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Obstetrícia 1 1. MECANISMO DO PARTO No seu transcurso através do canal parturitivo, impulsionado pela contratilidade uterina e pelos músculos da parede abdominal, o feto é comprimido a executar um certo número de movimentos que se denominam mecanismo do parto. São movimentos puramente passivos, e procuram adaptá-lo às exigüidades e às diferenças de forma do canal. Com eles, os diâmetros fetais se reduzem e se acomodam aos pélvicos. Tem características gerais constantes. O feto (móvel ou objeto) é composto de dois segmentos semidependentes: o ovóide cefálico (cabeça) e o córmico (tronco e membros). A mecânica do parto tem, por sua essência, estudar os movimentos que a cabeça do feto descreve, sob ação das contrações uterinas, através do trajeto pélvico, porque os diâmetros do ovóide córmico são facilmente redutíveis. O canal de parturição estende-se do útero à fenda vulvar, constituído por partes moles (segmento inferior, cérvice, vagina e região vulvoperineal) e pela cintura óssea (pequena pelve). Mecanismo do parto fisiológico: apresentação cefálica fletida em bacia ginecoide. 2. TEMPO DO MECANISMO DO PARTO São, basicamente, três: insinuação, descida e desprendimento. 2.1. Insinuação Também chamado de encaixamento, é a passagem de maior circunferência da apresentação através do anel do estreito superior. Neste local está o ponto mais baixo da apresentação à altura das espinhas ciáticas. Para isso é importante que haja redução dos diâmetros da cabeça, através da orientação de diâmetros e por flexão. A insinuação se estabelece por 2 mecanismos: Insinuação estática: flexão, por aconchego, no segmento inferior e descida, conjuntamente com o útero, por tração dos ligamentos sustentadores do órgão e pressão das paredes abdominais. Insinuação dinâmica: flexão por contacto com o estreito superior da bacia e descida a custa das contrações expulsivas. Surge no fim da dilatação cervical ou no início do período expulsivo, nas multíparas. Obstetrícia 2 2.2. Descida Se processa desde o início do trabalho de parto e só termina com a expulsão total do feto. No final da insinuação, a cabeça migra até as proximidades do assoalho pélvico, onde começa o cotovelo do canal. A medida que o pólo cefálico roda, vai progredindo no seu trajeto descendente. Rotação interna da cabeça: uma vez que a extremidade cefálica distenda e dilate em conjunto, músculo-aponeurótico que compõe o diafragma pélvico sofre movimento de rotação que levará a sutura sagital a se orientar no sentido antero- posterior da saída do canal. Insinuação das espáduas: acontece simultaneamente com a rotação interna da cabeça, e a sua progressão do canal, através do estreito superior da bacia. A medida que a cabeça progride, as espáduas descem até o assoalho pélvico. 2.3. Desprendimento Terminando o movimento de rotação, o sub-occipital vai se colocar sob a arcada púbica, a sutura sagital orienta-se em sentido antero-posterior. O desprendimento se processa por movimento de deflexão, dada a curvatura inferior do canal do parto. A nuca do feto toma apoio na arcada púbica e a cabeça oscila em torno desse ponto. O maior diâmetro do ovóide cefálico continuando orientado no sentido do eixo do canal, a passagem da cabeça através do anel vulvar deverá se fazer pelos diâmetros antero-posteriores de menores dimensões, que são os originados no sub-occipital. Essa região se acomoda assim à arcada inferior da sínfese, em redor da qual a cabeça vai bascular, para o desprendimento. Rotação externa da cabeça: logo após desvencilhar-se, livre no exterior, a cabeça sofre novo e ligeiro movimento de flexão, pelo seu próprio peso, e vai executar rotação de ¼ a 1/8 de circunferência, voltando o occipital para o lado onde se encontrava na bacia. Rotação interna das espáduas: chegadas ao assoalho pélvico, e por motivos idênticos aos que causaram a rotação interna da cabeça, sofrem também movimento de rotação, até orientar o biacromial na direção antero-posterior do canal. O ombro anterior vai se colocar sobre a arcada púbica; o posterior, em relação com o assoalho pélvico, impelindo para trás o coccígeo materno. Obstetrícia 3 Desprendimento das espáduas: nessa altura, tendo o feto os braços cruzados para diante do tórax, a espádua anterior transpõe a arcada púbica e aparece através do orifício vulvar, onde ainda se encontra parcialmente recoberta pelas partes moles. Continuando a progredir em direção à saída, com o tronco fletido lateralmente, desprende-se a espádua posterior. O restante do feto não oferece resistência para o nascimento, embora possa obedecer ao mesmo mecanismo dos primeiros segmentos fetais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNNINGHAM, F. Gary et al. Willians obstetrícia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000; 20ª ed.; 1242p. BENZECRY, Roberto. Tratado de Obstetrícia FEBRASGO. Rio de Janeiro: Revinter; 2000; 20ª ed.; 913p. REZENDE, Jorge; MONTENEGRO, Carlos A. B. Obstetrícia fundamental. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003; 9ª ed.; 670 p.
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