira a doutrina, os livros mais indicados são (na ordem de preferência): • Nathalia Masson (Jus Podivm) • Marcelo Novelino (Jus Podivm) • Pedro Lenza (Método) DIREITO ADMINISTRATIVO Administrativo: Sinopses para Concursos da Jus Podivm ou Matheus Carvalho Eu gosto dessa Sinopse. Administrativo é muito importante, mas prefiro ler algo mais curto e fazer muitos exercícios, pois acho a matéria repetitiva. Caso prefira doutrina, a mais indicada é do Matheus Carvalho (Jus Podivm). Na verdade, qualquer bom manual vai servir, com exceção do José dos Santos Carvalho Filho. Ele é excelente doutrinador, mas a obra não é exatamente voltada para concursos. Por isso, não há preocupação com a atualização dos informativos. Mais abaixo farei uma listagem das obras a serem evitadas. TRIBUTÁRIO E EMPRESARIAL 38 Tributário e Empresarial: videoaulas do CERS (carreiras jurídicas) Não vale a pena estudar as matérias fora do PPCA com doutrina pesada. Use materiais resumidos. No caso de Tributário, pode usar uma boa videoaula do CERS do professor de sua preferência. Como são matérias secundárias, prefiro usar videoaulas, pois dinamiza o tempo. Além do que acho essas matérias menos atraentes. Nesse sentido, consigo cobrir a matéria com boas aulas. Caso prefira, pode substituir as aulas pelas Sinopses da editora Jus Podivm. CRIMINOLOGIA Em criminologia vou te dar as seguintes opções: • Resumo de Criminologia, Lélio Braga Calhau (Impetus). • Criminologia, Paulo Sumariva (Impetus) • Coleção Preparatória Para Concurso de Delegado de Polícia - Criminologia e Medicina Legal (Penteado Filho, Nestor Sampaio; Vasques, Paulo Agarate; Frugoli, Ugo Osvaldo) ( Saraiva). MEDICINA LEGAL Se a tua prova cobrar medicina legal (PCRJ, por exemplo), você deverá usar um material bem objetivo e resumido, devendo fixar com muitas questões. Minhas sugestões: • Sinopses Para Concursos - V.41 - MEDICINA LEGAL (Jus Podivm). • Coleção Preparatória Para Concurso de Delegado de Polícia - Criminologia e Medicina Legal (Penteado Filho, Nestor Sampaio; Vasques, Paulo Agarate; Frugoli, Ugo Osvaldo) ( Saraiva). 39 • Medicina Legal e Noções de Criminalística, Neusa Bittar (Jus Podivm). Posso substituir tudo por Sinopses? Todas as disciplinas, incluindo as do PPCA, podem ser estudadas apenas pelas sinopses. Mas, se eu estudar por sinopses e videoaulas vou ter todo o conteúdo necessário? Não. E se eu estudar por vários materiais para cada disciplina (livros, aulas etc.), vou ter todo o conteúdo necessário? Também não. Não tem saída, você nunca vai conseguir abraçar todas as possibilidades apenas por ler mais materiais e assistir mais videoaulas. Eu, por exemplo, já li virtualmente todos os livros de Direito Penal publicados no Brasil, e ainda assim meu estudo tem lacunas. E olha que eu dou aula disso há dez anos. Qual a solução então? A solução é a técnica de bombar seus materiais com informações roubadas de questões (passo dez). Não é o momento de falar dela agora, mas apenas para adiantar, é a forma mais adequada de se usar questões. Use questões como fontes de informações. Retroalimente seus resumos pessoais com novas informações roubadas das questões. Vamos aprender a fazer isso daqui a pouco. Qual a melhor Sinopse? 40 A série Sinopses para Concursos da Jus Podivm é indiscutivelmente a melhor. É a única do mercado que consegue abranger de forma adequada doutrina, jurisprudência e posições das bancas. Quais são os livros que devem ser evitados?Existem alguns doutrinadores que são mais adequados para a graduação. Apesar de respeitadíssimos academicamente, não os indico para as provas de Delegado, pois não costumam se pautar pela jurisprudência majoritária, mas sim por suas próprias posições. São leituras essenciais e recomendo que você as faça em algum momento da sua vida, mas não durante a preparação para concursos de Delegado. Direito Penal - Paulo C. Busato - Paulo Queiroz - Cirino dos Santos Direito Processual Penal - Eugênio Pacelli - Tourinho Filho - Paulo Rangel Constitucional - José Afonso da Silva - Paulo Bonavides - Ferreira Filho Administrativo - José dos Santos Carvalho Filho - Di Pietro 41 - Hely Lopes Meirelles - Diógenes Gasparini Alerta! Escolha apenas um material por disciplina. Não caia no erro de achar que um livro complementa o outro. Complemente seus estudos com informações roubadas das questões de provas anteriores. 42 Quarto Passo Os dez passos do Método Vou Ser Delegado 4 º PASSO: Desenvolvendo Resistência para Estudar Considero este um ponto essencial. Como você pode aumentar sua resistência física e mental para suportar horas de estudo de qualidade? Sim, porque não adianta você ficar se enganando e estudar por cinco ou seis horas sem a concentração necessária. Aqui, mais uma vez, eu uso o poder da meia hora. Para você entender a minha ideia, vou fazer uma analogia com algo mais corriqueiro na nossa vida, mas que as pessoas têm muita dificuldade de seguir: exercícios físicos. Eu sempre tive um relacionamento conturbado com a atividade física. Eu sei da sua importância, mas sempre tive dificuldades em manter uma rotina de exercícios. Isso fez com que eu tivesse alguma dificuldade no controle do peso. A sorte, por assim dizer, é que não gosto muito de doces e não sou muito comilão, mas mesmo assim, cheguei a ficar dez quilos acima do meu peso. Isso aconteceu porque a Divina Magda ficou grávida, e isso altera nossa rotina, inclusive a alimentar. Depois do nascimento da Larinha, a Divina Magda voltou ao peso normal em dois meses, e eu continuava gordinho. Para combater esse problema, caí no mesmo erro no qual oriento meus alunos a não caírem: a ideia do "tudo ou nada" ou do "oito ou oitenta". Segundo esse pensamento, ou estou completamente comprometido com a minha meta, ou é melhor nem começar. Isso é um equívoco! 43 A Teoria do Desconforto Mínimo Como eu ia dizendo, eu caí no erro de acreditar que deveria entrar de cabeça em algum programa de treinamentos que me levasse à perda de peso de forma rápida. Por isso, matriculei-me no CrossFit. O CrossFit é um programa de treinamento de força e condicionamento físico geral baseado em movimentos funcionais, feitos em alta intensidade. Basicamente, a gente fica num espaço cheio de objetos, como caixas, cordas, argolas, pesos etc., e a cada aula é realizado ciclo com atividades variadas. Os exercícios são muito parecidos com um treinamento militar. O problema não foi o CrossFit em si. Na minha opinião, é uma modalidade bastante interessante, mas não para quem estava cem por cento sedentário. Ao sair do oito e pular diretamente para o oitenta, eu me desmotivei. Ir para a aula era um tormento. Tinha dias de eu literalmente cair no chão de exaustão. O meu erro foi em pensar que para sair do sedentarismo, deveria sair da minha zono de conforto para a zona de desconforto máxima. Então, em um determinado dia eu passei a refletir sobre isso. Não fazia sentido eu exigir dos meus alunos que permanecessem firmes com suas metas, sendo que eu mesmo não conseguia seguir o que eu pregava. Então, passei a aplicar aos exercícios a mesma ideia que aplicava aos estudos. Surge daí o que eu chamo de a Teoria do Desconforto Mínimo. Basicamente, adoto a ideia de que em determinadas atividades, as quais exigem esforço mental e/ou físico, a tendência é de que busquemos o conforto. É por isso que quem não estuda tende a continuar não estudando e quem não faz exercícios físicos tende a continuar sedentário. 44 Para driblar isso, podemos desenvolver uma estratégia mais inteligente, que consiste em criar pequenos desconfortos suportáveis, de forma gradual. Veja a figura abaixo: A zona de conforto atual, por exemplo, é não fazer exercícios físicos. Fazer uma aula de CrossFit, três vezes por semana, seria o desconforto máximo. Não seria mais inteligente criar um desconforto intermediário e ir aumentando gradualmente? Claro que sim e foi o que eu fiz. Eu criei um desconforto mínimo fazendo pequenas caminhadas na esteira, intercaladas com troques, atividade que me tomava trinta minutos, quatro dias por semana. Após algum tempo, esse desconforto mínimo se transformou em conforto atual. Assim, fui criando novos desconfortos mínimos até atingir o que eu considero desejável. Hoje, corro uma hora por dia, cinco vezes por semana. Meu próximo desconforto será inserir musculação nessa atividade diária. 45 Com os estudos a ideia é exatamente a mesma. No lugar de sair da inércia total para programar uma rotina de quatro ou cinco horas por dia de estudos, comece aos poucos e vá aumentando gradualmente. Vou criar uma fórmula mais ou menos geral para quem está iniciando ou reiniciando. Entretanto, você pode aplicar a mesma ideia para aumentar gradualmente a sua resistência nos estudos. Fórmula do desconforto mínimo 1º) Comece com uma hora na primeira semana. 2º) Aumente 30 minutos a cada semana, até chegar a três horas. 3º) Se achar necessário, aumente 30 minutos a cada mês, até atingir o tempo desejado. Qualquer bom treinamento de corrida segue essa ideia. Não existe fórmula mágica no que estou ensinando. Maratonistas e ultra maratonistas aplicam essa técnica, triatletas também. 46 Não caia na armadilha do "tudo ou nada". Comece de algum ponto e vá aumentando gradualmente. 47 Quinto Passo Os dez passos do Método Vou Ser Delegado 5º PASSO: Escolha o Melhor Ambiente de Estudos Nas pesquisas para a elaboração deste e-book, li um livro escrito pelo jornalista americano Benedict Carey, denominado How We Learn. Pelo que eu saiba, não existe a versão dele em português, mas se você entende inglês, vale a pena dar uma olhada. Carey descreve vários aspectos da forma como aprendemos e dá muitas dicas bacanas. Em um dos capítulos, ele fala do ambiente de estudo. Segundo a visão dele, o aluno deve variar constantemente os locais de estudo para que haja novos estímulos e para que não gere tédio. Mas, nem todos os professores concordam com isso. Em geral, ensina-se que o aluno deve manter o mesmo local de estudo para que o hábito seja solidificado,e para que a memória seja relacionada também ao aspecto espacial. Nesse sentido, o Dr. Marty Lobdell possui um vídeo no YouTube denominado Study Less, Study Smart, onde ele explica que o local de estudo deve ser específico para isso. Ou seja, não se deve estudar no quarto ou na sala de TV, ou na cozinha. Porque, segundo ele, o ambiente interfere no nosso rendimento. Ele dá um exemplo interessante. Quando conversamos face a face com alguém, respondemos às perguntas feitas de forma verbal. Quando estamos em grupo e alguém faz uma pergunta, a resposta é dada com o levantar das mãos. Isso porque, a depender do ambiente em que estivermos, os estímulos geram diversas formas de reação. 48 De fato, o mais indicado é ter um local específico para estudar, e esse local não pode ser o seu quarto, por exemplo. E a razão é muito simples. No quarto você dorme, assiste a TV, faz amor, conversa com seus familiares. Não é o ambiente que o seu cérebro aceite como um estímulo à concentração aos estudos. Aqui em casa eu tenho o privilégio de ter um escritório. A mágica disso é que, quando eu fecho a porta, ninguém me incomoda. Sim, porque ao fechar a porta, sinalizo para a minha esposa e para a secretária que não quero ser incomodado. E casamento não é sinônimo de falta de privacidade, concordam? Só que na época de estudos para concursos eu morava com a minha mãe e mais dois irmãos, além de um sobrinho. Lá, não tínhamos um escritório ou um cômodo reservado para estudar. Na verdade, nós dividíamos os quartos. Você acha, sinceramente, que eu conseguiria estudar nesse ambiente? Eu tive que achar uma solução, e achei nas bibliotecas da minha cidade. Eu estudei em praticamente todas elas. Também, usei salas de estudos de cursinhos. Mas, eu evitava ficar em casa. Sair de casa é muito bom porque envolve aspectos psicológicos e sociais importantes. O aspecto psicológico se relaciona, principalmente, com os alunos que estão sem trabalhar. Sair de casa gera sensação de “ocupação”, de rotina. Em relação ao aspecto social, que é consequência, as pessoas te enxergam com uma pessoa ocupada. A pressão social tende a diminuir. Ficar em casa é mais cômodo, mas pode ser um veneno. Eu entendo que muitos alunos residem em cidades pequenas, sem bibliotecas públicas, e isso, em geral, impede a aplicação prática do que estou dizendo. A solução pode ser usar espaços de escolas públicas ou mesmo de outros órgãos públicos. Veja se na prefeitura da sua cidade não existe um local para estudo, por exemplo. Na pior das hipóteses, vá para a casa de um parente ou amigo, só para ter a desculpa de sair de 49 casa. Entenda que o mais importante é a criação de uma rotina que se pareça, ao máximo, com uma ocupação, com uma profissão. Isso porque as pessoas enxergam nos concurseiros, principalmente naqueles que não trabalham, pessoas desocupadas e que “só estudam”. Percebam, portanto, que ao criar essa rotina de acordar, sair de casa e voltar para casa, gera benefícios que vão além do aspecto pedagógico e de como o cérebro funcional e coisa e tal. Agora, cada pessoa tem suas próprias características. Pode ser que você não tenha se identificado com nada do que falei. Pode ser que você tenha um ambiente de estudos na própria casa e que se sinta muito produtivo nele. Excelente, você tem menos um problema com que se preocupar! Quem sabe, essa dica ainda seja válida para que você use locais diferentes apenas nos finais de semana. Agora, cuidado! Usar bibliotecas e salas de estudo pode ser bastante perigoso, se você perde muito tempo com conversas de corredor. Ao sair de casa, você, naturalmente, vai se socializar. Controle seu tempo e respeito-o religiosamente. Se você separou cinco minutos para o cafezinho, respeite esse limite. Na minha época de estudos, eu percebia que muitos estudantes iam para a biblioteca para paquerar, jogar conversa fora, e por aí vai. Ficam lá por horas e depois voltavam para casa. Talvez porque queriam apenas mostrar para os familiares que estavam cumprindo uma rotina de estudos. Não se engane. Controle seu tempo e sua língua. Evite as distrações Eliminar as distrações é um elemento importante no seu ambiente de estudo. A primeira coisa é desabilitar as redes sociais. Apenas exclua o ícone da página de entrada do seu celular que o aplicativo ficará apenas 50 desabilitado. Depois, você volta à app store e reabilita tudo de novo. Você não perde as informações e nem é cancela sua conta na rede social. Eu faço isso sempre que estou trabalhando, estudando ou preparando material. É incrível o tempo que a gente perde com as redes sociais. Comunique a todos os seus amigos e familiares sobre os seus horários de estudo. Deixe claro que esse momento é sagrado e reaja de forma firma contra quem não o respeita. Por isso, reafirmo que a melhor coisa é você sair de casa. Na biblioteca ou na sala de estudo o ambiente e as pessoas já estão com essa mentalidade. Menos um problema para se preocupar. Parceiro de estudo e grupos do Whatsapp Muitos alunos me questionam se o estudo em grupo, seja real ou virtual, é proveitoso. A resposta é sim e não. Não como regra. O estudo diário, habitual, deve ser solitário. Daqui a pouco vou falar do estudo passivo e do estudo ativo e você vai compreender que o estudo passivo, que é o avanço na matéria, deve ser feito pelo estudo individual. Já o e estudo em grupo ou mesmo os grupos do Whatsapp podem ser úteis quando os participantes possuem objetivos claros com o grupo. Por exemplo, se o grupo for usado aos finais de semana para debater uma prova ou uma bateria de questões. O que ocorre é que a maioria das pessoas não tem foco. Então, a gente acaba perdendo muito tempo com conversas paralelas. Então, se você tem uma galera legal, focada e com objetivos claros, grupos (reais ou virtuais) podem ser bastante úteis. Mas, use com moderação. 51 Alerta! Sair de casa pode dar uma sensação de ocupação, gerando bons efeitos psicológicos. 52 Sexto Passo Os dez passos do Método Vou Ser Delegado 6º PASSO: Decodificação da Informação Quando você estuda, você sempre começa por inserir novas informações no seu cérebro, um processo conhecido como encoding. Basicamente, quando você presta atenção à informação, você a está decodificando. Ler, assistir a aula e tomar notas são formas de decodificação, onde as informações estão sendo decifradas pela sua mente. Muito bem. Eu defendo que o processo de estudo deve ser divido em três partes: decodificação, recuperação e internalização. Falaremos da recuperação e internalização nos próximos capítulos. Na primeira etapa, decodificação, você deve realizar as seguintes atividades: ler (ou assistir), entender, resumir e fazer perguntas. Ler (ou assistir) e entender A decodificação é um trabalho, portanto é uma atividade ativa. Quando eu digo, portanto, que a primeira parte do estudo é decodificação, simplesmente quero dizer que você estará recebendo a informação. Mas, para que você ganhe essa informação com qualidade e entendimento você deve se esforçar. Para que a DECODIFICAÇÃOocorra, você deve se envolver com a leitura. E como fazer isso? 53 Vejamos o seguinte texto retirado do meu e-book de Direito Penal. Leia o texto até o final, sem regressão e sem paradas. Crimes Formais "No crime formal (de consumação antecipada ou de resultado cortado) os tipos penais descrevem uma ação e um resultado material possível, mas não exige tal resultado para sua consumação. É o que o ocorre na extorsão mediante sequestro (Art. 159, CPB). O tipo descreve a seguinte ação: “Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate”. Note que o agente sequestra pessoa com uma determinada finalidade – obter vantagem como condição ou preço do resgate -, mas não há necessidade que o criminoso, efetivamente, receba o resgate para que se faça consumado o crime em tela (resultado material). A extorsão mediante sequestro consuma-se com a privação da liberdade da vítima, independentemente da obtenção da vantagem pelo agente. Nesse caso, um possível resultado material, apesar de não influenciar na adequação típica, poderá influenciar o juiz na dosimetria da pena (aplicação da pena). Esses dias eu estava vendo no noticiário que um médico cirurgião de um hospital conveniado ao SUS estava exigindo dinheiro dos pacientes para realização da cirurgia. Caso o valor não fosse pago, o paciente perderia a vez na fila. A cirurgia já seria paga pelo SUS, mas mesmo assim médico faz a sórdida exigência. Veja o que diz a lei: Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida (Concussão, art. 316 do CPB). Vamos supor que o paciente (no caso, vítima do crime) negue-se a pagar o valor exigido e comunica o fato à polícia. Você, como Delegado, o indiciaria pela concussão consumada ou tentada? O caso é de concussão consumada, por se tratar de crime formal. Perceba que se o resultado material (naturalístico) ocorrer será mero exaurimento do crime, leia-se, não poderá ser considerado para aumentar a pena, a menos que seja descrito na lei como tal." 54 Muito bem. Agora, eu vou repetir o texto com algumas anotações para que você entenda decodificação que ocorre na nossa mente. Vamos lá: Crimes Formais No crime formal (de consumação antecipada ou de resultado cortado) os tipos penais descrevem uma ação e um resultado material possível, mas não exige tal resultado para sua consumação. É o que o ocorre na extorsão mediante sequestro (Art. 159, CPB). - Neste parágrafo, entendi o conceito de crime formal. O tipo descreve a seguinte ação: “Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate”. -Neste parágrafo, entendi que o exemplo do crime de extorsão mediante sequestro como crime formal. Note que o agente sequestra pessoa com uma determinada finalidade – obter vantagem como condição ou preço do resgate -, mas não há necessidade que o criminoso, efetivamente, receba o resgate para que se faça consumado o crime em tela (resultado material). A extorsão mediante sequestro consuma-se com a privação da liberdade da vítima, independentemente da obtenção da vantagem pelo agente. Nesse caso, um possível resultado material, apesar de não influenciar na adequação típica, poderá influenciar o juiz na dosimetria da pena (aplicação da pena). - Neste parágrafo, entendi quando ocorre a consumação nesses crimes. 55 Esses dias eu estava vendo no noticiário que um médico cirurgião de um hospital conveniado ao SUS estava exigindo dinheiro dos pacientes para realização da cirurgia. Caso o valor não fosse pago, o paciente perderia a vez na fila. A cirurgia já seria paga pelo SUS, mas mesmo assim médico faz a sórdida exigência. Veja o que diz a lei: Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida (Concussão, art. 316 do CPB). Vamos supor que o paciente (no caso, vítima do crime) negue-se a pagar o valor exigido e comunica o fato à polícia. Você, como Delegado, o indiciaria pela concussão consumada ou tentada? O caso é de concussão consumada, por se tratar de crime formal. Perceba que se o resultado material (naturalístico) ocorrer será mero exaurimento do crime, leia-se, não poderá ser considerado para aumentar a pena, a menos que seja descrito na lei como tal. - Nestes parágrafos, entendi que a mesma concepção se aplica ao crime de concussão. A DECODIFICAÇÃO DEVE "DESLIZAR NO GELO" Na medida em que você vai lendo e entendendo a informação, ocorre a decodificação. É óbvio que você não fica pensando que “neste parágrafo você entendeu isso ou aquilo”. Isso acontece em nossas mentes sem que percebamos. Só quero chamar a atenção para o processo em si. O grande erro das pessoas é tentar fazer os três trabalhos ao mesmo tempo. Quero dizer, elas leem o texto (ou assistem a aula), ao mesmo tempo em que querem evocar e internalizar a informação. Os processos, como veremos, devem ser apartados, e devem ser, além disso, abordados em momentos diferentes e com táticas distintas. 56 Neste primeiro momento, você deve apenas seguir DESLIZANDO NO GELO. É isso mesmo. Decodificar é deslizar no gelo. Ou seja, a leitura deve ser fluída, fluente, sem percalços. Para-se aqui e ali somente para se certificar de que compreendeu cada parágrafo. Em seguida, continua a caminhada. Não se preocupe em memorizar qualquer coisa neste momento. Você está apenas avançando e entendendo, avançando e entendendo, avançando e entendendo. Está deslizando no gelo. A técnica de resumo Durante esse momento em que você está avançando e entendendo (deslizando no gelo), a tendência a perder a concentração é muito grande. Por isso, defendo que o aluno deve estudar escrevendo e, se possível, falando em voz alta, pois você ocupa mais áreas do seu cérebro na atividade e isso ajuda a manter concentração. Quando eu digo isso, as respostas que mais escuto são: • Resumir toma muito tempo • Meus resumos ficam muito grandes • Eu prefiro grifar • Eu não sei resumir • etc. Dentro do método Vou Ser Delegado eu enfatizo muito a necessidade de criar os próprios resumos. Ouço muitos alunos afirmarem que não sabem resumir; que não sabem o que deve conter no resumo; que seus resumos acabam ficando grandes etc. Bom, esse já foi um problema meu também. Quando não dominamos a matéria, é natural essa sensação. Só que tudo na vida é prática. Na medida em que vamos praticando, tendemos a melhorar. 57 Importância dos resumos no método VSD O VSD dá muita importância às revisões. Elas exercem uma função fundamental no processo de estudo. Tanto que eu costumo dizer que “quem não revisa, não estuda”. O método, portanto, considera que a revisão deve ser diária. A técnica da micro revisão diária, que você aprenderá neste livro, é o grande pulo do gato nos seus estudos. Só que essas micro revisões não são realizadas com a releitura do material simplesmente. Obrigatoriamente você deve ter um material para que sua revisão seja dinâmica, e isso só é possível com resumos. Assim, fazer resumos (e não apenas grifar) é essencial para que você consiga criar os movimentos de avançar e retroceder de forma mais inteligente, ágil e eficaz.
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